domingo, 12 de outubro de 2008

Espiritismo Moderno ou Ilusionismo Antigo – Parte 10


Entre os diversos mágicos que denunciavam publicamente as grandes fraudes propagadas pelos divulgadores do movimento espiritualista moderno, estava o grande Houdini.

Sua vida como mágico de feitos inigualáveis pode ser dividida em duas fases. Na primeira ele se consolidou como o maior mágico especialista em fugas que o mundo já conheceu: "Houdini, o Rei das Algemas". Entre seus fantásticos feitos, sempre muito ousados e criativos, temos: Saltar de uma ponte preso com algemas; Escapar de um barril de leite lançado num rio; Escapar de um grande tanque de cerveja; Livra-se de uma camisa de forças enquanto suspenso de ponta cabeça a vários metros do solo; Fugir de uma cela após ser algemado completamente nu, entre muitos outros.

Na década de 1920, logo após a morte de sua mãe, ele inicia sua nova fase como "Houdini, o Investigador Psíquico", expondo abertamente as fraudes utilizadas por aqueles que se diziam possuidores de poderes psíquicos sobrenaturais, ou revelando os truques utilizados pelos médiuns como "prova" de seus pretensos contatos com os mortos.


Houdini sempre fez questão de manter suas realizações como mágico completamente dissociadas dos atos espiritualistas. Ele sempre deixava bem claro que suas fugas eram produto de treinamento físico, habilidade, e uma força de vontade poderosa. Para tanto, além das declarações públicas, fazia questão de exibir seu físico muito bem condicionado, bem como sua brilhante engenhosidade e grande coragem.

Porém, Houdini não foi sempre avesso ao espiritualismo. Na verdade ele no começo até que se mostrava um tanto quanto favorável. Seu interesse começou após tornar-se amigo do médico e autor criador do famoso personagem literário Sherlock Homes: Sir Arthur Conan Doyle; que era defensor ardente do espiritualismo nos anos vinte.


Doyle, que havia perdido seu filho na Primeira Guerra Mundial, entendeu encontrar conforto na doutrina espírita, mas sua delicada situação de perda apenas o tornou tremendamente suscetível à influência dos médiuns aproveitadores e fraudulentos.

Houdini, demonstrando possuir uma mente aberta, foi encaminhado por Doyle para assistir algumas sessões espíritas. O quarto filme de Houdini: "The Man from Beyond" (Um Homem do Além - 1922) demonstra algumas influências espiritualistas, bem como, ao final, traz uma citação de um dos livros de seu amigo Doyle: "Os grandes professores da terra - de Zoroastro até Moisés e Cristo... ensinaram a imortalidade e progressão da alma".

Mas esta apreciação favorável de Houdini para com os ensinamentos espíritas terminou de forma bombástica no verão de 1922. Tudo aconteceu em uma sessão na cidade Atlantic City onde estavam presentes Houdini, sua esposa Bess, Doyle e sua família. Durante a sessão no quarto de hotel do escritor, a esposa de Doyle "contatou" a querida mãe falecida de Houdini, Cecília Weiss, e registrou seus pronunciamentos psicograficamente.


Um dos trechos da transcrição de quinze páginas trazia: "Deus o abençoe também, Sir Arthur, pelo que você está fazendo para nós - para nós aqui em cima - que precisamos entrar em contato com nossos amados no plano terrestre".

Enquanto Doyle e sua esposa se emocionavam com o "tocante" contato, Houdini demonstrava nítida irritação com tudo que acabara de presenciar. Ele disse que aquela maneira formal de se comunicar não era de sua mãe, e também destacou que era muito estranho vê-la se comunicando em uma língua (inglês) que ela nunca falou (ela falava alemão).

Um outro ponto que deixou Houdini profundamente irritado foi que a mensagem de sua suposta mãe não incluiu nenhuma referência pessoal, muito menos continha qualquer menção àquela data especial escolhida propositalmente por ele: data do aniversário de sua mãe.

Ele disse posteriormente: "Se tivesse sido o Espírito de minha querida mãe comunicando uma mensagem, ela, sabendo que seu aniversário era meu feriado mais santo, seguramente teria feito um comentário sobre isto".


Aquela sessão abriu os olhos de Houdini levando-o a ponderar racionalmente sobre a realidade por trás do espiritualismo: farsa, mentiras, enganações, fraudes e manipulação das mentes crédulas. Em 1923 Houdini começa expor seu ceticismo sobre o espiritualismo, o que pôs um fim a sua amizade com Doyle e iniciou uma batalha pelas páginas do New York Times, onde cada um deles trocava respostas iradas.


Em 1924 Houdini escreveu o livro "A Magician Among the Spirits" (Um Mágico Entre os Espíritos), onde continuamente se referia à credulidade sem fundamento de Doyle. Este por sua vez retrucava dizendo tratar-se de "um livro malicioso, cheio de todo tipo de má representação". Doyle também se referia aos textos de Houdini como "lixo!" e dizia que ele nunca explicou o que seria uma evidência crível.

Continua...

2 comentários:

  1. Cleiton:

    Esse assunto, ao que me parece, é fonte inesgotável e interessante.

    SDS

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  2. Parabéns, brother... sou fã do Houdini e penso como ele, quanto a essas técnicas utilizadas pelos mediums.

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