sexta-feira, 20 de maio de 2011

"Eu não posso imaginar o que seria da minha vida sem Deus!" (Parte 2)

por Cleiton Heredia


Como eu havia dito na postagem anterior, relativizar a mentira pode parecer algo tremendamente subversivo para a mente religiosa, pois ela imediatamente irá extrapolar este relativismo para questões extremadas como, por exemplo, roubar, adulterar ou matar.

Os religiosos gostam de argumentar contra o fato dos ateus se sentirem completamente livres para tomar suas decisões sem se preocuparem com as ordenanças de qualquer tipo de divindade, dizendo que sem Deus tudo se torna relativo e permitido. Os seguintes argumentos ridículos são geralmente usados:

- "Se o meu filho estiver passando fome, então será certo eu roubar para alimentá-lo."
- "Se meu cônjuge não consegue mais me fazer feliz, então será correto eu adulterar."
- "Se alguém matar um amigo meu, então eu estou no meu legítimo direito de matá-lo também."


Mas espere um pouco! Estamos falando de uma liberdade para pensar e agir dentro dos princípios da moralidade cuja essência se resume no respeito à propriedade alheia e principalmente no respeito à vida.

Se meu filho está passando fome, eu não vou roubar por que eu mesmo não gostaria de ser roubado caso a situação se invertesse. Apropriar-se indevidamente dos bens do meu próximo não é uma hipótese a ser considerada quando existem muitas outras bem melhores do que esta. Pedir ou trabalhar, por exemplo.

Se alguém não é feliz com seu cônjuge, não precisa traí-lo. Há outras alternativas bem melhores do que esta como, por exemplo, tentar melhorar o relacionamento ou pedir a separação.

Se alguém cometeu um crime contra alguém que eu amo, isto não me dá o direito de cometer outro crime como forma de retaliação. Vivemos em um país regido por leis que prevêem punições para os crimes cometidos, sendo que neste caso seria bem melhor deixar a sociedade, na pessoa do estado, aplicar estas punições. Se não for assim, imagine a bagunça que seria viver em sociedade.

Os religiosos contra-argumentam dizendo que este padrão moral só existe por que a sua divindade o estabeleceu. Porém, os ateus entendem que foi a própria necessidade de se viver bem em sociedade que estabeleceu a base para a criação de padrões morais universalmente aceitos. Em qualquer lugar do planeta todos concordam que procurar ser feliz sem impedir que os outros sejam igualmente felizes é um princípio correto a ser seguido, e também todos concordam que o limite de sua liberdade é a liberdade do próximo.

Por isso é que no "frigir dos ovos" não importa muito se os padrões morais universais foram ditados pela divindade "Zeus", "Jeová" ou "Hórus", ou se surgiram da necessidade do ser humano conviver em harmonia com os seus semelhantes. O que importa de fato é que eles existem e são uma realidade tanto na vida daqueles que acreditam em Deus, como na vida dos ateus. Também não importa se violá-los é considerado pecado para uns e simplesmente errado para outros, o que importa é que todos concordam que sua vida deve ser regida por estes padrões para o bem da coletividade.

Enquanto um religioso faz o que é certo por que seu Deus assim estabeleceu e ordenou, um ateu faz o que é certo simplesmente por que é o certo a ser feito. A grande diferença entre os dois reside no fato do religioso estar preso à forma como o seu Deus interpreta e exige a obediência (geralmente de forma impositiva sem admitir qualquer tipo de questionamento), enquanto, já no caso do ateu, por ele não estar preso aos ditames de qualquer divindade, pode fazer uso de sua liberdade para refletir no melhor a ser feito em cada circunstância. Mas, é claro, sempre tendo em mente que a sua liberdade e felicidade não pode jamais impedir que o seu semelhante seja igualmente livre e feliz.

A conclusão que eu chego me parece muito óbvia:

Existem pessoas do bem que são felizes acreditando e obedecendo a esta ou aquela divindade, mas também existem pessoas igualmente do bem que conseguem ser igualmente felizes sem acreditar nesta ou naquela divindade.

Portanto meu amigo, se a vida sem Deus para você não faz sentido, entenda e aceite a existência daqueles que não vêem o menor sentido viver acreditando em um ser para o qual não lhe foram apresentadas provas racionais para assim fazê-lo.

3 comentários:

  1. É bem assim mesmo.

    O curioso é quando o próprio crente admite que o mundo anda de mal a pior, mesmo sendo um mundo de maioria fiel a algum deus. Logo acrescentam dizendo que era para estar pior e a crença em deus impede a escalada mais acelerada do mal...

    Analisando bem a fundo é argumento fútil e incoerente, mas...

    Enéias

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  2. Bem... o que você comentou é verdade, então o mundo está de mal a pior devido aos crentes serem fiéis a algum deus?? Então onde estão os que não acreditam em algum deus que são mais evoluidos mentalmente e que podem fazer a diferença e mostrar soluções para um mundo melhor. A intolerância existe em vários níveis e de várias formas... seja ele entre crentes e ateus como exemplo. O mundo não melhorará se todos se tornarem crentes ou se todos se consientizarem em ser ateus e sim se todos se amarem, se respeitarem e aceitarem as pessoas como elas são... independente de credo, cor ou opnião... abraços

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  3. Prezado Danilo,

    Sugiro que leia a postagem novamente, pois pelo comentário que vez acredito que exista alguma coisa que você não entendeu muito bem.

    Entenda uma coisa, os ateus no mundo são minoria (dizem que não passam de 7%). Os religiosos é que são a esmagadora maioria. Então, não é justo culpar ou cobrar este grupo minoritário por aquilo que a maioria está fazendo ou deixando de fazer.

    Concordo com o seu entendimento de que o mundo só melhorará se existir mais tolerância. Mas falando nisto, eu ultimamente ouço falar muito mais em intolerância religiosa do que em intolerância atéia. Algo para se pensar, não é mesmo?

    Um abraço.

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