domingo, 13 de fevereiro de 2011

Cirurgia Psíquica - Verdade ou Fraude? - Parte 3

por Cleiton Heredia


Como ficou demonstrado nas pesquisas de James Randi, muitas curas podem acontecer no caso de supostas doenças ou doenças psicológicas. E na opinião do psiquiatra Alexander Almeida, curar alguém que não está doente, mas pensa que está, não é algo que se deva desprezar totalmente. Ele diz: "Se essas curas são eficazes para tratar problemas psicossomáticos, um campo onde a medicina tem dificuldade, é um sinal que devemos estudar como isso acontece."

O Dr.Alexander pesquisou outro médium-cirurgião muito famoso aqui do Brasil chamado João Teixeira de Faria, mais conhecido como João de Deus ou, como os estrangeiros o chamam, John of God. Ele passou alguns dias acompanhando toda a rotina do João de Deus em seu centro de curas na cidade de Abadiânia, no interior de Goiás.

Uma atenção especial foi dada às cirurgias visíveis no intuito de descobrir se existia algum tipo de fraude, como aquelas que podem ser facilmente reproduzidas com técnicas de ilusionismo (ver postagem anterior). Após presenciar várias cirurgias ele afirma: "Os cortes realmente ocorreram, e os pedaços de tecido retirados eram mesmo dos lugares operados".

Mas agora vamos à pergunta crucial: As pessoas foram curadas?

Ele responde de forma sucinta e objetiva: "Se houve alguma cura, ela não teve nada a ver com a parte física da cirurgia."

Isto é conhecido na medicina como "Efeito Placebo" que é o caso de pacientes que tomam pílulas de farinha (inócuas) e acabam apresentando melhoras pelo simples fato de acharem (acreditarem) que estão tomando um poderoso remédio que certamente os curará. Neste sentido específico, os cirurgiões psíquicos são capazes de produzir efeitos curativos em seus pacientes sem a necessidade de possuírem qualquer tipo de poder paranormal ou contato com supostas entidades espirituais.

Muitos que procuram este tipo de auxílio são pessoas que já foram de alguma forma desenganadas pela medicina tradicional e, portanto, procuram estes curandeiros como a última esperança. Não é de se estranhar então, que se apeguem desesperadamente a esta possibilidade de cura acreditando de todo o coração que ela lhes trará finalmente o resultado tão esperado. O processo psicológico gerado com este tipo de pensamento (fé) pode funcionar como um gatilho para processos de cura realizados naturalmente pelo organismo.

Fora isto, existe também o fator do acolhimento carinhoso que as pessoas recebem por parte destes cirurgiões espirituais e suas equipes de apoio. O psicólogo Wellington Zangari diz que "ser tratado de maneira pessoal, com todo carinho, por esses curandeiros pode produzir efeitos favoráveis para a saúde". Tudo é uma questão de confiança: o fato de estas pessoas acreditarem mais no curandeiro do que no médico também pode acabar influenciando no tratamento e em todo processo de cura.

Querem um exemplo clássico disto? O cidadão procura um cirurgião psíquico por causa de uma cirrose hepática. Ele é operado espiritualmente e depois de um tempo seguindo as recomendações do curandeiro, que lhe diz para tomar algumas ervas e parar de beber, ele sara. Esta pessoa vai anunciar aos quatro cantos que foi curada de forma sobrenatural, porém o que aconteceu de fato é que ela confiou no curandeiro e seguiu a sua recomendação de parar de beber, que é o tratamento mais eficaz que a medicina reconhece. O próprio médico dela já havia pedido isto, mas por falta de confiança nele, ela simplesmente desconsiderou a recomendação.

Por isto, ninguém conseguirá dissuadi-la a acreditar que sua cura aconteceu de forma natural pelo simples fato de ter parado de destruir o seu fígado com a bebida alcoólica. Para ela a sua cura aconteceu de forma sobrenatural por intervenção divina e ponto.

Cada um acredita naquilo que quer acreditar!


Fim desta série.

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