quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Geração F (Geração Facebook)

por Cleiton Heredia


Há um tempo atrás publiquei uma série de postagens intitulada Conflito de Gerações aonde procurei escrever sobre as principais características de cada geração desde os anos de 1925 até os dias atuais. As gerações apresentadas foram as seguintes:

1) Geração Silenciosa (1925-1945)
2) Geração Baby Boomer (1946-1964)
3) Geração X (1965-1980)
4) Geração Y (1980-1990)
5) Geração Z (após 1990)

Lendo um interessante artigo de Gary Hamel, que tem uma coluna no Wall Street Journal, deparei-me com a existência de uma "nova" geração, a Geração F ou Geração Facebook.

Na verdade, esta Geração F nada mais é do que uma especialização da própria Geração Z, porém com a característica distinta de ser uma geração de crianças e jovens que crescem se relacionando através das redes sociais online.

Existem centenas destas redes de relacionamento espalhadas pela internet, sendo que as mais famosas e utilizadas mundialmente são: Facebook, Orkut, Myspace e Twitter. Segundo estudos recentes, no Brasil o ranking Top 10 das redes sociais por números de usuários ativos é o seguinte:

1. Orkut – 26 milhões
2. Youtube – 20 milhões
3. Twitter – 9.8 milhões
4. Facebook – 9.6 milhões
5. Yahoo Respostas – 5.5 milhões
6. Flickr – 3.5 milhões
7. Ning – 3 milhões
8. Sonico – 2 milhões
9. Myspace – 1,5 milhão
10.LinkedIn – 1,5 milhão

É interessante perceber que o Youtube é classificado como uma rede social, muito embora alguns apenas o vejam como um lugar para armazenar e assistir vídeos. Segundo a teoria de Boyd e Ellison, um site é considerado uma rede social quando oferece ao usuário a capacidade de criar um perfil, exibe a rede de cada usuário e oferece a capacidade de compartilhamento de informações.

E como não podia ser diferente, este "boom" das redes sociais online está por sua vez moldando a forma de pensar e agir de toda uma geração com algumas características bem distintas. Gary Hamel apresenta 12 características destes nativos digitais:

1- Todas as ideias competem no mesmo patamar. As ideias na web são seguidas e não impostas, ganham tração de acordo com o seu mérito e não por poderes políticos ou por serem patrocinadas.

2- Contribuição conta mais do que a credencial. Quando você coloca um vídeo no You Tube ninguém pergunta se você fez curso de cinema. Na web não importa sua posição, currículo ou título acadêmico, importa o conteúdo e criatividade.

3- Hierarquias são naturais, não impostas. Em um fórum de discussão aqueles que contribuem com as respostas mais resolutivas e inteligentes ganham mais respeito de seus colegas. A hierarquia nasce de baixo para cima.

4- Líderes servem, não presidem. Não existe poder formal, o papel do "líder online" é servir a comunidade.

5- As tarefas são escolhidas, não impostas. As pessoas que escolhem escrever em um blog, trabalhar em um projeto open-source ou participar de fóruns de discussão, o fazem por escolha própria.

6- Grupos se auto definem e se auto organizam. Podemos nos relacionar e acompanhar somente aquelas pessoas e/ou empresas que escolhemos. Sabe aqueles "colegas" de trabalho que você precisa conviver diariamente em reuniões ou projetos? Na web isso não existe.

7- Recursos são atraídos, não alocados. Online, o esforço humano é atraído por projetos que façam sentido para o indivíduo. Os recursos não são alocados de maneira política e hierárquica. A web, é uma economia de mercado onde milhões de pessoas escolhem como e aonde irão gastar o seu tempo e atenção.

8- O poder vem através do compartilhamento de informação, não da mentalidade de escassez. Para ganhar influência e status online, você precisará doar seu conteúdo e conhecimento.

9- As opiniões se acumulam e as decisões são julgadas pelos seus colegas. A sabedoria das multidões chega ao seu ápice no universo online. As ideias ganham seguidores e esse movimento pode causar disruptura em instituições offline.

10- Os usuários podem vetar muitas das políticas decididas. Você pode ter criado e desenvolvido a comunidade online, mas os usuários é que são os donos.

11- As recompensas intrínsecas possuem mais valor. Dinheiro é ótimo mas não deixe de levar em conta o reconhecimento e prazer de construção de algo que faça sentido para as pessoas.

12- Hackers são heróis. As comunidades online tendem a seguir aqueles que possuem uma visão anti-autoritária e transgressora.

Educadores, Escolas e Empresas precisam estar atentos a essas características que estão no DNA social da Geração F. Não adianta querer remar contra a maré tentando impor sistemas antiquados de gestão e ensino, pois dificilmente conseguirão com eles conquistar e satisfazer os anseios desta geração que tem cada vez mais dificuldade em se realizar na "terra do cubículo".

2 comentários:

  1. O curioso é que no Brasil o Orkut tem mais membros que o Facebook. Entendo que é questão de tempo para que migrem ou para que o Orkut agregue mais poder de interação.

    Como ficam "os coroas" que se envolvem com as redes?

    SDS

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  2. Na verdade o Orkut já mudou bastante na tentativa de evitar que seus usuários migrem para outra rede. Hoje ele já está muito parecido com o Facebook.

    Bem, quanto aos coroas que se envolvem nesta rede, acho que este é um assunto muto bom e que merece uma postagem separada. Vou pesquisar sobre o assunto e vamos ver no que isto vai dar.

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