segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Levitação ao alcance de todos

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Você gostaria de saber como fazer para levitar igual ao homem da foto abaixo? (se você clicar na foto poderá vê-la em tamanho ampliado)


Esta foto foi tirada em 1938 durante uma sessão espírita liderada pelo médium "voador" Colin Evans.

Examine bem a foto e me diga se é capaz de descobrir algum tipo de fraude.

Vamos lá, dê o seu palpite de como este médium conseguiu realizar tal proeza, mas por favor, tente descobrir APENAS examinando a foto (não vale pesquisar na internet, pois aí perde a graça).

Segundo registros daquela época, as pessoas (testemunhas) presentes afirmam que ele permaneceu em suspensão há mais de um metro do solo por um bom tempo.

Irei aguardar seu palpite e amanhã revelarei o segredo.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Milagre Divino ou uma Simples Coincidência?

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Analise atentamente para a foto abaixo:



Como você pode notar trata-se de um batismo conforme o ritual da Igreja Católica. Percebeu algo de diferente? Olhe para a água que escorre da tigela.


Interessante, não é mesmo? A foto foi capturada durante o batismo de Valentino Mora no dia 10 de outubro. No momento em que o padre Osvaldo Macaya joga água, o líquido forma um terço.

É importante observar que não se trata de um caso de fraude fotográfica mediante manipulação digital da imagem, pois a foto é legítima.

Restam-nos duas hipóteses: Milagre divino ou uma bela de uma coincidência ocasionada pelo comportamento curioso da água em movimento no exato momento que a câmera congelava o movimento.

Vamos recorrer à lógica da Navalha de Occam. Em qual das duas possibilidades estaremos multiplicando desnecessariamente as entidades?

Se admitirmos tratar-se de um milagre divino, teremos que pressupor a existência de um deus, e não um deus qualquer, mas um deus nos moldes do cristianismo pregado pela Igreja Católica Apostólica Romana. Acho que os segmentos protestantes, que chegam até a condenar esta forma de batismo, não concordariam com isto (e olha que eles também crêem em milagres).

E se admitirmos sermos uma curiosa coincidência? Fisicamente falando, poderia a água assumir aquele formato levando em consideração sua constituição molecular, as leis da gravidade e os movimentos da mão do padre? É lógico que sim! Precisamos multiplicar desnecessariamente alguma entidade? Não! Então esta seria a escolha mais racional a se fazer.

O vídeo abaixo mostra algo mais sobre o curioso comportamento da água:



Voltando ao caso do terço líquido, achei muito interessante a resposta que o Padre Macaya deu quando interrogado sobre o "fenômeno":

“A fotógrafa, ficou muito feliz e logo todo o povoado estava sabendo a respeito. Não aprecio esses sinais, eu me atenho aos sacramentos. Justamente o evangelho desta semana diz: 'esta geração perversa e malvada pede um sinal, e não lhe será dado outro porque tem o sinal de Jonas e aqui há alguém mais que Jonas', fazendo referência à morte de Jesus na Cruz para a salvação de todos”

Que Padre mais incrédulo!!!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O Mágico foi para a Final

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E não é que o único mágico que conseguiu se classificar para a semi-final do Programa "Qual é o Seu Talento" acabou passando para a fase final?

Foi o Mágico Renner! Ele apresentou a junção de dois efeitos clássicos, o ganso que some da caixa com o ganso que aparece no balde. Na sequência, "a pedido" do jurado Thomas Roth para que ele repetisse a mágica, para o espanto de todos os mágicos que sabem que não repetir um número é uma regra básica na magia, ele "aceita".

É claro que já estava tudo combinado e que o pedido seria apenas um pretexto para ele mostrar a segunda parte de seu show, que é uma versão cômica da primeira parte, porém com a mágica do ganso de pano se transformando num ganso de verdade.

Confira o vídeo:

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Formas diferentes de entender o Sobrenatural (2ª e última parte)


Fraude!

Sim, descartando as três possibilidades da postagem anterior, é o que nos resta quanto às manifestações sobrenaturais.

Geralmente a motivação por trás deste tipo de fraude é a manipulação do pensamento e do comportamento para benefício próprio.

A fraude pode ser consciente ou inconsciente. É consciente quando produzida por pessoas que sabem claramente o que estão fazendo (conhecem muito bem quais são os objetivos que pretendem alcançar) e inconsciente quando ocasionada por pessoas com algum tipo de distúrbio psicológico ou simplesmente crédulas o suficiente para acreditarem na sua própria mentira.


Permita-me exemplificar com o fenômeno "espiritual/sobrenatural" muito difundido no mundo evangélico pentecostal denominado Xenoglossia ou Glossolalia, mais popularmente chamado de “Dom de Línguas”.

Fraude consciente: Uma senhora que não sabia nada de grego impressionou a todos com sua capacidade de falar e escrever naquele idioma. Ela chegou a escrever um total de 20 linhas com 622 palavras cometendo somente 6% de erros. É impressionante, mas nada de sobrenatural. Ela simplesmente memorizou as frases em grego do Dicionário grego-francês e francês-grego de Byzantius e Coromelas, a Apologia de Sócrates, o Fédon de Platão e o Evangelho de São João.


Fraude inconsciente: Uma senhora, em um acesso de broncopneumonia, começou de repente a exprimir-se em um idioma desconhecido por todos os presentes. Depois se comprovou que era o idioma hindustani (língua indo-ariana que se estende por vários dialetos intimamente relacionados no Paquistão e Índia setentrional). A senhora desconhecia completamente aquela língua. Foram necessárias longas e trabalhosas investigações para comprovar, depois de muito tempo, que até a idade de quatro anos, aquela senhora viveu na Índia. Desde aquela data haviam passado 60 anos.

Um outro caso que ficou famoso ocorreu na Itália, porém não se sabe ao certo se foi uma fraude consciente ou inconsciente.


A jovem Sara Sarracino teve uma vida perfeitamente normal até os 15 anos. Seu maior desejo era aprender línguas estrangeiras. Um dia, na escola, ela de repente proferiu uma torrente de palavras estranhas que nem seus colegas nem seus professores conseguiram entender. Quando Sara voltou para casa, ela continuou falando naquela língua desconhecida, e logo se pode constatar que a única pessoa capaz de compreendê-la e traduzir o que ela dizia era seu irmão de 14 anos.

Sara foi então levada a vários médicos e linguistas. Estes disseram que a menina falava numa língua que parecia a mistura de grego, latim, francês, espanhol e até mesmo hebraico, idiomas que ela não conhecia. Além disso, ocorreu outro fenômeno: Sara se esquecera da sua própria língua, o italiano.

O caso ficou conhecido e milhares de pessoas procuraram Sara, semanalmente, na sua casa em Nápole - algumas apenas para assistir ao fenômeno, outras crentes de que era Deus quem falava através de sua boca.

Os médicos que examinaram Sara acham, contudo, que deve haver outra explicação. Eles acreditam que ela, criada no regime de uma seita muito rigorosa, foi submetida à ensinamentos religiosos excessivos e, de forma inconsciente, absorveu um pouco das várias línguas que ouviu ao longo de sua vida. Agora, em virtude de cansaço, talvez, ela se tornara apta a verbalizá-las.

Algo para se pensar: Se a verdade não teme a investigação, por que será que o sobrenatural não sobrevive a ela?

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Formas diferentes de entender o Sobrenatural (1ª parte)


No filme "Atividade Paranormal" (Paranormal Activity) o casal atormentado por misteriosos fenômenos chama um especialista em manifestações espirituais oriundas do mundo dos mortos, porém o mesmo se diz impotente para ajudá-los, pois aquele não era um caso de espíritos desencarnados em ação, mas sim algo produzido por algum tipo de demônio.

Vim de um segmento religioso que não faz qualquer diferença entre uma manifestação de espíritos desencarnados e uma manifestação de seres demoníacos, justamente por não crerem na imortalidade da alma, mas crerem na existência de seres espirituais não humanos (anjos) que estão em atividade neste planeta. Em outras palavras, segundo suas crenças, por trás das manifestações do espiritismo está sempre o Diabo (Satanás, Lúcifer) e seus anjos confederados operando prodígios para enganar dando a impressão de tratar-se espíritos dos mortos.


Um religioso que assim crê, concordaria com o diagnóstico do especialista do filme de que os fenômenos não estavam sendo produzidos pelos espíritos, mas sim pelos demônios. Porém, existe um outro tipo de entendimento que defende que tais fenômenos não tem nada haver com espíritos ou demônios, mas sim com forças mentais do inconsciente em desequilíbrio ou descontrole gerando poderosas energias capazes de interferir e desestabilizar a matéria (hiperestesia).

Alguns já tentaram atestar tais fenômenos através de métodos científicos variados, porém sem sucesso. O fato é que tais fenômenos tendem a diminuir quanto mais controlado for o ambiente, chegando a ponto de inexistirem em um ambiente 100% controlado.

Quer sejam espíritos dos mortos, demônios ou forças desconhecidas da mente humana, estes devem ser extremamente tímidos, pois basta ter alguém observando com olhar cético e inquiridor para então se sentirem inibidos e decidirem não se manifestarem.

Descartando as três possibilidades acima como explicação dos fenômenos sobrenaturais, só nos resta uma inevitável conclusão...

(Aguarde a continuação)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Concurso de Mágicos do Programa Silvio Santos (SBT) - 4ª Etapa

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Quem diria? Na semana passada (15/11) tivemos a 3ª etapa e apenas uma semana depois (22/11) já foi apresentada a 4ª etapa. Sei que as gravações já devem estar na 8ª etapa, mas sinceramente não esperava que as coisas começassem a acontecer assim tão rápido. Será que no próximo domingo teremos a 5ª etapa? Impossível dizer! Só mesmo ficando de olho, pois os produtores do Programa Silvio Santos seguem algum tipo de lógica que eu desconheço (se é que existe alguma lógica?)

Bem, vamos falar um pouco de como foi esta 4ª etapa classificatória. Mais 4 grandes mágicos se apresentaram:

1- Mágico Ed
2- Mágico Hugo Zaragossa
3- Mágico Gabriel Louchard
4- Maga Cláudia


Dos três Só não conhecia o Mágico Gabriel do Rio de Janeiro. Já conhecia o Mágico Ed de alguns eventos, porém foi no dia da gravação do Programa "Qual é o Seu Talento" que tive a oportunidade de conhecê-lo melhor, pois gravamos no mesmo dia e ficamos ali várias horas batendo papo enquanto aguardávamos nossa vez de entrar em cena.

Apesar da aparência bem jovem, Ed é um mágico de grande experiência e apresentou um número que integra o velho e bom baralho com recursos de tecnologia. Foi o número que o Silvio Santos mais gostou e que procurou de uma forma "sutil" influenciar para que ganhasse. Gostei da forma como ele montou a rotina e até acredito que se tivesse se apresentado com ela no programa "Qual é o Seu Talento", teria grandes chances de se classificar.


O segundo mágico é um grande amigo que tive a oportunidade de conhecer na AMSP (Assoc. dos Mágicos de S.Paulo), Hugo Zaragossa. Achei que sua rotina também foi bem montada, pois cada elemento que foi introduzido contribuiu para que culminasse no ponto alto da sua apresentação, a levitação do anel (Hovering).

Confira abaixo as duas primeiras apresentações:




O terceiro mágico foi o carioca Gabriel Louchard com a clássica rotina da guilhotina. Apesar de este número ser relativamente bem conhecido do público, o mágico mostrou bastante desenvoltura e energia que acabou conquistando a platéia. Apenas quero destacar o detalhe que a mágica aconteceu DUAS vezes. Sim, uma na hora que a guilhotina desce sem decapitar o "pobre" Liminha, e a outra no momento que a lâmina é retirada. Achei meio estranho ele não ter dado destaque para a segunda vez que a mágica acontece e até fiquei pensando se seria melhor ela não ter acontecido.


A quarta e última apresentação ficou sob a responsabilidade da Maga Cláudia. Uma outra grande amiga que também conheci na AMSP. Ela mostrou estar bem à vontade e conseguiu passar muita naturalidade na sua apresentação. A mágica do lencinho e do ovo foi criada justamente para dar a impressão de ser apenas um daqueles truques "bobinhos" que se pode comprar em qualquer banquinha de mágica, mas que ao final causa um forte e inesperado impacto. Pena que o apresentador não "sacou" muito bem este lance e ficou comentando a mágica como se ela ficasse apenas na primeira parte.

Veja você mesmo o que aconteceu no vídeo abaixo:


Agora só resta vermos o momento do julgamento e verificarmos o quanto o Silvio Santos tenta sugestionar a opinião da platéia, só que desta vez não funcionou (rs).



Estes são os semi-finalistas até o momento:

1- Mágico Gurguren (27/09/09 - Mala Moscovita)
2- Mágico Gustavo Vierini (25/10/09 - Rotina clássica de manipulação)
3- Mágico Raphael Fire (15/11/09 - Carta rasgada e reconstituída)
4- Mágico Gabriel Louchard (22/11/09 - Guilhotina)

Aguardemos a próxima etapa.

domingo, 22 de novembro de 2009

Atividade Paranormal


Apesar do filme "Atividade Paranormal" (Paranormal Activity) ter a sua estréia prevista somente para o dia 4 de dezembro, ontem fui assistir à pré-estréia deste filme que custou apenas 11 mil dólares e tem potencial para se tornar um dos filmes mais lucrativos da história do cinema.

Assim como "Bruxa de Blair", "REC", "Cloverfield", este filme é mais um no estilo Mockmentary (como são conhecidos os falsos documentários) de horror.

Os filmes feitos neste estilo, além do baixo orçamento, possuem as características de serem filmados com câmeras amadoras, cenas muitas vezes confusas e estonteantes, bem como atores pouco conhecidos que acabam emprestando seus nomes verdadeiros aos personagens, além, é claro, a temática sobrenatural.

Achei o filme em questão um pouco monótono, com as cenas de suspense pouco impactantes, com exceção da cena final (a melhor de todo o filme) que garante um bom susto, mas nada de tão excepcional.

Acredito que o tema poderia ter sido melhor explorado com cenas mais fortes que garantissem o mesmo nível de tensão alcançado por "REC", na minha opinião, o melhor no gênero até o momento.

Segue abaixo o trailer oficial para ver se você fica curioso e se anima a ver:

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Repensando o Agnosticismo


Em uma postagem publicada em fevereiro deste ano com o nome de “Reflexões de um Agnóstico Neófito”, eu havia comentado que entendia ser o agnosticismo “uma etapa, mesmo que temporária, inevitável”.

Na última semana estive revendo meus conceitos agnósticos estimulado por uma postagem publicada pelo meu grande amigo Ricardo no seu blog “A Arte de Ter Razão”, sob o título de “Prove que Deus não existe”. Na verdade o tema principal nem versava sobre o agnosticismo, mas o assunto descambou para este lado ao travar um diálogo virtual com outro grande amigo, Enéias do blog “Convictos ou Alienados”.

Quem pela primeira vez fez menção ao agnosticismo nos comentários daquela postagem foi o Enéias, o que por sua vez provocou uma discordância da parte do autor nos seguintes termos:


“Enéias, eu não concordo com o que você disse. Deus não existe e ponto final. Não há o que provar. Você acredita em Saci-Pererê, Mula-sem-cabeça, na Fada-do-dente, ou é agnóstico nesses quesitos também?”

Esta pergunta feita de forma categórica despertou-me certo desconforto levando-me a refletir melhor sobre minha posição agnóstica. Pensei:

“Se eu não me considero um agnóstico em relação aos imaginários seres do folclore popular ou em relação aos deuses elencados na mitologia grega, por simplesmente desconsiderá-los como uma realidade minimamente aceitável, então por quais motivos deveria me considerar um agnóstico em relação ao Deus bíblico?”

O comentário seguinte do Enéias só ampliou minha inquietação:

“Sou agnóstico no sentido de que não posso negar ou afirmar (falo de provas) a existência dos ‘seres" elencados pelo Ricardo’. Logo: sou agnóstico no que tange ao Saci, Mula sem Cabeça, Boi Tatá e afins. Como provar ou negar?”


Na minha cabeça não entrava o fato de eu precisar me declarar agnóstico em relação ao Saci-Pererê, Mula sem Cabeça, Boi Tatá e afins. Eu ficava imaginando a situação de ter que responder a um filho quando ele me perguntasse se existe o Bicho Papão:

“Filho, como até hoje ninguém conseguiu provar que o Bicho Papão existe ou que não existe, eu lhe digo que sou um agnóstico em relação à crença no Bicho Papão”.

Que loucura é esta? Qualquer ser humano sensato sabe que não precisa de provas para crer ou deixar de crer no Bicho Papão. Este ser fictício só existe na imaginação infantil por causa dos adultos “bobocas” que um dia a colocaram lá. Considero uma completa falta de bom senso dizer-se agnóstico em relação às coisas que nossa razão não vê o menor sentido (ou necessidade) existirem.


Foi neste momento que me lembrei do princípio lógico exposto na “Navalha de Occam” (já apresentado em postagens anteriores) que afirma que as entidades não devem ser multiplicadas além do necessário, ou em outras palavras, pluralidades não devem ser postas sem necessidade.

No debate cheguei a mencionar o exemplo de uma pessoa que se depara com uma pegada de aparência humana no meio da floresta. O princípio lógico de Occam me obriga a decidir pela explicação mais simples e lógica, ou seja, é a pegada de um homem ou mulher que por aqui passou descalço. O mesmo princípio evita que eu viaje na maionese e comece a conjecturar a possibilidade da pegada ser de um Curupira ou de um Elfo. Por que multiplicar desnecessariamente as entidades?

Algumas proposições são tão absurdas que nem merecem o benefício da dúvida.

Agora, vamos aplicar isto tudo para umas das perguntas chaves da humanidade:

“De onde veio tudo que existe, inclusive a vida?”


Aí vem um sujeito e fala: "Tudo foi criado pelo Duende Verde em parceria com o Surfista Prateado".

Chega então o agnóstico pergunta: "Isto pode ser verificado (provado) empiricamente?" - Não! - é a resposta. Então ele brilhantemente conclui: "Logo sou um agnóstico quanto ao Duende Verde ter criado todas as coisas em parceria com o Surfista Prateado".

Mas quem falou que tal possibilidade deveria existir para ser avaliada como algo a ser ou não provado? Se for assim, qualquer um inventa o que quer, e eu sempre serei obrigado a ser um agnóstico em relação a sua afirmação, mesmo que seja a coisa mais estúpida do mundo.

Até entendo que o termo “agnóstico” conforme o concebeu o biólogo britânico Thomas Henry Huxley em 1876 limita-se a definir alguém que acredita que a questão da existência ou não de um poder superior (Deus) não foi nem nunca será resolvida. Mas infelizmente este termo foi distorcido e atualmente só serve muito bem para aqueles que não possuem fé suficiente para crer plenamente em Deus, mas também não possuem coragem suficiente para descartá-lo de uma vez por todas.


É por causa desta distorção que algumas pessoas respondem à pergunta: “Você acredita em Deus?” afirmando equivocadamente serem agnósticas. Esta resposta não cabe para esta pergunta. Primeiramente é necessário que a pessoa se defina entre um dos lados (teísmo/deísmo ou ateísmo) e então complemente ser agnóstico em relação à escolha que vez. Porém não é isto que acontece. Agnosticismo virou sinônimo de postura neutra e fuga para não ter que se declarar crente ou ateu.

Na minha maneira de entender o ateísmo, ele não é a negação de Deus, mas sim a desconsideração desta possibilidade. E portanto, uma vez desconsiderada a possibilidade, não há o que provar ou deixar de provar.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Concurso de Mágicos do Programa Silvio Santos (SBT) - 3ª Etapa

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Domingo, 15/11/2009, aconteceu a 3ª etapa do Concurso de Mágicos promovido pelo Programa Silvio Santos, sendo que esta teve para mim um sabor muito especial, pois foi a etapa em que tive a oportunidade de me apresentar e concorrer juntamente com mais três grandes mágicos.


O primeiro a se apresentar foi o Mágico Dimy com um número teatral muito visual chamado "Interlúdio". A edição cortou a parte inicial do número onde é feita uma coreografia que dá sentido ao efeito e só mostrou a parte onde a mágica acontece. É uma pena, pois para o telespectador a coisa pode ter ficado meio estranha. Acho que o Mágico Dimy não deve ter ficado muito feliz com isto, pois todo ilusionista sabe que cada detalhe que acontece antes é muito importante para reforçar e dar sentido ao efeito mágico.


O segundo mágico foi um amigo que eu aprendi a apreciar muito pela humildade e capacidade criativa, Emerson Ambrósio, mais conhecido como Ambrósio, o Mágico. Ele apresentou um intrigante número de coincidência, incrementando um detalhe no início que transformou aquilo que já era mágico num verdadeiro milagre! (só por curiosidade, as chances das cartas coincidirem era 1 em 2.704 tentativas).

Veja no vídeo abaixo a apresentação destes dois brilhantes mágicos:


Eu fui o terceiro mágico a se apresentar. Confesso que estava bastante tranquilo nos bastidores aguardando minha vez enquanto assistia a performance dos meus amigos. Porém, na hora que a produção falou: "É agora!" a adrenalina foi a mil. O impacto de estar lado a lado com o Silvio Santos é muito forte e nesta hora acredito que até o mais experiente artista deve sentir o "baque". Esta foi a minha segunda aparição na televisão, mas levando-se em conta uma experiência de pouco mais de um ano como ilusionista, até que não tenho muito para me queixar, porém muito para melhorar.

Assista minha performance no vídeo a seguir:


O último concorrente a se apresentar naquela noite foi o Mágico Raphael Fire. Um rapaz super simpático que tive a oportunidade de conhecer ali mesmo nos bastidores. Ele parecia ser o mágico mais ansioso e preocupado. Quer dizer, era o que mais demonstrava, pois na verdade todos estavam. Sua mágica não causou muito impacto em nós mágicos, por ser um efeito muito conhecido e utilizado. Mas diante do apresentador a coisa foi bem diferente para a surpresa de todos nós três que ali estávamos, bem como, acredito eu, de todos os mágicos que assistiram.

Assista agora como uma boa mágica Close Up aliada à simpatia e simplicidade do Raphael fez dele o grande vencedor da noite:


Na sequência você poderá assistir a premiação:


Parabéns Raphael Fire!


Agora já são três semi-finalistas:

1- Mágico Gurguren (27/09/09 - Mala Moscovita)
2- Mágico Gustavo Vierini (25/10/09 - Rotina clássica de manipulação)
3- Mágico Raphael Fire (15/11/09 - Carta rasgada e reconstituída)

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Foto tirada nos bastidores: eu, Raphael e Ambrósio.

sábado, 14 de novembro de 2009

2012 e o Corcovado


Decepção.

Esta é a melhor palavra que encontrei para expressar o que senti ao ver a cena onde a estátua do Cristo Redentor no Rio de Janeiro vem abaixo.

No filme esta cena é presenciada rapidamente através de um pequeno monitor com uma péssima definição de imagem.

Abaixo você pode ver uma sequência de três fotos que resumem bem tudo que verá. Não espere nada melhor que isto.



Aliás, não espere muito do próprio filme. As cenas digitalizadas de destruição dividem-se em incríveis visuais de perder o fôlego e em outras montagens bem medíocres.

Achei o roteiro infantil demais, porém o que mais me aborreceu foi a completa falta de lógica de algumas cenas que não convenceram nem minha filha de 11 anos.

Resumindo: Para quem gosta de fantasia o filme é um prato cheio.

Postagem relacionada: 2012 - O Dia do Juízo Final?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

É neste domingo!!!



Segundo informações que acabei de receber do SBT, irá ao ar neste domingo (15/11/09 a partir das 19 horas) a minha participação no Concurso de Mágicas do Programa Silvio Santos.

Competi com três experientes profissionais, mas confesso que isto na hora era o que menos me preocupava. Na verdade o maior medo que tive que enfrentar foi ter que interagir com um dos maiores ícones da TV brasileira e seguramente o melhor e mais bem sucedido apresentador de programas de auditório de todos os tempos, Silvio Santos (uma verdadeira lenda viva).

Bem, não peço para que torçam por mim, pois como o programa é gravado não faria o menor sentido. Apenas peço que me concedam a honra da sua audiência, partilhando juntamente comigo do momento mais marcante até agora de toda minha breve experiência como um Ilusionista Mentalista.

Para adiantar, aqui vão algumas fotos feitas no dia da gravação:

Momento do ensaio quando ouvia a contagem feita por uma das pessoas da produção do Programa Silvio Santos


Como vocês podem ver, ela não estava muito confiante na minha capacidade como mentalista (rs)

Este Blog acaba de receber mais um Selo de Reconhecimento

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Primeiro foi o selo "Blog Instigante" graciosamente a mim concedido por meu amigo Ricardo Cluk do Blog "A Arte de ter Razão".


Agora foi o selo "Este Blog é D+" novamente outorgado pelo mesmo amigo.


Confesso que sou meio relapso em ficar dando continuidade nestas correntes de indicação. No primeiro selo não indiquei mais ninguém, porque todos os blogs que conhecia e que mereceriam o selo já tinham sido indicados. Onde eu iria arrumar mais 10 blogs? Também não sou muito de ficar por aí caçando blogs diferentes.

Porém, desta vez cumprirei à risca toda a praxe. A regra é repassá-lo para outros 2 blogs e responder à seguinte pergunta:

"O que seria necessário fazer ou mudar, para vivermos num mundo melhor?"

Minha resposta: Promover da melhor forma que puder a saúde, o saber e a virtude.

Repasso o selo para os blogs dos meus amigos:

Michele - Olá, Estrelinhas
Carlos Barth - Leite com Manga faz Mal

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Quem é a Geni?

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Lá vamos nós "de Chico" outra vez.

Chico Buarque de Hollanda compôs esta música para a peça "Ópera do Malandro" entre os anos de 1977 e 1978.

Quando eu a escutei pela primeira vez tinha 15 para 16 anos e a primeira pergunta que veio na minha cabeça foi: "Mas quem é esta maldita Geni?"

No começo da música até cheguei achar esta tal de Geni uma vadia, mas depois, no final, fiquei morrendo de pena dela. Pensei: "Como podem ser tão ingratos?"

Hoje a pergunta persiste: "Mas quem é esta maldita Geni?"

Ouça a música e veja depois se concorda comigo:


Seria esta maldita Geni o povo que é sempre usado como massa de manobra por aqueles que detêm o poder?

- O povo que se vira como pode para sobreviver em meio a tanta pobreza e abusos.
- O povo que é tratado como animal imprestável e que sempre acaba levando a culpa e tendo arcar com todos os prejuízos.
- O povo que é estuprado na sua dignidade cada vez que precisa recorrer a um serviço público.
- O povo que só é lembrado pelos poderosos quando estes precisam do seu voto. Neste momentos são tratados interesseiramente com falsidade e mentiras, bem como são alvo de promessas que nunca serão cumpridas.
- O povo que no final sempre acaba se iludindo e acreditando nas promessas vazias.
- O povo que sempre volta a ser desprezado e maltratado tão logo os poderosos consigam alcançar seus objetivos mesquinhos.

Se for assim, todos nós somos um pouco da maldita Geni.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Cálice na Ditadura

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O grande poeta e compositor Chico Buarque de Hollanda compôs em parceria com Gilberto Gil a música "Cálice" que continha uma forte mensagem metafórica a respeito da ditadura militar no Brasil.

Não sei exatamente quando foi composta, mas acredito que provavelmente entre os anos de 1969 e 1970.

Vamos relembrar?



A música foi considerada subversiva pelos órgãos da ditadura e acabou censurada pelo regime militar. No show "Phono 73" realizado no Anhembi em São Paulo no ano de 1973, mesmo sendo cantada com a letra modificada, o microfone do Chico Buarque foi desligado. Assista como foi no vídeo abaixo e veja o desabafo do Chico no final.



Quando isto estava acontecendo, eu tinha a idade da minha filha caçula (11 anos) e não entendia muito bem "certas coisas". Porém, hoje entendo que não podemos deixar "certas coisas" caírem no esquecimento para o bem das futuras gerações.

"A história ajuda-nos a evitar os erros do passado."

Veja também: Disparada na Ditadura

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Bicarbonato de Sódio contra o Câncer?


Agora é a vez do "santo" Bicarbonato de Sódio. Simples, barato e eficaz. O sonho de qualquer doente. Porém, como diz o aquele ditado popular: "Quando a esmola é demais o santo desconfia".

O médico Dr. Tullio Simoncini é o responsável por esta nova (não tão nova assim) onda de esperança.

Segue aqui um trecho do texto que transita pela internet:


"O médico observou que todo paciente de câncer tem aftas. Isso já era sabido da comunidade médica, mas sempre foi tratada como uma infecção oportunista por fungos - Candida albicans.

Esse médico achou muito estranho que todos os tipo de câncer tivessem essa característica, ou seja, vários são os tipos de tumores mas têm em comum o aparecimento das famosas aftas no paciente.

Então, pode estar ocorrendo o contrário - pensou ele. A causa do câncer pode ser o fungo. E, para tratar esse fungo, usa-se o medicamento mais simples que a humanidade conhece: Bicarbonato de Sódio.

Assim ele começou a tratar seus pacientes com Bicarbonado de Sódio, não apenas ingerível, mas metodicamente controlado sobre os tumores.

Resultados surpreendentes começaram a acontecer. Tumores de pulmão, próstata e intestino desapareciam como num passe de mágica, junto com as aftas. Desta forma, muitíssimos pacientes de câncer foram curados e hoje comprovam com seus exames os resultados altamente positivos do tratamento."


Um fungo causando o câncer? Alias, TODOS os tipos de câncer? Mas por que então as mais recentes pesquisas nesta área revelam ser o câncer uma doença ligada ao DNA? Não que este seja o único fator, mas que a predisposição genética explica grande parte da origem desta doença.

O Dr. Simoncini afirma que o tratamento funciona, mas que não é divulgado por causa do lobby das indústrias farmacêuticas que querem proteger sua fatia de mercado entre os clientes cancerosos.

A primeira pergunta que uma pessoa cautelosa deveria fazer seria: Existe embasamento científico para este tipo de tratamento devidamente respaudado em experimentos com animais provando ou não a eficácia do Bicarbonato? Depois disto, deveria ainda ser testado em condições devidamente controladas nos seres humanos.


Gabriel Cunha, doutorando em Biologia Molecular na UNIFESP, escreve em seu site que recentemente foi noticiado um trabalho em uma revista científica importante, mostrando os benefícios possíveis do controle do pH em tumores. Na verdade foram dois trabalhos, um com modelo animal e outro com modelo computacional. Claro que choveram comentários dos entusiastas do bicarbonato.

A explicação científica é que os tumores tem pH mais ácido. Enquanto o pH do corpo é 7,2 a 7,4, os tumores possuem pH de 6,6 a 7,0. Isto se deve ao fato das células tumorais não terem acesso fácil a vasos sanguíneos, assim, na falta de oxigênio, elas recorrem a respiração anaeróbica, o que acaba gerando ácido lático e outros metabólitos ácidos.

Ambientes ácidos favorecem tumores - células tumorais pré-cultivadas em pH baixo produzem proteínas associadas ao crescimento celular e parecem ser mais invasivas quando injetadas em animais.

Células normais não toleram pH ácido - em detrimento às células tumorais que conseguem se desenvolver nesses ambientes ácidos.

Assim surgiu um modelo de invasão tumoral dependente de acidez: o tumor cresce sem oxigênio suficiente, passa a respirar anaerobicamente deixando o ambiente ácido; as células normais em volta morrem; células tumorais que resistem à acidez invadem os tecidos adjacentes.

Agora os resultados do trabalho in vivo:

Camundongos foram inoculados com células tumorais para desenvolverem tumores e divididos em dois grupos: os que receberam o tratamento de bicarbonato e os controles sem bicarbonato.

Mudar a acidez não afetou crescimento de tumores primários. Mas reduziu o número e o tamanho das metástases no pulmão, intestino e diafragma. Assim os animais tratados com bicarbonato acabaram vivendo mais. Não houve alteração na acidez do sangue ou de órgãos normais.

Dois tipos de células tumorais foram injetadas sistemicamente (na veia) dos animais. Uma delas formou menos tumores em camundongos tratados comparando com os animais sem tratamento. O outro tipo não mostrou diferença entre os tratados e não-tratados com bicarbonato.

Portanto, este é o primeiro trabalho científico que registra beneficio do uso de bicarbonato de sódio no tratamento de metástases.

Boa notícia, já que o bicarbonato já é usado por pessoas em quantidade não muito diferente da que usaram proporcionalmente nos camundongos (equivalente a 12,5 g/dia para uma pessoa de 70 kg), e não é relatado nenhum efeito colateral importante devido a este uso.


Teoria do fungo e da conspiração

Agora quanto ao caso do ex-médico Tullio Simoncini que prescrevia bicarbonato a seus pacientes permanece o alerta. A via de ação do bicarbonato apresentada aqui por este trabalho parece muito interessante e não tem absolutamente nada a ver com a idéia de Simoncini de fungos causando tumores.

Este trabalho também mostra que não existe um lobby velado da indústria farmacêutica impedindo pesquisas e publicações com substâncias que possam ir contra seus ganhos. A pesquisa com bicarbonato foi feita e publicada nesta revista muito conceituada no meio científico. Existe lobby sim, mas ele atua de outras formas, e não impedindo pesquisa básica independente.

Fique também claro que este trabalho, apesar de parecer ter sido bem conduzido, ainda precisa ser confirmado por outros laboratórios. A repetição de resultados é a última garantia de que aquele dado é realmente confiável.

Aguardemos mais boas notícias.

Gabriel Cunha é formado em Biologia pela UNESP/RC, atua como professor e faz doutorado em Biologia Molecular na UNIFESP.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Coincidências - 4ª Parte

por Bruce Martin



(Continuação)

Jogadas de "Cara ou Coroa"

Que seqüência de caras (C) e coroas (O) você espera em vários lançamentos aleatórios de uma moeda? Nem todas caras, nem todas coroas, nem mesmo a seqüência alternada (OCOCOCOC), já que esta série é obviamente regular e não aleatória. Em uma seqüência aleatória nós esperamos que saia tanto caras quanto coroas. Nós podemos simular progressões de lançamentos de moeda com uma seqüência aleatória de números.

Até onde se sabe, os dígitos decimais do número irracional pi, que multiplica o diâmetro de um círculo para obter a circunferência, são aleatórios. Isto não significa que toda vez que pi é calculado dê um resultado diferente, mas significa que o valor de qualquer dígito é imprevisível a partir dos dígitos anteriores. Um exemplo de um padrão previsível é a seqüência de dígitos decimais na fração 1/7=0,142857142857142857. . . , onde há uma óbvia repetição de todos os seis dígitos decimais.

Os dígitos decimais de pi têm sido calculados para centenas de milhões de dígitos por computadores muito velozes, mas nós listamos aqui somente os primeiros 100 dígitos em quatro filas de 25 dígitos.

3,1415926535897932384626433
8327950288419716939937510
5820974944592307816406286
2089986280348253421170679

Há cinqüenta e um dígitos pares e quarenta e nove dígitos ímpares. Há quase uma distribuição igual quando os primeiros 100 dígitos decimais são divididos de outra maneira: quarenta e nove dígitos de 0 para 4 e cinqüenta e um dígitos de 5 para 9.

Sabendo que os dígitos decimais de pi são aleatórios, nós podemos simular uma seqüência aleatória de caras e coroas em lançamentos de moeda correspondendo dígitos pares para caras e dígitos ímpares para coroas. A seqüência de caras e coroas em 100 lançamentos com 25 lançamentos por linha torna-se:

OCOOOCCOOOCOOOOCOCCCCCCOO
COCOOOCCCCCOOOOCOOOOOOOOC
OCCCOOCOCCOCCOCOCOCCCCCCC
CCCOOCCCCCOCCCOOCCOOOCCOO

Observando a seqüência aleatória nós encontramos algumas regularidades, tal como a seqüência alterada de oito lançamentos de 63-68 (sublinhado). A probabilidade de uma seqüência alternada de 8 lançamentos é uma vez em 128 lançamentos (dois elevado à sétima potência). Há algumas seqüências longas só de caras e só de coroas. Há duas seqüências de 5 caras, uma seqüência de 6 caras, uma seqüência de 8 coroas, e uma seqüência surpreendente de 10 caras. Os dígitos decimais 69-78 de pi são todos pares (logo após os dígitos sublinhados). Uma seqüência de dez dígitos pares deveria ocorrer unicamente uma vez em 1.024 dígitos (dois elevado a décima potência). Ainda assim uma seqüência dessas ocorre nos primeiros oitenta dígitos.

Que temos aqui? Uma prova de que os dígitos decimais de pi não são aleatórios? Não, o que nós temos em vez disso, é uma demonstração de como sempre é possível combinar dados aleatórios para encontrar regularidades não determinadas anteriormente. Já que dez dígitos pares ocorrem dentro dos primeiros 100 dígitos decimais de pi, nós podemos (erradamente) pensar que seqüências como essa ocorrem freqüentemente. Na verdade outra seqüência de dez dígitos pares não ocorre outra vez nos primeiros 1.000 dígitos decimais de pi. Nos primeiros 1.000 dígitos uma seqüência única de dez dígitos ímpares ocorre de 411-420.

O ponto é que a própria natureza de aleatoriedade assegura que combinando dados randômicos chegamos a algum modelo, só que ele não foi especificado antes, é por acaso. Se alguém encontra um modelo combinando dados aleatórios, pode usar isto como uma hipótese para investigação de mais dados, mas nunca tirar uma conclusão geral disto. Em nosso exemplo nós descobrimos (mas não previmos) dez dígitos pares dentro dos primeiros 100 dígitos, mas isso não ocorre outra vez nos próximos 900 dígitos. Para confirmação de uma tendência, os dados de alvo devem ser previstos antes da análise dos dados. Se um modelo inesperado surge depois da análise dos dados, o modelo pode ser usado como uma hipótese para obter e analisar um conjunto inteiramente novo de dados.

A seqüência caras e coroas pode ser aplicada de outras maneiras. Considere um jogador de futebol que acerta 50% de seus passes ou um jogador de basquetebol que converte 50% de seus arremessos. Designe caras (C) para um passe certo ou um arremesso que se converte e coroa (O) para erro de passe ou de lançamento da bola de basquete. Você verá que há seqüências inteiras de "passes certos" (C) e outras de erros. Muitas das boas e más fases de jogadores se devem somente ao acaso, são aleatórias. O jogador "pé quente" é na maioria das vezes uma ilusão que aparece em dados aleatórios quando analisados sob o ponto de vista apaixonado de um torcedor.

Falando claramente, coincidências improváveis ocorrem todos os dias para todos, e essas coincidências são na maior parte o resultado do acaso. Se o conjunto de dados é bastante grande, coincidências com certeza vão aparecer, como demonstramos com os primeiras 100 dígitos decimais de pi. A probabilidade de saírem cinco caras seguidas em três lançamentos é de 3%, em 100 lançamentos a probabilidade torna-se 96%. Embora aplicado em um contexto diferente, a teoria de Ramsey (Scientific American, Julho 1990) declara que "Todo conjunto grande de números, pontos ou objetos, necessariamente contém um padrão altamente regular".

Concluindo: Não é preciso postular forças misteriosas para explicar coincidências.

Fim desta série.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Coincidências - 3ª Parte

por Bruce Martin



(Continuação)

Mãos de "Copas Fora"

No jogo de cartas chamado "Copas Fora" há 635.013.559.600 (seiscentos e trinta e cinco bilhões, treze milhões, quinhentos e cinqüenta e nove mil e seiscentas) mãos de treze cartas diferentes.

Este número de mãos podiam ser jogadas se todas as pessoas do mundo tivessem jogado "Copas Fora" pelo menos um dia. Para um indivíduo poderia levar vários milhões anos jogando continuamente para que ele recebesse cada uma destas mãos.

Para um jogador tirar qualquer mão a probabilidade é de 1/635.013.559.600 ou um pouco mais que uma parte em um milhão de milhões. Qualquer mão é tão improvável quanto tirar as treze cartas de copas numa vez, mas toda vez que jogamos pegamos alguma mão.

Mãos de "Copas Fora" são um exemplo de ocorrências diárias de eventos muito improváveis, a única diferença é que não determinamos antes quais cartas vamos tirar, por isso nem notamos que aconteceu uma enorme coincidência.

Curiosidades:

O jogo "Copas Fora", também conhecido como "Copas", "Hearts", "Dame de Pic", foi criado na Grã-Bretanha do século XIX a partir do jogo espanhol "Reverse". O jogo está disponível na sessão "games" do Windows e é muito fácil de se jogar.

Regras:

O objetivo do jogo é não pegar cartas que valem ponto. Cada carta de Copas (coração vermelho para os leigos em baralho) vale 1 ponto. A Dama de Espadas (coração preto), conhecida como "Miquelina", vale 13 pontos. O vencedor será aquele com o menor número de pontos assim que algum dos outros jogadores fizer 100 pontos.

São necessários 4 jogadores e um baralho padrão completo com 52 cartas (sem os coringas). São distribuídas 13 cartas para cada jogador (não sobra morto).

Após a distribuição, cada jogador deve escolher três de suas cartas para passar a outro dos jogadores. Na primeira mão, estas três cartas serão passadas ao jogador à sua esquerda. Na segunda mão, as três cartas serão passadas ao jogador à sua direita. Na terceira mão, as três cartas serão passadas ao jogador sentado à sua frente. Na quarta mão, ninguém passa cartas a ninguém, devendo se contentar com as que recebeu. Na quinta mão, será a vez de passar cartas ao jogador à sua esquerda novamente, e assim sucessivamente.

A passagem ocorre da seguinte forma: cada jogador escolhe três de suas cartas e as coloca em um montinho, com a face virada para baixo, em frente ao jogador que irá recebê-las. Somente após passar suas cartas um jogador poderá pegar estas três cartas e incorporá-las à sua mão, ou seja, nenhum jogador poderá passar uma ou mais cartas que tenha acabado de receber.

Depois que todos tiverem passado suas cartas, o jogador que estiver com o Dois de Paus em sua mão dará a saída para a primeira rodada.

O jogo decorre no sentido horário, ou seja, o segundo a jogar será o jogador que estiver sentado à esquerda do que jogou o Dois de Paus. Todos os jogadores são obrigados a jogar uma carta do mesmo naipe que a carta que puxou a rodada (neste caso, Paus), a não ser que não tenham cartas daquele naipe na mão. Neste caso, poderão jogar qualquer carta, com algumas exceções:

- Na primeira rodada, ninguém pode jogar cartas que valham pontos (ou seja, cartas de Copas e a Dama de Espadas).
- Uma carta de Copas só pode ser jogada se o naipe tiver sido "quebrado", ou seja, se alguém, em alguma rodada anterior, já tiver jogado uma carta de naipe diferente da que iniciou a rodada (por exemplo, o jogador inciou a rodada com uma carta de Espadas. Um dos jogadores não tinha Espadas em sua mão e jogou Ouros. Este jogador "quebrou" o naipe).
- Da mesma forma, nenhum jogador poderá iniciar uma rodada jogando uma carta de Copas, a menos que o naipe já tenha sido quebrado.

Em todas as exceções acima, existe uma exceção à exceção: se um jogador só tiver cartas de Copas na mão, ele poderá jogá-las na primeira rodada, ou antes do naipe ser quebrado, ou utilizá-las para iniciar uma rodada antes do naipe ser quebrado. Da mesma forma, se um jogador só tiver cartas de Copas e a Dama de Espadas na mão (pouco provável mas não impossível conforme você nas probabilidades acima), poderá jogar a Dama de Espadas na primeira rodada.

Fim da Rodada: Depois que os quatro jogadores já tiverem jogado suas cartas, aquele que jogou a carta mais alta do mesmo naipe da que iniciou a rodada pegará a vaza. A vaza deverá ser colocada em um montinho em frente ao jogador que a pegou, com a face das cartas virada para baixo, e não poderá mais ser olhada. O jogador que pegou a vaza terá o direito de iniciar a próxima rodada.

Detalhe: Se você ganhar todas as cartas de copas e a dama de espadas em uma mão (o que se denomina "Monopópio" ou "Acertar a lua"), não receberá nenhum ponto e os outros jogadores serão penalizados em 26 pontos. Alguns pensam que esta mão é a mais improvável de todas, porém ela tem a mesma probabilidade de sair do que qualquer outra mão, ou seja, 1/635.013.559.600.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Coincidências - 2ª Parte

por Bruce Martin



(Continuação)

Aniversários Coincidentes

Em uma seleção aleatória de 23 pessoas há 50% de chance de pelo menos duas delas fazerem aniversário no mesmo dia. Quem não fica surpreso ao ouvir isso pela primeira vez?

O cálculo é exato. Primeiro calculamos a probabilidade de todas as pessoas no grupo terem aniversários diferentes (X) e então subtraímos esta fração de 1 para obtermos a probabilidade de um aniversário comum no grupo (P), P = 1 – X.

Probabilidades variam de 0 a 1, ou podem ser expressas de 0% para 100%. Para não haver aniversários coincidentes, uma segunda pessoa tem uma escolha de 364 dias, uma terceira pessoa tem 363 dias, e a enésima pessoa tem (366 – n) dias. Assim a probabilidade para aniversários diferentes fica:


Com esses fatoriais a última equação não é especialmente útil a menos que se tenha a habilidade de calcular números grandes. Fica mais fácil usar um computador para calcular Xn da primeira igualdade para valores sucessivos de n. Quando n = 23, X = 0.493 e P = 0.507.

Um gráfico da probabilidade de pelo menos um aniversário em comum, P, versus o número de pessoas, n, aparece nas linhas pontilhadas logo abaixo. A curva mostra que a probabilidade de pelo menos duas pessoas fazerem aniversário no mesmo dia cresce lentamente, a princípio em menos de 12% com dez pessoas, aumentando para 50% de probabilidade no círculo aberto correspondente a vinte e três pessoas, "achatando" alcançando 90% de probabilidade em um grupo de quarenta uma pessoas. Isso significa que, na média, de dez grupos aleatórios de quarenta e uma pessoas, em nove deles pelo menos duas pessoas farão aniversário no mesmo dia. Nenhumas força misteriosa é necessária para explicar esta coincidência.


No gráfico acima a curva em linha pontilhada (à direita) representa a probabilidade de que em um grupo aleatório de pessoas pelo menos duas façam aniversário no mesmo dia. A curva em linha contínua (à esquerda) será explicada logo mais abaixo.


Note que a probabilidade de aniversários coincidentes para 23 + 23 = 46 pessoas não é 100%, como alguns poderiam supor, mas 95% como mostrado pela curva à direita no gráfico acima. Estendendo a curva além do limite revela-se que cinqüenta e sete pessoas produzem 99% de probabilidade de aniversários no mesmo dia.

Aquela curva em linha contínua (à esquerda) no gráfico acima representa a probabilidade que em um grupo aleatório pelo menos duas façam aniversário dentro de um dia (período de 24 horas, isto é, mesmo dia e dois dias adjacentes). Esta condição é menos restritiva que a anterior, e 50% de probabilidade é conseguida com somente catorze pessoas.

Cavando um pouco mais fundo em alguns aspectos das probabilidades de aniversários idênticos chegamos a mais conclusões. Note que nós dissemos vários vezes "pelo menos duas pessoas" fazendo aniversário no mesmo dia. Conforme o tamanho de grupo aumenta as chances para coincidências múltiplas também aumentam. A curva que desce à esquerda no gráfico abaixo (pontilhada em preto) representa a probabilidade de nenhuma coincidências (NC) de aniversário, idêntico aos valores do Xn calculados acima. A primeira curva com um gráfico de máximo (bolinhas azuis) representa a probabilidade de somente um par de pessoas (1P) fazendo aniversário no mesmo dia. O máximo ocorre com vinte e oito pessoas, tendo uma probabilidade de quase 39%. Conforme o grupo aumenta, a probabilidade de outras coincidências também aumenta. A segunda curva com um máximo (de preto) representa a probabilidade de exatamente dois pares de pessoas (2P) fazendo aniversário no mesmo dia. Seu máximo ocorre com trinta e nove pessoas, com uma probabilidade de 28%. A última curva ascendendo no gráfico abaixo (pontilhada em azul) representa todas as outras probabilidades de coincidências (>2P), consistindo de três pares, três pessoas, quatro pares, etc. Em qualquer ponto do gráfico, as quatro curvas juntas totalizam 100% de probabilidade.


O gráfico logo acima mostra que para vinte e três pessoas as probabilidades são 36% para um par, 11% para dois pares, e 3% para o total de todas as outras coincidências para uma soma de probabilidades de 50%. Esses 50% são as chances de haver pelo menos um tipo de coincidência. Para vinte e três pessoas a probabilidade de nenhuma coincidência também é de 50%, como mostrada na curva que desce (NC) na Figura 2. Há uma quase interseção tripla com trinta e oito pessoas onde as probabilidades de 1 par idêntico, 2 pares idênticos, e o total de todas outras coincidências está em 28-29%. Para trinta e oito ou mais pessoas o total de todas outras coincidências torna-se maior que a probabilidade de um ou dois pares, e passa de 50% com quarenta e cinco pessoas. Em um grupo aleatório de mais de quarenta e cinco pessoas a maior probabilidade é de haver mais de duas pessoas fazendo aniversário no mesmo dia.

Esta série de cálculos serve para tirarmos uma conclusão: Se coincidências de datas de aniversários são muito mais comuns do que poderíamos imaginar, então provavelmente muitas daquelas outras coincidências em nossas vidas são muito mais fáceis de acontecer e não são tão fantásticas assim.

Nós não devemos multiplicar as hipóteses: o princípio da "Lâmina de Occam" declara que a explicação mais simples deve prevalecer.

Continua: Na próxima postagem desta série iremos ver como acontecimentos absurdamente improváveis podem acontecer a qualquer momento.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Coincidências - 1ª Parte

por Bruce Martin



"Você não acredita em telepatia?" - Meu amigo, um profissional sóbrio, pareceu surpreso.

"Você acredita?!" - Eu perguntei.

"Claro! Muitas vezes em que eu estava na rua à noite e, repentinamente, fiquei preocupado com meus filhos. Quando ligo pra casa, fico sabendo que um deles está doente, se machucou ou teve pesadelos. Que outra explicação você tem pra isso?"

Tais episódios acontecem a todos nós e é comum escutar as pessoas dizerem "Isto não pode ser só coincidência."

Atualmente a explicação que muitas pessoas alcançam envolve telepatia ou habilidades psíquicas. Mas será que nós devemos nos entregar assim prontamente nos braços de um reino místico? Esses casos não podem ser realmente coincidência?

Há dois fatos a respeito de coincidências que a maioria das pessoas não conhece:

Primeiro, nós tendemos a reforçar o significado de coincidências, tanto acordado como em sonhos, nas nossas memórias. Eventos comuns, isto é, que não tem nada demais, não ficam registrados em nossas memórias com a mesma intensidade.

Segundo, nós falhamos em compreender se os eventos altamente improváveis que ocorrem todos os dias a todos nós, são realmente difíceis de acontecer. É impossível estimar as probabilidades dos eventos coincidentes que ocorrem em nossas vidas diárias. Nós freqüentemente tendemos a atribuir às coincidências uma probabilidade menor do que elas tem de acontecer.

Entretanto, é possível calcular as probabilidades de alguns eventos aparentemente improváveis com exatidão. Os exemplos que virão nas postagens seguintes fornecerão pistas de como nossas expectativas fogem da realidade.

Continua...