quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O que é a Verdade?


Na postagem que escrevi sobre "Todo Religioso é um Torcedor" comentei ao final que a verdade não teme investigação, portanto não haveria problema algum em abandonar temporariamente nosso atual conjunto de crenças e iniciar uma sincera investigação em busca da verdade, pois caso nossas crenças sejam uma expressão da verdade (da realidade), elas simplesmente se confirmarão soberanas ao final deste processo.


Porém, se após o processo de investigação profunda, minuciosa e sincera, não consigamos mais sustentá-las, então devemos entender que por mais agradável, confortante e belo seja nosso conjunto de crenças, elas não correspondem à verdade, ou melhor, elas são um engodo (mentira, falsidade), e portanto, devem ser abandonadas caso não queiramos nos tornar alienados em nossas convicções. Mas isto, é claro, só fará quem possui um compromisso sincero com a verdade e quer pautar a sua vida por ela, seja ela qual for.

Minha afirmação sobre a verdade naquela postagem levou um leitor amigo a questionar-me sobre o que é a verdade para mim. Bem, resolvi escrever este texto como resposta à sua pergunta.

Antes de qualquer coisa, quero deixar claro que não procuro uma verdade que seja verdade apenas para mim, mas sim, que seja uma interpretação mental da realidade transmitida pelos sentidos, confirmada por outros seres humanos com cérebros normais e despidos de preconceitos (com sincero desejo de crer que algo seja verdade).


Alguns, a semelhança do filósofo alemão Nietzche, entendem a verdade é apenas um ponto de vista, pois não se pode conceber uma definição sobre o que ela realmente é. Desta forma não seria nada estranho cada um ter o seu próprio conjunto de verdades. No entanto, este tipo de verdade subjetiva e individualizada não me interessa, pois minha preocupação é com uma realidade que seja objetiva e imutável quer eu creia nela ou não, quer ela satisfaça meus anseios pessoais ou não.

Cientificamente falando, a verdade é um resultado lógico (verdadeiro ou falso) de uma operação mental que depende de dois tipos de conjuntos de juízos: juízos a priori e a posteriori. Os juízos a priori são conhecidos pela mente antes da realização da experiência, exemplo: a linha reta é a menor distancia entre dois pontos. Os juízos a posteriori dependem do resultado final de uma experiência empírica, que deve ser realizada inúmeras vezes para que exista a comprovação de que um fenômeno sobre determinadas condições só produz um único tipo de resultado que pode ser verdadeiro ou falso.


Entendo que a própria ciência possui muitas vezes as suas próprias subjetividades e que muita coisa que hoje é cientificamente aceito como verdade comprovada pode estar embasada em conceitos interpretativos que dependem de pressuposições que não podem ou ainda não foram cientificamente comprovadas de forma incontestável e inquestionável. No entanto, amo a ciência simplesmente por sua postura madura de sincera e constante dúvida diante de um determinado assunto que a leva a questioná-lo de forma exaustiva até que todas as possibilidades de contestação sejam satisfeitas.

Portanto, a verdade que busco tem mais haver com o método científico e filosófico para se chegar a ela, do que com um processo religioso de busca pela verdade. Aliás, minha experiência tem demonstrado que a maioria dos teólogos e religiosos não está em busca da verdade, pois sua principal preocupação reside em encontrar argumentos para defender a "sua verdade" e rejeitar a "mentira do outro".


Entendo que existem alguns questionamentos de difícil resposta para a ciência e para a filosofia, tais como os básicos: De onde viemos? Por que estamos aqui? (ou, Existe algum propósito específico para a vida?) Para onde vamos? Deus existe? Mas não é por causa desta dificuldade que pretendo simplesmente sair em busca de respostas meramente religiosas para então aceitar àquela que me parece mais confortante ou coerente.

Na verdade, atualmente limito-me a simplesmente a confrontar as muitas respostas que me chegam procurando avaliar de forma despreconceituosa e desapaixonada a coerência destas teorias (ou doutrinas), e principalmente se existem razões objetivas para se entender que uma resposta deve ser aceita como a verdade enquanto que uma outra deve ser enquadrada como uma mentira.

Talvez tudo isto que disse acima fique mais claro quando um dia eu resolver contar para vocês minha experiência pessoal vivida desde meados do ano 2000.

Mas isto que sabe um dia...

6 comentários:

  1. Cleiton:

    Eu penso que o primeiro passo para sair em busca da verdade é "o exercício da coragem".

    Parabéns pelo "post".

    ResponderExcluir
  2. Cleiton,

    A verdade absoluta é que tudo no Universo é material e está em constante transformação. Até mesmo nossas fantasias, crenças e demais abstrações são frutos de reações químicas em nossas mentes, portanto, fenômenos materiais. Assim, não há nada que transcenda a matéria. Nem a fé transcende a matéria por se tratar de um produto do pensamento, ou seja, resultado do trabalho cerebral.

    Perguntas do tipo “de onde viemos?”, “para onde vamos?”, “Deus existe?”, são perguntas inerentes a uma espécie animal que não lida muito bem a morte.

    Do pó vieste, e para o pó voltarás. Nesse ínterim procure viver bem.

    ResponderExcluir
  3. Ricardo,

    Esta é a verdade absoluta ou a sua verdade?

    Acho interessante a maneira como você rapidamente fecha a questão: "É isto e ponto!"

    Não descarto a possibilidade de você estar correto, porém até momento não tenho condições de afirmar com absoluta convicção que os fenômenos físicos (ou matéria como prefere chamar) são a realidade única neste Universo.

    Como ainda não existe uma prova irrefutável para isto, a bem da verdade, preciso deixar uma porta aberta para outras possibilidades, inclusive a possibilidade de uma dimensão espiritual.

    Existem ainda mistérios indecifráveis no Universo cujo entendimento foge a qualquer realidade conhecida e que ainda dão margem para hipóteses que transcendem a matéria.

    Tudo bem, sei que irá mencionar o Deus das lacunas que tem tido seu espaço cada vez mais diminuído à medida que a ciência avança. É até possível que cheguemos num dia onde não haja mais lacunas e Deus finalmente deixe de ser uma hipótese a considerar. No entanto, enquanto este dia não chega, precisamos estar de mentes abertas para considerar todas as possibilidades.

    ResponderExcluir
  4. “Ricardo, esta é a verdade absoluta ou a sua verdade?”

    Cleiton, esta é a verdade absoluta, senão, me prove o contrário.

    ResponderExcluir
  5. Ok, Ricardo!

    Aceito o desafio, mas não no sentido de provar que eu estou certo e de que você está errado, mas sim no sentido de aprofundar-me melhor neste assunto tentando entender os conceitos envolvidos.

    Aguarde minha próxima postagem.

    ResponderExcluir
  6. Confesso que estou satisfeito com a tentativa do Cleiton em apresentar a sua verdade, obrigado. Contudo, vejo nas afirmações do Ricardo, outras hipóteses a serem consideradas também. Em todo caso, peço licença para dizer que a verdade que aceito não é um conceito apenas, nem uma idéia abstrata, para mim a verdade é uma pessoa: Jesus CRisto. O Eu Sou.

    Jorge.

    ResponderExcluir