quinta-feira, 29 de maio de 2008

Prova ou Evidência?


Devido ao “caloroso” debate que estou tendo com meu amigo Ricardo Cluk a respeito do assunto apresentado na postagem anterior, resolvi sair em busca da real definição conceitual de prova e evidência.

A seguir resumo um texto extraído do site milgalhas.com.br na seção Gramatigalhas:

Evidência (ou prova?)

1) Para a Lógica Formal, evidente é o que está claro para todos e é por todos aceito sem necessidade de demonstração ou comprovação.

2) Os livros de processo civil assim definem a palavra prova: “o meio e modo de que usam os litigantes para convencer o juiz da verdade da afirmação de um fato, bem como o meio e modo de que se serve o juiz para formar sua convicção sobre os fatos que constituem a base empírica da realidade” (José Frederico Marques, Manual de Direito Processual Civil, vol. II. 1ª edição atualizada, pág. 207). Mittermayer define prova como a soma dos meios produtores de certeza.

3) Só desse confronto de conceitos, já se conclui que não se pode ter algo que precisa de prova, ou mesmo a prova em si, como uma evidência. No máximo, o que se pode ter nos autos de um processo é a evidência como o resultado de uma apreciação conjunta e conjugada da prova.

4) Desse modo, vê-se com facilidade que é equivocado o emprego de evidência para significar prova, como se dá nos seguintes exemplos:

a) A polícia colheu, no local, evidências de que os pais de Isabela foram os assassinos;
b) As evidências produzidas pela acusação irão fulminar os argumentos da defesa.

Tais exemplos devem ser assim corrigidos:

a) A polícia colheu, no local, provas de que os pais de Isabela foram os assassinos;
b) As provas produzidas pela acusação irão fulminar os argumentos da defesa.

No caso anterior, se o que a polícia colheu no local foram vestígios que constituem princípio de prova e podem conduzir ao conhecimento de elementos significativos do fato delituoso, então o que se tem é um indício, uma prova indiciária. Jamais, porém, uma evidência.

5) A origem do equívoco é facilmente identificável: vem da errônea tradução das legendas dos filmes policiais, pois, em inglês, evidence significa prova, o que não se dá em português.

Portanto, em português:

Evidência significa aquilo que é claro, inequívoco, muito visível, incontestável.

Prova significa um meio de demonstrar que um fato é verdadeiro, ou seja, se existem muitas provas de um fato, pode-se dizer que esse fato é evidente (muito claro, muito visível).

ERRATA: Após entender a diferença conceitual entre evidência e prova, devo admitir que utilizei estas palavras de forma equivocada em meu debate com o Ricardo na postagem anterior.

O correto, pelo menos de acordo com a terminologia jurídica, é falarmos das provas ou indícios do Cristo histórico ou mesmo da existência de Deus. Casos estas provas sejam contundentes, teremos uma evidência da verdade.

3 comentários:

  1. Cleiton:

    É no direito material que temos uma dimensão mais próxima do que se espera da prova ou ausência dela.

    Costumamos dizer que a prova material é a rainha e que a prova testemunhal é a prostituta (de fácil manipulação).

    A teologia superficial tende a considerar o testemunho (tradição oral) como sendo tão valioso quanto a prova escrita e aí reside o erro.

    Por mais sincero, que seja o primeiro a transmitir o evento, tal acontecimento irá se modificando até chegar ao papel ou outra forma de registro.

    Para os defensores da fé isso tudo é irrelevante. Para fortalecer a fé, conforme o caso, é tudo muito simples. Basta alguém de confiança ter dito que ouviu de outra pessoa de confiança que ouviu de outra...

    Essa mistura criou sérios problemas na interpretação de textos antigos e até mesmo de documentos arqueológicos.

    É impossível tentar descobrir o Cristo histórico e sua teórica mensagem sem fazer todo o jogo da interpretação: a sistemática, gramatical, teleológica...

    Etc...

    Por aí vai.

    SDS

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  2. Cleiton,

    Quando eu afirmo que não há evidência irrefutável quanto à historicidade de Jesus Cristo, não estou dizendo que sou descrente nem que sou crente a esse respeito, apenas que não vou me fazer de cego à realidade dos fatos em beneficio da minha fé ou falta de fé a respeito desse assunto.

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  3. Maravilhosa essa sua colocação entre "evidência" e "prova".

    Era exatamente o que eu estava procurando e foi claro como um dia de sol!

    Muito obrigado.

    Obs: sou ateu, então acho que NÃO temos evidências de que Cristo existiu.

    Abraços e Obrigado novamente.

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