quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

A Última Postagem de 2009 deste Blog

por Cleiton Heredia


Em 2009 foram exatamente 184 postagens (com esta) onde procurei manter o propósito para qual este blog foi criado, ou seja, partilhar com os amigos leitores assuntos que promovessem a saúde, o saber e a virtude, além, é claro, de ser uma forma divertida de manter o registro da minha própria experiência de vida falando das coisas que gosto e que considero relevantes.

Revendo as postagens que escrevi este ano relacionei abaixo aquelas que particularmente eu considero as mais importantes:

JANEIRO

A série de 3 postagens intituladas: Ponto e Contra-Ponto (Parte 1 - Parte 2 - Parte 3)

FEVEREIRO

Reflexões de um Agnóstico Neófito

MARÇO

Existência de Deus - Por que tanta preocupação com aquilo que a ciência diz se no final das contas o que vale mesmo é a fé?

ABRIL

A série de 2 postagens intituladas: Post Hoc (Parte 1 - Parte 2)

MAIO (A postagem mais importante do ano)

A série de 12 postagens intituladas: O Ministério dos Crentes adverte: Questionar pode ser prejudicial à sua fé (Parte 1 - Parte 2 - Parte 3 - Parte 4 - Parte 5 - Parte 6 - Parte 7 - Parte 8 - Parte 9 - Parte 10 - Parte 11 - Parte 12)

JUNHO

Ilusionistas - O Terror dos espiritualistas

JULHO

Uma História de Amor

AGOSTO

Dois Vídeos, Uma Reflexão

SETEMBRO

Você já exercitou sua esperança hoje?

OUTUBRO (O mês que mais escrevi - foram 30 postagens)

Reflexões sobre o Espiritismo (Talvez para entender melhor esta postagem tenha que ler a série que a antecede)

NOVEMBRO

A série de 2 postagens intituladas: Formas diferentes de entender o Sobrenatural (Parte 1 - Parte 2)

DEZEMBRO

A série de 7 postagens intituladas: "Eu quero acreditar" (Parte 1 - Parte 2 - Parte 3 - Parte 4 - Parte 5 - Parte 6 - parte 7)

Todas as postagens publicadas neste blog refletem os meus pensamentos e convicções na ocasião em que as escrevi, e como não sou dono da verdade (nem pretendo ser), as idéias e pontos de vista expressos podem mudar.

A única coisa que não irá mudar jamais é a minha postura de nunca se fechar para a verdade seja ela qual for, bem como a sinceridade de me posicionar ao lado dela e a coragem de expressa-la da melhor forma que puder.

Desejo a todos meus amigos que ao longo deste ano acessaram este blog (nem que tenha sido uma única vez), um feliz ano novo com muita saúde, paz e realizações.

2010 tem mais...

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Retrospectiva da Primeira Década de um Novo Século e um Novo Milênio

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É difícil de acreditar, mas aqui estamos às portas de concluir a primeira década do século XXI.

Você se recorda de toda aquelas comemorações na virada do terceiro milênio? Pois é, já se passaram 10 anos!


O ano 2000 começou com surpresas como, por exemplo, o Papa João Paulo II pedindo perdão pelos erros cometidos pela Igreja Católica nos últimos 2000 anos, entre eles a Inquisição, as Cruzadas, o desrespeito às outras religiões e culturas na catequização, e a hostilização ao povo judeu. Gesto surpreendente de um líder cuja denominação religiosa advoga até hoje o dogma da infalibilidade papal (bem, mas aí quem errou não foram os Papas e sim a igreja).

Ainda neste ano, aqui no Brasil, comemoramos os 500 anos de descobrimento vendo a ex-esposa do prefeito da maior cidade do país o denunciando por corrupção e assistindo à prisão do juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto.

No mundo, tivemos desastres marcantes como a queda do Concorde da Air France, o submarino russo que afundou e a maior de todas as tragédias que foi a eleição do presidente americano George Bush. Mas em contrapartida, a ciência continuou avançando e foi anunciado o primeiro rascunho da sequência completa do genoma humano.


Entramos no ano 2001. O ano parecia transcorrer em relativa tranquilidade quando de repente, BUM! Os atentados terroristas ao World Trade Center em Nova Iorque e no Pentágono em Washington, mudam radicalmente o mundo como um todo.

Todos olhavam para o ano 2002 com grande receio pelo o que viria pela frente, mas por mais incrível que pareça, este ano não aconteceu quase nada de muito importante. Aqui no Brasil tivemos a eleição presidencial com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT com mais de 53 milhões de votos. E no mundo, mais precisamente na Europa, começaram a circular as notas e moedas de Euro. Talvez aquilo que mais marcou este ano para nós brasileiros foi a conquista do penta campeonato mundial de futebol.

As expectativas e receios foram transferidos para o ano 2003 e neste aspecto sombrio ele não decepcionou. O ano começou com a tragédia da explosão da nave Columbia e continuou com a invasão do Iraque pelos Estados Unidos em um conflito que na verdade era apenas uma continuação da Guerra do Golfo de 1991.


Depois de massacrar o Iraque, já em 2004, G.W.Bush admite que Saddam Hussein não possuía armas de destruição em massa. Porém, o que mais marcou este ano foi o terremoto no Oceano Índico, seguido de Tsunamis que provocaram a destruição nos países do Sudeste Asiático e vitimou em torno de 398.000 vidas.

O ano 2005 continuou preocupando, pois já começava com o segundo mandato do presidente Bush nos EUA, seguida da morte do Papa João Paulo II. No Brasil estourava a vergonha do Mensalão com tanto alvoroço para acabar dando em nada. Ainda nos EUA, o furacão Katrina destruiu os diques de proteção e afundou a cidade de Nova Orleans, causando muitas mortes e destruição também nos estados da Flórida, Mississippi e Louisiana.


Em 2006 Evo Morales assumiu a presidência da Bolívia e decretou a nacionalização dos hidrocarbonetos (gás natural) e petróleo, fazendo com que tropas do exército boliviano ocupassem uma das instalações da Petrobrás. Enquanto isto, na região sudeste do Brasil, o PCC aterrorizava geral. A queda do vôo 1907 da Gol trouxe à tona os graves problemas estruturais no controle do tráfego aéreo instaurando no Brasil o colapso do sistema e gerando atrasos em todos os aeroportos. Fechamos este ano com Lula sendo reeleito e Saddan Hussein sendo executado na forca.


O caos aéreo continuou em 2007 e tivemos até a paralisação do Controle de Tráfego Aéreo Brasileiro no mês de março. Estes problemas mal foram contornados e presenciamos mais uma tragédia aérea com a queda em São Paulo do Airbus da TAM. Mas nem todas as notícias eram ruins em relação ao Brasil, pois a Petrobras anunciou a descoberta da bacia gigante de petróleo e gás no litoral de Santos, estimada em seis bilhões de barris, transformando o Brasil numa nação exportadora de petróleo.

O ano passado, 2008, foi o ano da crise financeira mundial que se mostrou ser a pior desde 1929. No Brasil o impacto foi sentido, porém em proporções menos graves que nos Estados Unidos e Europa.


E chegamos em 2009. O ano em que tivemos que aprender a conviver com o medo da gripe A, pois muitos não sabiam onde terminava o sensacionalismo da mídia e começava a realidade. Mesmo não sendo um vírus tão letal como o da gripe espanhola, foi com certeza a 1º pandemia do século XXI e do 3º milênio. Talvez a única notícia que tenha superado em impacto ao da pandamemia foi a da morte de Michael Jackson em junho.

É claro que tivemos outros acontecimentos importantes em 2009, como a posse nos Estados Unidos do primeiro presidente negro naquele país, o primeiro teletransporte de informação quântica entre dois átomos separados à distância de um metro, a queda do vôo da Air France no Oceano Atlântico matando 228 pessoas (sendo 58 brasileiros), e um homem de 73 anos teve parte de sua visão recuperada após ficar na escuridão por mais de 30 anos graças a um olho biônico.

Bem, não tive a pretensão de fazer uma retrospectiva elaborada, mas apenas destacar os acontecimentos que mais me chamaram a atenção nestes últimos 10 anos.

Mas o ano ainda não terminou. Temos ainda um pouco mais de 24 horas antes que esta década acabe e iniciemos uma nova fase.

Nova fase? Na verdade será apenas a sequência da vida neste mundo que continua girando.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Em Defesa de Deus?


A revista Época da semana passada (21-27/12/09) trouxe uma interessante reportagem sobre o mais novo livro da ex-freira Karen Armstrong, The Case for God (Uma defesa para Deus - tradução livre).

A autora, que se declara uma monoteísta free-lance, faz parte de um grupo de pensadores contemporâneos disposto a revidar os ataques de outro grupo de pensadores conhecido como os "novos ateus".

Mas sua defesa de Deus pode não agradar muito os cristãos mais tradicionais, pois ela parte de uma interpretação não literal das escrituras sagradas (a Bíblia) onde Deus não é visto como um ser todo-poderoso que governa o universo de seu trono no céu, e sim como um eterno mistério que só pode ser descoberto e sentido mediante o exercício da "fé", e não da razão.


No entanto, até a idéia de Karen a respeito desta fé é um tanto quanto controversa. Para ela, o encontro de Deus deriva menos de uma crença (dogmas, credos e conceitos teológicos) e mais do esforço pessoal.

Neste esforço pessoal ela destaca os "rituais" que devem preceder às idéias (os conceitos), e coloca como exemplo maior a persistência revelada por Buda que ensinou que o segredo da verdadeira paz interior não está tanto no crer, mas na prática insistente da meditação com afinco.

Em outras palavras, na concepção desta autora, a fé requer trabalho duro e persistência, pois ela entende que a essência da religião é a disciplina prática caracterizada por exercícios espirituais praticados com regularidade (orações, preces e meditação).


Desta forma, ela considera completamente irrelevante tentar defender a existência de Deus usando o pensamento racional ou mesmo a fé como um conceito espiritual abstrato. A existência de Deus não precisa ser provada, mas apenas vivenciada de forma prática através de um contínuo esforço pessoal focado na experiência ritualística.

Não é de se estranhar que, como uma ex-freira, sua defesa de Deus favoreça muito mais os conceitos religiosos da Igreja Católica Apostólica Romana do que os dos protestantes, que devem estar entendendo esta defesa como uma forma de destruir o conceito bíblico da salvação pela graça.

Acredito que muitos devem estar pensando que com defesores de Deus como Karen Armstrong, o Deus bíblico nem precisa mais de opositores.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Sempre ao Seu Lado


No dia da amizade (20/07/09) publiquei uma postagem sobre a história verídica do cão Hachiko e hoje volto ao tema para relatar as minhas impressões depois de assistir ao filme "Sempre ao Seu Lado" (Hachiko - A Dog's Story).

O filme é uma refilmagem de uma produção japonesa de 1987 intitulada “Hachiko Monogatori” e embora seja um filme simples com personagens corriqueiros, tem o potencial de comover o coração mais insensível.

Como eu já conhecia a história pensava que estaria preparado para assistir ao filme sem ser pego de surpresa pela emoção. Enganei-me! O filme se desenrola de forma despretensiosa na primeira parte, porém na segunda parte a carga emocional vai num crescente tornando praticamente inevitável se chegar às lágrimas.

Um lindo e comovente filme. Recomendo, mas não esqueça de levar uma caixa de lenços de papel, especialmente se gostar de cachorros como eu.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Uma Mensagem de Natal

"Pobre José. Deus foi um ato difícil de seguir." (Perde-se muito na tradução)


Acredito que este cartaz possa revoltar alguns cristãos pela insensibilidade ou falta de respeito. Porém, ele não é iniciativa dos ateus, como alguns podem precipitadamente imaginar, mas sim de um grupo de cristãos com pensamento progressista da Paróquia de St Mathew-in-the-city em Auckland na Nova Zelândia.

Eles resolveram erguer estes cartazes pela cidade com a intenção de provocar um debate sobre a interpretação literal da concepção virginal de Jesus e da história do Natal como um todo.

Segundo o vigário da igreja, Glynn Cardy, "Estamos tentando fazer com que as pessoas pensem mais sobre o que o Natal significa. Será apenas sobre um deus masculino espiritual, que envia o seu esperma para que uma criança possa nascer, ou é sobre o poder do amor no nosso meio, como se vê em Jesus?"

A porta-voz da Igreja Católica em Auckland é da opinião que a primeira tem precedência sobre a segunda. Lyndsay Freer considera o cartaz ofensivo, "A nossa tradição cristã de 2 mil anos, afirma que Maria permaneceu virgem e que Jesus é o filho de Deus e não de José. Esse cartaz é inapropriado e desrespeitador".

O grupo Family fist considera que qualquer debate sobre o nascimento virgem só deve ter lugar dentro da igreja. "Confrontar as crianças e as famílias com o conceito, através de um cartaz publicitário, é completamente irresponsável e desnecessário".

E como não poderia ser diferente, um zeloso cidadão cristão tradicional já resolveu demonstrar o seu amor e fraternidade para com o cartaz, como se pode ver na foto abaixo:



Os ateus são muitas vezes acusados de mostrar apenas o lado negativo da religião ou de ficar "procurando pelo em ovo", mas como vocês puderam ver, quase sempre as confusões e conflitos são criados internamente entre os próprios cristãos.

É uma pena...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Coisas que eu sempre apreciarei no Cristianismo


Algumas pessoas podem querer entender que pelo fato de eu ter mudado minhas convicções em relação a deus, passei a menosprezar tudo aquilo que está relacionado às crenças, em especial à religião cristã.

Puro engano! Acredito que com minha atual perspectiva da vida passei a respeitar muito mais todas as crenças religiosas, do que antes quando eu era membro atuante em segmento do protestantismo e entendia que somente a minha religião continha a verdade absoluta.

Desde que suas crenças não prejudiquem a si mesmo, seu próximo, sua comunidade, seu país e o mundo em que vivemos, ela são válidas e merecem ser respeitadas por mais absurdas que para mim elas pareçam.

Por exemplo, existem muitas coisas no cristianismo que eu sempre irei apreciar e defender, independentemente se acredito ou não na divindade que os cristãos cultuam. São elas:

1) A regra áurea - "Faça ao teu próximo somente o que gostaria que lhe fizessem". Este é um princípio universal em todos os principais segmentos religiosos. No judaísmo - "Não faças ao teu semelhante aquilo que para ti mesmo é doloroso"; no islamismo - "Ninguém pode ser um crente até que ame o seu irmão como a si mesmo"; no taoísmo - "Considera o lucro do teu vizinho como teu próprio, e o seu prejuízo como se também fosse teu"; no zoroastrismo - "A Natureza só é amiga quando não fazemos aos outros nada que não seja bom para nós mesmos"; no jainismo - "Na felicidade e na infelicidade, na alegria e na dor, precisamos olhar todas as criaturas assim como olhamos a nós mesmos"; no hinduismo - "Não faças aos outros aquilo que, se a ti fosse feito, causar-te-ia dor". Todos os homens de boa vontade concordam com esta regra, inclusive os ateus.

2) As Bem-Aventuranças - Todos estão de alguma forma em busca da felicidade. Neste sermão estão expressos alguns princípios básicos como a humildade, a mansidão, a justiça, a misericórdia, a sinceridade (pureza de coração) e a busca pela paz, que seguramente podem nos ajudar a promover a nossa felicidade, bem como a do nosso semelhante.

3) A história de Jesus - Não quero aqui entrar no mérito se Jesus realmente existiu, ou se existe grandes diferenças entre o Jesus da Bíblia e o Jesus da história. Quero apenas dizer que gosto muito da história de Jesus conforme relatado nos quatro evangelhos. Ela é uma linda, cativante e inspiradora história que sempre gosto de reler ou mesmo de assistir a filmes e documentários a respeito.

4) A tradicional música sacra cristã - Quando falo de tradicional estou me referindo desde o canto gregoriano dos padres da igreja católica, passando pelas grandes composições clássicas-cristãs de gênios como Haendel, Beethoven, Vivaldi, Bach, Chopin ou Mozart, até os mais famosos hinos da tradição protestante como "Preciosa Graça" (Amazing Grace), "Castelo Forte" ou "Mais perto quero estar". Podem me chamar de antiquado, mas não gosto da atual música gospel.

5) Os cristãos verdadeiros - Amo conversar com cristãos de verdade. Eles são calmos, educados, prudentes, conscienciosos, amorosos, cultos, honestos, equilibrados e cheios de esperança. Pena que sejam tão raros.

É claro que existem muitas outras coisas mais que eu aprecio e continuarei apreciando no cristianismo, mas acredito que estes que relacionei acima são suficientes para mostrar que as mudanças em minhas convicções não me transformaram em um anti-religioso ou um anticristão.

Para mim religião é sinônimo de caráter. E se assim for, entendo que não importa se você crê ou não em algum tipo de divindade, pois tanto religiosos como ateus podem partilhar desta mesma essência.

UMA FELIZ NOITE DE NATAL PARA TODOS.

Parabéns Filhão!


Hoje eu acordei e de repente o dia 23 de dezembro de 1989 me pareceu tão próximo! Era madrugada de sábado faltando pouco para o sol nascer e lá fomos nós as pressas para a Maternidade São Luiz, pois você já avisava que estava chegando!

Você nasceu nas primeiras horas de uma linda e ensolarada manhã de sábado. Ainda me lembro de toda a ansiedade que sentia enquanto aguardava no berçario da maternidade poder te ver pela primeira vez. A emoção de nosso primeiro encontro foi algo indescritível. Eu fiquei ali te olhando de boca aberta parecendo um bobo enquanto as lágrimas rolavam discretamente.


Nem acredito que já se passaram vinte anos! Não falo isto no sentido de frustração pelo tempo ter passado tão rápido, mas no sentido de admiração por este tempo ter sido preenchido com tantos momentos significativos e especiais ao seu lado.

Como o filho primogênito você me ensinou a ser pai. Ensinou-me a ser pai de um bebê, depois pai de uma criança, em seguida pai de um adolescente, e agora pai de um jovem. Espero continuar aprendendo contigo por muitos e muitos anos.

Um feliz aniversário!

De seu pai que te ama.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Ateísmo não é Satanismo


Pode parecer ridículo, mas ainda hoje em pleno século 21 existem pessoas que acreditam que ateísmo é o mesmo que satanismo.

Por definição:

- Satanismo é uma seita centrada em torno de Satã ou outra entidade identificada como Satanás. Pode também aparecer na forma de uma filosofia centrada nas forças da natureza, em particular da natureza humana, representada por Satã como um arquétipo.

- Ateísmo é a posição filosófica de que não existem deuses, ou que rejeita os conceitos teístas, deístas e panteístas. De uma forma mais genérica é a descrença no sobrenatural manifestada na ausência de crença na existência de divindades, bem como de qualquer tipo de seres sobrenaturais, INCLUSIVE o próprio Satã ou Diabo.

Portanto, somente a ignorância unida ao preconceito religioso poderia ser capaz de uma comparação assim tão tola.

Um exemplo claro disto esta na resposta de alguns jovens para a pergunta: "Por que a sociedade confunde tanto ateísmo com satanismo?"

"Pelo fato deles não serem tão diferentes assim. Ambos tentam desclassificar Deus. Eles são igualzinhos" - Paulinha

"Talvez por ser um dos objetivos do tinhoso é levar as pessoas a descrença" - Carlos

"Porque o cristianismo (fé cristã) foi fundado em 29 d.C. em Israel por Cristo Jesus, o Senhor Deus em Pessoa, o qual deixou bem esclarecido que só Ele é o caminho! As religiões são um conjunto de crenças projetadas por Satanás e oficializadas por homens que conduzem ao inferno! Tudo que não é cristão-bíblico, ou seja, tudo que não vem de Cristo Jesus é de Satanás! Ateísmo, Comunismo, catolicismo, etc. Tudo é satanismo disfarçado. Só cego não vê." - Cícero

Não irei entrar no mérito de quem é realmente o cego nesta história, mas creio que deve haver um consenso geral de que a crença na existência do diabo em suas mais variadas formas é fruto da crença na existência de deus.

Em outras palavras, sem deus o diabo não existiria!

Para alguns é mais cômodo ter um diabo a quem culpar pelas mazelas do mundo, do que assumir sua parcela de responsabilidade.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Tipos de Ateísmo


Há várias modalidades de ateísmo, as quais diferem fundamentalmente quanto à atitude do indivíduo para com a ideia de uma divindade. Vale lembrar que tais classificações são meramente didáticas, feitas apenas para delinear as circunstâncias mais comuns em que o ateísmo pode ser encontrado.

1- ATEÍSMO IMPLÍCITO

Como o próprio nome indica, é a variedade de ateísmo que existe tacitamente (não manifesto formalmente). Nesse caso, o ateísmo não se fundamenta na rejeição consciente e deliberada da ideia de deus, baseada em conceitos filosóficos e/ou científicos, mas simplesmente existe enquanto um estilo de vida que não leva em consideração a hipótese da existência de algum deus para se guiar.

Este tipo de ateísmo pode se subdividir em dois grupos:

1a- Ateísmo Natural

É o estado de ausência de crença devido à ignorância ou à incapacidade intelectual para posicionar-se ante a noção de existência de uma divindade. Nessa categoria entram todos os indivíduos que nunca tiveram contato com a ideia de um deus; por exemplo, alguma tribo, grupo ou povo que se encontre isolado da civilização e que seja alheio à ideia de um deus. Também se enquadram nessa categoria os indivíduos incapazes de conceber a ideia de um deus, seja isso por imaturidade intelectual ou por deficiências mentais; por exemplo, poderíamos citar crianças de pouca idade; pessoas que sofrem de alguma enfermidade mental incapacitante também se enquadram nessa categoria.

1b- Ateísmo Prático

Enquadra aqueles que tiveram contato com a ideia de deus, ou seja, que conhecem as teorias sobre as divindades, mas não tomam qualquer atitude no sentido de negá-la, rejeitá-la ou afirmá-la, permanecendo, deste modo, neutros sobre o assunto. Os integrantes dessa categoria comumente se classificam como agnósticos, isto é, aqueles que julgam impossível saber com certeza se há ou não uma divindade. Sob essa ótica, devido a essa impossibilidade, afirmam que seria inútil qualquer esforço intelectual no sentido de comprovar ou refutar a existência de um deus. Qualquer pessoa que tem conhecimento da existência das religiões e de suas teorias, mas vive sem se preocupar se há ou não algum deus, ou julga impossível sabê-lo com certeza, sem rejeitar ou afirmar explicitamente a ideia de deus, é classificada como pertencente ao ateísmo prático.

2- ATEÍSMO EXPLÍCITO

É a rejeição consciente da ideia de deus. A causa dessa rejeição frequentemente é fruto de uma deliberação filosófica; contudo, não é possível fazer qualquer espécie de generalização quanto à causa específica da descrença, pois cada pessoa julga individualmente quais razões são válidas ou inválidas para corroborar ou refutar a ideia da existência de um deus.

O ateísmo explícito pode ser dividido em duas outras categorias.

2a- Ateísmo Negativo ou Ateísmo Cético

É a descrença na existência de deus(es) devido à ausência de evidências em seu favor. Essa variedade também pode ser encontrada sob a denominação de posição cética padrão, pois reflete um dos axiomas mais fundamentais do pensamento cético, que é: não devemos aceitar uma proposição como verdadeira se não tivermos motivos para fazê-lo; ou, em sua versão lacônica: sem evidência, sem crença. O ateu dessa categoria limita-se a encontrar motivos para justificar sua rejeição da ideia de deus, por vezes esforçando-se em demonstrar por que as supostas provas da existência divina são inválidas, mas sem se preocupar com a negação da possibilidade da existência de um deus.

2b- Ateísmo Positivo ou Ateísmo Crítico

Este é o tipo de ateísmo mais difícil de ser defendido, pois é uma descrença que envolve a negação da possibilidade de existência de um deus. Os ateus dessa categoria tipicamente se intitulam racionalistas e seguem o princípio de que o ataque é a melhor defesa; ou seja, literalmente atacam a ideia de deus, evidenciando as contradições e as incongruências presentes nesse conceito, empenhando-se em demonstrar, através de argumentos racionais, por que a existência de um deus – como definido pelas religiões – é logicamente impossível.

Fonte: Ateísmo & Liberdade - A.D.Cancian

Minhas Conclusões:

Diante do que acabamos de ler, eu diria que para alguns pode parecer muito mais confortável assumir a postura de um ateu implícito prático (agnóstico?), porém tal postura tende a ser muito pouco satisfatória quando se busca sinceramente por respostas que nos aproxime da verdade.

Já o ateísmo explícito me parece intelectualmente mais honesto a partir do momento que vai mais fundo na busca sincera por respostas, tendo a coragem de sustentar e defender aquelas que lhe parecem condizer com a realidade dos fatos.

Quanto a ser um ateu explícito cético ou crítico, tal posicionamento vai muito da vontade que cada um tem de não somente se convencer, como também de convercer os demais que se encontram a sua volta. Particularmente eu acredito que é muito difícil ser um puro ateu cético sem que em alguns momentos específicos se acabe assumindo uma postura mais crítica.

Muito embora entenda que a postura cética seja relativamente mais conveniente, entendo que muitas vezes são necessários homens como Richard Dawkins que corajosamente assumem uma postura fortemente positiva ou crítica, pois são eles que servem de contra-peso diante dos discursos radicalmente positivos ou críticos da maioria dos teístas fundamentalistas.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Mágico Renner na Final do Programa "Qual é o Seu Talento" (SBT)


Aconteceu nesta quarta-feira, dia 16/12/2009, a final da primeira temporada do Programa "Qual é o Seu Talento" com a apresentação de 6 talentosos finalistas:

1- Márcio Sena (Cantor Lírico)
2- Grupo Tsunami All Star (Street Dance)
3- Super Maluco (Artista de Rua)
4- Edu Porto (Cantor)
5- Grupo D-Efeitos (Animation)
6- Mágico Renner (Ilusionista)

Cada um dos quatro jurados eliminou um concorrente:

- Cyz eliminou o Super Maluco;
- Thomas Roth eliminou o cantor lírico Márcio Sena;
- Arnaldo Saccomani eliminou o Grupo Tsunami All Star;
- Miranda eliminou o cantor Edu Porto.

Se levarmos em consideração que após tantos mágicos terem se apresentado no programa, apenas um foi aprovado para seguir adiante, é surpreendente ver este único representante dos mágicos chegando na reta final tendo apenas um único concorrente disputando ao seu lado o prêmio máximo.

A rotina apresentada pelo Mágico Renner é bem conhecida entre os mágicos e admiradores da arte, pois faz parte do repertório de um dos mais famosos e brilhantes mágicos de todos os tempo, David Copperfield. Porém, se levarmos em conta o quesito "emoção", acredito que talvez o Mágico Renner tenha superado o mestre.

A apresentação do Mágico Renner foi um verdadeiro show de interpretação. E levando-se em conta que o Programa "Qual é o Seu Talento" não é um concurso específico de mágica, mas sim um concurso com o objetivo de premiar o melhor "talento artístico", o jovem Renner mereceu estar ali, pois talento é o que não lhe falta.

Infelizmente, para aqueles que como eu estavam torcendo pela mágica, ganhou o Grupo D-Efeitos. Mas não digo que foi um resultado injusto, pois os três rapazes fizeram uma apresentação simplesmente perfeita e mereceram o prêmio.

Abaixo você pode assistir a apresentação do Mágico Renner:


Caso queira assistir ao programa na íntegra, é só clicar nos links abaixo:

Parte 1- Abertura e Márcio Sena
Parte 2- Grupo Tsunami All Star
Parte 3- Super Maluco
Parte 4- Edu Porto e Grupo D-Efeitos
Parte 5- Mágico Renner
Parte 6- Resultado Final

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Concurso de Mágicos do Programa Silvio Santos (SBT) - 5ª Etapa


Domingo, dia 13/12/09, foi ao ar a 5ª etapa do Concurso de Mágicos e os participantes na ordem em que se apresentaram foram:

1- Alfredo Munhoz
2- Xica Lisboa
3- Mágico Renner
4- Mágico Bianconi

O primeiro concorrente da noite foi o artista argentino Alfredo Munhoz que além de fazer mágica, é especialista em performance sobre monociclos e manda muito bem em acrobacias aéreas. Ele é a 4ª geração de artistas circenses na família e atualmente está se apresentando no "Circo dos Sonhos" em frente ao Shopping Anália Franco.

Gostei muito do seu número onde ele decepa a cabeça da sua assistente dentro de uma caixa e a transporta para uma outra mesa. O nome deste número clássico é "Moving Head" e ele o executou com a maestria de um grande artista. Para mim foi o melhor número da noite.

Na sequência apresentou-se a bailarina que também faz mágica, Xica Lisboa, que o Silvio Santos acabou chamando de Chica da Silva (rs), mas reparando sua "gafe" na sequência.

Sua rotina consistiu em restaurar uma lata de refrigerante pega no "lixo" e depois quebrar um copo com uma flecha invisível. Na minha opinião, comparativamente falando, a performance mais fraca desta etapa.

Em seguida foi a vez do Mágico Renner que apresentou exatamente a mesma rotina que lhe garantiu a passagem para a semi-final do Programa "Qual é o Seu Talento". A mágica do vidro de ketchup que desaparece, mais a rotina de corda e o número de escapismo são todos números relativamente simples, mas que aliados à desenvoltura e talento do mágico mineiro acabam sempre resultando num bom espetáculo.

Por último foi a vez do Mágico Bianconi de Botucatu que apresentou uma rotina clássica de manipulação com cartas, pombos, velas, bengalas e guarda-chuvas, que lhe garantiu o 1º lugar e a classificação para a final.

Assista as apresentações dos mágicos desta 5ª etapa nos três vídeos a seguir:





quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

São Paulo Magic Cup 2009 - Etapa Final


Em abril deste ano participei da etapa classificatória do "São Paulo Magic Cup 2009", que é um campeonato de mágica de proximidade, garantindo nesta ocasião o direito de participar da etapa final do campeonato (caso queira ler a postagem que fiz daquela etapa, clique aqui).

Bem, a final foi disputada neste final de semana no Espaço Ascânio que é uma espécie de clube de mágicos. Dos seis classificados, apenas três compareceram para competir: Mágico PetrovSky (1º lugar na 1º etapa classificatória), Mágico Ambrósio (1º lugar na 2ª etapa classificatória) e eu. Os ausentes foram Mágico Leonardo, Mágico Lelo Fernandes e Mágico BBB.

A competição começou às 16h30min com o Mágico Ambrósio como o primeiro participante com a uma rotina que ele intitulou de "Mágica de Natal" (caso queira assistir ao vídeo desta mágica, clique aqui).

O segundo mágico a se apresentar foi o Mágico PedrovSky com uma rotina muito bem humorada utilizando baralho (caso queira assistir ao vídeo desta mágica, clique aqui).

Eu fui o último a competir e apresentei uma rotina com temática espiritualista que chamei de "Uma Experiência do Além". A técnica que utilizei para execução do efeito é na verdade uma adaptação da cartomagia, porém inserida num outro contexto. Assista abaixo ao vídeo da minha apresentação:



Penso que aqui cabe uma explicação para evitar qualquer mal entendido: muito embora minha rotina tenha simulado uma sessão espírita, não tive a menor intenção de ser favorável ou contra a este tipo de doutrina ou filosofia. Como um cético que sou, não compartilho das idéias defendidas pelo espiritismo, mas sei respeitar aqueles que acreditam. Só não respeito aqueles que se valem de técnicas de ilusionismo para enganar, mentir e explorar a "boa" fé dos incautos.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Compreendendo o Ateísmo


Etimologicamente, a palavra ateu é formada pelo prefixo a – que denota ausência – e pelo radical grego theós – que significa Deus, divindade ou teísmo; ou seja, a palavra ateu pode significar sem deus ou sem teísmo.

Como ampliação deste conceito, alguns preferem definir o ateísmo como a total descrença no sobrenatural. Particularmente falando, considero esta definição muito apropriada, pois além de ser mais abrangente, tende a gerar menos preconceito da parte dos crentes.

A descrença no sobrenatural não se limita aos seres sobrenaturais quer sejam eles deuses, demônios ou espíritos que habitam num mundo (ou plano) espiritual, mas também inclui os ditos fenômenos sobrenaturais. Isto pode parecer meio redundante, pois parece-nos óbvio relacionar todo e qualquer fenômeno sobrenatural a um ou mais seres sobrenaturais. Porém, precisamos lembrar que existem aqueles que crêem em uma espécie de força (ou energia) cósmica impessoal e sobrenatural que a tudo e todos permeia com sua influência (panteísmo). O ateísmo desconsidera também esta possibilidade.


Talvez um dos grandes problemas em relação ao preconceito com que a esmagadora maioria das pessoas vê o ateísmo está na forma como alguns ateus se posicionam ou se declaram: "Eu não acredito em deus!".

Na verdade esta declaração não está errada, porém pode gerar uma má compreensão por parte de quem ouve. Quando um ateu afirma que não acredita em deus, aquele que ouve e acredita pode entender que ele está dizendo que é contra Deus, contra seus mandamentos, ou então que não lhe dá qualquer crédito, que o desacredita no sentido de ignorá-lo, ou o difama e o escarnece.

É claro que quando um ateu afirma que não acredita em deus, ele está querendo dizer simplesmente que não acredita na EXISTÊNCIA de qualquer tipo de deus ou deuses, bem como anjos, demônios, espíritos ou qualquer outro tipo de ser sobrenatural.


Para simplificar, quando um cristão, por exemplo, ouve um ateu dizer que não acredita na existência de deus ou deuses, ele deveria entender tal declaração da mesma forma que ele mesmo diria que não acredita em Papai Noel ou coelhinho da páscoa. Inclusive com a mesma racionalidade e certeza de coerência com a realidade do mundo que o cerca que tal declaração venha implicar.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

"Eu quero acreditar" (7ª parte - Conclusão)


Não pretendo relatar aqui como mudei minhas convicções em relação às minhas crenças de infância, pois isto já foi feito na série de 12 postagens intituladas: "O Ministério dos Crentes adverte: Questionar pode ser prejudicial à sua fé" publicadas entre 22 de maio e 05 de junho de 2009.

Aqueles que acompanham este blog desde seu início (1º de fevereiro de 2008) puderam verificar como meu pensamento evoluiu (ou regrediu - dependendo do seu referencial) do teísmo para o agnosticismo teísta, e agora rumo ao ateísmo. Não posso dizer que advogo um ateísmo agnóstico, pois não vejo a menor necessidade e coerência de se falar em provas ou da ausência delas quando tal preocupação deveria se limitar aos que insistem em trazer para o campo da razão algo que se restringe ao campo da fé.

Acredito que esta é a primeira vez que me declaro abertamente "ateu", apesar do marco de mudança já ter ocorrido na postagem "Ateísmo: Uma Declaração de Liberdade".

Sei que para muitos que me conhecem já há algum tempo (especialmente aqueles que tiveram contato comigo pelas igrejas que passei), tal declaração deva chocar, porém para estes eu gostaria de lhes pedir que lessem (ou relessem) aquilo que escrevi na conclusão da série "O Ministério dos Crentes adverte: Questionar pode ser prejudicial à sua fé (Parte 12 - Última Parte)".

Lá deixei bem claro que as minhas convicções religiosas e filosóficas mudaram, mas não o meu caráter. O grande problema reside na visão preconceituosa e deturpada como os crentes insistem em ver os ateus, ou seja, como um bando de loucos pervertidos para quem a vida não faz o menor sentido. Infelizmente são raríssimos os crentes que conseguem ver os ateus como pessoas normais, respeitosas, morais, que valorizam a vida e que desfrutam de felicidade e paz interior (eu mesmo não conheço nenhum crente que tenha esta visão dos ateus - você conhece algum?).

Quero deixar bem claro que, como a maior parte dos ateus esclarecidos, não sou contra a idéia de deus ou deuses. Pelo contrário, até que considero esta idéia bastante atraente e com toda sinceridade gostaria muito que ela fosse uma realidade irrefutável. Porém, tenho que ser sincero às minhas mais profundas convicções. Se, racionalmente falando, não encontro motivos para aceitar a existência de qualquer divindade que seja, não irei violar minha consciência só porque estou com medo da realidade de um mundo sem deus, ou ainda, só porque tenho receio de como ficará a minha imagem pessoal perante aqueles que me conhecem.

Em outras palavras:

"EU ATÉ QUE QUERO ACREDITAR, MAS DESDE QUE ISTO NÃO EXIJA O SACRIFÍCIO DA RAZÃO, DA LÓGICA E DO BOM SENSO".


Portanto, sigo meu caminho consciente de que muita coisa pode ainda mudar nas minhas convicções, menos a sinceridade e a coragem em continuar me posicionando ao lado daquilo que a minha consciência reconhece e aprova como sendo a verdade ou a realidade.



Fim da série: "Eu quero acreditar"

domingo, 13 de dezembro de 2009

"Eu quero acreditar" (6ª Parte)

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Antes de concluir, quero sugerir que, com base em tudo que leu até agora, faça uma experiência simples que irá lhe mostrar algo interessante sobre sua fé:


Tire uma moeda do seu bolso. Agora reze sinceramente para Rá (deus egípcio):

“Querido Rá, todo-poderoso deus do Sol, eu vou jogar esta moeda 50 vezes, e estou pedindo para que a faça cair 'coroa' todas as 50 vezes. Em nome de Rá eu rogo, amém.”

Agora jogue a moeda. As chances são de que não passe da quinta ou sexta jogada para que a moeda caia em “cara”.

O que isso significa? A maioria das pessoas iria concluir que Rá não existe. Rezamos para Rá, e Rá não fez nada. Provamos que Rá não existe (pelo menos no sentido de não atender orações) usando análise estatística.

Se jogarmos a moeda milhares de vezes, rezando para Rá em cada uma delas, descobriremos que a moeda cai em “cara” ou “coroa” com a mesma freqüência de que se nenhuma oração fosse feita. Mesmo que encontrássemos milhares de seguidores fervorosos de Rá e pedíssemos para que eles rezassem por nós, as moedas iriam cair aleatoriamente da mesma maneira. Portanto, como pessoas racionais, concluímos que Rá não existe e que quem acredita nele está enganado.


Quero que tente fazer o mesmo experimento, mas desta vez rezando para Jesus Cristo. Ore sinceramente para ele como:

“Querido Jesus, eu sei que você existe e eu quero que você atenda a minha oração como prometido na Bíblia. Eu vou jogar esta simples moeda 50 vezes, e eu peço para que ela caia como 'coroa' todas essas 50 vezes. Em nome de Jesus eu rogo, amém.”

Agora comece a jogar a moeda. Novamente, não passará da quinta ou sexta jogada para que ela caia “cara”.

Se jogarmos a moeda milhares de vezes, rezando para Jesus em cada uma delas, veremos que as moedas caem aleatoriamente da mesma maneira do que se jogássemos ao acaso. Não há duas leis de probabilidades — uma para cristãos que rezam e outra para não-cristãos. Há somente uma lei de probabilidade porque as orações não conseguiram mudar a realidade. Jesus não interfere nas leis da probabilidade, não importa o quanto rezamos. Podemos provar isso usando análises estatísticas.

Se você acredita em Deus, veja o que está acontecendo na sua mente agora. Os dados foram absolutamente idênticos em ambos os experimentos. Com Rá, você analisou os dados racionalmente e concluiu que Rá não existe. Mas no caso de específico de Jesus, sua mente imediatamente começa a trabalhar no sentido de encontrar vários raciocínios diferentes para explicar por que Jesus não atendeu suas preces:

a) Não é sua vontade;

b) Ele não tem tempo;

c) Eu não orei da forma correta;

d) Eu não mereço;

e) Eu não tenho fé suficiente;

f) Não posso testar o Senhor desta maneira;

g) Não faz parte do plano de Deus para mim.

E assim vai indo…


Um dos raciocínios que você pode desenvolver é particularmente interessante. Você pode dizer para si mesmo:

“Bem, é claro que Jesus não atendeu minha oração quando joguei a moeda, porque é trivial demais.”

Da onde veio esse raciocínio? Se você ler o que Jesus diz na Bíblia sobre orações, verá que Jesus não diz nada como “não ore por mim sobre jogos de ‘cara ou coroa’”. Jesus diz claramente que vai atender suas preces, e não põe nenhuma restrição sobre o que você pode pedir (especialmente se você estiver sendo sincero). Você inventou esse raciocínio do nada.

Os crentes são "experts" em criar raciocínios para explicar e justificar suas crenças. A Bíblia possui muitos exemplos de pessoas que puseram o Senhor à prova e foram atendidas. Por que então você e eu não podemos ser atendidos de forma sobrenatural em nossas sinceras súplicas?

Você ainda pode resistir em seus pensamentos e dizer que Deus nunca eliminará toda a possibilidade de incredulidade, pois quer que exercitemos a fé como a dádiva mais preciosa. Se for assim, então por que falou com Moisés do meio de uma sarça ardente? Não bastaria falar com ele em um sonho? Por que toda aquela demonstração de poder no Monte Sinai por ocasião da entrega dos 10 mandamentos? Por que Jesus se revelou de forma tão marcante na vida de um homem que estava viajando para matar os cristãos (Saulo) e não se revela para alguém que simplesmente pede com sinceridade um simples sinal racional?

Novamente sua mente religiosa deve ter encontrado um monte de justificativas, porém estas não seriam aceitas caso fossem utilizadas para defender qualquer crença que não fosse a sua. Elas só fazem sentido porque no íntimo você insiste em dizer:

"EU QUERO ACREDITAR"


Continua... (Na próxima postagem a conclusão desta série)


(Texto adaptado de "Understanding religious delusion")

sábado, 12 de dezembro de 2009

"Eu quero acreditar" (5ª parte)


Tente, só por um momento, olhar para o cristianismo com o mesmo nível de ceticismo que você usou nas três estórias anteriores. Use seu bom senso para perguntar algumas questões simples para si mesmo:

- Há alguma evidência física irrefutável de que Jesus existiu?

Não. Ele se foi sem deixar nenhum traço. Seu corpo “ascendeu ao paraíso”. Ele não escreveu nada. Nenhum de seus milagres deixou qualquer evidência permanente. Não há literalmente nada.

- Há alguma razão inquestionável para acreditar que Jesus fez mesmo aqueles milagres, ou que ele ressuscitou, ou que ele ascendeu ao paraíso?

Não há razão nenhuma para se acreditar nisso mais do que temos para acreditar que Joseph Smith encontrou as placas douradas em Nova Iorque, ou que Maomé montou um cavalo alado indo ao paraíso. Provavelmente menos ainda, se levarmos em conta que a estória de Jesus se passou há 2.000 anos e a de Joseph Smith se passou somente há 200 anos.

O fato é que ninguém além de crianças pequenas acredita em Papai Noel, ninguém além dos mórmons acredita em Joseph Smith, ninguém além dos muçulmanos acredita em Maomé, e, claro, ninguém além dos cristãos acredita em Jesus e sua divindade.


Portanto, a questão que eu deixo aqui para você é muito simples: Por que os seres humanos podem detectar contos fantasiosos com completa certeza quando eles vêm de outras crenças, mas não podem detectá-los quando vêm da própria fé?

Por que eles acreditam que seus próprios contos incríveis são verdadeiros enquanto tratam os outros igualmente incríveis como absurdos?

Quer alguns exemplos?

- Cristãos sabem que quando os egípcios construíram pirâmides gigantes e mumificaram os corpos dos faraós, que aquilo foi uma completa perda de tempo — senão cristãos construiriam pirâmides.

- Cristãos sabem que quando os astecas arrancavam fora o coração de uma virgem e comiam-no, não acontecia nada — senão cristãos matariam virgens.

- Cristãos sabem que quando os muçulmanos se viram para Meca para rezar, que aquilo não faz sentido — senão cristãos se virariam para Meca quando rezassem.

- Cristãos sabem que quando os judeus evitam misturar carne com leite e derivados, eles estão perdendo seu tempo — senão o X-Burger não seria uma obsessão americana.


No entanto, quando cristãos olham para sua própria religião, eles simplesmente não conseguem exercer o mesmo tipo de discernimento crítico. É como se fossem acometidos por algum tipo de cegueira voluntária.

Por quê?

Carl Sagan responde:

"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências… Baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar."

Em outras palavras:

"EU NÃO QUERO ENTENDER - EU QUERO CRER"


As pessoas só querem adquirir conhecimento racional e entender a lógica dos fatos para desbancar outras crenças que diferem da sua. Porém, não admitem jamais que se faça o mesmo com a sua crença.


Avaliar racionalmente as crenças que não são as mesmas que as minhas evita a apostasia, porém usar o mesmo critério em relação às minhas próprias crenças é perigoso, pois seguramente me levará para a apostasia.

Mas foi exatamente isto que eu fiz! Deixei de ser imparcial e comecei avaliar minhas próprias crenças com o mesmo rigor racional que eu avaliava todas as demais diferentes da minha.

Adotei o lema de que "A VERDADE NÃO TEME A INVESTIGAÇÃO" e criei coragem para sair da minha zona de conforto e segurança, indo em busca da verdade não importando se os resultados iriam ou não me agradar. A verdade tem o seu preço e eu estava disposto a pagar por ele.

É claro que tudo isto foi um processo lento e de certa forma bem doloroso, mas aí já é outra história.

Continua...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

"Eu quero acreditar" (4ª parte)

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Até agora já foram três amigos e três crenças distintas. Nenhuma delas te convenceu, porém por outro lado, você também não conseguiu convencê-los do contrário.

Eis que surge seu quarto amigo. Sou eu!

Para que este exercício funcione, imagine-se apenas por um momento que você não possui qualquer tipo de crença, mas está disposto a ponderar sobre cada uma que lhe for apresentada, desde que seja de alguma forma coerente com aquilo que entende por "realidade".

Está pronto? Então vamos lá!

Caso 4

- Oi tudo bem? Você tem um tempinho? Oba! Então deixe-me contar uma história:


Era uma vez uma virgem judia chamada Maria que foi visitada por um anjo e informada que teria um filho muito especial.
Sua inseminação seria através de um ato sobrenatural de Yahweh (Deus), pois o ser nela gerado seria o próprio filho de Deus encarnado com a missão de salvar a humanidade perdida.
Maria foi desposada por um homem chamado José, mas este não a conheceu (no sentido sexual) até que o filho prometido nascesse.
Eles tiveram que viajar para Belém para se cadastrarem para o censo, mas chegando lá Maria deu a luz ao filho de Deus.
Deus pôs uma estrela no céu para guiar algumas pessoas especiais até o bebê divino-humano.
Durante um sonho, Deus diz a José para pegar sua família e ir para o Egito, pois o rei Herodes estava pretendendo matar a criança. Milhares e milhares de bebês em Israel foram mortos na tentativa de matar Jesus.
Como um homem, o filho de Deus alegou ser o próprio Deus encarnado. “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida”, ele disse.
Este homem fez muitos milagres. Ele curou um monte de pessoas doentes. Ele transformou água em vinho, restaurou aleijados e até ressuscitou algumas pessoas. Esses milagres provam que ele é Deus.
Mas um dia ele é sentenciado à morte e morto em uma crucificação.
Seu corpo foi colocado em uma tumba. Porém, três dias depois, sua tumba estava vazia. Ele ressuscitou!

Não saiu do túmulo como um fantasma, mas como um homem com um corpo físico tão real que as pessoas podiam até colocar os dedos nas cicatrizes deixadas pelos ferimentos a que foi submetido na cruz.
Ele apareceu para muitas pessoas em muitos lugares e estas foram as testemunhas oculares da realidade destes eventos.
Então ele ascendeu ao paraíso e agora está sentado à direita de Deus, seu pai todo-poderoso, de onde continua a fazer intercessão pela raça humana e atender as orações daqueles que nele crêem.
Hoje você pode ter um relacionamento pessoal com o Senhor Jesus. Você pode falar com ele através das orações tendo a certeza de que ele te ouve e irá atender suas preces.
Ele é poderoso para curar doenças, resgatar de emergências, ajudar a fazer negócios e decisões familiares importantes, confortá-lo em épocas de sofrimento e preocupação, etc.
Se você reconhecer que é um pecador e aceitar a Jesus como o seu salvador pessoal, ele lhe concederá a vida eterna no paraíso de Deus onde existe um lugar reservado para você em uma bela mansão numa cidade onde as ruas são de ouro puro.
Esta recompensa poderá ocorrer após a sua morte ou quando ele voltar a este planeta para por um fim em todo o mal e sofrimento.
A razão para que saibamos que isso tudo é verdade é porque, depois que Jesus morreu, quatro homens chamados Mateus, Marcos, Lucas e João escreveram fatos sobre sua vida. Seus atestados escritos são a prova da veracidade desta história.


O que achou desta história? Você acreditou nela?

Bem, se você é um cristão, com certeza deve acreditar. Mas lembre-se, aqui neste exemplo o cristão sou eu! Você é apenas um amigo meu sem qualquer tipo de crença específica, porém com uma mente aberta para ouvir e ponderar sobre o que está sendo dito.

Lembre-se também que você já ouviu as estórias dos seus outros três amigos e não acreditou nelas por serem fantasiosas e carecerem de evidências que as sustentem.

Como você é uma pessoa de mente aberta e está disposto a avaliar com sinceridade o que eu acabei de lhe contar, você me faz algumas perguntas e a todas eu respondo prontamente. Você mais uma vez se recorda dos seus três amigos e não se sente muito confortável com as respostas que eu lhe dou, pois elas lhe parecem tão incríveis quanto à própria história.

Qual será a sua conclusão final? Você irá aceitar minha história como sendo uma verdade inquestionável? O que existe de diferente na forma como você avalia a minha história e na forma como avaliou as estórias daqueles seus outros três amigos?


Aqui está algo que eu gostaria que você entendesse: as quatro bilhões de pessoas que não são cristãs olham para esta história da mesma maneira que você olhou para a estória do Papai Noel, dos mórmons e dos muçulmanos. Em outras palavras, há quatro bilhões de pessoas que estão fora da bolha cristã, e por este motivo conseguem fazer uma avaliação usando o mesmo raciocínio lógico que você utilizou nos outros três casos.

Como que quatro bilhões de não-cristãos sabem, com certeza absoluta, que a estória cristã é uma ilusão? Porque a estória cristã é igual às outras estórias anteriores. Não há inseminação mágica, estrela mágica, sonhos mágicos, milagres mágicos, ressurreição mágica, ascensão mágica, e assim por diante. Pessoas fora da fé cristã olham para esta estória e percebem os seguintes fatos:

Os milagres supostamente “provam” que Jesus era Deus, mas esses milagres não deixaram nenhuma evidência tangível para examinarmos e verificarmos cientificamente hoje. Jesus ressuscitou, mas ele não aparece para ninguém hoje em dia. Jesus ascendeu ao paraíso e responde às nossas preces, mas só não lhe peça para restaurar um membro amputado. Existe uma certa coerência nos livros onde Mateus, Marcos, Lucas e João dão seus testemunhos, mas também existem alguns problemas e contradições. E por aí vai.

Uma pessoa não comprometida com a fé cristã não terá a menor dificuldade de classificar a estória cristã como um conto tão fantasioso e incrível quanto os outros três exemplos que já examinamos.


Entretanto, se você é um cristão que desde pequeno foi ensinado a crer na Bíblia, perceba o que está acontecendo dentro da sua mente neste exato momento. Apesar de existirem evidências verificáveis e sólidas para lhe mostrar que a estória cristã é falsa, sua “mente religiosa” está se sobrepondo à sua mente racional e seu bom senso.

Por quê?

Por que você é capaz de usar seu bom senso para rejeitar as estórias do Papai Noel, dos mórmons e dos mulçumanos, mas não é capaz de fazer o mesmo com a estória cristã?

A razão é sempre a mesma:

VOCÊ QUER ACREDITAR!


Continua...


(Texto adaptado de "Understanding religious delusion")

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

"Eu quero acreditar" (3ª parte)

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Depois do seu amigo que acreditava em Papai Noel e daquele outro que acreditava na autenticidade das escrituras contidas nas placas de ouros deixadas pelos judeus americanos há 2.000 atrás, você agora vai se encontrar com um outro amigo.

Caso 3

Imagine que este seu amigo lhe conte esta estória:

Um homem estava sentado em uma caverna no seu canto.
Uma luz brilhante e intensa aparece.
Uma voz diz apenas uma palavra: “Leia!” O homem sente como se estivesse morrendo. Isto aconteceu várias vezes.
Então o homem pergunta: “O que devo ler?”
A voz diz “Leia, em nome do Senhor que criou os humanos de um coágulo. Leia que seu Senhor é o Mais Generoso. Ensinou através do cálamo. Ensinou ao homem o que este não sabia.
O homem correu para casa, para junto de sua esposa.
Enquanto corria para casa, ele viu a face gigantesca de um anjo no céu. O anjo disse que era um mensageiro de Deus. O anjo também se identificou como sendo Gabriel.
Em casa, naquela noite, o anjo apareceu para o homem em seus sonhos.
O anjo apareceu para este homem de novo e de novo. Algumas vezes em sonhos, outras durante o dia como sendo “revelações em seu coração”, algumas vezes precedido por um ribombar de um sino em seus ouvidos (fazendo com que os versos fluíssem de Gabriel diretamente para o homem), e algumas vezes Gabriel simplesmente aparecia em carne e osso. Escribas escreviam tudo o que o homem dizia.
Então, numa noite após 11 anos do primeiro encontro, Gabriel apareceu para o homem com um cavalo mágico. O homem subiu no cavalo, e o cavalo o levou para Jerusalém. Então o cavalo alado levou o homem às sete camadas do paraíso. O homem foi capaz de ver o paraíso e falar com pessoas nele. Então Gabriel o trouxe de volta para a Terra.
O homem provou que esteve mesmo em Jerusalém pelo cavalo alado respondendo corretamente perguntas sobre os prédios e pontos geográficos do local.
O homem continuou recebendo revelações de Gabriel por 23 anos, e então elas pararam. Todas as revelações foram gravadas pelos escribas em um livro que existe até hoje.

(O texto acima está baseado no livro “Understanding Islam”, de Yahiya Emerick)


E aí? O que achou desta estória?

Se você nunca a ouviu antes, achará que não faz sentido algum, da mesma maneira que sentiu sobre as estórias das placas de ouro e do Papai Noel.

Você se sentiria da mesma maneira quando lesse o livro que foi supostamente transcrito por Gabriel, porque grande parte dele é obscuro. Os sonhos, o cavalo mágico, o anjo, a visita ao paraíso, e as aparições de um anjo em carne e osso, tudo lhe pareceria tão fantástico que é bem provável que ignorasse toda esta estória como se não passasse de uma ilusão.


Mas você precisa tomar cuidado! Esta estória é a base da religião muçulmana, praticada por mais de um bilhão de pessoas no mundo todo. O homem é Maomé, e o livro é o Corão (também conhecido como Alcorão). Esta é a estória sagrada da criação do Corão e a revelação de Alá para a humanidade.

Tirando o fato de que um bilhão de muçulmanos professam algum nível de crença nesta estória, pessoas fora da fé muçulmana consideram-na como muito improvável de realmente ter acontecido.

Ninguém, exceto os mulçumanos, acredita nesta estória porque ela tem todos os ingredientes fantásticos de um conto de fadas. Muitos consideram o Corão como um livro escrito por um homem e nada mais. Um cavalo alado que voa para o paraíso? Isso não existe, ou melhor, existe tanto quanto as renas voadoras do Papai Noel.

Se você é cristão, por favor, pare um momento agora e olhe novamente as estórias dos muçulmanos e dos mórmons e responda com toda lucidez e honestidade:

Por que é tão fácil ver essas estórias e perceber que não são reais?

Como você sabe, com certeza absoluta, que mórmons e muçulmanos estão enganados?

Por um acaso não seria usando a mesma lógica que o leva saber que Papai Noel não existe?

Não há evidências de nenhuma dessas estórias. Elas envolvem coisas mágicas como anjos e cavalos alados, alucinações e sonhos. Cavalos não podem voar — nós todos sabemos disso. E mesmo se pudesse, ele voaria para onde? O vácuo do espaço na velocidade da luz? Ou o cavalo de alguma forma se “desmaterializou” e então se “materializou” no céu? Se for isso, então esses processos foram inventados da mesma forma que o trenó mágico e a roupa auto-limpante do bom velhinho. São explicações cada vez mais incríveis para explicar o incrível. A lógica e a razão é que lhe afirma isto, certo?

Um observador imparcial pode ver como são impossíveis essas estórias. Da mesma maneira, muçulmanos podem ver que os mórmons estão enganados, mórmons podem ver que os muçulmanos estão enganados, e cristãos podem ver que ambos estão enganados.

Porém, o que você acha que aconteceria caso tentasse argumentar com um mulçumano usando o raciocínio lógico e a pura razão na tentativa de mostrar que ele está equivocado em suas crenças? Você perderia a cabeça? Não, não! Imagine que o mulçumano não é um extremista radical, mas uma pessoa aberta ao diálogo. Mesmo assim você não conseguiria fazê-lo enxergar as coisas da mesma maneira que você, por uma simples e mesma razão dos casos anteriores:

"ELE QUER ACREDITAR!"


Amanhã a coisa complica de vez. Aguarde.

Continua...


(Texto adaptado de "Understanding religious delusion")

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

"Eu quero acreditar" (2ª parte)

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No exemplo da postagem anterior (o amigo que acreditava no Papai Noel), por que as respostas dele não lhe convenceram? Por que você ainda acha que ele está enganado?

O motivo é porque as respostas que ele lhe deu apenas tornaram ainda mais evidentes o quanto esta crença é absurda e ridícula. Para justificar sua crença, seu amigo inventou do nada, elementos e processos ainda mais incríveis como um trenó mágico, uma roupa incombustível auto-limpante, chaminés mágicas, controle do tempo e onisciência. Você não acredita nele pois sabe que ele está inventando todas essas coisas. As evidências em contrário são volumosas.

Agora deixe-me mostrar outro exemplo.

CASO 2

Imagine que um outro amigo lhe conte a seguinte estória:


Uma noite, eu estava no meu quarto.
De repente, meu quarto fica extremamente brilhante.
A próxima coisa que eu percebo é que há um anjo no meu quarto.
Ele me conta uma estória magnífica.
Ele diz que há uma pilha de placas douradas enterradas ao lado de uma colina em Nova Iorque.
Nessas placas estão os livros de uma raça perdida de um povo judeu que habitava a América do Norte.
Essas placas estão escritas na língua nativa desse povo.
Um dia, esse anjo me levou até essas placas e me deixa levá-las para casa.
Mesmo as placas estando numa língua estrangeira, o anjo me ajuda a decifrá-las e a traduzi-las.
Então essas placas são levadas para o céu, sendo nunca mais vistas.
Eu tenho o livro com a tradução das placas. Ele conta estórias impressionantes — uma civilização inteira de judeus vivendo nos Estados Unidos há 2.000 anos atrás.
E Jesus ressuscitado visita essas pessoas!
Eu também mostrei essas placas douradas para um certo número de pessoas reais que são minhas testemunhas oculares, e eu tenho assinaturas delas confirmando que, de fato, viram e tocaram essas placas antes de serem levadas para o céu.


Agora, o que você me diria sobre esta estória?

Mesmo que ele tenha o livro, em inglês, que conta a estória dessa civilização judaica perdida, e mesmo que ele tenha atestados assinados por testemunhas, o que você diria? Esta estória parece um tanto estranha, não?

Você poderia perguntar algumas questões óbvias. Por exemplo, você poderia perguntar:


- Onde ficam as ruínas e os artefatos desse povo judeu na América? O livro traduzido das placas fala sobre milhões de judeus fazendo todo o tipo de coisas na América. Eles tinham cavalos, gados, carruagens, armaduras e grandes cidades. O que aconteceu com tudo isso?

Seu amigo simplesmente lhe responderia que está tudo lá, mas ainda não encontramos nada.

- Nem mesmo uma cidade? Ou uma roda de carruagem? Nem um elmo?

Não, não encontramos nenhum sinal de evidência, mas está tudo em algum lugar - ele confiantemente lhe responde.

Você faz dúzias de perguntas como estas e ele prontamente responde a todas elas.

Se você contasse esta estória do seu amigo para outras pessoas, acredito muitos deles achariam que seu amigo é meio lunático ou esquizofrênico. Eles simplesmente não acreditariam na existência destas placas, nem no anjo que o visitou, e que na verdade ele teria escrito o livro por si mesmo. A maioria das pessoas iria ignorar as assinaturas (fazer pessoas atestarem algo não prova nada), pois ele poderia ter pago as testemunhas, ou poderia tê-las inventado. A maioria das pessoas rejeitaria esta estória sem dúvida.

O que é mais interessante é que há milhões de pessoas que acreditam nesta estória de um anjo, das placas e da civilização judaica vivendo na América do Norte há 2.000 anos atrás. Esses milhões de pessoas são membros da Igreja Mórmon, cuja matriz fica na cidade de Salt Lake, Utah.


A pessoa que contou esta incrível estória se chama Joseph Smith e ele viveu nos Estados Unidos no começo do século XIX. Ele contou esta estória e anotou o que ele “traduziu das placas douradas” no Livro dos Mórmons.

Se você encontrar um mórmon e perguntar sobre esta estória, ele passará horas te contando sobre ela. Eles podem responder cada uma das questões que você tiver.

Ainda assim, 5,99 bilhões de pessoas que não são mórmons podem ver com total clareza que esta estória é uma ilusão. Simples assim. Você e todos os demais que não são mórmons sabem com 100% de certeza que a estória dos mórmons não é nada diferente da estória do Papai Noel. E tal conclusão não vem de qualquer tipo de preconceito contra esta crença, mas simplesmente porque as evidências em contrário são volumosas.

Mesmo assim, se você tentar dissuadir um membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, já sabe que, por mais lógicos e racionais sejam os seus argumentos, ele não te ouvirá por uma simples razão:

ELE QUER ACREDITAR!


Amanhã trarei mais um exemplo.

Continua...


(Texto adaptado de "Understanding religious delusion")