quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

"Eu quero acreditar" (2ª parte)

.
No exemplo da postagem anterior (o amigo que acreditava no Papai Noel), por que as respostas dele não lhe convenceram? Por que você ainda acha que ele está enganado?

O motivo é porque as respostas que ele lhe deu apenas tornaram ainda mais evidentes o quanto esta crença é absurda e ridícula. Para justificar sua crença, seu amigo inventou do nada, elementos e processos ainda mais incríveis como um trenó mágico, uma roupa incombustível auto-limpante, chaminés mágicas, controle do tempo e onisciência. Você não acredita nele pois sabe que ele está inventando todas essas coisas. As evidências em contrário são volumosas.

Agora deixe-me mostrar outro exemplo.

CASO 2

Imagine que um outro amigo lhe conte a seguinte estória:


Uma noite, eu estava no meu quarto.
De repente, meu quarto fica extremamente brilhante.
A próxima coisa que eu percebo é que há um anjo no meu quarto.
Ele me conta uma estória magnífica.
Ele diz que há uma pilha de placas douradas enterradas ao lado de uma colina em Nova Iorque.
Nessas placas estão os livros de uma raça perdida de um povo judeu que habitava a América do Norte.
Essas placas estão escritas na língua nativa desse povo.
Um dia, esse anjo me levou até essas placas e me deixa levá-las para casa.
Mesmo as placas estando numa língua estrangeira, o anjo me ajuda a decifrá-las e a traduzi-las.
Então essas placas são levadas para o céu, sendo nunca mais vistas.
Eu tenho o livro com a tradução das placas. Ele conta estórias impressionantes — uma civilização inteira de judeus vivendo nos Estados Unidos há 2.000 anos atrás.
E Jesus ressuscitado visita essas pessoas!
Eu também mostrei essas placas douradas para um certo número de pessoas reais que são minhas testemunhas oculares, e eu tenho assinaturas delas confirmando que, de fato, viram e tocaram essas placas antes de serem levadas para o céu.


Agora, o que você me diria sobre esta estória?

Mesmo que ele tenha o livro, em inglês, que conta a estória dessa civilização judaica perdida, e mesmo que ele tenha atestados assinados por testemunhas, o que você diria? Esta estória parece um tanto estranha, não?

Você poderia perguntar algumas questões óbvias. Por exemplo, você poderia perguntar:


- Onde ficam as ruínas e os artefatos desse povo judeu na América? O livro traduzido das placas fala sobre milhões de judeus fazendo todo o tipo de coisas na América. Eles tinham cavalos, gados, carruagens, armaduras e grandes cidades. O que aconteceu com tudo isso?

Seu amigo simplesmente lhe responderia que está tudo lá, mas ainda não encontramos nada.

- Nem mesmo uma cidade? Ou uma roda de carruagem? Nem um elmo?

Não, não encontramos nenhum sinal de evidência, mas está tudo em algum lugar - ele confiantemente lhe responde.

Você faz dúzias de perguntas como estas e ele prontamente responde a todas elas.

Se você contasse esta estória do seu amigo para outras pessoas, acredito muitos deles achariam que seu amigo é meio lunático ou esquizofrênico. Eles simplesmente não acreditariam na existência destas placas, nem no anjo que o visitou, e que na verdade ele teria escrito o livro por si mesmo. A maioria das pessoas iria ignorar as assinaturas (fazer pessoas atestarem algo não prova nada), pois ele poderia ter pago as testemunhas, ou poderia tê-las inventado. A maioria das pessoas rejeitaria esta estória sem dúvida.

O que é mais interessante é que há milhões de pessoas que acreditam nesta estória de um anjo, das placas e da civilização judaica vivendo na América do Norte há 2.000 anos atrás. Esses milhões de pessoas são membros da Igreja Mórmon, cuja matriz fica na cidade de Salt Lake, Utah.


A pessoa que contou esta incrível estória se chama Joseph Smith e ele viveu nos Estados Unidos no começo do século XIX. Ele contou esta estória e anotou o que ele “traduziu das placas douradas” no Livro dos Mórmons.

Se você encontrar um mórmon e perguntar sobre esta estória, ele passará horas te contando sobre ela. Eles podem responder cada uma das questões que você tiver.

Ainda assim, 5,99 bilhões de pessoas que não são mórmons podem ver com total clareza que esta estória é uma ilusão. Simples assim. Você e todos os demais que não são mórmons sabem com 100% de certeza que a estória dos mórmons não é nada diferente da estória do Papai Noel. E tal conclusão não vem de qualquer tipo de preconceito contra esta crença, mas simplesmente porque as evidências em contrário são volumosas.

Mesmo assim, se você tentar dissuadir um membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, já sabe que, por mais lógicos e racionais sejam os seus argumentos, ele não te ouvirá por uma simples razão:

ELE QUER ACREDITAR!


Amanhã trarei mais um exemplo.

Continua...


(Texto adaptado de "Understanding religious delusion")

3 comentários:

  1. Cleiton,

    Excelente série e pode ir bem longe, colhendo excelentes resultados.

    Abraços.

    ResponderExcluir
  2. É difícil de acreditar que alguém se deixe convencer por uma história como a de Joseph Smith. O sujeito tem que estar muitíssimo disposto a acreditar.

    ResponderExcluir
  3. A mesma coisa pode-se dizer sobre a "PROFETISA" da igreja adventista,ELLEN G. WHITE,tem que ter muita disposição pra acreditar.

    ResponderExcluir