quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Para que serve o reconhecimento da existência de Deus feito por Antony Flew?
Aqui estou eu novamente voltando ao assunto sobre o livro “Um Ateu Garante: Deus Existe” (Título em Inglês: “There is A God”) escrito pelo ex-ateu Antony Flew.
Na postagem do dia 02/02/09 eu havia destacado que o Deus que Antony Flew admite “racionalmente” (ou garante) existir é um Deus que para todos os efeitos práticos não se relaciona com suas criaturas neste planeta e, pelo que tudo indica, não interfere em nosso destino (conceito Deísta).
“... não há espaço seja para alguma revelação sobrenatural, seja para alguma transação entre o tal Deus e os seres humanos individuais.”
Eu fico aqui pensando com os meus botões: De que adianta o reconhecimento da existência de um Deus criador que não está nem aí conosco?
Sinceramente falando, o conhecimento de um Deus assim, ou seja, um Deus que nos criou e depois nos abandonou a mercê de nossa própria sorte é mil vezes pior e mais frustrante (para não dizer, revoltante) que o entendimento de que Deus não existe e continuamos à mercê de nossa própria sorte.
Os criacionistas e religiosos em geral proclamam em tom de triunfo: “Um ateu garante (na verdade um ex-ateu): Deus existe! (Glória! Aleluia!). Porém, os ateus simplesmente respondem: “E daí? Que diferença isto faz se este Deus se limita a se comportar em relação a nós como se não existisse?”
O Deus que Antony Flew descobriu existir é na verdade uma grande decepção! Agora finalmente sabemos que não somos produtos do acaso, mas que somos obras originadas das mãos de um criador que não se comunica conosco, não interfere em nosso destino e, pelo que tudo indica, não está nem um pouco preocupado com minha existência nesta partícula de poeira que é o nosso mundinho na imensidão do universo. Realmente tal descoberta é muito tranqüilizadora e reconfortante!
É por estas e por outras que eu também desconfio profundamente da sinceridade e das intenções de Antony Flew em seu reconhecimento da existência de um Deus totalmente inútil para nós. Preferível seria que ele continuasse um ateu sincero, ao invés de tornar-se um ex-ateu suspeito apresentando-nos um Deus tão irresponsável e insensível.
Postado por
Cleiton Heredia
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Ótimo texto. Concordo 100%.
ResponderExcluirO engraçado nessa guerra chata entre criacionistas e evolucionistas é saber que em caso de vitória dos criacionistas a garantia de um Deus pessoal continua a inexistir.
ResponderExcluirUma pergunta que não quer calar: "que vantagem Maria leva...?"
Que diabo de deus é esse?
ResponderExcluirCaro Heredia,
ResponderExcluirPermita-me entrar em seu blog e contar-lhe uma experiência pessoal.
Aqui em casa sou o único ateu. Aprender a conviver com outros tornou-se uma arte necessária e um exercício de tolerância.
Certa vez assistíamos um documentário no Discovery sobre a evolução do homem e uma determinada cena; um homem de Neanderthal mexia no corpo de um amigo caçador gravemente ferido na caçada. Ele não entendia o que se passava. Porque ele não acordava como outros?
Como o grupo era nômade, ele foi deixado para trás, junto com suas coisas pessoais. Segundo a consultoria antropológica da série, esses homens poderiam ter sido os primeiros a começar a cerimoniar a morte. Com isso, é possível, que todo um sentimento gerado pela noção de perda, sem retorno, tenha mudado um dia nossa relação com a natureza.
Seria essa a primeira experiência divina dos primatas? Essa era a minha pergunta para outros da sala.
Minha mãe, uma evangelizadora que me orgulha muita, disse-me;
- meu filho Deus estava com eles o tempo todo, e neste momento de dor, Ele se revelava.
Para todos que amamos, desejamos a salvação. Em vida como prefiro. De algum modo, pela ciência, pela religião, pela sua força interior; o que quer que seja.
Engana-se os criacionistas de discurso beligerante. Admito, mesmo sendo ateu, que a bíblia possui belos textos - o suficiente para confortar e conquistar. Mas também pode ser usado como instrumento de retórica hostil como querem alguns.
Um abraço,
Luiz