quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Epicuro estava certo? (Parte 1)

Cleiton Heredia



Epicuro de Samos (341 - 270 a.C.) foi um filósofo grego do período helenístico. Seu pensamento foi muito difundido e numerosos centros epicuristas se desenvolveram na Jônia, no Egito e, a partir do século I, em Roma, onde Lucrécio foi seu maior divulgador.

Ele escreveu:

"Deus deseja prevenir o mal, mas não é capaz? Então não é onipotente.
É capaz, mas não deseja? Então é malevolente.
É capaz e deseja? Então por que o mal existe?
Não é capaz e nem deseja? Então por que lhe chamamos Deus?"


Pretende no momento apenas deter-me na proposição inicial de Epicuro:

1) "Deus deseja prevenir o mal, mas não é capaz? Então não é onipotente"


Aqueles que crêem em um criador pessoal todo-poderoso, cuja essência resume-se em amor e justiça, acreditam que o mal só poderia ser prevenido de forma absoluta e infalível caso este criador não optasse por criar seres morais com o livre arbítrio (liberdade de escolha). Porém, como decidiu por criá-los, precisou assumir o risco que este tipo de criação traria para o universo, ou seja, destes seres usarem sua liberdade de pensamento para escolher o mal e não o bem (teologicamente falando, o mal é definido como o afastamento de Deus em uma atitude de rebeldia ao seu governo - refiro-me à Teologia Cristã).


Estes também afirmam que se Deus criasse seres perfeitos e os programasse para que fossem impedidos de escolher o mal (se rebelar contra Ele), estes não seriam totalmente perfeitos, pois sua fidelidade a Ele seria apenas um ato automático ou um reflexo condicionado e involuntário. Não ficariam ao lado dele por o apreciarem e o amarem, aliás, não poderiam amar de fato, pois o amor verdadeiro implica justamente na condição básica de ser livre para escolher a quem amar de forma totalmente espontânea (você pode programar seu computador para que a cada minuto lhe diga que o ama, mas este tipo de amor não faz o menor sentido).

Em uma análise inicial e sem maiores aprofundamentos preciso ser sincero em reconhecer que este tipo de raciocínio é bastante coerente. Foi exatamente isto que acreditei durante muito tempo. Porém, como a maioria dos crentes faz, eu também não permitia meus pensamentos irem além desta lógica inicial e contentava-me com esta explicação, pois ela era coerente com aquilo que eu queria acreditar.

Após me permitir refletir um pouco melhor sobre este assunto pude perceber que "a conta não fecha" da forma como muitos quiseram me fazer acreditar.

Continua...

3 comentários:

  1. Amigo Cleiton, adorei essa sua postagem eu também ainda não tinha pensado nisso.
    Você com teólogo é a pessoa indicada a nos esclarecer sobre esse assunto que para mim é muito empolgante,vai ficar muito bom aprender contigo.Vou continuar te acompanhando.Um abraço.Zen.

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  2. Cleiton,...Heresia?... He..He..He..
    Comungo igual.

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