quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Mantenha Isso Simples, Estúpido - Parte 1
Imagine que você está andando pela rua e observa, mais ao longe, uma caixa de sapatos na calçada. Sem nenhuma outra informação a respeito, qual das seguintes teorias abaixo você escolheria para a caixa de sapatos?
1) A caixa esta vazia.
2) A caixa contém 20 mil reais.
3) A caixa contém 20 mil reais e a coroa da rainha.
4) A caixa contém 20 mil reais a coroa da rainha e o segredo da vida eterna.
5) A caixa contém um duende verde que criou o universo e poderá lhe realizar três desejos quaisquer.
Qual destas teorias sobre o conteúdo da caixa você escolheria?
Caso tenha escolhido a opção número 1, parabéns! Você não apenas demonstrou ser uma pessoa com um raciocínio lógico normal, mas também acabou de utilizar o princípio lógico conhecido como a “Navalha de Occam”, mesmo que não tenha a menor idéia do que seja.
A Navalha de Occam também é conhecida como “Princípio da Economia” ou “Princípio da Parcimônia” (Lex Parcimoniae) e geralmente é apresentada de forma resumida nas seguintes frases:
- Entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem - As entidades não devem ser multiplicadas além do necessário;
- Pluralitas non est ponenda sine neccesitate - Pluralidades não devem ser postas sem necessidade.
Acredita-se que Willian de Ockham (ou Guilherme de Occam), frade franciscano do século XIV, tenha sido o criador deste princípio. Este teólogo controverso defendia o princípio de que a natureza é por si econômica e não se multiplica em vão, ou seja, invariavelmente a opção deverá sempre ser pelo caminho mais simples (não confundir a teoria mais simples como a mais fácil de ser compreendida – Princípio da Simplicidade).
Na verdade Ockham simplesmente defendia que o homem, nas suas teorias, deveria sempre eliminar conceitos supérfluos. Sua “Navalha” propõe que a explicação para qualquer fenômeno deve assumir apenas as premissas estritamente necessárias à sua explicação e eliminar todas as desnecessárias, a saber, aquelas que não estão relacionadas aos fatos que a teoria se propõe a explicar.
Mais tarde, outros redefiniram a sua própria maneira o mesmo princípio contido na Navalha de Occam:
Albert Einstein: “Tudo deve ser feito da forma mais simples possível, mas não mais simples que isso”.
Antoine de Saint Exupéry: “A perfeição não é alcançada quando já não há mais nada para adicionar, mas quando já não há mais nada que se possa retirar”.
Como tudo neste mundo parece estar caminhando para a vulgarização e irreverência, atualmente alguns chamam este princípio de K.I.S.S. - Keep It Simple, Stupid (em português, Mantenha Isso Simples, Estúpido).
Uma coisa importante a se observar é que a Navalha de Occam, embora tenha sido adotada pelo método científico, não deve ser utilizada como um método para se refutar ou provar uma teoria (neste caso as “evidências” são soberanas), mas apenas como um critério lógico de “escolha”. A "Navalha", portanto, deve ser aplicada sempre que não existirem evidências que possam decidir a favor de uma teoria em relação à outra.
E aqui chegamos ao ponto exato que motivou esta postagem: o debate entre o Criacionismo e o Evolucionismo.
Continua...
Postado por
Cleiton Heredia
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O negócio é aguardar a sequência...
ResponderExcluirVale lembrar o que disse Carl Sagan: "Em ciência, afirmações extraordinárias requerem justificações extraordinárias".
ResponderExcluirVamos aguardar...