sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Mensagens Subliminares ou Pareidolia?

por Cleiton Heredia


Mensagem Subliminar todo mundo sabe o que é, mas “pareidolia”...

Calma! Não se trata de algum tipo de crise de flatulência ou qualquer outro tipo de desarranjo intestinal.

Este termo “descreve um fenômeno psicológico que envolve um vago e aleatório estímulo (em geral uma imagem ou som) sendo percebido como algo distinto e significativo” (conf. Wikipédia).


Sabe aquela brincadeira de ficar olhando para as nuvens procurando identificar suas formas? Pois é, em uma mesma nuvem uma pessoa pode ver um inocente gatinho dormindo, enquanto que a outra um assustador dragão cuspindo fogo pelas ventas. Isto é um exemplo clássico de Pareidolia Visual.

Na verdade nem a imagem do gatinho nem a do dragão estão desenhadas nas nuvens, mas sim dentro da cabeça das pessoas que a vêem (por este motivo que um mesmo estímulo visual pode gerar diferentes interpretações).

O fenômeno da pareidolia pode ser considerado um ótimo teste para se descobrir o que vai dentro da cabeça das pessoas. Uma pessoa que goste de gatinhos, provavelmente irá vê-los nas nuvens, enquanto uma outra viciada no jogo RPG “Dungeons and Dragons” (Calabouços e Dragões) verá as mesmas imagens com as quais diariamente alimenta sua mente (os psicólogos possuem alguns testes baseados na interpretação de manchas disformes para conseguir avaliar a personalidade de seus pacientes).

Já li e ouvi muita coisa sobre mensagem subliminar, e mesmo reconhecendo a realidade de vários casos onde ela pode ser claramente identificada como uma técnica inserida propositalmente, precisamos reconhecer que um grande número dos casos identificados como suspeitos não passam de pareidolia visual ou auditiva (os fanáticos religiosos são craques neste tipo de coisa).

Alguns exemplos clássicos:

Seria a cara de um bode (símbolo do diabo no satanismo) a imagem estampada no rótulo do shampoo?


Será que o artista “sacaneou” de propósito?


Se não fosse lhe mostrado, você conseguiria ver a mulher sentada com as pernas abertas?


Este não tem como negar qual foi a real intenção do artista!


Agora, haja criatividade “falo-brauliológica” para enxergar um pênis flácido nesta moeda!


E quanto ao famoso pênis (nada flácido) no castelo da Pequena Sereia (Disney)? Você conseguiu enxergá-lo?


Mas entre os fatos concretos de mensagens subliminares e os casos frutos da imaginação de quem vê ou ouve, assista ao vídeo a seguir para você ter uma noção da amplitude do tema:


Já neste outro vídeo, bem mais tendencioso, podemos verificar claramente alguns casos de pareidolia auditiva:


Falando em pareidolia auditiva, recentemente nos Estados Unidos, a boneca “Little Mommy Real Loving Baby Cuddle and Coo” (Fisher-Price) foi acusada de exaltar o islamismo ao mesmo tempo em que enaltece o diabo. O problema todo reside na forma como alguns “querem” entender o balbuciar infantil da boneca falante.

Os fabricantes alegam que a única palavra que a boneca fala é “mommy” (mama) e todos os outros sons aleatórios e incompreensíveis não querem dizer absolutamente nada. Assista ao vídeo seguinte e ouça a boneca em funcionamento (as frases são: "Islam is the light" e "Satan is king"):


Brincadeiras à parte, este caso da boneca nos ensina como o preconceito e as crenças das pessoas acabam determinando a vontade de acreditar exatamente naquilo que se quer. No caso dos americanos de extrema direita (tão fundamentalistas quanto aqueles a quem acusam), a relação entre as duas frases pode até parecer um tanto quanto lógica, porém qualquer pessoa esclarecida entenderá que tanto no islamismo como no cristianismo o diabo é sempre o personagem que representa o mal.

O fato é que tanto as crenças religiosas como os preconceitos de uma pessoa sempre irão determinar a sua forma de interpretar o mundo ao seu redor. Os acontecimentos simplesmente se sucedem, assim como as nuvens simplesmente vão mudando pela ação do vento, porém, sempre acabarão adquirindo o formato e significado que a mente lhe quiser conceber (ninguém está isento disto).

Portanto, sabendo que os dragões não estão nas nuvens, mas dentro de nossas cabeças, seria muito prudente de nossa parte evitar a todo custo o dogmatismo e procurar diligentemente enxergar todas as possibilidades de interpretação, antes de estabelecer conceitos e fazer julgamentos.

E assim chegamos na postagem de número 100.

3 comentários:

  1. Ótimo texto!

    Quanto ao que se vê ou se quer ver ficou excepcional.

    O que dizer do que é ouvido, por exemplo, girando um disco ao contrário?

    Abraços!

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  2. eu creio muito mais numa ilusão da mente ao ver ou ouvir algo que se pareça com outras coisas do que nessa idiotice retrograda e ignorante de algumas pessoas sem o menor esclarecimento de achar que é coisa do diabo

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