quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Caráter e Destino

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Qual das frases abaixo você entende ser a mais correta?

a) O destino de um homem determina o seu caráter.
b) O caráter de um homem pode mudar o seu destino.
c) O caráter de um homem determina o seu destino.
d) O destino de um homem nada tem haver com o seu caráter.

Aqueles que, como eu, não acreditam em predestinação, ou seja, que o destino de um homem já está pré-determinado desde o seu nascimento independentemente das escolhas que faça, irão descartar logo de cara a primeira alternativa que pressupõe a existência de um destino fixo, rígido e imutável.

A segunda alternativa é mais sutil, pois ao passo que subentende a existência de um destino, admite que o mesmo possa ser alterado pela pessoa dependendo das escolhas que fará ao longo de sua vida. Como sou totalmente anti-predeterminista, não aceito também como correta esta alternativa, pois rejeito qualquer tipo de pensamento que inclua a idéia de um destino pré-determinado quer seja ele imutável ou mutável.


É bem provável que você concorde comigo que a terceira alternativa pareça ser a que faz mais sentido. Como a vida (ou o nosso destino se assim preferir) é formada pelos momentos e estes momentos, por sua vez, são determinados por nossas escolhas, então seria algo relativamente lógico concluir que uma pessoa de caráter que rege sua vida pelos princípios de integridade faria as escolhas corretas que lhe garantiriam um futuro (ou destino) de sucesso. Por outro lado, um mau caráter faria escolhas que mais cedo ou mais tarde lhe arruinariam a vida proporcionando-lhe um destino amargoso.

Porém, por mais que eu queira acreditar nesta relação entre caráter e destino, infelizmente sou obrigado a admitir que no mundo atual nem sempre as coisas funcionam de acordo com a lógica da reciprocidade moral, a saber, de que as pessoas de bom caráter sempre prosperam e as pessoas de mau caráter sempre acabam se dando mal.

O antigo ditado que diz que “o crime não compensa” parece que agoniza progressivamente a medida que homens de princípios como Abraham Lincoln, Mahatma Gandhi ou Martin Luther King baixam à sepultura. O que vemos hoje é o império da imoralidade e da mau “caratice” (ou seria caratisse? se é que este nome existe mesmo) se ampliando e conquistando terreno em todos os lugares, classes sociais e segmentos da sociedade. São políticos, empresários e homens de influência que construíram sua fama e fortuna sendo desonestos, injustos, mentirosos, hipócritas, imorais, gananciosos e egoístas.

Seria muito ingênuo de nossa parte acreditar que tais pessoas sem escrúpulos ou mesmo com uma moral relativista tenham um destino pior do que aqueles regidos por princípios de inabalável moralidade, integridade e verdade, ou vice-versa. Tudo parece estar caminhando para nos fazer entender que a quarta alternativa acima, que afirma que o destino nada tem haver com o caráter, é a alternativa mais condizente como a realidade prática do mundo atual.


Aqueles que possuem algum tipo de fé religiosa concentram suas esperanças na eternidade ou no além onde todas as injustiças deste mundo serão finalmente corrigidas ou sofrerão definitivamente suas devidas conseqüências. Aliás, para muitos, este tipo de fé é que os incentiva a continuar optando pelo bem mesmo que momentaneamente sofram algum tipo de prejuízo.

No entanto, independente da fé ou ausência dela, quero entender que a terceira alternativa ainda se sobrepõe às outras como a mais correta. Não porque encontre no exemplo das pessoas sempre a confirmação dela, mas simplesmente porque entendo que a melhor justificativa para se fazer o que é certo é: “porque é o certo”.

Para mim o caráter de um homem é o seu destino, pois independente de toda a prosperidade material e das vantagens temporais que venha a conquistar, nada pode superar a uma vida (ou destino) que nos garanta uma consciência em paz com aquilo que no íntimo acreditamos ser o correto ou a verdade.

Talvez para alguns a argumentação do parágrafo anterior seja fraca demais para ser aceita, mas sem querer ser sensacionalista, sentimental, ou dramático, peço que, se possível, avalie-o diante da perspectiva iminente da morte. Dizem que somente diante desta perspectiva é que as coisas assumem seu real valor.

2 comentários:

  1. Se a morte é o fim do caminho para todo ser vivente, então o carater nada tem haver com o destino.

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  2. Cleiton:

    Você está desconsiderando as influências externas? Eu reescreveria a alternativa "C" da seguinte forma: O caráter de um homem determina o seu destino, caso não surjam influências externas naturais ou provocadas de forma deliberada por terceiros...

    Isso tudo é por demais complexo. Nosso destino parece está à disposição de "n" circunstâncias.

    Talvez por esse motivo os que esperam justiça no mundo do além não considerariam as quatro frases. Eles entendem que o caráter poderá colaborar para o destino na "outra vida"...

    Abraços.

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