domingo, 20 de fevereiro de 2011

Filhos - Melhor dentro ou fora da igreja? (Parte 2)

por Cleiton Heredia

Foto de Diana ketlem – Rio Branco – Acre - Blog do Convidado


Certa família que havia se afastado de sua comunidade religiosa estava recentemente considerando sobre a possibilidade de voltar. Entre os vários motivos para o regresso está a crescente preocupação com os filhos. Estes pais temem que, com filhos distantes da igreja, as más companhias os arrastem para comportamentos de risco que envolvem bebidas alcoólicas, drogas e libertinagem sexual.

Será que estes pais estão certos? Será que a participação da família em um grupo religioso poderia diminuir o risco de verem seus filhos embrenhando por caminhos tortuosos?

Quais seriam os motivos lógicos que levam muitos pais a pensarem que criar filhos na igreja é mais seguro do que criá-los sem qualquer religião?

Vejamos:

1º) As crianças são moldáveis. Qualquer criança que desde a mais tenra idade for educada e doutrinada dentro de determinados preceitos, crescerá com eles fortemente arraigados em sua mente. A própria Bíblia estabelece este princípio: "Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele" - Provérbios 22:6. Porém, este princípio não funciona só no contexto religioso. Ele é igualmente eficaz em qualquer sistema de doutrinamento filosófico ou político. Funciona para cristãos, mas funciona também para mulçumanos e pagãos. Funciona para democratas, mas também funciona para regimes totalitários e ditatoriais.

2º) Os pais tem o peso de sua responsabilidade dividida com a comunidade que frequentam. Como a igreja tem vários tipos de programas voltados para conduzir os jovens pelos caminhos da virtude, bem como preencher o tempo deles com atividades edificantes, de forma a não sobrar muito tempo para pensarem em fazer "besteiras", os pais se sentem muito mais aliviados por saberem que não estão sozinhos nesta árdua tarefa que é educar e edificar o caráter.

3º) O peso da influência da maioria. Em uma igreja o jovem está inserido em um contexto onde a maioria não abusa de bebidas alcoólicas, não usa drogas e não pratica atos obscenos. Como o grupo tem uma enorme influência sobre o jovem, pois ele precisa sentir-se aceito, este jovem se esforçará para adequar o seu comportamento de forma que se sinta parte integrante daquele grupo.

4º) A cultura religiosa. Um jovem que cresce em um lar religioso estará fortemente condicionado a aquele tipo de cultura. Sua visão do mundo é feita através das lentes de seu contexto cultural. Sendo assim, suas escolhas seguramente sofrerão influência da cultura onde ele está inserido. Como o contexto cultural dos religiosos prima pelos bons costumes, pela honestidade, pela pureza e por tudo mais que é virtuoso, o jovem nele inserido baseará muitas de suas escolhas naquilo que o seu contexto cultural lhe recomenda.

5º) Influência subliminar. Se você entrar em um ambiente onde pode sentir o cheiro de pipoca, existe uma grande possibilidade de você começar a desejar comer pipoca. Se você for trancado em uma sala toda vermelha, não demorará muito até começar a ficar irritado ou impaciente. As mensagens que nosso cérebro recebe, mesmo que não sejam percebidas de forma consciente, acabam influenciando nossas escolhas e comportamento. O jovem que frequenta uma igreja estará cercado de inúmeras sugestões subliminares que com certeza irão influenciá-lo de alguma forma.

O que achou destes motivos? São coerentes? Mas como ficam aqueles pais que, por uma questão honestidade intelectual e consciência, não frequentam uma igreja pelo simples fato de não acreditarem em qualquer tipo de divindade? Deveriam eles deixar de lado suas convicções pessoais e se unirem a um grupo religioso qualquer só por causa dos motivos acima relacionados?

Falaremos disto na próxima postagem.

2 comentários:

  1. Cleiton,

    Gostei do seu arrazoado. Na realidade o que chamamos de igreja é um centro cultural. Quando levamos nossos filhos a um centro de difusão de "cultura religiosa" é certo que teremos nossa vida facilitada.

    Vejo o papel das igrejas de forma positiva, sob o ponto de vista social. Existe um benefício enorme para a sociedade. É fato que a influência do meio favorece o desenvolvimento de hábitos ou defeitos, que são a favor ou conspiram contra os princípios consagrados de civilidade.

    No meu caso: é mais confortável manter minhas filhas próximas ao contexto cultural religioso - tão somente por isso. Não porque esse contexto esteja vinvulado à escatologia, "ao remanescente" e afins.

    Abraços.

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  2. Concordo com o que meu pai disse, e queria destacar uma coisa. Existem muitos pais que frequentam igreja junto com seus filhos e muitas vezes pensam que só pelo fato de os filhos estarem na igreja estão seguros do mundo lá fora. O problema é quando os filhos crescem e tem de ter contato com este mundo, aí que eles se rebelam e criam uma aversão por qualquer igreja, ou aí que eles ficam mais tapados ainda. Penso que a tarefa difícil de se criar ou não um filho na igreja, é o fato de equilibrar o contexto religioso com o contexto do mundo todo; a pessoa não pode crescer acreditando que o mundo todo é a igreja dele, ela tem que ter noção do que acontece fora da igreja, porque senão o choque de quando ela percebe isso pode ser forte (possível rebelde); ou se não perceber, ela pode ser do tipo de pessoa que acredita que só aqueles da igreja dele são pessoas importantes (tapado).
    Resumindo: é preciso ter equilíbrio em tudo na vida.

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