quinta-feira, 26 de maio de 2011

Como os Ateus respondem às questões básicas da vida?

por Cleiton Heredia


Aqueles que compartilham da crença em uma ou mais divindades frequentemente julgam os ateus como pessoas confusas e sem um rumo certo na vida, pelo motivo deles não poderem responder "satisfatoriamente" às perguntas básicas da vida.

É claro que as respostas que eles consideram satisfatórias são somente as respostas que vão ao encontro de suas mais acalentadas expectativas, onde estão presentes dois elementos básicos: segurança e esperança.

Apresento a seguir um quadro comparativo relacionando as cinco perguntas básicas da vida e como as mesmas são respondidas pelos teístas e ateístas. Existe ainda uma coluna intermediária entre as respostas teístas e ateístas que resumem a forma como os teístas entendem que estas perguntas são respondidas pelos ateus.

É óbvio que as respostas dos teístas podem variar em função do segmento religioso a que pertencem, mas em regra geral elas não fogem muito daquilo que está sendo apresentado como referência. Da mesma forma, as respostas dos ateístas podem não ser exatamente as mesmas, porém procurei apresentar aquilo que entendo expressar melhor o pensamento da maioria.


Respostas Teístas
Respostas Ateístas no entendimento dos Teístas
Respostas Ateístas
Quem sou eu?
Sou um ser criado à imagem e semelhança de Deus.
Sou um acidente do acaso.
Sou um ser humano.
De onde eu vim?
Vim de Deus, ou seja, sou consequência do planejamento de um Criador amoroso.
Vim de uma grande explosão cósmica.
Sou consequência de uma raríssima combinação de fatores.
Por que eu estou aqui?
Estou aqui para fazer a vontade do Deus que me criou, que deseja a minha felicidade presente e futura (salvação), bem como que me capacita a revelá-lo ao meu próximo de forma que este também encontre a sua felicidade presente e futura.
Sei lá! Acho que é para morrer.
Tendo em vista a raridade que é a vida, estou aqui para desfrutá-la com toda a responsabilidade e vontade de quem a considera como única e insubstituível.
Como eu sei o que é certo e o que é errado?
Deus é o único referencial verdadeiro para se saber diferenciar o certo do errado. Sua vontade está manifesta em sua palavra revelada.
Não sei! Mas acho que se é bom para mim, então é certo, se é mal para mim, então é errado. Eu sou a lei para mim mesmo.
Assim como considero minha vida única e insubstituível, desta mesma forma aprecio e valorizo a vida do meu semelhante, sendo que considero "certo", tudo aquilo que me permita ser feliz sem impedir que meu próximo também o seja, e o "errado" é exatamente o oposto disto, ou seja, procurar cada um a sua felicidade sem considerar a felicidade dos demais.
O que acontece quando eu morrer?
Vou voltar para Deus e viver eternamente ao seu lado.
Morreu, acabou! Vou ser como se nunca houvesse existido.
Para o que morreu, nada. Para aqueles que ficaram, permanecerá apenas a memória (lembrança) daquele que se foi.

Você percebeu como, no caso dos teístas, cada uma destas respostas procura preencher a ânsia do ser humano em busca de segurança e esperança?

Você também notou, pela forma como os teístas entendem que os ateus respondem a estas perguntas, como é inevitável eles os julguem como pessoas vazias, sem rumo, infelizes, inseguras e sem esperança?

Ao meu ver, pela forma que eu entendo que os ateus respondam a estas perguntas, não consigo interpretá-los como pessoas completamente desprovidas de segurança e esperança. Acredito que a segurança de um ateu se encontra no fato de procurar viver da melhor forma sem prejudicar a ninguém, e a sua esperança no desejo de que todos ajam da mesma maneira.

É claro que as respostas dos teístas são muito mais desejáveis e acalentadoras, e não tenho dúvidas que no fundo todo ateu até que gostaria que elas fossem uma verdade irrefutável.

Porém, para um ateu, não se trata de buscar as respostas mais agradáveis ou as alternativas mais desejáveis, mas sim de buscar a verdade seja ela qual for, procurando sempre adequar da melhor forma a sua vida a aquilo que a sua razão e consciência aprovam.

6 comentários:

  1. É bem assim mesmo. Segurança e esperança, medo e esperança... Gostei do texto.

    Enéias

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  2. Da mesma maneira que você ridiculariza a resposta dos religiosos como se fossem ateístas, o faz com as respostas dos religiosos sobre eles. Nós crentes acreditamos em um Deus criador de todas as coisas e também nos sentimos humanos. Também estamos aqui para desfrutar da vida com toda a responsabilidade e não somos éticos e morais só porque acreditamos em Deus... ao contrário pessoas anti-éticas e sem moral podem se transformar através da religião. Acreditamos que somos raros, mas não como uma combinação de fatores do acaso e sim com fatores calculados. E somos tão raros que não acabaremos aqui e temos um viva esperança que transforma nossas vidas em alegria e não em medo como os ateus acham... não temos medo de Deus e sim temos aasua paz que excede todo o entendimento. abraços.

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  3. Prezado Danilo,

    Você se equivoca quando diz que eu estou ridicularizando os religiosos com as respostas que aqui coloquei deles.

    Leia novamente e veja que em nenhum momento eu quis insinuar que os religiosos não são seres humanos, que não vivam para desfrutar da vida com responsabilidade ou que não são éticos. Aliás, muito me estranhou você chegar a este tipo de conclusão. Minha intenção foi apenas enfatizar nas respostas aquilo que cada grupo entende como prioridade.

    No mais, desejo de coração que você seja muito feliz com as suas crenças.

    Um abraço.

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  4. Desculpe-me se fui equivocado em minhas observações. Espero que um dia os religiosos sejam mais flexíveis quanto às diferenças e que exista um respeito e aceitação mútua entre todos. Porque assim todos seremos muito felizes com ou sem crenças... baseando somente no amor para com o ser humano. Agradeço suas felicitações e desejo da mesma forma.

    abraços.

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  5. Danilo, os religiosos mais fanáticos realmente pensam que os ateus são pessoas que ainda não encontraram "o caminho", como o Cleiton coloca acima., ou são do mal, como o Datena declara na TV. Procuramos um caminho sim, mas o caminho da verdade, da análise lógica e científica, coisa não compatível com a fé cristã que vc crê. Vc se sentiu incomodado pelas comparações feitas pelo nosso amigo Cleiton, mas vc já imaginou o número de vezes que nós, ateus, observamos e convivemos com as declarações e manifestações religiosas em nosso meio? Nosso estado é laico, mas não parece. A Tv aberta está repleta de programas cristãos. Temos símbolos religiosos em várias repartições públicas e cidades históricas. Somos uma minoria que não pode se manifestar abertamente no dia a dia. Mas percebo que isso está mudando. Graças a internet e blogs como esse, podemos refletir e pensar. Como diria vc, “graças a Deus”. Um abraço.

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  6. http://www.paulopes.com.br/2011/05/campanha-sair-do-armario-mostra-ateus.html


    Um abraço

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