quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Uma Mensagem de Ano Novo


SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS
(Um poema de Mario Quintana)

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ªfeira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
Seguia sempre, sempre em frente...
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.


...


Um novo ano se aproxima.
O ano dois mil e nove do calendário gregoriano (MMIX).

Segundo a ONU será o Ano Internacional da Astronomia, das Fibras Naturais, da Reconciliação, da Aprendizagem sobre Direitos Humanos e do Gorila (do Gorila? mas no horóscopo chinês o ano não será do Boi? Bem, deixa prá lá).

Para muitos será um ano promissor para grandes mudanças com Barack Obama assumindo a partir do dia 20 de janeiro o comando da nação mais poderosa do planeta (será?).


Os apocalípticos continuarão atentos aos "sinais dos tempos" sempre à procura de algo para confirmar e fortalecer sua fé. E falando em sinais, a natureza irá dar uma força produzindo no dia 22 de julho o maior eclipse solar total do século XXI.

Mas na verdade o realmente importa nisto tudo é que a vida continua. Com ou sem Gorila, com ou sem Barack, com ou sem eclipse, a vida simplesmente continuará seu fluxo, e cada um de nós, segundo o poeta Mario Quintana, com nossos deveres para fazer em casa.


Quando se vê, já é 2009. Há tempo...
Sim, há tempo, pois cada um de nós tem pela frente todo o restante de nossas vidas para vivermos da melhor maneira que soubermos e pudermos.

Desculpem-me, mas discordo de Mario Quintana em um ponto. Seu poema foca a vida de uma perspectiva do presente para o passado, do hoje para o tempo que já se escoou pela ampulheta da vida.

O que importa se já se passou 40, 50 ou 60 anos? De que vale ficar medindo a vida por aquilo que já foi ou já passou?


A vida está aí para ser vivida da perspectiva do presente para o futuro, do hoje para todo o desconhecido e emocionante tempo vindouro. Sim, temos pela frente todo o restante de nossas vidas com todas as oportunidades que o nosso esforço unido a nossa vontade de continuar vivendo pode nos oferecer.

Se tiver que olhar para o relógio, olhe como aquele que olha para o tempo simplesmente como um referencial para continuar seguindo em frente, sempre em frente.


Um feliz ano de 2009 com todo o seu maravilhoso futuro pela frente que ainda lhe aguarda para ser vivido, lembrando que em todo o universo você é o único que poderá fazê-lo.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O Poder das Pirâmides


Ontem, após a última reunião da Associação dos Mágicos de São Paulo realizada em 2008, nos reunimos, como de costume, numa lanchonete no centro da cidade para o nosso já tradicional "bate-papo mágico".

A conversa, como sempre, foi muito animada e interessante, especialmente no momento que ganhamos alguns presentes gentilmente oferecidos pela da dupla de mágicos "The Jokers", Nicolas e Cláudia.

Bem, em determinado momento a conversa acabou sendo direcionada para assuntos religiosos e místicos, assim como naquele outro episódio que já relatei aqui neste blog.


Estávamos conversando um pouco sobre a lei da atração, ceticismo, agnosticismo, teísmo e ateísmo, quando um amigo mágico (não divulgo seu nome por não saber se ele me autorizaria a faze-lo), começou a relatar sua experiência pessoal que o levou a crer na possibilidade de existir algum tipo de força no Universo que não se restringisse aos fenômenos físicos conhecidos e transcendesse àquilo que a ciência pudesse seguramente explicar.

Sua experiência foi com o suposto poder das pirâmides. Ele nos contou ter feito algumas experiências com as pirâmides onde pode comprovar seu poder esotérico (esta foi a palavra que ele escolheu para denominar o efeito).


Ele nos contou de frutas e leite que reagiam de forma diferenciada à ação do tempo quando colocada dentro de uma pirâmide feita com as mesmas proporções da pirâmide de Gizé e tendo direcionada uma de suas faces para o norte verdadeiro (levemente diferente do norte magnético apontado pela bússola). Nos falou também de lâminas de barbear que se regeneravam após determinado tempo dentro de uma pirâmide.

É claro que toda esta conversa nos intrigou bastante, especialmente por ter vindo de alguém com uma excelente cultura acadêmica.


Como tenho por lema que a verdade não teme a investigação, iniciei hoje uma rápida pesquisa na internet sobre o suposto poder das pirâmides. Como era de se esperar, encontrei muito material místico, esotérico e pseudo-científico defendendo e ratificando o poder das pirâmides. Porém, muito pouco material confiável do ponto de vista estritamente científico.

No Dicionário Cético (Versão em português do "The Skeptic´s Dictionary" de Robert Todd Carroll) encontrei uma excelente referência para estudo sob o título "Piramidiotice", mas é uma pena que a maior parte dos links que me interessaram já estavam desativados.

No Wikipedia em inglês também existe uma boa fonte de informações e referências literárias sob o título "Pyramid Power". Foi lá que encontrei uma dica que chamou-me a atenção:


In 2005, an episode of MythBusters was aired on the Discovery Channel in which a test of pyramid power was performed, using pyramids built to the specifications found in pyramid power claims, such as using the location of the King's Chamber in the Great Pyramid of Giza. Several scenarios were tested — perishables (in this case food and a flower) rotting, and razor blade sharpening. The tests, once corrected for errors, yielded no appreciable differences between items in the pyramids and items outside. (In one rotting experiment, it appeared that the saw used to cut one of the apples had a larger microbial content on one side, which would have increased the rotting ability of one half of the apple that was cut.)

Tradução:


"Em 2005, um episódio do MythBusters foi ao ar no Discovery Channel no qual foram realizados testes sobre o poder das pirâmides, usando pirâmides construídas com as especificações encontradas na pirâmide reinvindicadora de poder, como o uso da localização da Câmara do Rei na grande pirâmide de Gizé. Vários cenários foram testados - Deteriorização de Perecíveis (neste caso, comida e uma flor), e afiação de uma lâmina de barbear. Os testes, uma vez corrigido os erros, não produziam diferenças significativas entre os itens de dentro da pirâmide e os itens de fora. (Em uma experiência de deteriorização, verificou-se que a serra utilizada para cortar uma das maças estava com um maior teor microbiano em um lado, o que teria aumentado a capacidade de apodrecimento da metade da maça que foi cortada)".

Consegui a sequência de vídeos com o programa completo onde os MythBusters testaram o mito das pirâmides. Neste mesmo programa foi testado mito de se construir uma máquina voadora no quintal de casa, e como os dois testes estão intercalados ao longo do programa, você será obrigado a ver este teste para poder assistir às partes do teste da pirâmide.

Bom proveito...











CONCLUSÃO: O Mito do poder das Pirâmides está cientificamente
"DETONADO"!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Parabéns Filipe!!!


Você acaba de vencer uma batalha, dentre muitas com as quais haverá de se deparar.

Neste momento, conquistaste uma vitória!


Ao longo de sua vida, você fez escolhas e foi convidado a seguir em frente para atingir um ideal.

Hoje é o fim de uma trajetória e início de outra.


Você estudou e aprendeu muitas coisas diferentes que lhe ajudarão a compreender melhor o mundo em que vivemos, bem como encontrar o seu lugar especial nele.


A partir de escolhas, você está construindo o seu saber e amadurecendo.


Sem dúvida você passou por vários momentos, obstáculos, situações difíceis, mas também felizes e enaltecedoras, e hoje você não é mais o mesmo.

Está ainda melhor!


É nessa nova fase que se definirá o seu futuro, e até aonde chegará na vida.


Que seu conhecimento não seja um obstáculo à humildade, pois o desejo de ter sempre razão é o maior obstáculo às novas idéias.

É melhor termos idéias suficientes, mesmo que algumas delas estejam erradas, do que termos sempre razão e não termos quaisquer idéias.


Não é importante sermos sérios para todas as coisas, mas sermos sérios para as coisas importantes, pois, quando um ser humano desperta para um grande desejo, todo universo conspira a seu favor.

Obrigado por ser nosso filho, pois temos muito orgulho disto.

De seus pais que te amam.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Razões pelas quais não acredito que o ateísmo seja uma verdade absoluta


Na última postagem que escrevi fui confrontado com a seguinte declaração: "A verdade absoluta é que tudo no Universo é material". Tal declaração foi feita no contexto de descartar qualquer outro tipo de interpretação do Universo que não seja a interpretação ateísta.

Como alguém que está em busca da verdade, não consigo simplesmente descartar outras possibilidades de interpretação do Universo e eleger o ateísmo como a única verdade a ser considerada, pois até hoje não existem provas contundentes e irrefutáveis para isto.

Entendo o ateísmo como uma maneira a mais de interpretar o Universo, mas que está longe de ser uma interpretação isenta de problemas conceituais, conforme veremos mais abaixo.


Para o ateísmo fazer sentido o Universo precisa ser eterno (sem um início) ou auto-existente (com um início independente de causas externas), porém em 1916, Albert Einstein começou a descobrir que sua Teoria da Relatividade apontava para um Universo com um início definido onde todo o tempo, toda a matéria e todo espaço surgiram.

Einstein sentiu-se desconfortável com a direção apontada por sua teoria e na tentativa de evitar que o Universo fosse um grande efeito dependente de uma causa qualquer (com um início absoluto), introduziu em suas equações uma constante cosmológica que se tornou conhecida como "fator disfarce".

Mais tarde, em 1922, o matemático russo Alexander Friedmann demonstrou oficialmente que o fator disfarce de Einstein continha um erro algébrico gravíssimo. Einstein no afã de evitar que sua teoria apontasse para um Universo com um início violou as regras da matemática ao fazer uma divisão por zero (mais tarde Einstein admitiu que este erro foi o pior de sua vida).


Porém, antes disto, em 1919, o cosmólogo britânico Arthur Eddington obteve uma comprovação empírica de que a teoria da relatividade estava correta em apontar para um Universo não estático e com um começo definido. Assim como Einstein, Eddington não ficou nem um pouco feliz com suas conclusões, mas como um bom cientista que era, sabia que contra fatos verificáveis não existe argumentos.

Outros cientistas, tais como o astrônomo holandês Willem de Sitter, estavam chegando à mesma conclusão afirmando que a teoria da relatividade exigia que o Universo estivesse em expansão.


Em 1927, Edwin Hubble conseguiu observar em seu telescópio de 100 polegadas no Observatório de Monte Wilson na Califórnia, que a expansão do Universo era um fato irrefutável. Ele observou que a luz emitida pelas galáxias observáveis apresentavam um desvio para o vermelho, indicando que elas estavam afastando-se de nós. O próprio Albert Einstein, em 1929, compareceu pessoalmente no Monte Wilson para constatar este fato.

A conclusão era inevitável: se o Universo está em expansão, isto significa que ele teve um início, pois se pudéssemos retroagir no tempo veríamos todo o Universo encolhendo até chegar a um único ponto. Os cientistas atualmente admitem que este ponto seja tão minúsculo que corresponde a um ponto matemático, ou seja, a nada (sem espaço e sem matéria). Sim, é isto mesmo que você está pensando: o mais moderno conhecimento científico de que dispomos aponta para um Universo que surgiu do nada!


Na verdade o Universo não está expandindo para um espaço vazio, pois o próprio espaço é que está em expansão. Assim como não havia espaço antes do Big Bang, também não existia matéria. Aliás, é uma grande bobagem falarmos num tempo "antes" do Big Bang, pois o próprio tempo só passou a existir após ele (não existe "antes" sem tempo).

Quer um ateu queira admitir ou não, esta conclusão de um Universo com um início definido e partir do nada tem tudo haver com o conceito teísta que admite a existência de um Deus que tudo criou. Veja bem, não estou afirmando que o teísmo seja uma verdade irrefutável, mas apenas sendo sincero em admitir que existem evidências muito lógicas para apoiar este conceito.


A partir daí basta continuar exercitando o raciocínio lógico da seguinte forma:

1- Tudo o que teve um começo teve uma causa.
2- O Universo teve um começo.
3- Portanto, o Universo teve uma causa.

Estas três premissas são verdadeiras?

Bem, quanto à segunda já verificamos que o conhecimento científico mais atual que dispomos diz que sim. Quanto à primeira premissa, conhecida também como a lei da causalidade, ela é o princípio fundamental da ciência, pois se existe alguma coisa que pode ser observada em relação ao Universo em que vivemos é que as coisas não acontecem sem uma causa. Negar a lei da causalidade é negar a própria racionalidade, pois o próprio processo do pensamento racional exige que reunamos as idéias (as causas) para então chegarmos às conclusões (os efeitos).

Agora, se você não concorda com a premissa três, cabe a você demonstrar que ela está errada. No entanto, enquanto não faz isto, terá que admitir que até o momento tudo nos leva a crer que o Universo teve uma causa qualquer para existir do jeito como é atualmente.

E, se teve uma causa, não existem motivos lógicos para quem quer que seja descartar o teísmo como uma das possibilidades de verdade.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O que é a Verdade?


Na postagem que escrevi sobre "Todo Religioso é um Torcedor" comentei ao final que a verdade não teme investigação, portanto não haveria problema algum em abandonar temporariamente nosso atual conjunto de crenças e iniciar uma sincera investigação em busca da verdade, pois caso nossas crenças sejam uma expressão da verdade (da realidade), elas simplesmente se confirmarão soberanas ao final deste processo.


Porém, se após o processo de investigação profunda, minuciosa e sincera, não consigamos mais sustentá-las, então devemos entender que por mais agradável, confortante e belo seja nosso conjunto de crenças, elas não correspondem à verdade, ou melhor, elas são um engodo (mentira, falsidade), e portanto, devem ser abandonadas caso não queiramos nos tornar alienados em nossas convicções. Mas isto, é claro, só fará quem possui um compromisso sincero com a verdade e quer pautar a sua vida por ela, seja ela qual for.

Minha afirmação sobre a verdade naquela postagem levou um leitor amigo a questionar-me sobre o que é a verdade para mim. Bem, resolvi escrever este texto como resposta à sua pergunta.

Antes de qualquer coisa, quero deixar claro que não procuro uma verdade que seja verdade apenas para mim, mas sim, que seja uma interpretação mental da realidade transmitida pelos sentidos, confirmada por outros seres humanos com cérebros normais e despidos de preconceitos (com sincero desejo de crer que algo seja verdade).


Alguns, a semelhança do filósofo alemão Nietzche, entendem a verdade é apenas um ponto de vista, pois não se pode conceber uma definição sobre o que ela realmente é. Desta forma não seria nada estranho cada um ter o seu próprio conjunto de verdades. No entanto, este tipo de verdade subjetiva e individualizada não me interessa, pois minha preocupação é com uma realidade que seja objetiva e imutável quer eu creia nela ou não, quer ela satisfaça meus anseios pessoais ou não.

Cientificamente falando, a verdade é um resultado lógico (verdadeiro ou falso) de uma operação mental que depende de dois tipos de conjuntos de juízos: juízos a priori e a posteriori. Os juízos a priori são conhecidos pela mente antes da realização da experiência, exemplo: a linha reta é a menor distancia entre dois pontos. Os juízos a posteriori dependem do resultado final de uma experiência empírica, que deve ser realizada inúmeras vezes para que exista a comprovação de que um fenômeno sobre determinadas condições só produz um único tipo de resultado que pode ser verdadeiro ou falso.


Entendo que a própria ciência possui muitas vezes as suas próprias subjetividades e que muita coisa que hoje é cientificamente aceito como verdade comprovada pode estar embasada em conceitos interpretativos que dependem de pressuposições que não podem ou ainda não foram cientificamente comprovadas de forma incontestável e inquestionável. No entanto, amo a ciência simplesmente por sua postura madura de sincera e constante dúvida diante de um determinado assunto que a leva a questioná-lo de forma exaustiva até que todas as possibilidades de contestação sejam satisfeitas.

Portanto, a verdade que busco tem mais haver com o método científico e filosófico para se chegar a ela, do que com um processo religioso de busca pela verdade. Aliás, minha experiência tem demonstrado que a maioria dos teólogos e religiosos não está em busca da verdade, pois sua principal preocupação reside em encontrar argumentos para defender a "sua verdade" e rejeitar a "mentira do outro".


Entendo que existem alguns questionamentos de difícil resposta para a ciência e para a filosofia, tais como os básicos: De onde viemos? Por que estamos aqui? (ou, Existe algum propósito específico para a vida?) Para onde vamos? Deus existe? Mas não é por causa desta dificuldade que pretendo simplesmente sair em busca de respostas meramente religiosas para então aceitar àquela que me parece mais confortante ou coerente.

Na verdade, atualmente limito-me a simplesmente a confrontar as muitas respostas que me chegam procurando avaliar de forma despreconceituosa e desapaixonada a coerência destas teorias (ou doutrinas), e principalmente se existem razões objetivas para se entender que uma resposta deve ser aceita como a verdade enquanto que uma outra deve ser enquadrada como uma mentira.

Talvez tudo isto que disse acima fique mais claro quando um dia eu resolver contar para vocês minha experiência pessoal vivida desde meados do ano 2000.

Mas isto que sabe um dia...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Quer complicar? Consulte um especialista!


Na época da corrida espacial os americanos ao chegarem ao espaço descobriram que não conseguiam fazer as anotações porque as canetas não funcionavam sem a gravidade.

Comunicaram a NASA e esta contratou os maiores especialistas do mundo pra resolver tal problema.

Pensa pra cá, pensa pra lá, depois de muito pensar, projetar, planejar, os cientistas conseguiram desenvolver uma caneta com um sistema especial que funcionava no espaço ao custo de 20 milhões de dólares.

Resolvido o problema!


Após a guerra fria os americanos se reúnem com os russos, e o pessoal da NASA pergunta quanto eles gastaram pra resolver o mesmo problema.

Os russos responderam: "Quase nada, o lápis era barato!"

Quer complicar um problema? Consulte um especialista!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Todo Religioso é um Torcedor


Ainda no clima futebolístico inspirado pela mais recente conquista do melhor time do país na atualidade, São Paulo Futebol Clube (a menção era totalmente desnecessária, porém inevitável), quero refletir um pouco na relação que existe entre um Torcedor e um Religioso.

Já notaram como nasce um Torcedor? Bem, o processo é muito simples e chama-se Tradição Familiar. Desde a mais tenra idade inicia-se um processo de catequização onde o pai procura incutir no filho a idéia de que o time para que ele torce é o melhor e os demais adversários são escolhas ridículas que devem ser evitadas a todo custo.


A criança é cercada de toda espécie de incentivos diretos e subliminares para levá-la a se tornar mais um torcedor do mesmo time que o pai torce. A criança ainda quando um bebê recém-nascido, sem a menor condição de entender o que é futebol, é colocada dentro de uma roupinha do time, e fotos são tiradas para que futuramente a criança veja que já nasceu predestinada a torcer para aquele time.

Ainda quando aprende a balbuciar as primeiras palavras, o pai já lhe ensina a entoar o grito de torcida de seu time. A criança desde cedo percebe que chama a atenção dos pais e se torna apreciada com orgulho pelos demais (do mesmo time, é claro) quando repete aquilo que o pai lhe ensinou. O estímulo é fortíssimo: "Que gracinha! Como ele é esperto!".

Por outro lado, é lhe inculcada propositalmente uma idéia completamente distorcida dos times adversários para que esta criança se sinta completamente desestimulada a vê-los com bons olhos: "Filho, olha lá os bambis"; "Filhos eles são todos um bando de gambás e galinhas pretas"; "Filho, lugar de porco é no chiqueiro"; e por aí vai.


O pai também faz a criança entender que as vitórias do seu time são a prova de que ela está no caminho certo em relação a sua "escolha". Porém, quando acontecem derrotas, procura fazê-la ver que a culpa foi do juiz que fez sacanagem ou dá quaisquer outras explicações que a desestimule a pensar que os outros times são melhores que o seu.

Neste processo, em nenhum momento, a criança é estimulada a pensar por si mesma avaliando de forma racional e imparcial se o time proposto por seu pai é realmente o melhor, ou mesmo, numa avaliação ainda mais profunda, se existe realmente a necessidade de se torcer por algum time.

O processo para tornar um ser humano em um Religioso é exatamente o mesmo que o descrito acima em relação a um Torcedor. Tradição Familiar!


A criança é doutrinada desde a mais tenra idade, recebendo todo tipo de incentivo que a faça compreender que teve a sorte de nascer na religião verdadeira. O condicionamento psicológico é tão forte e eficaz que a pessoa, mesmo depois que cresce, não consegue entender que toda sua religiosidade não passa de uma mera cultura religiosa programada em seu cérebro sem que ela tivesse condições de escolha.

Alguns podem querer contra-argumentar mencionando o fato de que muitos crescem e trocam para uma religião diferente àquela que receberam de seus pais, como se isto fosse uma prova de uma religiosidade racional com base na liberdade de escolha.

Bem, muitos também trocam de time depois que crescem. Eu mesmo fui Santista até meus 12 anos, quando percebi que na verdade eu não torcia para o Santos e sim para o Pelé. Foi o Pelé se despedir do Santos (1974) e eu deixei de ser Santista (fui torcer por outro santo, o São Paulo - Oh, bendita mudança!). Mas veja bem, a semente que me levaria a escolher um outro time já havia sido plantada. Na verdade eu estava utilizando meu livre arbítrio de uma forma limitada, pois não deixei de ser um torcedor, apenas troquei o time para qual torcer.


Desta mesma forma, o religioso que muda de religião pensa que está transcendendo sua cultura religiosa, quando na verdade só a está adaptando a algo que lhe seja mais interessante ou conveniente. Na verdade, trocar de time ou de religião não representa uma verdadeira mudança em relação aos conceitos básicos que nos foram transmitidos, pois essencialmente ainda continuamos torcedores e religiosos.

Portanto, acredito que todo sincero pesquisador da verdade deve ter coragem e sinceridade para retroagir em seus conceitos e paradigmas, não apenas no nível que questiona qual a religião verdadeira, porém indo mais além, questionando a real necessidade de se ter um time e ser um torcedor.

Muitos temem este processo dizendo que são passos para o ateísmo e para o agnosticismo, porém nada há que temer se entendermos que a verdade não teme a investigação. Pelo contrário, quanto mais profunda, minuciosa e sincera for a investigação, maior a possibilidade de se evitar o erro e encontrar a verdade.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

SÃO PAULO F.C. - HEXA-CAMPEÃO DO BRASIL

CAMPEÃO BRASILEIRO 1977


Eu tinha 15 anos, mas lembro-me como se fosse hoje! Waldir Peres, Chicão e Serginho foram os donos da festa na campanha do Campeonato Brasileiro de 1977, conquistado no Mineirão, contra o franco favorito Atlético Mineiro. Foi nos pênaltis, depois do empate em 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação. Era a primeira conquista nacional do glorioso São Paulo Futebol Clube.

BI-CAMPEÃO BRASILEIRO 1986


O time da década de 80 era veloz, talentoso e inteligente. Também não era para menos, pois tínhamos os "Menudos do Morumbi" (os craques Silas, Sidney e Muller) que liderados pelo técnico Pepe conquistaram o segundo Campeonato Brasileiro, em cima do Guarani. Eu tinha 24 anos e não assisti ao jogo, pois estava morando no exterior. Mas fiquei sabendo que a final foi um jogo eletrizante decidido nos pênaltis (mais uma vez), depois que Careca marcou um golaço nos descontos da prorrogação, empatando o jogo. Aquele gol rendeu a Careca também o título de artilheiro do torneio. Mais um ano, mais um título.

TRI-CAMPEÃO BRASILEIRO 1991


Em 1991, eu tinha 29 anos e dois filhos (Thiago 2 anos e o recém-nascido Filipe). Nesta época o São Paulo já tinha a cara de Telê. O velho mestre soube como fazer o talento de Raí explodir, e não havia equipe brasileira que pudesse parar aquele time inteligente, leal e que pressionava o adversário durante 90 minutos. Depois de três finais de Brasileiro consecutivas, o São Paulo conquistaria seu terceiro título em cima do Bragantino de Carlos Alberto Parreira.

TETRA-CAMPEÃO BRASILEIRO 2006


Bem, nesta altura do campeonato eu estava com 44 anos e já tinha tido a glória de ver o meu Tricolor querido ser três vezes campeão mundial (1992-1993-2005: o único time do Brasil a conquistar tal façanha). Começa a era Muricy Ramalho (ídolo do clube nos anos 70 e treinador na década de 90) e os três vice-campeonatos do ano (Paulista, Libertadores e Recopa) foram a motivação para o Tricolor dedicar-se ao Brasileiro, no qual se sagrou campeão, antecipadamente, pela quarta vez, no dia 19 de novembro de 2006, após ter passado várias rodadas na liderança, inclusive alcançando um recorde de 27 rodadas seguidas na liderança. Eu estava lá com meus filhos e vibramos muito!

PENTA-CAMPEÃO BRASILEIRO 2007


Em 2007, a equipe continuou de forma brilhante no início. Acumulando partidas do ano anterior, ficou 29 jogos sem perder. O campeonato brasileiro deste ano ficou até chato porque só deu São Paulo. Conquistamos nosso 5º título nacional (segundo seguido) com quatro rodadas de antecedência. Nunca na era dos pontos corridos time algum tinha sido campeão com tanta antecedência. Novamente, eu estava lá com meus filhos comemorando mais um campeonato. Este time só me dá alegria!

HEXA-CAMPEÃO BRASILEIRO 2008



Este aqui nem vou comentar. Apenas peço que assista ao vídeo abaixo e veja como reage e age um HEXA-CAMPEÃO.



E mais uma vez gritamos: É CAMPEÃO! É CAMPEÃO! É CAMPEÃO!



quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Valor Real e Valor Percebido


O que vale mais: Uma Ferrari 2009 ou uma jarra de porcelana comum, trincada e envelhecida? Você deve estar pensando que se trata de uma pegadinha, mas não é! Não se trata de nenhum raríssimo vaso chinês da dinastia Ming de incalculável valor histórico. Pode acreditar, estou falando de uma jarra destas comuns do século passado que ficaria encalhada caso fosse colocada à venda em uma loja de antiguidades.

Bem, neste caso você apostaria todas suas fichas que a Ferrari 2009, sem dúvida alguma, valeria mais, não é mesmo? Só não fale isto para a senhora proprietária desta jarra, que por sinal é minha mãe.


Ela guarda esta jarra como se fosse o objeto mais valioso do mundo, pois a mesma pertenceu a sua já falecida e muitíssimo querida avó materna, sendo o único objeto que guarda como lembrança dela.

A Ferrari 2009 e a jarra da avó de minha mãe é um exemplo da diferença entre Valor Real e Valor Percebido. Nem sempre um Valor Percebido por uma pessoa possui Valor Real que justifique esta valorização pelas demais pessoas. É aquilo que acostumamos chamar de "valor sentimental".

Mas existem outras situações onde nem sempre algo de Valor Real é notado como tal, pelo contrário, as pessoas são incapazes de perceber seu valor simplesmente porque o objeto de valor real não está inserido num contexto que as faça valorizá-lo.

Vou exemplificar isto com o vídeo abaixo feito por iniciativa do jornal Washington Post em abril de 2007. Mas antes me permita inseri-lo no contexto: Você entra no metrô em um dia como qualquer outro e se depara com um cidadão vestindo calça jeans, camiseta e um boné, num cantinho tocando um violino tendo a sua frente uma caixa. Assista ao vídeo:



Acredito que a maioria de nós teria a mesma reação das pessoas que por ali passaram naquela manhã. Aqueles que gostam de música clássica talvez vissem algo de valor naquela pitoresca cena e talvez se atrevessem a "perder" alguns minutinhos ouvindo àquele homem. Por outro lado, a esmagadora maioria simplesmente ignoraria por completo não atribuindo qualquer tipo de valor ao fato.


Porém, a situação mudaria radicalmente se ali, ao redor daquele homem, tivesse um forte esquema de segurança e uma placa com os dizeres: "Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num raríssimo violino Stradivarius de 1713, estimado em mais de três milhões de dólares".

Acredito que aquele espaço ficaria completamente congestionado pelos transeuntes amantes ou não da música, todos curiosos em ver de perto algo pelo qual milhares chegam a pagar até mil dólares para assistir em um teatro.

Caso o objeto ou momento em questão não represente algo de valor particularmente pessoal (sentimental) para nós, só aprendemos dar valor às coisas quando estão num contexto que as valorize.


As modernas empresas de sucesso descobriram e assimilaram rapidamente a lição de agregar valor aos seus produtos. Por exemplo: um mesmo chocolate pode custar até vinte vezes mais caro caso esteja numa bela e sofisticada embalagem acompanhada de uma etiqueta com uma marca mundialmente famosa.

O problema que vejo nesta história é que, se não aprendermos a identificar os valores reais em nossa vida, seremos manipulados pelos interesses gananciosos de um mercado e de uma mídia que só sabe fabricar necessidades que não existem e coagir-nos a pagar mais do que as coisas realmente valem.

Cabe aqui uma reflexão: Percebo o valor das coisas com base na minha experiência pessoal e com base na minha percepção consciente do valor real que elas possuem ou sou simplesmente mais um manipulado a valorizar somente àquilo que a grande parte dos alienados valorizam só porque um outro grupo de interesseiros um dia determinou que aquilo tivesse algum valor?