terça-feira, 21 de outubro de 2008

Todo mágico deveria ser um cético!


Ontem a noite estava tendo uma animada conversa com alguns amigos da AMSP (Associação de Mágicos de São Paulo) quando, devido a um comentário rápido que fiz sobre o episódio envolvendo o mágico Criss Angel e médium Jim Callahan (ver postagem anterior), a conversa acabou descambando para o espiritismo.

Quando um amigo iniciou uma certa apologia das manifestações espirituais com base em sua experiência de vida, imediatamente percebi o desconforto que aquela discussão começou causar para alguns mágicos ali presentes.

Um deles mudou de lugar, sentou-se ao meu lado, e eu então lhe dirigi uma pergunta: "Você é um cético?"


Sua resposta não me surpreendeu, porém a ênfase como foi respondida sim. Ele acenando afirmativamente com a cabeça, respondeu: "Isto é óbvio!" E depois emendou: "Todo mágico deveria ser, pois ele sabe como tudo isto é feito!"

Realmente, o estudo de Artes Mágicas é uma ferramenta metodológica importante na pesquisa científica dos fenômenos tidos como espirituais ou sobrenaturais, pois através deste conhecimento entendemos como tais fenômenos podem ser obtidos por métodos naturais.

Para todos os casos em que existe uma explicação racional, a causa espiritual ou sobrenatural pode ser descartada com absoluta segurança. Desta forma o mágico pode exercer seu ceticismo em relação a estes fenômenos, convicto de que até hoje ninguém foi capaz de comprová-los autênticos e incontestáveis dentro de um ambiente controlado.


E caso exista alguém neste planeta que discorde disto, o desafio de James Randi continua em pé até o dia 6 de março de 2010: "Um milhão de dólares para qualquer um que possa demonstrar, sob condições de observação adequadas, evidências de qualquer poder paranormal, sobrenatural ou oculto".

Já pensou quanta caridade os espíritas poderiam fazer com esta quantia? Mas que estranho! O desafio existe há cerca de dez anos e até hoje ninguém conseguiu provar nada.

O psicólogo, pós-graduado em Psicanálise, mestre em Ciências da Religião pela PUC-SP, Doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia da USP e Mágico Ilusionista especializado em mentalismo, Wellington Zangari, falando sobre a mágica e o pensamento crítico, argumentou:


"Aprender mágica exige que compreendamos que por trás do que desconhecemos ou do que aparentemente é misterioso, como um número de mágica, existe uma interpretação racional. Podemos nos resignar com a aparência e estaremos nos afastando da verdade. Podemos oferecer uma interpretação mágica, supersticiosa, religiosa para um efeito natural e, novamente, estaremos nos afastando da verdade. Essa postura deve ser a mesma que temos em relação a qualquer fato cuja natureza nos seja desconhecida. Ter uma atitude crítica é não aceitar nem a resignação, nem a explicação fácil e sem demonstração. Aprendendo Arte Mágica somos instrumentalizados a desconfiar com 'conhecimento de causa': sei que esse fulano está dizendo que é paranormal, mas conheço várias formas de fazer o que ele faz por meio de técnicas da Arte Mágica. Obviamente, essa desconfiança não pode ser exagerada e se tornar impedimento de observar algo novo, ou seja, não podemos transformar essa desconfiança em negação apriorística. Pensar criticamente é não engolir qualquer alegação como se fosse verdadeira, é uma defesa contra a 'paranormofilia'. Cunhei esse termo, horrível mas útil, para me referir à tendência de certas pessoas a interpretarem tudo como algo 'paranormal'".

Sua postura é muito equilibrada, não acham?

Para quem acha que todo cético é um descrente ateu que vive fazendo galhofa da crença dos outros, aconselho a leitura da postagem Metafísica, Ateísmo e Ceticismo de Frank Viana Carvalho.

6 comentários:

  1. James Randi é um charlatão. Nítido. Se duvida, recomendo a leitura de http://www.criticandokardec.com.br/james_randi.htm

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  2. James Randi, como todo ser humano que defende uma causa com muita paixão, tem os seus defeitos (você também tem os seus). Porém, sair afirmando que, por causa disto, ele é um charlatão é uma atitude típica de quem quer destruir seu trabalho como um todo, justamente por se sentir incomodado com muita coisa que ele revelou, e, o que é pior, por não poder o refuta-lo de forma conclusiva.

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  3. Meu caro Cleiton,

    eu não me sinto incomodado com o que James Randi revelou. Sinto-me incomodado, isso sim, com o que ele não revelou. Ele esconde e distorce os resultados parapsicológicos a seu bel-prazer. Quer mais um exemplo? Vejamos a questão Randi x Sheldrake.

    Sheldrake acusou Randi de ter mentido a respeito da pesquisa dele com os cães, e Randi admitiu.

    http://www.sheldrake.org/D&C/controversies/randi.html

    In Dog World, Randi stated: "Viewing the entire tape, we see that the dog responded to every car that drove by, and to every person who walked by." This is simply not true, and Randi now admits that he has never seen the tape.

    Veja ele admitindo a mentira no comentário de 17 de janeiro de 2003:

    http://www.randi.org/jr/011703.html

    My experience with Rupert Sheldrake has all been by e-mail, and my attempts to test his wonders have been refused. In describing his "dog" tests some years back, I made an error, promptly admitted it, and seemed at that point to have been written off his list as an incompetent, a condition that's remained ever since.

    Mesmo admitindo que ele errou, ele ainda ataca Sheldrake, um cientista com publicações em revistas indexadas e com fator de impacto na comunidade científica.

    Todo mundo erra, meu caro, mas se Randi fosse um cientista, tal mentira (sem mencionar as outras) certamente teria-lhe valido a exclusão da comunidade científica.

    Randi tem coisas boas? Tem. Infelizmente, tem-se que garimpar muito para achá-las...

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  4. As pesquisas de Rupert Sheldrake sobre os campos morfogenéticos são muito interessantes. Estou pensando em escrever algo em meu blog sobre eles.

    Somente uma pequena observação ao leitor: Sheldrake não é um médium ou um psíquico que alega ter poderes mediúnicos ou sobrenaturais, mas um cientista que desenvolveu a teoria da ressonância mórfíca como uma tentativa de explicar cientificamente alguns fenômenos erroneamente considerados como sobrenaturais.

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  5. Amigo Cleiton.

    Só complementando: a rixa entre Sheldrake e Randi se deu numa desavença entre ambos sobre a questão da PES em animais. Segundo consta, Sheldrake teria obtido resultados interessantes na "telepatia canina". Randi discordou dos achados. O host do site Skeptiko e patrocinador de pesquisas em áreas "limites" da ciência, Alex Tsakiris, replicou os achados de Sheldrake. Assim, Tsakiris tentou intermediar um protocolo onde os três, Sheldrake, Tsakiris e Randi participassem juntos. Randi afirmou que só aceitaria se ele próprio dirigisse o experimento e que esse ocorrese na James Randi Educational Foundation. Tsakiris e Sheldrake obviamente recusaram, pois isso poderia por em risco toda a lisura do processo. Tsakiris ainda dispensou o prêmio de US$ 1.000.000,00 oferecido por Randi, mas ainda assim Randi se recusou a participar caso não fosse o diretor do experimento.

    Mais detalhes em:

    http://parapsi.blogspot.com/2008/05/as-ltimas-sobre-fuga-de-randi-do.html

    e

    http://parapsi.blogspot.com/2008/05/randi-recua-novamente.html

    Espero ter sido útil.

    Abraços Fraternos.

    Mozart Rolim

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