sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Ponto e Contra-Ponto - Parte 3 (Conclusão)


Confesso que eu mesmo no passado (não tão distante) já me vali dos argumentos feitos pelos astrônomos Fred Hoyle e N.C. Wickramasinghe, que fala da improbabilidade da vida ter-se originado espontaneamente por interações aleatórias no oceano primitivo, da mesma forma como é completamente improvável que um Boeing 747 surgisse espontaneamente após um tornado passar por um ferro-velho.

Devo admitir o quanto sutil é este argumento, pois todos nós sabemos que um Boeing 747, com todos os seus sistemas e mecanismos meticulosamente planejados e integrados, jamais surgiria do acaso, nem mesmo se considerássemos um tempo próximo da eternidade. A pergunta que eu sempre fazia após usar este argumento era: Quão mais complexo é um ser humano do que um Boeing 747?


Porém, hoje já não me atrevo mais a ser tão dogmático, pois em minha busca imparcial pela verdade, pude compreender que da mesma forma que um Boeing 747 não surgiu na história da aviação como um produto pontual acabado, mas é a conseqüência de uma longa série evolutiva de aeroplanos que passam pelo DC-3 e chegam no biplano dos irmãos Wright; assim também a vida tal a conhecemos hoje precisa ser avaliada pela possibilidade de uma evolução do mais simples para o mais complexo mediante a peneira da seleção natural (lembre-se que eu disse "possibilidade"; e por favor, não me venha com o argumento de que os aviões tiveram alguém que os planejasse, pois não é este o ponto aqui em questão).


Não estou afirmando com isto que me tornei em um evolucionista convicto. De forma alguma! Apenas quero chamar a atenção para que ambos os lados nesta questão da origem da vida sejam ponderados, criteriosos e despreconceituosos, entendendo que cada lado possui a sua base de racionalidade e possibilidade de estar certo.

Os criacionistas sérios não são todos um bando de bitolados religiosos que desprezam a razão e supervalorizam a fé, nem os evolucionistas criteriosos uma corja de ateus pervertidos que querem destruir a fé dos religiosos com base num racionalismo irreconciliável.

A charge a seguir pode desagradar alguns criacionistas, porém devemos ser sinceros em admitir que muitos deles adotam este tipo de metodologia:



Porém, é certo também que muitos evolucionistas fazem o mesmo ao assumirem posturas radicalmente antagônicas para com qualquer idéia que admita a possibilidade de um Projetista Divino.

Sempre existirão os Pontos e os Contra-Pontos. Se cada grupo souber ouvir o outro de forma desapaixonada, talvez tenhamos cada vez menos donos da verdade e mais respeito às diferenças de pensamentos.

Um comentário:

  1. Cleiton, parabéns!

    Eis que o agnosticismo lhe abre os braços... Você, caso venha, não estará sozinho.

    Acredito que o compromisso com a verdade é fator importantíssmo. Bem mais importante do que uma fé baseada em herança dos nossos pais...

    SDS

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