sexta-feira, 29 de abril de 2011

Os Segredos das Sessões Espíritas do Século 19 (Parte 8)

por Cleiton Heredia


Em algumas sessões espíritas de cunho mais dramático, os médiuns e seus assistentes incrementavam os efeitos especiais para dar a entender que o espírito invocado havia se materializado.

Várias técnicas foram descobertas e reveladas pelos mágicos que investigaram este tipo de "fenômeno". Descobriu-se que os médiuns se valiam de trapaças como:

- Painéis deslizantes que permaneciam escondidos no escuro;
- Tecidos sendo manipulados por varas ou fios;
- Assistentes vestindo trajes, maquiagem e peruca;
- O próprio médium disfarçando-se no escuro (eles escondiam seus disfarces em fundos falsos nas cadeiras ou poltronas onde se assentavam).

Existem relatos patéticos de médiuns que foram pegos andando de joelhos fingindo ser o espírito materializado de alguma criança falecida.

Na série de postagens que escrevi das revelações do ex-médium Lamar Keene em seu livro "A Máfia Psíquica", na Parte 3, você poderá encontrar alguns interessantes detalhes sobre como ele fazia para materializar os espíritos em suas sessões. O vídeo abaixo ajuda a entender melhor suas explicações:



Os mágicos conhecem este tipo de técnica como "arte negra". Por favor, isto não tem nada haver com magia negra. A arte negra consiste em uma série de efeitos como aparições, desaparições, levitações e transformações feitos diante de um fundo completamente negro. Assista logo abaixo uma apresentação do ilusionista Omar Pasha que é um mestre nesta arte:



Acho que já deu para entender um pouquinho do potencial desta técnica em criar ilusões caso seja trazida para dentro de uma sessão espírita. Acho que você também já deve estar imaginando como tudo isto funciona, mas caso ainda não tenha sacado, assista ao vídeo logo abaixo que você irá entender:



Bem, eu poderia estender estas postagens indefinidamente tamanha é a diversificação dos embustes utilizados pelos médiuns no arvorecer do espiritismo moderno no século 19. Porém, acredito que aquilo que já foi apresentado nesta série já é o suficiente para você perceber que nada existe de sobrenatural nos supostos fenômenos espirituais que acompanhavam as sessões espíritas.

Concluo esclarecendo que não tenho nada contra os espíritas, desde que sejam honestos e assumam as limitações das suas crenças quanto às frustradas tentativas de transformá-las em verdades cientificamente comprovadas. Espiritismo é matéria de fé, e deve permanecer no campo exclusivo da fé, da mesma forma que o exercício de se acreditar em deus, deuses, anjos, demônios, fadas, gnomos e coisa que o valha.

Caso exista algum espírita que tenha se incomodado com a forma que as fraudes do espiritismo moderno foram aqui expostas, que vá reclamar em alguma sessão espírita com os fraudadores do seu movimento, pois estes sim são os verdadeiros culpados por manchá-lo. Os mágicos do passado apenas fizeram o seu papel de esclarecer ao público que o ilusionismo deve ser utilizado apenas com a finalidade de entreter e divertir, e nunca para enganar e se aproveitar da boa fé alheia.

Fim desta série

Na próxima postagem vou tratar de um assunto bem delicado relacionado a este, porém acredito que irá incomodar a muitos que acreditam no dom profético de certa senhora protestante que viveu justamente na época que o espiritismo moderno estava florescendo.

"A VERDADE NÃO TEME INVESTIGAÇÃO"

terça-feira, 26 de abril de 2011

Os Segredos das Sessões Espíritas do Século 19 (Parte 7)

por Cleiton Heredia


Com a finalidade de produzir sons que fossem interpretados como de origem sobrenatural, alguns médiuns usavam um acordeom (sanfona) devidamente amarrado para mostrar que era humanamente impossível se produzir qualquer som dele sem antes desamarrá-lo. As luzes se apagavam e as pessoas ouviam o acordeom tocar. Como? Muito simples! O médium tirava do bolso uma gaita, que possui um som muito parecido com o do acordeom, e tocava fazendo todos pensarem que era o acordeom sendo manipulado de forma sobrenatural por algum espírito.

Em outros casos de acordeons que tocavam "sozinhos" foi descoberto um engenhoso sistema de mangueiras colocadas estrategicamente (ocultas do público) para injetar ar no instrumento, possibilitando assim que sons fossem produzidos sem a necessidade que o fole fosse acionado. Como você pode ver, os médiuns fraudulentos não poupavam esforços para enganar suas vítimas.

O mentalista Joseph Dunninger desvendou um outro método para se produzir "música dos espíritos", só que agora através de um violino. Em uma sessão espírita da qual ele participou, foi colocado sobre a mesa um violino. Quando as luzes foram apagadas, todos puderam ouvir um tênue som vindo do violino sobre a mesa.

Após se certificar que o violino realmente não havia sido tocado por ninguém ali presente, Dunninger acabou descobrindo que o engano foi produzido através de uma linha com resina, que era colocada sobre as cordas do violino, tendo um peso em uma das extremidades, que descia pela lateral da mesa, e na outra extremidade um comparsa puxando (neste caso pelo buraco da fechadura da porta) para produzir o atrito com as cordas e consequentemente o som.

Joseph Dunninger produziu uma interessante Enciclopédia de Mágica onde reservou um bom espaço para revelar os truques utilizados pelos médiuns fraudulentos. Entre estes truques está o de esconder uma caixa de música dentro de um bandolim, usar um cone para projetar a voz em outro canto da sala, e produzir sons "estranhos" usando uma pequena lata cheia de pedras ou pregos que era presa na perna por debaixo da calça ou vestido. Logo abaixo você pode ver uma das páginas desta enciclopédia onde ele explica alguns destes truques (clique na foto para ampliá-la):


No vídeo a seguir você poderá assistir a um experimento do mágico e psicólogo Richard Wiseman feito com voluntários que acreditavam estar participando de uma genuína sessão espírita:



Na próxima postagem vamos revelar os truques utilizados pelos médiuns para materializar os espíritos.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Os Segredos das Sessões Espíritas do Século 19 (Parte 6)

por Cleiton Heredia


As sessões do século 19 usaram e abusaram da produção de sons e músicas como uma maneira de provar para o público a "realidade" do mundo espiritual. Para tanto, bastava ao médium criar algum sistema (truque) que convencesse sua platéia que aquele som ou música não estava sendo produzido por qualquer agente humano ali presente.

Era comum colocar sobre a mesa da sessão alguns instrumentos musicais como sinos, pandeiros, trompetes ou violões. O médium então era devidamente amarrado a sua cadeira e, após a invocação do espírito, as pessoas podiam ouvir os instrumentos ali presentes produzirem seus sons característicos.

Os métodos utilizados pelos médiuns fraudulentos para criarem esta ilusão eram bem variados. Praticamente cada médium desenvolvia a sua técnica específica. Por exemplo, para conseguir fazer soar um sino sobre a mesa, muitos se valiam da escuridão completa para tocá-los com a boca ou com os pés.

Na foto abaixo, Harry Houdini demonstra para uma comissão um destes métodos. Este sistema era normalmente utilizado para se fazer soar um sino colocado dentro de uma gaiola, vidro ou caixa. Enquanto o sino permanecia intocado sobre a mesa, o médium manipulava com os pés outro sino escondido debaixo da mesa. Para que o som ficasse semelhante ao de um sino tocando dentro de uma caixa, o sino ou o badalo poderiam ser revestidos com algum tecido que abafasse o som.


Nem sempre o médium era amarrado. Muitas vezes ele simplesmente pedia para as pessoas ao seu lado segurarem as suas mãos. Os médiuns poderiam se valer de comparsas ao seu lado que fingiam segurar suas mãos ou poderiam se valer de um método bem mais engenhoso. Veja na foto abaixo que a pessoa à esquerda da médium coloca a mão sobre a mão esquerda dela, enquanto a médium coloca a sua mão direita sobre a mão da pessoa à sua direita. Parece impossível a médium tirar a sua mão dali sem que uma das pessoas ao seu lado perceba, não é mesmo?


Mas perceba agora como a médium, oculta pela escuridão, usa a mesma mão para colocar sobre a mão da pessoa do lado direito e ser tocada pela pessoa do lado esquerdo. Cada uma delas pensa estar segurando uma das mãos da médium, quando na verdade ambas estão segurando a mesma mão, possibilitando desta forma que, com a outra mão livre, a médium fizesse seus truquezinhos baratos.


Acordeões e violinos também eram utilizados, mas falarei deles na próxima postagem.

domingo, 24 de abril de 2011

Os Segredos das Sessões Espíritas do Século 19 (Parte 5)

por Cleiton Heredia


No processo de comunicação com os mortos, além das lousas, os médiuns também usavam uma folha em branco que era colocada dentro de um envelope que, depois de devidamente lacrado, era colocado dentro de uma pequena caixa sobre a mesa. Contatos estabelecidos, abria-se a caixa e o envelope, e ali estava o papel com alguma mensagem supostamente escrita pelo espírito contatado.

Como isto era feito? Através de um simples truque de mágica, e nada mais! O sistema que possibilitava a troca dos envelopes bem na frente do espectador é usado pelos mágicos até os dias de hoje para se criar diversos tipos de efeitos diferentes. Veja no vídeo a seguir a caixinha mágica que os médiuns usavam para enganar seu público:



Com uso das técnicas certas é possível inclusive criar ilusões ainda mais impressionantes. Assista logo abaixo o mentalista Banachek simulando uma escrita sobrenatural em um programa de televisão:



Na sequência assista o meu grande amigo Paolo DeMitri, o mágico "amazing" da gravata verde limão, fazendo uma mágica que bem poderia exemplificar como agiriam os médiuns fraudulentos de hoje, caso aderissem à atual tecnologia. Ele irá receber uma ligação no seu celular do espírito de Harry Houdini que irá do além revelar uma carta escolhida aleatoriamente pelo espectador:



Na próxima postagem vamos falar um pouco sobre como os médiuns faziam para criar alguns efeitos sonoros e até tocar música nas sessões espíritas.

sábado, 23 de abril de 2011

Os Segredos das Sessões Espíritas do Século 19 (Parte 4)

por Cleiton Heredia


Caso as sessões espíritas ficassem apenas nas manifestações de fenômenos "sobrenaturais", tais como as movimentações de objetos, elas talvez não tivessem ido tão longe. Porém, a possibilidade de no meio de todas aquelas manifestações se obter alguma mensagem inteligível do mundo dos espíritos era um dos mais fortes atrativos.

Os médiuns sabiam disto e logo passaram a inventar meios de comunicar as mensagens do além. Alguns deles simplesmente as comunicavam verbalmente. Para tanto o médium poderiam simplesmente dizer estar ouvindo o espírito se comunicar com ele ou, o que causava mais impacto, poderiam dar a entender que estava "incorporando" o espírito. Nestes casos o teatro poderia incluir respiração ofegante, tremedeiras, olhos virados e até falar com um tom diferente de voz.

Para tornar a mensagem comunicada mais verossímil, o médium se valia de recursos como leitura fria, leitura quente, efeito forer, mesmerismo, etc. Como já escrevi uma série de postagens sobre estas técnicas, não irei abordá-las agora. Caso queira lê-las acesse a série "Como Atuam os Médiuns".

Para uma mente mais cética ficava sempre a dúvida do médium poder estar forjando tudo aquilo. Portanto, com o intuito de tornar estas comunicações cada vez mais impressionantes e, consequentemente, mais críveis, os médiuns começaram a criar maneiras das mensagens aparecerem de forma sobrenatural e inexplicável. Surgiam as escritas espíritas.

Uma forma muito comum de se forjar uma escrita espírita era usando pequenas lousas de giz (pequenos quadros negros). O médium colocava sobre a mesa algumas lousas limpas (sem nada escrito) e, depois de efetivado o suposto contato, mensagens escritas poderiam ser lidas em uma ou mais lousas.

Por uma questão ética entre os mágicos, não poderei revelar o segredo desta técnica, mas como você mesmo poderá ver no vídeo abaixo, tudo não passa de um recurso de ilusionismo que os mágicos usam até hoje, inclusive em festas infantis, sem necessitar invocar qualquer tipo de espírito:



Mas para que você não fique muito frustrado, vou lhe revelar outra técnica para criar mensagens espíritas em uma lousa. Acho que os mágicos não ficarão bravos comigo por causa disto:



Viu o comparsa lá trás trocando as lousas? Na escuridão onde as sessões eram realizadas, estes ajudantes passavam completamente despercebidos.

Harry Houdini revelou uma técnica ainda mais sorrateira onde o médium, igualmente com ajuda de um comparsa, poderia trocar uma lousa limpa por outra escrita, com as luzes acessas e bem debaixo das vistas da vítima. O médium segurava a lousa debaixo da mesa e pedia para a pessoa, que estava a sua frente, segurar do outro lado. Invocações eram feitas e em seguida pedia-se para a pessoa colocar a lousa sobre a mesa, verificando se o espírito consultado havia transmitido alguma mensagem. Veja logo abaixo o momento exato da troca:


Na próxima postagem revelarei mais segredinhos da escrita espírita.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Os Segredos das Sessões Espíritas do Século 19 (Parte 3)

por Cleiton Heredia


Vários métodos, desde os mais simples até os mais engenhosos, foram utilizados nas sessões espíritas do século 19 para enganar o público, fazendo-o acreditar que o médium realmente podia se comunicar com os espíritos dos mortos.

Vamos começar pelos objetos colocados sobre a mesa da sessão que, em um determinado momento, se mexiam "sozinhos" ou começavam a "levitar" dando a impressão de que estavam sendo manuseados por algum espírito ali presente.

Um dos métodos utilizados para se criar este efeito era o mais simples e óbvio possível. Na maioria das vezes o próprio médium os movimentava utilizando uma vara que poderia estar oculta em sua roupa ou debaixo da mesa. Veja na ilustração abaixo e entenda como o truque era executado (é claro que a iluminação precária não permitia que os presentes notassem a vara que normalmente era pintada toda em preto fosco):


Você percebeu que o médium trambiqueiro da ilustração acima está amarrado? Este era o procedimento comum adotado nas sessões espíritas na tentativa de impedir que o médium forjasse os movimentos dos objetos. É claro que isto não adiantava nada, pois o médium, sozinho ou com ajuda de algum comparsa, sabia muito bem como se desamarrar e amarrar-se novamente sem ninguém perceber. A seguir, assista ao vídeo de um mágico amigo meu e veja que esta é uma técnica muito conhecida e utilizada pelos ilusionistas até os dias de hoje:



Ás vezes a própria mesa onde todos estavam assentados ao redor é que levitava. Assim como na levitação dos objetos, existem também várias técnicas de ilusionismo para se conseguir fazer uma mesa levitar. No vídeo logo a seguir você terá a oportunidade de assistir ao grande mentalista Joseph Dunninger explicando uma destas técnicas:



Nos Estados Unidos surgiram vários casos de mesas girantes que atraíram muitos curiosos, que fatalmente acabaram caindo nas garras do espiritismo, e foram vítimas de todos os demais enganos mediúnicos que vinham na sequência.

Existe um vídeo do fantástico David Copperfield executando uma versão muito boa da levitação da mesa, porém não o encontrei disponível no Youtube. Caso esteja curioso em assistir a este vídeo, clique aqui.

Agora, caso você queira realmente se assombrar, assista a esta versão de David Copperfield da Cabine dos Espíritos que ele denominou de "Os Fantasmas da Casa Barclay":



Já imaginou você vendo tudo isto sem saber que se trata de um show de ilusionismo?

Na próxima postagem mais segredos serão revelados.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Os Segredos das Sessões Espíritas do Século 19 (Parte 2)

por Cleiton Heredia


O primeiro grande "segredinho" das sessões espíritas, caracterizadas por manifestações de estranhos fenômenos físicos entendidos como sobrenaturais, está em realizá-las em um ambiente completamente escuro ou com uma iluminação bem precária.

A explicação obtida dos médiuns de então é que a escuridão tornava mais fácil para os espíritos se manifestarem. Uma resposta deveras intrigante levando-se em conta que os espíritos requeridos a se manifestarem nestas sessões são os chamados "espíritos de luz". Um espírito de luz deveria gostar de claridade e não de trevas, não é mesmo?

É mais do que natural um cético desconfiar destas condições de pouca ou nenhuma luminosidade pelo fato de elas facilitarem a prática de inúmeras fraudes. Qualquer truque "meia-boca" se torna praticamente indetectável em um ambiente escuro.

O segundo "segredo" do qual os médiuns fraudulentos não abrem mão é o controle do ambiente onde a sessão será realizada. Dependendo do tipo de efeito "sobrenatural" que o médium pretendia criar para a sua assistência, o ambiente da reunião precisaria ser total ou parcialmente controlado por ele. Muitos deles dependiam de dispositivos ocultos debaixo das mesas e cadeiras, bem como de assistentes que os ajudavam na produção dos "efeitos especiais".

Os médiuns se defendiam argumentando que as energias do ambiente eram vitais para que os espíritos pudessem se manifestar. E é claro que o ambiente por eles preparado e controlado era o que possuía as "energias" mais propícias para tais manifestações.

Porém, o fato que ficou cientificamente comprovado por vários investigadores destes fenômenos é a seguinte regra: "Pouco ou nenhum controle, muita atividade sobrenatural; muito controle, pouca atividade sobrenatural; controle absoluto, nenhuma atividade sobrenatural". Até hoje esta regra continua válida.

A seguir veja algumas fotos de típicos locais para a realização das sessões espíritas no século 19:




Amanhã eu vou revelar algumas técnicas usadas pelos médiuns e seus assistentes enquanto ocultos na escuridão.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Os Segredos das Sessões Espíritas do Século 19 (Parte 1)

por Cleiton Heredia


Em postagens anteriores já comentei que o espiritismo moderno surgiu com 1847 com o fenômeno das batidas misteriosas envolvendo as Irmãs Fox na cidade norte-americana Hydesville (NY).

Com o interesse gerado por estas batidas "misteriosas" alastrando-se por todo o país, juntamente com a informação de que se tratava de um processo de comunicação dos espíritos dos mortos com o mundo dos vivos, não demorou muito para que surgissem várias pessoas que também alegariam poder estabelecer este tipo de comunicação com o além. Estas pessoas eram denominadas médiuns, pelo fato de serem o meio físico que tornava possível o contato com o mundo dos espíritos, e as reuniões onde ocorriam estes contatos foram denominadas como "sessões espíritas" ou simplesmente "seance".

Muitas coisas "estranhas" aconteciam nestas sessões como uma forma de tornar evidente, a todos que dela participavam, sua origem "sobrenatural". Quanto mais fantásticos e inexplicáveis fossem os fenômenos, mais as pessoas iriam creditar tais manifestações sobrenaturais aos espíritos dos mortos como a única forma de explicá-los e entendê-los.

As atividades estranhas que poderiam ser observadas em uma sessão espírita típica presidida por um médium no século 19 eram:

- Movimento dos objetos colocados sobre a mesa onde todos se sentavam ao redor;
- Escritas que surgiam misteriosamente em uma folha de papel ou lousa (quadro-negro);
- Músicas misteriosas que soavam sem as pessoas poderem identificar sua fonte;
- Sons estranhos e vozes que comunicavam mensagens específicas;
- Brilhantes luzes que surgiam e desapareciam inexplicavelmente;
- Levitação de mobiliário (geralmente uma mesa ou uma cadeira);
- A produção de ectoplasma (substância fluídica que emana do corpo de um médium);
- Materialização de espíritos (considerado o fenômeno mais forte de todos).

Você gostaria de saber quais foram os segredos guardados "a sete chaves" pelos médiuns do século 19 que possibilitava realizarem suas sessões espíritas recheadas com várias manifestações tidas como sobrenaturais?

Na próxima postagem começarei a falar sobre eles.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Eu creio em Deus

por Cleiton Heredia


Desde que minhas convicções pessoais mudaram para uma postura mais racional, alguns tem se achegado a mim para, depois de alguns "rodeios", finalmente perguntar:

"Mas então você não acredita mais na existência de Deus?"

Como sempre fui muito sincero às minhas convicções, sejam elas quais forem, e como não faz parte da minha natureza ser político dando respostas dúbias com medo de me comprometer, nunca escondi o fato de ter me tornado um agnóstico ateísta.

Infelizmente a vida tem me ensinado que sinceridade e transparência demais não é uma atitude que pode ser usada de forma generalizada e indiscriminada. Existem muitos que, movidos por um caráter torpe, vêem uma atitude assim como uma fraqueza que pode ser explorada no intuito de satisfazer os seus velados sentimentos de inveja, bem como os seus mesquinhos desejos egolátricos.

Porém, a partir de hoje a coisa muda!

Quando me perguntarem se creio em Deus, não mais darei uma resposta ingênua expondo-me assim a todo o preconceito e oposição que esta resposta poderá me ocasionar.

Não! Chega de ser medido pela régua individual que cada um forjou para si mesmo e pela qual julgam a todos os demais, separando-os simploriamente como bons, aqueles que se encaixam em sua visão particular do mundo, e como maus, todo o restante.

Querem saber se eu creio em Deus?

Minha resposta não é nem "sim" e nem "não", mas "DEPENDE".

O que é Deus para você?

Se para você Deus for a essência de tudo aquilo que é bom, justo, puro, amável, íntegro, pacífico, virtuoso, saudável, nobre e verdadeiro - SIM, EU CREIO EM DEUS!

Se para você Deus for o lampejo de esperança quando tudo e todos ao seu redor afirmam ser um caso perdido - SIM, EU CREIO EM DEUS!

Se para você Deus for a força que te sustenta no caminho do bem e te torna uma pessoa cada vez melhor - SIM, EU CREIO EM DEUS!

Se para você Deus for o pensamento que lhe proporciona sorrir a cada manhã na certeza de que todas as coisas irão contribuir para o seu bem, fazendo de você uma pessoa cada vez mais otimista e feliz - SIM, EU CREIO EM DEUS!

Se para você Deus for acreditar que o amor sempre vence - SIM, EU CREIO EM DEUS!

Agora, se para você Deus for algum tipo de ideologia que te faz sentir superior aos demais seres humanos, que te coloca em um pedestal de verdade absoluta que não admite qualquer tipo de divergência ou oposição, que sacrifica a razão em nome de uma crença ilógica e cientificamente ultrapassada, que te impede viver em paz com aqueles que pensam de forma diferente da sua, e principalmente que magoa, fere e mata seus semelhantes em nome de uma algo que você chama de fé...

... desculpe-me, mas se para você Deus for isto - EU NÃO POSSO E NEM QUERO ACREDITAR EM DEUS!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Harry Houdini pode ter sido vítima de fanatismo religioso

por Cleiton Heredia


Na série de postagens que publiquei em 2008 com o título de "Espiritismo Moderno ou Ilusionismo Antigo", na parte nº10, eu comentei sobre o trabalho de Harry Houdini como um Investigador Psíquico.

Logo após a desilusão sofrida na sessão espírita realizada na data de aniversário de sua falecida mãe, Harry Houdini começou a desmascarar os truques e fraudes daqueles que diziam ser capazes de se comunicar com os mortos.

Não demorou muito para que Houdini começasse gerar inúmeras inimizades por onde quer que seus trabalhos de investigador psíquico fossem requeridos. Entre seus mais destacados inimigos podemos mencionar o escritor espírita Sir Arthur Conan Doyle (criador de "Sherlock Holmes") e a médium Mina Crandon (mais conhecida como "Margery").

No livro "A Vida Secreta de Houdini" (2006) seus autores, o especialista em magia William Kalush e o escritor Larry "Ratso" Sloman, sugerem que "a caça às bruxas iniciada por Houdini pode ter provocado as duas agressões físicas que o ilusionista sofreu nos dias que antecederam a sua morte, e que lhe causaram as lesões internas que provocaram seu falecimento, após realizar seu último número em Detroit (EUA)".

Caso as conjecturas de Kalush e Sloman estejam corretas, o que não é uma teoria tão difícil de ser aceita, temos que o grande ilusionista Harry Houdini, o maior mágico de todos os tempos, pagou um elevado preço por sua ousadia em confrontar a mentira com a verdade e a fé com a razão.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Pacto com o Diabo?

por Cleiton Heredia


Você já ouviu falar em Katy Perry? Alguns menos sintonizados com o mundo da música pop talvez não consigam relacionar o nome com alguns recentes sucessos que não paravam de tocar nas rádios, tais como Firework, California Gurls, Hot'n Cold e Teenage Dream. Em 2008 ela estourou nas paradas de sucesso com a música "I Kissed a Girl" tornando-se mundialmente famosa e polêmica.

Antes de entrarmos no assunto, eu quero convidá-lo para assistir ao clip de um dos grandes sucessos de Katy Perry chamado "California Gurls" (preste bastante atenção na letra e nas imagens do clip):



Que tal? Gostou? Pode ser que sim, pode ser que não, mas isto na verdade não vem ao caso neste momento. Independente do estilo musical que mais lhe agrada, você percebeu alguma coisa estranha na letra ou nas imagens deste clip?

Bem, agora eu quero convidá-lo para assistir a este outro vídeo feito por um cristão, aonde ele pretende fazer uma "análise" da vida desta cantora em relação a esta música, cujo clip acabamos de ver:

Clique aqui para assistir ao vídeo

E então? Você concorda com esta análise?

Tenho certeza que, para quem está inserido dentro do contexto religioso cristão tradicional, tais observações e analogias feitas da vida e da obra desta cantora podem até fazer muito sentido. Digo isto porque eu mesmo já estive mergulhado neste contexto e sei muito bem o quão forte e apelativa é uma análise deste tipo.

Eu não quero bater de frente com os cristãos que acreditam piamente que Katy Perry fez algum tipo de pacto com o Diabo em troca de fama, sucesso e dinheiro (cada um é livre para acreditar naquilo que quiser), mas quero apenas mostrar um outro lado que muitas vezes é ignorado quando se enxerga o mundo somente sob uma determinada ótica.

Vamos primeiramente analisar a declaração de Katy Perry, que parece ter servido de base para tudo que vem a seguir. Ela diz na entrevista: "Eu queria ser tipo a Amy Grant da indústria da música, mas não deu certo então vendi minha alma ao Diabo".

Assim como Amy Grant, Katy Perry também nasceu em um lar cristão e começou a sua carreira cantando música gospel pelas igrejas. Porém, diferente de Amy Grant que conseguiu alcançar o sucesso tornando-se um dos maiores nome da música cristã no mundo, Katy Perry não conseguiu fazer sua carreira decolar sendo "comportadinha". Ela precisou "chutar o pau da barraca" mudando completamente seu estilo musical e visual para então conseguir começar a se destacar.

Isto dito, eu acredito que se torne desnecessário interpretar as suas palavras no sentido estritamente literal, como se Katy Perry tivesse ido a um culto satanista e lá tivesse participado de algum ritual ocultista vendendo a sua alma para Lúcifer. Porque não entender sua declaração como uma figura de linguagem para explicar sua mudança de uma cantora gospel para uma cantora pop que precisou recorrer a algumas estratégias mais apelativas e polêmicas?

Sei que tal atitude para o crente já é motivo de sobra para ele classificar as pessoas que recorrem a este tipo de estratégia, como pessoas que passaram para o lado daquele que eles consideram como "príncipe deste mundo". Até entendo esta ligação subjetiva que eles fazem, mas considero tremendamente apelativo e ofensivo eles afirmarem com todas as letras que tal pessoa é uma adoradora do Diabo e que vendeu literalmente a alma para ele.

O restante da análise do clip que vincula Snoop Dogg como um representante do próprio Diabo e faz todas aquelas analogias para lá de especulativas, torna-se completamente desnecessário comentar, uma vez que se entende que não existe a intenção de qualquer tipo de pacto literal de Katy Perry com o Diabo. Ursinhos de gelatina interpretados como pequenos demônios e estrelas interpretadas como pentagramas é apenas uma forma apelativa de se ganhar a atenção de alguns cristãos que fazem questão de ver a marca do Diabo para onde quer que olham.

O símbolo da serpente é especialmente significativo para os cristãos, uma vez que na Bíblia deles o Diabo é chamado de "a antiga serpente". Mas precisamos também entender que símbolos como o da serpente ou da "maça mordida" foram apropriados pelo mundo ocidental como uma forma de expressar o sexo e a luxúria, que por sua vez caem muito bem na música que fala das garotas "sexys e fogosas" da Califórnia. A serpente que é escalada no clip pode ser entendida apenas como um conceito que expressa o estilo de vida mais liberal das garotas californianas, e não necessariamente como uma representação literal do Diabo ou de alguém que sobe na vida à custa do demônio.

O resto da análise feita no vídeo é uma mistura de vários elementos fora de seu contexto como uma forma de reforçar a idéia pré-concebida de que Katy Perry só alcançou o sucesso e a fama porque vendeu a sua alma para o Diabo. Aliás, para alguns cristãos, o talento individual e os méritos pessoais não são nem ao menos cogitados como uma alternativa de explicação para o artista estar entre os melhores do mundo. Para eles, todos que chegam no topo do sucesso só estão lá porque permitiram que o Diabo os agenciasse em suas carreiras.

Se o Diabo realmente existe, ele deve muito à igreja cristã, pois o que seria dele se não fosse toda a propaganda e promoção que muitos cristãos lhe fazem?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Atividade Paranormal em Tóquio

por Cleiton Heredia


Mesmo correndo o enorme risco de perder o meu tempo e principalmente o meu dinheiro, eu não resisti à curiosidade de assistir ao filme "Atividade Paranormal em Tóquio" (Paranômaru akutibiti: Dai-2-shô - Tokyo Night, 2010). Na verdade, o meu profundo interesse pelo tema torna quase que inevitável a ida ao cinema para conferir por mim mesmo os filmes deste gênero.

Apesar de este filme ter sido lançado aqui no Brasil como mais uma continuação (a parte 3) do filme "Atividade Paranormal" (Paranormal Activity, 2009), tudo não passa de um "remake" japonês que conseguiu ser tão sonolento quanto o original. Ele foi gravado quase que simultaneamente à gravação da parte 2 do "Atividade Paranormal" (2010) e segundo me consta foi lançado no Japão antes mesmo da continuação do original ser lançada nos Estados Unidos.

Bem, a fórmula é exatamente a mesma, ou seja, um "mocumentário" (em inglês, "mockumentary", que é um documentário "fake") com muita enrolação, pouco suspense e alguns sustos previsíveis. A inovação desta versão japonesa está na monitoração simultânea de dois quartos que chega até ser interessante em um determinado momento do filme.

Achei curiosa a atuação do exorcista japonês, pois, de certa forma, mostra como as pessoas religiosas daquela cultura reagem frente aos supostos fenômenos envolvendo espíritos maus ou assombração. Outra coisa curiosa é perceber no filme que quando a tradicional intervenção espiritual falha, o jovem recorre, em desespero de causa, a um elemento de outra cultura (crucifixo) que, diga-se de passagem, igualmente falha no melhor estilo dos filmes de terror tradicionais.

No finalzinho, o filme toma um rumo, de certa forma, até que surpreendente se comparado ao original, porém completamente ilógico e sem sentido. Quem em sã consciência se lembraria de pegar uma câmera e dar sinal para pegar um táxi no meio da madrugada quando está fugindo aterrorizado e desesperado para salvar a própria vida? Só se for no Japão.

Segue o trailer:

domingo, 3 de abril de 2011

A Felicidade da Transitoriedade

por Cleiton Heredia


O que as esculturas de areia, os bonecos de neve e os castelos de cartas possuem em comum?

Todos são transitórios.

Por mais bem elaborados que sejam e por mais tempo que tenham demandado em sua edificação, eles não foram construídos para durar para sempre. Quem os constrói já sabe o quão passageira será a sua obra. Da mesma forma, quem tem o privilégio de apreciá-los, também já sabe que contemplam algo que em breve deixará de existir.

A transitoriedade de uma obra não impede que o artista a ela se dedique investindo grande parte do seu tempo e todo o seu talento. Para muitos isto pode parecer frustrante, pois não conseguem entender como alguém pode investir um dia inteiro em algo que pode ser completamente destruído com a subida da maré, o brilho mais intenso do sol ou um simples golpe de vento. Mas mesmo assim muitas pessoas continuam esculpindo obras de arte na areia, fazendo os seus lindos bonecos de neve e edificando castelos de cartas cada vez mais altos.

Por quê?


A resposta para esta pergunta não está na lógica pragmática e racional, mas sim no simples fato de um dia ter se envolvido com estas coisas transitórias, porém muito divertidas. Não importa se tudo em um simples momento deixará de existir, o que realmente importa é a alegria de ter vivido aquele momento único que nos proporcionou realização pessoal, prazer, paz e felicidade.

A transitoriedade de uma obra não a impede de ser apreciada em toda a sua beleza. Vejam por exemplo, um show pirotécnico. Não importa se daqui a alguns segundos só restará a fumaça no ar, o que realmente importa é ter tido o privilégio de se encantar e se maravilhar com todos aqueles momentos de rara beleza.

E mais, uma obra pode até ser transitória em termos das dimensões físicas do tempo-espaço, porém não o será seu efeito sobre as pessoas que a contemplarem. Tais obras na verdade serão perpetuadas enquanto viverem as pessoas que as mantiverem vivas em suas memórias.

Felizes aqueles que aprendem a dar valor para a vida apesar de sua transitoriedade. Estes não somente saberão ser felizes, mas também conseguirão fazer os outros igualmente felizes, mesmo que seja fazendo esculturas na areia, moldando bonecos na neve ou edificando castelos de cartas.


"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis." - Fernando Sabino.

Se tiver um tempinho leia também: A Beleza Efêmera

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Milagres da Natureza - BBC


A BBC divulgou esta semana uma prévia do documentário sobre espécie de Pingüim recém descoberta. A espécie endêmica da Ilha Rei George conseguiu desenvolver novamente a capacidade de voar, além disso foi mapeada a rota migratória desta espécie.



A nova séria da BBC chama-se Milagres da Natureza e vai ao ar hoje.

Antes de me enviar um e-mail perguntando em que canal irá passar, por favor confirme que dia é hoje.