quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Houdini contra a Bruxa Loira da Rua Lime (10)

por Massimo Polidoro

(Continuação)

A APARÊNCIA SUSPEITA DO ECTOPLASMA DE MARGERY


Em 1924, enquanto as discussões continuavam, Margery começou a produzir ectoplasma durante suas sessões espíritas. Como outra famosa médium, Eva C., sua substância também foi dita sair de seus orifícios corpóreos. Isto é uma suposição, naturalmente, já que costumeiramente Eva atuava na escuridão.

Entretanto, a fama de Margery tinha se espalhado pela Europa e ela se tornou particularmente bem conhecida na Inglaterra.

Conan Doyle, que já tinha encontrado os Crandons, expressou o desejo de participar em novas sessões com a médium, mas a reunião nunca aconteceu e os jornais informaram: “Margery Teme que Nevoeiro Possa Impedir as Sessões em Londres”.


A Sociedade Americana para Pesquisa Psíquica também ficou interessada no caso e se a médium não viesse à Sociedade, a Sociedade iria até a médium. Isto aconteceu quando o pesquisador inglês Eric J. Dingwall ficou impressionado durante uma sessão espírita feita na luz vermelha de uma lanterna ligada e desligada pelo Dr. Crandon seguindo as ordens de ‘Walter’, quando coisas que pareciam-se com mãos se materializaram no colo de Margery. Animado, ele escreveu ao pesquisador psíquico von Shrenck-Notzing:


"É o mais belo caso de telecinese teleplástica com que estou familiarizado. Pode-se livremente tocar o teleplasma. As mãos materializadas estão unidas por cordões ao corpo da médium; elas agarram os objetos e os movem. As massas teleplásticas são visíveis e tangíveis sobre a mesa, em excelente luz vermelha eu seguro as mãos da médium; vejo dedos e os sinto em boa luz. O controle é irrepreensível" (Dingwall, 1928).


O entusiasmo, no entanto, morreu rapidamente e Dingwall começou a ter dúvidas. Compreendeu que ele nunca tinha podido realmente ver o ectoplasma sair do corpo da médium. A fraca luz não era tão boa quanto ele anteriormente de forma entusiástica tinha descrito, e as mãos talvez não tenha sido completamente formadas e eram estáticas antes que portadoras de movimento.


Dingwall lembrou-se de que quando lhe foi permitido segurar a substância materializada, a médium imediatamente começou a se virar em sua cadeira e a massa foi retirada da minha mão. Parecia simplesmente uma sacola elástica e amassada quando foi puxada longe. Tentei segui-la quando caiu no colo da médium, mas ela resistiu arduamente, jogando sua perna esquerda para a mesa e forçando minha mão para longe daquilo com a sua própria. Outra prova crucial tinha fracassado completamente (Dingwall, 1928).


A substância estava claramente inanimada. Em um ponto, enquanto o ectoplasma materializante era iluminado, Margery de fato colocou no chão a mão dela com a mão de Dingwall ainda controlando-o, e jogou a massa sobre a mesa.

Mas do que esta substância era feita? Os quadros tomados por Dingwall mostram um ectoplasma muito duvidoso. A massa tinha a aparência de tecido animal e um exame das ampliações das fotografias exibia certas marcações de anel que Dingwall pensou “fortemente assemelharem-se aos anéis cartilaginosos achados na traquéia mamífera. Esta descoberta levou(o) à teoria que as mãos eram fraudulentamente feitas de algum material de pulmão animal, tecido cortado e unido, e que parte da traquéia tinha sido usada para o mesmo propósito”.


Mais exames dos quadros por biólogos em Harvard levaram à mesma conclusão – o ectoplasma “indubitavelmente era composto do tecido pulmonar de algum animal” (Tietze, 1973). Além de ir a qualquer açougueiro e obter o material, o Dr. Gandon não teria qualquer dificuldade em obter as substâncias necessárias já que trabalhava no Hospital de Boston. No seu relatório, Dingwall preferiu não tirar qualquer conclusão, mas sugeriu que a médium podia esconder o ectoplasma fraudulento em suas cavidades corpóreas e podia expulsá-lo depois através de contração muscular.


Nesse ínterim, o Comitê da Scientific American por fim emitiu seu veredito oficial em 11 de fevereiro, 1925. O relatório declarou:

“Observamos fenômenos, cujo método de produção nós não podemos em cada caso alegado ter descoberto. Mas nós não observamos nenhum fenômeno em que pudéssemos afirmar que eles não tivessem sido produzidos por meio normal”.

Dificilmente o que Houdini teria gostado, mas em todo o caso, isto ao menos queria dizer que Margery não tinha ganho o prêmio.

Continua...

Um comentário:

  1. Ricardo,

    Obrigado pela indicação!

    Para mim é sempre uma grande honra fazer parte deste seleto grupo de instigantes blogueiros.

    O problema agora será encontrar outros 7 blogs para repassar a premiação, pois todos os blogs instigantes que conheço já foram premiados (inclusive o seu que eu considero um dos mais instigantes de todos).

    Mesmo assim vou tentar.

    Um abraço.

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