domingo, 5 de outubro de 2008

Espiritismo Moderno ou Ilusionismo Antigo - Parte 6


Acredito que todos já devam ter ouvido falar de Francisco Cândido Xavier, mais conhecido como Chico Xavier, o mais famoso médium brasileiro. Sua especialidade era a mediunidade psicográfica (escrever aquilo que é ditado pelos "espíritos desencarnados"), com a qual escreveu e publicou 412 livros.

Mineiro nascido no ano de 1910, demonstrou deste pequeno uma enorme habilidade para escrever poemas e narrar histórias. Este dom foi identificado por sua professora, conhecida como Dona Rosália, que lia seus textos com admiração. Ela começou mostrar estes textos para alguns amigos íntimos que, de forma unânime, acreditavam que os textos ou eram copiados ou eram "inspirados" por bons espíritos.

Carambolas!!! Será que ninguém observou que o rapaz tinha um intelecto superdotado e possuía um dom nato para escrever?

Bem, mas ao que parece, ou acabaram convencendo o Chico que ele não tinha dom algum e que tudo aquilo que produzia intelectualmente vinha do além, ou ele mesmo escolheu camuflar seu fantástico dom literário com esta idéia de psicografia por razões que podemos aqui apenas conjeturar. Complexo de inferioridade? Caminho mais curto para a fama? (textos ditados por pessoas mortas e em especial famosas, como Olavo Bilac, chamam muito mais atenção do que textos escritos por um Chico qualquer).


Sejam lá quais foram suas intenções ou motivações para atribuir aos mortos aquilo que sua prodigiosa mente produzia, precisamos, a bem da verdade, descartar o interesse por vantagens financeiras. Ele nunca aceitou um centavo sequer do dinheiro arrecadado pela vendagem dos mais de 20 milhões de exemplares, mas desde o primeiro livro cedeu todos os direitos autorais para organizações espíritas e instituições de caridade. Sempre teve uma vida muito humilde e simples.

O que as pessoas pouco sabem é que Chico Xavier tinha um sobrinho, chamado Amauri Pena Xavier, que também alegava ser médium, mas que na verdade era possuidor do mesmo dom literário do tio.

Amauri Pena nasceu no ano de 1933 e desde criança escrevia poemas de uma qualidade incomum. Entre eles, teria se destacado um, intitulado "Os Cruzílidas", cujos versos eram "assinados" por Camões (pelo menos é o que ele alegava), e narravam a história espiritual do descobrimento do Brasil (uma epopéia no mundo espiritual à época do descobrimento do país que contava como Cabral teria sido acompanhado de perto pelos espíritos).

Esse trabalho do jovem teria sido acompanhado de perto, durante muito tempo, pelo professor Rubens Costa Romanelli, um dos fundadores da União Juventude Espiritual de Minas Gerais, e secretário do jornal O Espírita Mineiro.

Até aí nada de tão estranho! Tudo indicava que mais um jovem talentoso havia escolhido trilhar o mesmo caminho fantasioso escolhido por Chico Xavier. Porém, em 1958, quando estava com 25 anos de idade, o jovem Amauri teve uma crise de consciência e dirigiu-se à redação do "Diário de Minas" com a intenção de desabafar.

Ele disse que precisava livrar-se de um peso na consciência, uma vez que há muitos anos escrevia poemas atribuindo os textos ao espírito de Castro Alves, mas que tudo isso era mentira. Leia abaixo suas constrangedoras declarações:


"Aquilo que tenho escrito foi criado pela minha própria imaginação, sem interferência do outro mundo ou de qualquer outro fenômeno miraculoso. Assim como tio Chico, tenho enorme facilidade para fazer versos, imitando qualquer estilo de grandes autores. Como ele, descobri isso muito cedo. Tio Chico é inteligente, lê muito e, com ou sem auxílio do outro mundo, vai continuar escrevendo seus versos e seus livros".

(...)

"Depois de anos, resolvi por uma questão de consciência contar a verdade".

(...)

"Vi-me, então, diante de duas alternativas: mergulhar de vez na mentira e arruinar-me para sempre ou levantar-se corajosamente para penitenciar-me diante do mundo e de mim mesmo, libertando-me definitivamente. Foi o que resolvi fazer".

(...)

"Tenho uma obra idêntica (ao "Parnaso do Além Túmulo", de Chico Xavier) e, para fazê-la, não recorri a nenhuma psicografia".

Na época estas declarações foram muito exploradas pela mídia. O jornal "O Globo", no Rio de Janeiro, estampou em manchete, na primeira página da edição de 16 de Julho:

"Desmascarado Chico Xavier pelo sobrinho e auxiliar!" O texto era incisivo: "Depois de se submeter ao papel de mistificador durante anos, o jovem Amauri Pena, sobrinho de Chico Xavier, resolveu, por uma questão de consciência, revelar toda a verdade! Chico Xavier era, desde muito cedo, um devorador de livros."

É claro que os espíritas da FEB (Federação Espírita Brasileira) "caíram de pau" em cima do rapaz e tentaram se defender dizendo que se até Jesus teve um traidor entre seus seguidores, eles não estariam isentos de tração. No entanto, Chico Xavier, embora visivelmente surpreso e magoado com a atitude do sobrinho, declarou:


"Meu sobrinho, até agora, não freqüentou reuniões espíritas ao meu lado, mas posso acrescentar que ele tem estado num grupo de espíritas muito responsáveis em Belo Horizonte, junto dos quais sempre recebeu orientação com muito mais segurança que junto a mim."

(...)

"Meu sobrinho é muito moço e, pelo que observo, é portador de um idealismo ardente, em sua sinceridade para consigo mesmo. De minha parte, peço a Jesus, com muita sinceridade, para que ele seja muito feliz no caminho que escolher."

Interessante esta declaração, não é mesmo? Chico Xavier fala que seu sobrinho é um "idealista ardente em sua sinceridade para consigo mesmo". Você prestou bem atenção nestas duas palavras? IDEALISTA e SINCERO!

Por que será que naquela ocasião quando "a bomba tinha estourado", não falou simplesmente que seu sobrinho era um perturbado e um mentiroso, como o fez somente anos mais tarde nesta outra declaração?

"Quanto ao meu sobrinho, era um perturbado. Bebia muito, não trabalhava direito, acabou louco. E morreu há alguns anos. Ele fez aquilo, ao que parece, pela sedução do dinheiro. Que o altíssimo o perdoe."

Por ocasião da primeira declaração de Chico Xavier, seu sobrinho ainda estava vivo e ele sabia que se escolhesse "bater de frente", mais coisas poderiam ser reveladas. Porém, depois que o sobrinho morreu, nada mais o impedia de ser mais contundente (como diz o ditado: "chutar cão morto é fácil").

Mas a verdade é que realmente Amauri Pena se embrenhou no vício do alcoolismo e acredita-se que tenha morrido atropelado. Pois é... mais um que, a semelhança das "Irmãs Fox", sucumbiu diante da pressão psicológica sofrida para manter uma farsa como se fosse verdade, refugiando-se no álcool.

Alguns podem erroneamente concluir que negar ou brincar com os "espíritos" pode atrair trágicas consequências, mas na verdade a grande tragédia que destrói o ser humano é o peso na alma (consciência) proveniente da culpa por ter escolhido viver uma mentira como se fosse verdade.

Continua...

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