por Cleiton Heredia
Você já ouviu falar em falsa memória?
A Falsa memória é a sensação de ter ouvido, visto ou experimentado algo que na verdade nunca aconteceu conosco. Ela se manifesta porque, como a mente não recorda de todos os detalhes de um determinado acontecimento, as lacunas de memórias que se formam são muitas vezes preenchidas com base naquilo que imaginamos que deveria ter sido.
Ela difere da memória enganosa, também conhecida como memória errônea, que é a recordação que fazemos de experiências reais, porém feita de forma incorreta ou imprecisa.
A falsa memória é mais comum que muitos costumam imaginar e em minha limitada experiência como ilusionista tenho visto em diversos momentos ela se manifestar. Os meus amigos mágicos que estiverem lendo esta postagem saberão muito bem a que estou me referindo. Muitas vezes as pessoas vêm até nós para comentar um determinado efeito mágico que realizamos e, ao tentarem relembrar o que viram, é frequente ouvirmos estas pessoas relatarem coisas que não dissemos ou fizemos, incrementando a ilusão e muitas vezes a transformando em um verdadeiro milagre. É claro que isto acaba servindo de um excelente aliado para os mágicos e os grandes ilusionistas sabem muito bem como estruturar os seus números de forma a explorarem esta característica falha da mente humana.
Apenas para ilustrar o que estou dizendo, certa vez eu assistia um amigo fazer mágicas e em um determinado momento ele pediu a minha ajuda na realização de um número. Ele me deu um baralho e pediu para que eu o embaralhasse da maneira como achasse melhor. Na sequência ele pediu para que eu pensasse em uma carta qualquer e dissesse qualquer número entre 1 e 52. Eu mesmo contei as cartas do baralho e exatamente no número que eu havia dito, lá estava a carta que eu havia pensado.
- "Milagre!" - pensei eu - "Como pode? Este cara só pode ter feito pacto com o capeta!" (na verdade eu não pensei exatamente isto, mas infelizmente é algo que muitos pensam quando se deparam com o impossível acontecendo bem diante de seus olhos).
Dias depois eu encontrei este mesmo amigo e lhe disse o quanto a sua mágica havia me impressionado, relatando-a novamente para ele exatamente como o fiz logo acima. Ele olhou pra mim e me disse sorrindo: "Mas não foi exatamente isto o que aconteceu!" Ele repetiu a mágica para mim e aí, bem mais atento e já conhecedor daquilo que estava para ocorrer, pude perceber coisas que não havia percebido antes. Mas o que é pior, eu descobri que em minha mente acabei criando uma sequência de eventos bem diferente da que foi realmente executada. Foi a minha falsa memória em ação preenchendo as lacunas geradas pelo esquecimento com idéias que representavam a forma como eu achava que tudo deveria ter sido (é por isto que os ilusionistas evitam repetir suas mágicas para um mesmo público).
Mas por que estou escrevendo sobre isto?
Na próxima postagem eu explico, mas já adianto que o assunto é de arrepiar os cabelos.
Aguarde!
Interessante, meu caro :)
ResponderExcluirE onde ficaria o déjà-vu nessa história?