segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Nelson Heredia - Este foi o meu pai

por Cleiton Heredia


Nelson Heredia

Nasceu em 09 de outubro de 1934 na cidade de Tabatinga, interior de São Paulo.

Filho de Laureano e Lídia Heredia, era o filho mais velho de uma família com mais quatro irmãos, Naor, Nilce, Nelma e Nilton. Viveu parte de sua infância no interior do Paraná onde trabalhou na roça colhendo café. Ainda jovem veio para a capital de São Paulo em busca de seus sonhos e aprendeu o ofício de relojoeiro.

Casou-se em 24 de junho de 1961 com Maria Alice Fuckner, que passou a se chamar Maria Alice Heredia, com quem ficou casado por 42 anos e com quem teve três filhos, eu, que sou o primogênito, e meus irmãos, Marcelo e o caçula que recebeu o seu nome, mas que acostumamos chamar de Nelsinho para diferenciar do pai.

Sempre em busca de novos horizontes procurou logo compensar a falta de oportunidade de estudos na infância, fazendo vários cursos profissionalizantes, tais como o de torneiro mecânico, técnico em eletrônica e mecânica de automóveis.

No ano de 1964 abriu a sua própria empresa especializada em Painéis Automotivos e, em poucos anos, a transformou em uma das maiores no seu ramo. Seu segredo? Nenhum segredo, apenas trabalho duro unidos a uma constante preocupação com detalhes como organização e limpeza. Seus grandes lemas eram: "A vida é dura para quem é mole" e "Cada coisa em seu devido lugar".

Assim como a maioria dos empresários deste país, sofreu com o baque dos planos econômicos que o levou praticamente de volta a "estaca zero". Porém, não se dando por vencido, e sempre com muito trabalho e criatividade, conseguiu se reerguer montando uma pequena indústria de Sensores Eletrônicos.

Apesar de todo sucesso que alcançou, nunca deixou de ser um homem simples que gostava de pescar com os amigos na barranca do rio, de tocar e cantar moda de viola, rir com as comédias do Mazaropi, dormir na rede em um tranquilo ranchinho, saborear uma comidinha caseira feita no fogão a lenha com panela de ferro, e cuidar dos animais.

Sim, o cuidado com os animais era uma de suas grandes paixões. Não importa se era um cachorro magrelo, um gato esgalepento ou uma pomba atropelada. Se eles estavam sujos ele mandava lavar, se estavam doentes ele comprava remédios e os levava ao veterinário, se eram feios ele comprava uma linda coleira na tentativa de embelezá-los.

Ainda falando sobre os animais em sua vida, destaco um episódio em particular. Certa vez pescando na beira de um rio com um amigo, notou que mais ao fundo um garoto se debatia desesperadamente sobre as águas. Ao perceber que ele estava se afogando, nadou até lá e salvou o garoto daquilo que seria uma morte certa. O pai daquele garoto ficou tão agradecido que o presenteou com um filhote de papagaio. A este bichinho é que eu devo o meu apelido familiar de "Pepo" (uma tentativa dele falar "Cleito"). Ainda me lembro do meu pai falando "dá o pé loro" e o colocando sobre a mesa de manhã para dar-lhe um pouco de pão molhado no café (ele adorava), chegando em casa do trabalho e colocando semente de girassol na sua boca para que o "loro" pegasse com seu bico, lavando o poleiro, cortando frutas para alimentá-lo, no inverno colocando uma lâmpada dentro da gaiola para que ele não sentisse muito frio e, quando o bichinho adoecia, dando remédio direto no seu biquinho enquanto eu tentava mantê-lo imóvel envolto em uma toalha. Este animalzinho nos acompanhou por mais de 10 anos.

Este foi o meu pai. O pai que cochilava em cima da bancada onde concertava relógios em razão de não ter dormido para me levar ao médico de ônibus em plena madrugada por causa de uma grave doença que tive quando ainda era um bebê; o pai que assinou os meus boletins escolares e fazia questão de colocar alguns dizeres como "Parabéns filhão"; o pai que me ensinou lutar judô no chão da sala, a andar de bicicleta e a nadar; o pai que gostava de me fazer surpresa trazendo à noite uma revista em quadrinhos ou algumas figurinhas para o meu álbum; o pai que gostava de fazer aos domingos pic-nic na sala enquanto assistíamos ao Fantástico; o pai que me levava ao estádio para ver o São Paulo jogar, mesmo sendo ele um Palmeirense; o pai que me contava muitas piadas, mas também o pai que me ensinou importantes lições de vida. Este foi o meu pai.

No dia 27 de fevereiro de 2011 o "NERSÃO", como era carinhosamente chamado por seus amigos e familiares, descansou! Infelizmente foi um descanso necessário em razão de todo o sofrimento com o qual foi obrigado a conviver nos últimos três anos, por causa de crescentes complicações de saúde. Ele descansou, e isto estava evidenciado em seu semblante que estava sereno, tranquilo e em paz.

A cerimônia de sepultamento foi simples assim como simples foi a sua essência. Ali estavam presentes alguns daqueles que tiveram o privilégio de o conhecer, de terem convivido com ele e de terem as suas vidas acrescentadas com um pedaço daquilo que ele mesmo foi.

Ele se foi fisicamente, porém espiritualmente permanece vivo em nossa memória através de seu exemplo de homem batalhador, seu bom humor nos momentos de descontração e também através do som das serestas que tanto gostava de tocar no violão, mas que ainda ecoam em nossas mentes (este vídeo abaixo tem a música que eu mais gostava de ouvir ele tocar no violão).


Tchau pai.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

O bem e o mal está dentro de cada um de nós

por Cleiton Heredia


"Cisne Negro" é o tipo de filme que quando termina, os espectadores ficam no mais absoluto silêncio olhando fixamente para a tela enquanto o letreiro sobe. À medida que as primeiras pessoas começam a se levantar timidamente de suas poltronas, outras as seguem como por reflexo involuntário. A maioria sai com o semblante sério e introspectivo, típico daqueles que costumamos ver em ocasiões de grande perplexidade que ao mesmo tempo nos chocam e nos fazem refletir.

O filme retrata o terrível drama psicológico de uma bailarina obcecada com a perfeição e que vive exclusivamente para a sua arte, no momento em que se depara com a grande oportunidade de sua vida: ser a bailarina número um do espetáculo. O grande problema é que ela terá que interpretar na peça "O Lago dos Cines", tanto o cisne branco, que simboliza a pureza e a ingenuidade, como também o cisne negro, símbolo da malícia, sensualidade e maldade.

Esta bailarina de nome Nina, interpretada de forma brilhante pela atriz Natalie Portman, tem uma personalidade perfeita para interpretar o cisne branco, porém carece de atributos para incorporar de forma perfeita o cisne negro. A trama se desenrola de forma sinistra girando o tempo todo em torno da dicotomia entre o bem e o mal, que consome a bailarina na forma de um terrível pesadelo, fazendo com que, à medida que se aproxima a estréia do espetáculo, ela comece a perder o senso da realidade.

O filme tem uma linguagem forte onde a chave para a interpretação de toda a trama está basicamente nos elementos visuais. A narrativa dos personagens é apenas um mero detalhe no filme. A linguagem visual do filme é tão forte e elucidativa que se assistíssemos a este filme sem som, mesmo assim conseguiríamos entender a sua essência. Ponto para o diretor americano Darren Aronofsky que soube muito bem usar esta linguagem para seduzir e assustar.

Saí do cinema com dois tipos de reflexões diferentes. A primeira é de como a ambição humana, direcionada pelo egocentrismo exacerbado, pode acabar transformando a nossa essência e moldando o nosso destino. E a segunda, mais filosófica, é a reflexão de como o bem e o mal estão dentro de cada um de nós da mesma forma que dois animais enjaulados que precisam enfrentar-se de tempos em tempos. É claro que a vitória caberá ao animal mais forte, porém somos nós que determinamos, por nossas escolhas diárias, qual destes animais será o mais forte. O mais forte, e consequentemente o vencedor, será aquele que mais alimentamos e melhor treinamos no nosso dia a dia.

Segue o trailer deste filme recomendadíssimo com indicação para cinco categorias do Oscar 2011 (melhor Atriz, Filme, Diretor, Fotografia e Edição):

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

127 Horas - Este filme não é para qualquer um

por Cleiton Heredia


O filme "127 Horas" (2011) é um dos melhores filmes que retratam histórias reais de sobrevivência que eu já assisti. Como eu sou um aficionado por filmes deste gênero, já assisti a vários, porém este tem uma simplicidade realística que me cativou do começo ao fim.

Ele retrata a dramática história vivida pelo montanhista americano, Aron Ralston, interpretado por James Franco (indicado para o Oscar de melhor ator por sua atuação neste filme), que sofreu um "pitoresco" acidente enquanto fazia um passeio solo no Parque Nacional dos Cânions em Utah.

Aqueles que tomaram conhecimento do acidente ocorrido com Aron em 2003, já sabem o que irá acontecer e qual será o final. Eu, porém, não vou contar mais nada sobre este filme para não estragar a surpresa de quem vai assisti-lo (acho que o filme ficará mais emocionante se você não sabe o que irá acontecer).

Só quero advertir que o filme tem uma cena muito forte não indicada para pessoas mais facilmente impressionáveis. Foi noticiado que o hospital St. Vincent, em Sidney, atendeu durante a semana de estréia três pessoas que sofreram desmaios, vômitos e até um ataque epilético dentro do cinema. O chefe da unidade de emergências do centro médico australiano, Gordian Fulde, assegurou ao jornal "Daily Telegraph" que uma cena como essa pode provocar queda de pressão e outros problemas de saúde. O diretor britânico Danny Boyle já foi obrigado a pedir desculpas ao público quando seis espectadores desmaiaram durante a exibição do filme no Canadá e nos Estados Unidos. Confesso que eu mesmo me contorci na cadeira do cinema tamanho é o realismo da cena.

Mas o filme é muito bom, tanto é que está sendo indicado para seis categorias do Oscar 2011, inclusive as de melhor ator e melhor filme. Eu recomendo como imperdível.

Segue o trailer oficial:

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A Religião Envenena Tudo

por Cleiton Heredia


Segundo Christopher Hitchens, autor do livro "Deus não é grande" (2007), a religião, a fé e a superstição, distorcem nossa noção geral do mundo, ao ponto de envenenar tudo ao seu redor.

Talvez você, assim como eu, não concorde com a forma radical de Hitchens generalizar o mundo da fé, mas este jornalista e escritor é assim mesmo: direto, contundente, frontal, polêmico e irônico. Não é por acaso que ele integra o quarteto fantástico do ateísmo (ver postagem anterior).

Em março do ano passado (2010) ele esteve em Portugal e deu uma entrevista para o site i. Reproduzo aqui algumas partes interessantes desta entrevista para que você perceba como as suas respostas refletem bem o seu estilo:

i: De que forma é que a religião envenena tudo, como diz no seu livro?

Hitchens: A religião diz-nos que não temos liberdade, que fomos feitos por um ser superior. Esse ditador divino disse-nos que não saberíamos nada e que não seríamos capazes de distinguir o bem do mal. É uma forma doente de educar as pessoas. Envenena porque te torna num escravo, mas a religião não vai acabar.

i: Porquê?

Hitchens: Porque tem como principais recursos a estupidez humana, a crendice e a vaidade, disfarçada de humildade. A religião não acaba porque somos egocêntricos e temos medo de morrer. Assim, acreditamos que dizemos umas coisas pela ordem certa e vamos para o céu. Até agora nunca foi provado que aquele ser onisciente e benigno existe.

i: Porque escreveu "Deus não é Grande - Como a Religião Envenena Tudo"?

Hitchens: O debate entre os que acreditam no sobrenatural e os que não acreditam é o mais importante. Na altura (2007) havia um confronto entre a teocracia e a democracia. Além disso, tinha a sensação de que nos EUA estavam fartos de ver o ensino da biologia substituído por religião, com a história do criacionismo. A violência da jihad também era, e é, uma preocupação real. É o reavivar de superstições medievais, com crueldade e estupidez.

i: Em várias culturas sempre houve a noção de Deus, porquê?

Hitchens: É inato à mente humana procurar padrões para entender o mundo. Somos primatas que precisam disso, foi assim que aprendemos a domesticar animais, entendemos o padrão, logo o seu comportamento. A desvantagem é que preferimos aceitar qualquer tipo de padrão a nenhum. Haverá uma razão para que todas as igrejas de Lisboa tenham caído em 1755*? É tão importante para nós. De certeza que é importante para o cosmos. Mas estão enganados. Não havia plano, há sim uma grande falha entre Lisboa e os Açores. (* Ele faz menção ao famoso Terremoto de Lisboa considerado pelos cristãos como um dos grandes sinais registrados na Bíblia que indicavam o início do Tempo do Fim).

i: Somos demasiado egocêntricos?

Hitchens: Uma das grandes piadas da religião é que defende a ideia de que somos simples criaturas, não valemos nada, mas depois acrescenta: "Já agora, nós somos a razão pela qual o Sol se levanta." Pergunto: "Sou humildes ou não?" Aliás, são muito arrogantes. Pensam: "Claro que todas as igrejas de Lisboa caíram porque comi a mulher do meu amigo."

i: Mas a religião não é importante na educação, já que cria padrões morais?

Hitchens: É um argumento muito comum em todas as religiões. Tenho uma pergunta para essas pessoas: se a religião é a base da moral então enumerem-me uma ação moral que só uma pessoa de fé possa fazer e que eu, como ateu, não possa? Não existe. E conseguem indicar-me uma ação cruel que um crente faça apenas por causa da sua fé? Os exemplos são muitos: do 11 de Setembro à Inquisição.

i: Existem religiões mais perigosas do que outras?

Hitchens: Nos anos 30 e 40 do século XX, diria que a mais perigosa era o catolicismo romano porque estava relacionado com o fascismo. Agora é muito claro que é a versão mais radical do islamismo. Não aceito que vivamos à mercê de pessoas que às vezes nos toleram outras não. Quando armas de destruição maciça caem nas mãos de loucos, ou temos de ser muito educados para não os chatear - que para mim seria uma humilhação intolerável - ou vamos esperar pelo veredicto final - que é uma versão ainda pior do mesmo dilema. Recuso-me a viver um dia da minha vida submisso ao prazer destas pessoas.

Achei muito interessante ele afirmar que a religião não irá acabar porque nunca deixaremos de ser egocêntricos. Será que "no frigir dos ovos" não seria isto mesmo? Todos nós queremos viver agora e viver para sempre, queremos encontrar a felicidade, queremos ter paz, queremos sentir-nos seguros e queremos exatamente as respostas que se alinhem com estas nossas necessidades básicas.

Resumindo: As pessoas não estão em busca da verdade, mas sim em busca de segurança.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Conheça os 4 Cavaleiros do Ateísmo

por Cleiton Heredia


Em analogia aos quatro Cavaleiros do Apocalipse mencionados na Bíblia, eles também são chamados de os quatro Cavaleiros do Anti-Apocalipse. São eles:

- Richard Dawkins
- Christopher Hitchens
- Sam Harris
- Daniel Dennett

O fato de serem quatro também pode nos levar a outra analogia até mais provocante, pois assim como os quatro evangelistas, Mateus, Marcos, Lucas e João, foram os grandes responsáveis por espalhar de forma documental as bases históricas da fé cristã pelo mundo, eles também podem ser considerados como os quatro anti-evangelistas responsáveis por espalhar o ateísmo pelo mundo.

Clinton Richard Dawkin é o mais famoso dos quatro por ser o mais militante na defesa e divulgação de correntes como o ateísmo, ceticismo e humanismo. Atualmente ele está com quase 70 anos (nasceu em 26/03/41) e é considerado um dos maiores intelectuais do mundo. Como zoólogo, etólogo, biólogo evolutivo fez uma grande contribuição à ciência da evolução com a Teoria do Fenótipo Estendido. Sua ferrenha defesa ao Darwinismo, exemplificada em frases como "Para não acreditar na evolução você deve ser ignorante, estúpido ou insano", lhe conferiu o título de o "rottweiler de Darwin" (Darwin's rottweiler), em alusão ao apelido de Thomas H. Huxley, que era chamado de "buldogue de Darwin" (Darwin's bulldog). Suas principais obras são: O Gene Egoísta (1976); O Fenótipo Estendido (1982); O Relojoeiro Cego (1986); O Capelão do Diabo (2003); Deus, um Delírio (2006); A Desilusão de Deus (2007).

Christopher Hitchens com sua análise política cortante talvez seja o mais irônico dos quatro, provavelmente por sua formação jornalística. É autor e co-autor de vários livros, porém o que lhe deu destaque como um dos mais proeminentes expoentes do moderno ateísmo, denominado de "novo ateísmo", foi o livro que publicou em 2007 com o título de "Deus não é Grande – como as religiões envenenam tudo". Ele é humanista e anti-teísta, sendo que o seu principal argumento contra o conceito de um ser divino supremo é o fato de ser uma crença totalitária que destrói a liberdade individual. Ele acredita que a livre expressão e a investigação científica deveriam substituir a religião como um meio de ensinar ética e definir a civilização humana. Seu estilo de debate é argumentativo e confrontante, e lhe conferiu em 2009, pela revista Forbes, o título de um dos 25 liberais mais influentes da mídia americana. Em 26 de abril ele completará 62 anos de idade.

Sam Harris é um filósofo com doutorado em neurociência. Com 43 anos é o caçula da turma. Ocupou lugar de destaque no movimento ateu com o seu livro "O Fim da Fé" publicado em 2004. Para ele o ateísmo não é uma visão de mundo ou uma filosofia, mas sim a "destruição de ideias más". Ele afirma que a religião é "um dos mais perversos mau uso de inteligência que nós já inventamos" e o campo fértil onde crescem e proliferam estas ideias más. Enquanto muitos defendem a religiosidade como fonte de esperança para a humanidade, ele afirma que aceitar mentiras apenas por serem emocionalmente agradáveis não é algo saudável. Para ele o termo "ateísta", visto com tanto preconceito pelas pessoas, é desnecessário. Ele disse em uma entrevista em 2007: "Nós não temos uma palavra para não acreditar em Zeus, o que é dizer que nós somos todos ateístas em respeito a Zeus. E nós não temos uma palavra para não ser um astrólogo". Ele então diz que o termo será aposentado apenas quando "nós todos alcançarmos um nível de honestidade intelectual onde nós não mais iremos fingir estarmos certos sobre coisas que nós não estamos certos".

Daniel Clement Dennett é um filósofo especializado em filosofia da mente relacionada à ciência cognitiva. É apenas um ano mais novo que Dawkins e, dos quatro, é o que tem uma atitude mais conciliadora. Quanto ao ateísmo, ele acredita que este termo tende a desaparecer no futuro, da mesma forma que agora não temos nenhum termo para definir as pessoas que acreditam que a Terra é redonda. Recentemente ele sugeriu que todas as crianças (nos EUA) deveriam ter uma educação sobre as diversas religiões do mundo e sobre a ausência de religião como forma de prevenir a doutrinação inconsequente baseada na autoridade. Algumas das suas obras são Content and Consciousness (1969), Brainstorms (1978), Elbow Room (1984), The Intentional Stance (1987) e Consciousness Explained (1991).

Caso queira conhecê-los um pouco melhor, segue um vídeo com um bate-papo entre os quatro que aconteceu em 30 de setembro de 2007. O vídeo é um pouco longo, quase duas horas, mas uma oportunidade rara de vê-los dialogando juntos.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O Diabo existe?

por Cleiton Heredia


Depois do clássico "O Exorcista" (The Exorcist - 1973) surgiram alguns filmes até que interessantes abordando a mesma temática, tais como, "O Exorcismo de Emily Rose" (The Exorcism of Emily Rose - 2005), e mais recentemente "O Último Exorcismo" (The Last Exorcism - 2010).

Este final de semana fui assistir ao filme "O Ritual" (The Rite - 2011), mas não porque goste de filmes deste gênero (não gostei do filme "O Exorcista"), e sim devido ao fato de ter sido anunciado que era um filme inspirado em fatos reais, assim como "O Exorcismo de Emily Rose", que eu gostei muito.

O filme conta a história do seminarista cético, Michael Kovak, interpretado pelo novato Colin O’Donoghue, que antes de abandonar seu sacerdócio recém iniciado, é orientado por um professor para fazer um curso de exorcismo no Vaticano. Lá ele conhece um famoso exorcista jesuíta, Padre Lucas, interpretado pelo brilhante Anthony Hopkins, que coloca em cheque todo o seu ceticismo em relação ao Diabo.

O filme parte da premissa que se for provado que o Diabo existe, aí então está uma das maiores provas da existência de Deus. Eu não somente concordo com isso, como também já empreendi esta mesma busca (leia mais clicando aqui). Porém, infelizmente não obtive a mesmas respostas que o filme apresenta.

O filme começa bem, mas depois descamba para uma sucessão de acontecimentos forçados demais para o meu gosto. É claro que se qualquer cético visse os mesmos sinais da forma como foram apresentados no filme, seria obrigado a abandonar seu ceticismo. Mas será que as coisas realmente aconteceram daquela forma. Eu tenho cá as minhas dúvidas.

Destaco um diálogo que me chamou a atenção no filme:

O Padre Lucas tenta explicar que o maior trunfo do Diabo é fazer com que as pessoas não acreditem que ele exista. O jovem Kovak então retruca: "É estranho que a maior prova da existência do Diabo seja a completa ausência de provas sobre a sua existência".

Recomendo o filme a título de curiosidade apenas.

Segue o Trailer:

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Filhos - Melhor dentro ou fora da igreja (Parte 3)

por Cleiton Heredia


Analisando de forma superficial pode até parecer que, do ponto de vista da formação do caráter, os jovens inseridos dentro de um contexto religioso levam vantagem sobre os jovens que estão totalmente fora dele.

Mas basta aprofundarmos um pouco melhor esta questão para vermos que as coisas não são tão simples como aparentam. Existem outros fatores que precisam ser analisados. Por exemplo, é necessário analisar se o lar é bem estruturado, se os pais possuem uma conduta coerente entre aquilo que falam e fazem, se os relacionamentos são saudáveis, entre outros. De nada adianta manter os filhos frequentando uma igreja qualquer e falhar nestes pontos.

Analisemos novamente os cinco pontos da postagem anterior para vermos se aquelas vantagens seriam mesmo exclusivas do contexto religioso:

1º) As crianças são moldáveis. Pais não religiosos, mas de caráter, procurarão moldar seus filhos com os mesmos princípios de verdade, honestidade, integridade e honra que eles mesmos acreditam e defendem. Para que o princípio apresentado em Provérbios 22:6 funcione, ele não precisa estar necessariamente vinculado à crença em qualquer divindade que seja, nem muito menos ter uma placa de igreja por trás.

2º) Os pais tem o peso de sua responsabilidade dividida com a comunidade que frequentam. Acredito que esta seja um vantagem que pais religiosos desfrutam de forma muito mais fácil do que aqueles que não fazem parte de uma comunidade religiosa. Por outro lado, esta vantagem pode acabar se transformando em uma maldição para alguns pais acomodados, que transferem a sua responsabilidade para a comunidade que frequentam. Tem muito pai religioso que acaba esquecendo completamente da sua família para fazer aquilo que ele acredita ser a vontade do seu deus. Conheci alguns pais "igrejeiros" que largam e esquecem os seus filhos pelos corredores da igreja enquanto eles estão ali correndo de um lado para o outro atrás das "coisas de Deus".

3º) O peso da influência da maioria. Este é um ponto que pode ser interpretado como mais uma vantagem dos religiosos, porém se analisarmos mais detalhadamente veremos que a escola tem uma influência muito mais relevante do que o da própria igreja. A começar pelo tempo em que uma criança passa na escola em comparação com o tempo que passa na igreja. É claro que o grupo social da igreja exercerá sua influência, porém se a criança não for ensinada a pensar por si mesma, o grupo social da escola poderá facilmente destruir e anular a influência exercida pela igreja.

4º) A cultura religiosa. Só mesmo uma pessoa muito preconceituosa e bitolada pode querer imaginar que a cultura religiosa é o único tipo de cultura socialmente adequado ou correto. Todos que nascem em uma determinada região deste planeta estão condicionados à cultura predominante daquela localidade. Uma criança africana será culturalmente diferente de uma criança americana ou chinesa. O que deve ser levado em conta aqui é que cada cultura tem o seu padrão daquilo que é certo e daquilo que é errado. Uma criança deve aprender a fazer aquilo que é certo pelo simples fato de ser o certo, e não por medo do "homem-do-saco", do "bicho-papão" ou mesmo de qualquer divindade que castiga os maus.

5º) Influência subliminar. Bem, nem irei perder muito tempo neste item, pois qualquer um sabe que em termos de influência subliminar, nós vivemos em um mundo cercados de múltiplos estímulos que podem facilmente se sobrepor, não somente aos da igreja, mas inclusive aos do próprio lar.

Sendo assim, a questão de que se é melhor ter os filhos dentro da igreja ou fora dela, dependerá muito do referencial de cada um. Pais religiosos tem suas razões para achar que a igreja é o ambiente ideal para manter seus filhos, e pais não religiosos podem considerar esta questão completamente irrelevante.

Em termos práticos e puramente racionais, a igreja é apenas mais um centro de convivência entre os muitos outros com os quais os nossos filhos irão se relacionar ao longo se suas vidas. O que determinará se extrairão de cada um destes contextos o bem ou o mal, dependerá mais do caráter do que do próprio ambiente.

E falando em caráter, não é a religião que uma pessoa escolhe seguir que o definirá. Este é determinado por uma educação ética e moralmente responsável seguida por exemplos de vida que sejam coerentes com esta educação.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Filhos - Melhor dentro ou fora da igreja? (Parte 2)

por Cleiton Heredia

Foto de Diana ketlem – Rio Branco – Acre - Blog do Convidado


Certa família que havia se afastado de sua comunidade religiosa estava recentemente considerando sobre a possibilidade de voltar. Entre os vários motivos para o regresso está a crescente preocupação com os filhos. Estes pais temem que, com filhos distantes da igreja, as más companhias os arrastem para comportamentos de risco que envolvem bebidas alcoólicas, drogas e libertinagem sexual.

Será que estes pais estão certos? Será que a participação da família em um grupo religioso poderia diminuir o risco de verem seus filhos embrenhando por caminhos tortuosos?

Quais seriam os motivos lógicos que levam muitos pais a pensarem que criar filhos na igreja é mais seguro do que criá-los sem qualquer religião?

Vejamos:

1º) As crianças são moldáveis. Qualquer criança que desde a mais tenra idade for educada e doutrinada dentro de determinados preceitos, crescerá com eles fortemente arraigados em sua mente. A própria Bíblia estabelece este princípio: "Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele" - Provérbios 22:6. Porém, este princípio não funciona só no contexto religioso. Ele é igualmente eficaz em qualquer sistema de doutrinamento filosófico ou político. Funciona para cristãos, mas funciona também para mulçumanos e pagãos. Funciona para democratas, mas também funciona para regimes totalitários e ditatoriais.

2º) Os pais tem o peso de sua responsabilidade dividida com a comunidade que frequentam. Como a igreja tem vários tipos de programas voltados para conduzir os jovens pelos caminhos da virtude, bem como preencher o tempo deles com atividades edificantes, de forma a não sobrar muito tempo para pensarem em fazer "besteiras", os pais se sentem muito mais aliviados por saberem que não estão sozinhos nesta árdua tarefa que é educar e edificar o caráter.

3º) O peso da influência da maioria. Em uma igreja o jovem está inserido em um contexto onde a maioria não abusa de bebidas alcoólicas, não usa drogas e não pratica atos obscenos. Como o grupo tem uma enorme influência sobre o jovem, pois ele precisa sentir-se aceito, este jovem se esforçará para adequar o seu comportamento de forma que se sinta parte integrante daquele grupo.

4º) A cultura religiosa. Um jovem que cresce em um lar religioso estará fortemente condicionado a aquele tipo de cultura. Sua visão do mundo é feita através das lentes de seu contexto cultural. Sendo assim, suas escolhas seguramente sofrerão influência da cultura onde ele está inserido. Como o contexto cultural dos religiosos prima pelos bons costumes, pela honestidade, pela pureza e por tudo mais que é virtuoso, o jovem nele inserido baseará muitas de suas escolhas naquilo que o seu contexto cultural lhe recomenda.

5º) Influência subliminar. Se você entrar em um ambiente onde pode sentir o cheiro de pipoca, existe uma grande possibilidade de você começar a desejar comer pipoca. Se você for trancado em uma sala toda vermelha, não demorará muito até começar a ficar irritado ou impaciente. As mensagens que nosso cérebro recebe, mesmo que não sejam percebidas de forma consciente, acabam influenciando nossas escolhas e comportamento. O jovem que frequenta uma igreja estará cercado de inúmeras sugestões subliminares que com certeza irão influenciá-lo de alguma forma.

O que achou destes motivos? São coerentes? Mas como ficam aqueles pais que, por uma questão honestidade intelectual e consciência, não frequentam uma igreja pelo simples fato de não acreditarem em qualquer tipo de divindade? Deveriam eles deixar de lado suas convicções pessoais e se unirem a um grupo religioso qualquer só por causa dos motivos acima relacionados?

Falaremos disto na próxima postagem.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Filhos - Melhor dentro ou fora da Igreja? (Parte 1)

por Cleiton Heredia


Cresci num contexto religioso aonde os pais se orgulham em ter todos os filhos frequentando à igreja e tomando parte ativa em suas programações. Lembro-me de conversas que ouvia de pais religiosos que diziam com um largo sorriso no rosto: "Todos os meus filhos estão na igreja".

Para estes pais "ter o filho na igreja" é sinônimo de relativa tranquilidade, pois se frequentam a igreja, isto significa que, de acordo com a forma de pensar deles, estes filhos estão em boas mãos e, de certa forma, salvaguardados dos caminhos tortuosos deste mundo de pecado.

Por outro lado, ter um filho "fora da igreja", ou seja, apostatado da fé de seus pais, ainda é visto por muitas famílias religiosas como motivo de decepção e vergonha. O raciocínio é mais ou menos o seguinte: se o filho saiu da igreja, isto significa que foi para o "mundo" e virou um "mundano". No jargão religioso, "estar no mundo" é viver sob o domínio do Diabo, e ser um "mundano" é o mesmo que ser um pecador, mau caráter, pervertido e degradado moralmente.

Mas será que se pode generalizar afirmando que todo aquele que se afasta de alguma comunidade religiosa torna-se uma pessoa pervertida e mau caráter? Por outro lado, será que se pode garantir que todo jovem que frequenta uma igreja tem melhores chances de se tornar uma pessoa do bem do que aqueles que não frequentam?

Estarei desenvolvendo este tema nas próximas duas postagens.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Manchetes Famosas do Jornal Notícias Populares

por Cleiton Heredia


Eu me recordo quando era apenas um garoto com 10 anos de idade, o quanto era divertido passar por uma banca de jornal e ler as curiosas manchetes de primeira capa do jornal Notícias Populares.

Minha mãe, que ama ler jornal, nunca comprava este em específico, pois dizia que se espremesse saía sangue. Portanto, confesso que muitas vezes eu ficava muitíssimo curioso para saber o que poderia significar manchetes como: "BARATINHA MATA CINCO" ou "CACHORRO FEZ MAL À MOÇA".

Para decifrar aqueles enigmas bizarros só mesmo indo até a firma do meu pai e pegando emprestado o jornal de alguns de seus funcionários que eram leitores inveterados do NP. Aí então, para minha decepção juvenil, descobria que a "baratinha" que tinha matado cinco referia-se ao fusquinha da Polícia Militar, apelidado popularmente de baratinha, e o "cachorro" que havia feito mal à moça era um cachorro-quente (hot dog) que ela comeu e passou mal.

O jornal Notícias Populares foi um jornal do Grupo Folha que circulou em São Paulo entre 15 de outubro de 1963 e 20 de janeiro de 2001 e publicou ao longo de sua história manchetes sensacionalistas e maliciosas, tais como:


















segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Facebook - Nasce uma Nova Teoria de Conspiração?

por Cleiton Heredia


Circula pela rede uma mensagem a respeito do Facebook com o seguinte teor:

Esta semana na televisão houve uma reportagem todos os dias com Joaquín López Dóriga (jornalista mexicano) sobre o Facebook, Hi5, Myspace, Sonico, etc. e o perigo que representam.

Entrevistaram alguns sequestradores e dizem que entram na rede e vêem os rostos, a casa, os carros, as fotos de viagem e sabem o nível social e econômico que têm os que aí aparecem. Já na televisão um deles declarou que antes batalhavam muito para reconhecer os candidatos a sequestros, mas que, agora com o Facebook, já não têm que investigar onde vivem ou em que escola estudam e aonde viajam e quem são os seus pais, irmãos e amigos.

Isso se passou com Alejandro Martí, (jovem mexicano morto pelos seus sequestradores) que de tudo dispunham. A família acaba de encerrar o seu blogue depois de dar-se conta da quantidade de informação potencialmente perigosa que o jovem aí tinha posto com alegria e sem suspeitar que estivesse ajudando aqueles que o mataram. Protejam os vossos filhos e protejam-se a vós próprios; não acrescentem informações "perigosas" no vosso mural.


O texto acima é seguido de um outro, bem maior, com o título de "A VERDADE SOBRE O FACEBOOK". Não irei reproduzir este texto aqui porque ele é cansativo e está muito mal escrito. Porém, você poderá informar-se sobre o seu conteúdo assistindo ao vídeo que disponibilizo logo abaixo:



Quem acompanha este Blog já sabe que eu não costumo aceitar de primeira mão qualquer mensagem alarmista que se alastra pela internet. Eu entendo que elas são como pragas virtuais que se propagam a custa dos incautos, crédulos, e preguiçosos que só sabem copiar e colar ou replicar de forma irresponsável para todos os contados listados em seu mail list, sem antes ter o cuidado básico de averiguar se não estão fazendo papel de bobos.

Qualquer um que gastar uns cinco minutinhos de pesquisa na internet verá que há divergências sobre o texto em questão. Por exemplo, no Youtube, onde está o vídeo acima, também existe um outro vídeo que apresenta o "outro lado da moeda" a ser considerado:



Não estou fazendo apologia do Facebook, mas também não quero "demonizá-lo" como alguns crentes fanáticos que acreditam que tudo faz parte de uma Nova Ordem Mundial Satânica que quer se apossar da humanidade com intuito de escravizá-la.

O Facebook é uma poderosa ferramenta de interação virtual cuja utilização deve ser feita sempre com muito critério, assim também como tudo mais que está na internet. O problema não está nas Redes Sociais, sejam elas quais forem, mas sim nos usuários babacas que não sabem administrar a sua privacidade. O Facebook só irá compartilhar com o mundo aquilo que você escolheu colocar ali.

Quanto à utilização das informações que você coloca no Facebook por parte de pessoas mal intencionadas, como sequestradores, por exemplo, isto poderá ser facilmente evitado sabendo escolher muito bem os amigos de sua rede e habilitando a opção para que somente os seus amigos tenham acesso. Não recomendo a opção que permite os amigos dos seus amigos acessarem seu perfil, mural ou fotos, pois você nunca sabe se seu amigo está sendo tão criterioso quanto você é (ou deveria ser). Nem mesmo a sua lista de amigos deve estar disponível para qualquer um visualizar.

Recomendo que você dê uma espiada nas Configurações de Privacidade de sua conta no Facebook e faça as alterações que julgar necessárias. Ali é você quem manda.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Cirurgia Psíquica - Verdade ou Fraude? - Parte 3

por Cleiton Heredia


Como ficou demonstrado nas pesquisas de James Randi, muitas curas podem acontecer no caso de supostas doenças ou doenças psicológicas. E na opinião do psiquiatra Alexander Almeida, curar alguém que não está doente, mas pensa que está, não é algo que se deva desprezar totalmente. Ele diz: "Se essas curas são eficazes para tratar problemas psicossomáticos, um campo onde a medicina tem dificuldade, é um sinal que devemos estudar como isso acontece."

O Dr.Alexander pesquisou outro médium-cirurgião muito famoso aqui do Brasil chamado João Teixeira de Faria, mais conhecido como João de Deus ou, como os estrangeiros o chamam, John of God. Ele passou alguns dias acompanhando toda a rotina do João de Deus em seu centro de curas na cidade de Abadiânia, no interior de Goiás.

Uma atenção especial foi dada às cirurgias visíveis no intuito de descobrir se existia algum tipo de fraude, como aquelas que podem ser facilmente reproduzidas com técnicas de ilusionismo (ver postagem anterior). Após presenciar várias cirurgias ele afirma: "Os cortes realmente ocorreram, e os pedaços de tecido retirados eram mesmo dos lugares operados".

Mas agora vamos à pergunta crucial: As pessoas foram curadas?

Ele responde de forma sucinta e objetiva: "Se houve alguma cura, ela não teve nada a ver com a parte física da cirurgia."

Isto é conhecido na medicina como "Efeito Placebo" que é o caso de pacientes que tomam pílulas de farinha (inócuas) e acabam apresentando melhoras pelo simples fato de acharem (acreditarem) que estão tomando um poderoso remédio que certamente os curará. Neste sentido específico, os cirurgiões psíquicos são capazes de produzir efeitos curativos em seus pacientes sem a necessidade de possuírem qualquer tipo de poder paranormal ou contato com supostas entidades espirituais.

Muitos que procuram este tipo de auxílio são pessoas que já foram de alguma forma desenganadas pela medicina tradicional e, portanto, procuram estes curandeiros como a última esperança. Não é de se estranhar então, que se apeguem desesperadamente a esta possibilidade de cura acreditando de todo o coração que ela lhes trará finalmente o resultado tão esperado. O processo psicológico gerado com este tipo de pensamento (fé) pode funcionar como um gatilho para processos de cura realizados naturalmente pelo organismo.

Fora isto, existe também o fator do acolhimento carinhoso que as pessoas recebem por parte destes cirurgiões espirituais e suas equipes de apoio. O psicólogo Wellington Zangari diz que "ser tratado de maneira pessoal, com todo carinho, por esses curandeiros pode produzir efeitos favoráveis para a saúde". Tudo é uma questão de confiança: o fato de estas pessoas acreditarem mais no curandeiro do que no médico também pode acabar influenciando no tratamento e em todo processo de cura.

Querem um exemplo clássico disto? O cidadão procura um cirurgião psíquico por causa de uma cirrose hepática. Ele é operado espiritualmente e depois de um tempo seguindo as recomendações do curandeiro, que lhe diz para tomar algumas ervas e parar de beber, ele sara. Esta pessoa vai anunciar aos quatro cantos que foi curada de forma sobrenatural, porém o que aconteceu de fato é que ela confiou no curandeiro e seguiu a sua recomendação de parar de beber, que é o tratamento mais eficaz que a medicina reconhece. O próprio médico dela já havia pedido isto, mas por falta de confiança nele, ela simplesmente desconsiderou a recomendação.

Por isto, ninguém conseguirá dissuadi-la a acreditar que sua cura aconteceu de forma natural pelo simples fato de ter parado de destruir o seu fígado com a bebida alcoólica. Para ela a sua cura aconteceu de forma sobrenatural por intervenção divina e ponto.

Cada um acredita naquilo que quer acreditar!


Fim desta série.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Cirurgia Psíquica - Verdade ou Fraude? - Parte 2

por Cleiton Heredia


Os médiuns afirmam que as cirurgias visíveis não seriam necessárias caso a fé daqueles que os procuram fosse o suficientemente forte para acreditar sem ver. Porém, o povo é que nem São Tomé, eles precisam ver o pedaço de carne (tumor?) que foi "extraído do seu corpo" para então acreditarem que estão curados.

Mas será que estas cirurgias realmente funcionam?

O mágico e cético canadense James Randi foi atrás da resposta para esta pergunta. Ele realizou um interessante trabalho de pesquisa aonde conversou com 104 pessoas que diziam ter sido curadas por cirurgiões psíquicos e as classificou em três grupos:

O primeiro grupo era composto de pessoas que nunca tiveram a doença pela qual foram operados. Como exemplo deste grupo ele cita uma senhora que acreditava ter sido curada de um câncer na garganta após ser operada espiritualmente por um médium-cirurgião. Porém, Randi descobriu que o médico daquela senhora estava já há cinco anos realizando vários exames que mostravam claramente que ela não tinha qualquer problema na garganta, muito menos câncer. Todo o problema dela era puramente psicológico, pois como a sua mãe havia morrido de câncer na garganta, ela tinha muito medo de morrer da mesma forma, de maneira que a cada dorzinha que sentia, ou achava que sentia, ela associava isto a um câncer se desenvolvendo em sua garganta.

O segundo grupo era o de pessoas que realmente tinham as doenças que os levaram a procurar ajuda, mas que continuavam doentes depois de passar pelas mãos dos curandeiros-cirurgiões. Alguns souberam posteriormente que continuavam doentes, mas a explicação dos médiuns para este tipo de falha nos procedimentos são várias: Não é da vontade de Deus ou dos espíritos, Deus só está provando a fé do paciente, o paciente não teve fé suficiente, é uma doença cármica que não pode ser curada, e por aí vai. Outros, porém, não sabiam que continuavam doentes e por isso interromperam o tratamento médico convencional, pararam de tomar os medicamentos e passaram a viver suas vidas acreditando estarem plenamente curadas.

Surge então o terceiro grupo de Randi, que consiste nas pessoas que morreram em decorrência dos problemas dos quais diziam ter sido curadas.

James Randi então concluí de forma bem ponderada:

"Não posso afirmar que essas curas não funcionam, mas em todos os casos que investiguei, houve 100% de falha."

Conforme eu havia prometido na postagem anterior, vou lhe mostrar agora um vídeo do mágico James Randi demonstrando como é possível facilmente realizar uma cirurgia psíquica com alguns truques bem rudimentares:



Na próxima postagem, a última parte desta série.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Cirurgia Psíquica - Verdade ou Fraude? - Parte 1

por Cleiton Heredia


A Cirurgia Psíquica, também conhecida como Cirurgia Espiritual, Espacial, Etérica ou Mediúnica, é realizada por uma pessoa, normalmente sem qualquer habilitação profissional para exercer a medicina, denominada curandeiro, médium, pai de santo ou coisa que o valha.

A base de todo o processo está na alegada pretensão do tal "cirurgião" incorporar (ser possuído) pelo espírito de algum suposto médico famoso do passado. É por esta razão que eles costumam avisar que não curam nada, mas quem cura são os espíritos, que se manifestam por meio do corpo do cirurgião, e a fé do paciente.

Este tipo nada convencional de cirurgia pode ser dividido em dois grupos básicos: cirurgias invisíveis e cirurgias visíveis. As invisíveis acontecem apenas na esfera espiritual e, como o próprio nome já diz, ninguém consegue ver nada. Para quem assiste é muito parecido com as brincadeiras de médico das crianças onde tudo acontece apenas no imaginário ou faz-de-conta.

Já as visíveis são bem mais impressionantes. As pessoas conseguem ver o sangue escorrendo e "tumores" sendo retirados de supostos buracos feitos no corpo do paciente. Algumas vezes são utilizadas ferramentas rudimentares, como facas ou estiletes sem qualquer tipo de assepsia, e incisões reais são feitas no corpo paciente. O vídeo logo abaixo mostra uma cirurgia deste tipo:

Atenção: Cenas Fortes



As cirurgias mediúnicas são muito difundidas nas Filipinas e também no Brasil, onde, muitas vezes, acabam se tornando um tipo de negócio bem lucrativo.

OS PRIMÓRDIOS

No Brasil, este tipo de procedimento começou a ficar conhecido nos anos 50, quando José Pedro de Freitas alcançou fama como "Zé Arigó" ao incorporar o espírito de um tal Dr.Fritz que, segundo ele afirmava, era um médico alemão muito habilidoso que teria morrido durante a Primeira Guerra Mundial.

A primeira pergunta que surge na cabeça de qualquer pessoa que sabe pensar é: Porque incorporar o espírito de um médico que viveu em uma época aonde os conhecimentos da medicina eram tão rudimentares se compararmos com a medicina de hoje? Porque não incorporar o espírito do maior neurocirurgião do século XX, Harvey William Cushing, morto em 1939, e continuar suas pesquisas descobrindo novas doenças assim como ele descobriu a doença que leva o seu sobrenome?

Falando nisto, nunca vi qualquer médium que se atrevesse a incorporar o espírito de gênios como Albert Einstein ou Wolfgang Amadeus Mozart. Por que será? Que prova mais contundente a favor do espiritismo seria o fato de ver alguém que nem terminou o primário demonstrando a Teoria da Relatividade ou uma pessoa que não conheça nada de música sentando num piano e tocando de forma magistral a Sonata nº 11. Bem, deixa prá lá! Vamos voltar ao assunto.

Zé Arigó montou então uma clínica na cidade de Congonhas, no interior de Minas Gerais, e ao longo de 30 anos de "carreira", operou cerca de dois milhões de pessoas, mas também sofreu dois processos por exercício ilegal de medicina, um dos quais lhe resultou em sete meses de cadeia.

Ele não cobrava nada pelas cirurgias que realizava, mas, por outro lado, sua família era dona das duas principais farmácias da cidade de Congonhas, onde os pacientes eram gentilmente convidados a comprar as ervas e remédios que ele mesmo receitava, e também eram donos de um hotel onde muitas pessoas, oriundas de todos os cantos do Brasil, ficavam hospedadas para poder se consultar com ele. Mas isto deve ser apenas uma mera coincidência, pois o importante é saber que ele não cobrava um centavo sequer pelas consultas.

Depois que ele morreu, outros surgiram alegando operarem sob a direção espiritual do Dr.Fritz. Foram eles, o ginecologista Edson Queiroz, os médiuns baianos Edivaldo de Oliveira Silva e seu irmão Oscar Wilde, o engenheiro eletrônico Rubens Faria Júnior, um tal de Mauricio Magalhães preso em flagrante acusado de exercício ilegal da medicina, charlatanismo e formação de quadrilha, e mais recentemente o Dr.Fritz está se manifestando através de uma mulher, a médium de cura, psicógrafa, taróloga e parapsicóloga, Aylla Harard.

Na próxima postagem eu vou lhe mostrar como um mágico pode produzir os mesmos impressionantes efeitos visuais que acontecem em uma cirurgia psíquica visível.

Aguardem!

Mas enquanto você espera vai curtindo aí a magnífica Sonata nº 11 em Lá maior do incomparável e não espiritualmente incorporável, Mozart.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O Carnaval não pode parar, mas você pode morrer

por Cleiton Heredia


O Brasil é um país cheio de contrastes absurdos e vergonhosos. Por aqui algumas pessoas sabem protestar veementemente contra os dirigentes de seu time de futebol, mas não demonstram o mesmo ímpeto quando seus dirigentes governamentais cometem verdadeiros descalabros contra a nação.

Eu nunca vi tamanha eficiência, por um lado:

No dia 07/02/2011 um incêndio consumiu parte da Cidade do Samba, na zona portuária do Rio de Janeiro, destruindo fantasias e carros alegóricos de três grandes escolas de samba. Imediatamente, no dia seguinte, a prefeitura do Rio anunciava ajuda financeira de 2,5 milhões para as escolas de samba afetadas pelo incêndio para que as agremiações possam aprontar, de forma emergencial, seus desfiles para o Carnaval.

Enquanto, por outro lado:

- Hospitais públicos esperam há meses pelo conserto de equipamentos de primeira necessidade;
- Escolas aguardam a troca de móveis e equipamentos em estado deplorável;
- Postos de Saúde carecem por medicamentos importantes para a população;
- A Segurança Pública suplica por equipamentos mais eficientes e modernos;
- O Transporte Público está defasado em relação à demanda;
- O Saneamento Básico ainda não chegou a diversas comunidades carentes;
- O Sistema de Saúde público ainda obriga muitas pessoas a esperarem e morrerem na fila enquanto aguardam uma consulta, exame ou cirurgia;
- Nas escolas públicas de diversas localidades não existem vagas suficientes para atender todas as crianças da região;
- Os policiais são mal remunerados;
- Muitos ainda moram em situações de risco por falta de uma política de habitação adequada às necessidades da maior parte da população brasileira.

Mas tudo bem se você morrer por falta de atendimento adequado em um hospital público, ficar amassado todos os dias dentro de um transporte público, for assaltado uma vez por mês, ver o seu filho recebendo uma péssima qualidade de ensino e estiver morando debaixo da ponte, pois o mais importante é que o carnaval não pode parar!

Eu sinto cada vez mais...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Ação e Reação

por Cleiton Heredia


Ação 1:

Corinthians perde para o Tolima e é eliminado prematuramente da Taça Libertadores da América.

Reação 1:



Ação 2:

No dia 15/12/2010 a Câmara dos Deputados brasileira aprovou em primeira instância um projeto que propõe aumentos salariais que vão de 62% a 134% para o presidente e o vice-presidente da República, os ministros e, inclusive para eles, os próprios parlamentares.

Reação 2:



segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

"Nunca desista"

por Cleiton Heredia


Assisti nesta final de semana ao filme "Santuário" (Sanctum) em 3D e achei que é um bom filme, mas nada comparável aos dois grandes sucessos de James Cameron, Titanic e Avatar. Aliás, se não fosse os efeitos 3D acredito que minha avaliação passaria de bom para regular.

Algumas cenas panorâmicas do exterior e do interior da caverna são de perder o fôlego de tão lindas. O take que pega a entrada da caverna de cima no momento da chuva foi um dos mais impressionantes para mim. O efeito 3D te coloca dentro da cena e você pode praticamente ver os pingos de chuva passando por sua cabeça em direção a tela.

O filme agrada aqueles que curtem esportes de aventura como a escalada em rocha e o mergulho, porém não é recomendado para quem sofre de claustrofobia.

A história é baseada em fatos reais, mas não espere uma retratação exata do acidente sofrido pelo roteirista do filme, Andrew Wright, que esteve próximo da morte quando liderou uma expedição de mergulho e ficou preso em uma caverna que teve sua entrada fechada após uma tempestade. Se você assistir ao filme irá entender bem isto.

Quanto a mensagem central do filme, acredito que a frase "Never give up! Don´t matter what happens, never, even, give up!" (Nunca desista! Não importa o que aconteça, nunca, nunca desista!) pode ser um bom resumo.

Recomendo, mas só ser for para assistir em 3D.

Segue abaixo o trailer:

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Misturar Álcool com Energético pode ser Perigoso

por Cleiton Heredia


Tenho conversado com alguns amigos baladeiros e me pareceu que é moda ingerir bebida alcoólica acompanhada de bebida energética. Eles dizem que esta mistura é muito melhor do que só ficar na bebida alcoólica, pois eles ficam muito mais eufóricos e animados.

Recentemente, lendo um artigo sobre o assunto, pude compreender porque isto acontece. O etanol produz um efeito inicialmente relaxante no cérebro devido à inibição que causa em alguns neurotransmissores excitatórios (exemplo: glutamato) e o aumento de outros neurotransmissores inibitórios (exemplo: ácido gama-aminobutírico ou GABA). À medida que a concentração de etanol aumenta na corrente sanguínea é agravada esta inibição dos neurotransmissores excitatórios, bem como a estimulação dos neurotransmissores inibitórios, causando um efeito depressivo no cérebro.

Quando o consumo de bebidas alcoólicas é associado ao uso de bebidas energéticas, que são constituídas basicamente dos estimulantes químicos cafeína e taurina, haverá uma estimulação dos neurotransmissores excitatórios fazendo com que os efeitos do álcool no cérebro sejam em parte disfarçados.

Mas isto não significa que o energético atue diretamente na metabolização do etanol diminuindo seus efeitos no organismo. Pesquisas tem demonstrado que o nível de álcool no sangue não diminui após a ingestão de energéticos, mas apenas diminui a percepção do estado de embriaguez em que a pessoa se encontra.

E é aí que mora o perigo. A pessoa tem a ilusão de que não está tão alcoolizada e pensa então ter plenas condições de dirigir um automóvel.

Não se iluda, se você tomou a mesma quantidade de álcool que daquela vez que ficou travadão e não conseguiu sair do lugar, com o uso do energético você se encontra tão bêbado quanto, só que como seu cérebro continua estimulado, você é iludido a pensar que não está tão mal assim. Pura ilusão!

Nem preciso dizer que esta diminuição da percepção do estado de embriaguez pode atrasar aquele momento que a pessoa sabe que tem que parar, estimulando assim um consumo ainda maior do álcool. Não é para menos que todas as casas noturnas já incluíram as bebidas energéticas em seus cardápios, pois sabem que esta é uma forma de estimular um consumo ainda maior de bebidas alcoólicas.

Caso queira mais informações sobre este assunto, eu recomendo o interessante artigo: Energético disfarça alguns efeitos das bebidas alcoólicas e amplifica outros.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O seu celular reflete as suas necessidades

por Cleiton Heredia


Acho interessante de ver a reação de algumas pessoas quando eu tiro o meu celular do bolso. Como eu uso um aparelho bem básico, ou seja, que faz e recebe chamadas, alguns amigos não conseguem disfarçar a decepção de me ver com algo tão simples.

Por outro lado, eu às vezes também gosto de ficar observando a maneira como alguns tiram os seus aparelhos celulares de última geração do bolso. Alguns o fazem com verdadeiros demonstradores em um comercial para TV. O aparelho é posicionado a uma certa distância do corpo possibilitando aos que estão à sua volta apreciarem o tão cobiçado aparelho.

No meu caso, não raras vezes eu ouço: "Nossa! Porque você não compra um celular melhor?" Minha resposta geralmente tem sido: "Quem sabe um dia, quando eu precisar de um celular melhor". Já no caso daqueles que possuem aquelas incríveis Ferraris da telefonia móvel, tenho notado que a reação daqueles que estão ao redor geralmente consiste em olhar fingindo que não está vendo. Interessante, não? A reação é mais perceptível em um caso do que no outro.

Veja bem, nada contra aos que possuem celulares sofisticadíssimos. Eu acredito que se eles investiram uma pequena fortuna naqueles aparelhos é porque precisam dispor de todas as tecnologias que eles lhes oferecem. É claro que ninguém seria tão tolo de comprar uma espaçonave intergaláctica para depois usá-la somente para comprar pão todos os dias na padaria da esquina, certo?

Errado! No caso em questão o uso da lógica não funciona. E não funciona por causa da profunda necessidade que alguns possuem de ostentar um status que os distinga da maioria e os coloque num patamar de destaque. Fazem isto mesmo à custa de verdadeiros sacrifícios financeiros.

A meu ver, o grande problema destas pessoas é acreditarem que conquistarão admiração e respeito de outras pessoas através da ostentação de status e luxo. Muitas delas não precisam de fato de um aparelho celular com acesso à internet, mas precisam desesperadamente de se sentir apreciadas e valorizadas.

Jonathan Swift, poeta e clérigo que se tornou reitor da St. Patrick's Cathedral, em Dublin, escreveu de forma muito apropriada:

"O luxo não atrai o respeito, mas sim a inveja."

Se você pretende ser verdadeiramente respeitado, apreciado e valorizado invista menos em ter e mais em ser.

Seja mais bondoso, tolerante, amigo, paciente, ouvinte, presente, atencioso, respeitador e humano, pois são características como estas que possuem o potencial de nos tornar realmente importantes para aqueles que sabem valorizar a essência e não somente a aparência.

Quantos a aqueles que não sabem, repense se vale realmente à pena pautar sua vida pela banalidade dos critérios supérfluos que eles adotaram.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Desconecte-se para Conectar-se

por Cleiton Heredia


Recebi um vídeo de um amigo que me chamou a atenção pela forma simples e eficaz que transmite uma mensagem aparentemente óbvia, porém de difícil percepção devido ao contexto em que vivemos nestes dias atuais.



Este vídeo é Tailandês e no final o narrador diz:

"Fique offline algum tempo para abraçar seu entorno. Use o telefone apenas quando necessário."

Trata-se de um anúncio de um provedor de rede que procura incentivar o uso apropriado dos telefones celulares e da Internet.

Já há muito tempo se diz que esta fantástica tecnologia que mantêm o mundo todo conectado 24 horas por dia possui o estranho paradoxo de aproximar os mais distantes e de afastar os mais próximos.

Portanto, existe a necessidade de constante vigilância para não nos tornarmos escravos da tecnologia, nem muito menos permitir que ela nos impeça de desfrutar a vida em toda beleza de sua simplicidade...

A simplicidade de um abraço;
De uma conversa olho no olho;
Do silêncio olho no olho;
De um toque de carinho;
De um sorriso real e não apenas daquelas carinhas
: );
De olhar para além daquilo que está ao alcance dos nossos dedos;
E de perceber aqueles que estão a nossa volta de forma que eles se sintam verdadeiramente percebidos.