segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ciência, Fé e Religião - Parte 2

por Cleiton Heredia


Vamos a segunda pergunta da entrevista feita pelo jornalista Oduvaldo Donnini com o neurocientista Sam Harris:

G1: O que o Sr. nos diz sobre a tolerância religiosa?

Sam Harris: Bilhões de pessoa acreditam que o criador do universo escreveu (ou ditou) um dos nossos livros (Bíblia ou Alcorão), embora há muitos livros que alegam ter autoria divina, e fazem afirmações incompatíveis entre si a cerca de como nós devemos viver. Doutrinas religiosas rivais fragmentaram o nosso mundo em comunidades morais separadas, e essas divisões se tornaram uma causa incessante de conflitos humanos. Diante de tal quadro impera a intolerância. Ora, o homem racional, inteligente e distante de todo tipo de religião e fé, é, por excelência, tolerante.

Meus comentários:

Antes que um religioso se ofenda achando que Sam Harris quis sugerir que não existam religiosos racionais e inteligentes, eu já adianto que não é nada disso.

O foco nesta resposta é a tolerância religiosa. Precisamos reconhecer que a partir do momento que um religioso acredita com toda convicção que o seu segmento religioso é o verdadeiro, que as suas doutrinas religiosas são a expressão da verdade, e que o seu deus é o único deus verdadeiro, isto significa que ele entende que todas as demais religiões, doutrinas e deuses são falsos, espúrios e mentirosos. Daí vem a intolerância.

Coloque frente a frente um devoto cristão fundamentalista e um devoto mulçumano fundamentalista e peça para eles tentarem convencer um ao outro de que a religião, doutrina e o deus do outro é falso. É claro que ninguém vai querer ceder, e pode ter certeza de que ambos estarão dispostos a matar ou morrer por aquilo que acreditam caso entendam que esta seja a vontade de sua divindade.

Agora, coloque frente a frente um ateu com um devoto cristão fundamentalista. Este diálogo tem tudo para não dar em nada, pois conforme diz aquele ditado popular: "quando um não quer, dois não brigam". Um ateu esclarecido, que é movido pela razão, sabe que o religioso é movido pela fé, e contra a fé não existem argumentos. Para o ateu é fim de papo! Ele poderá continuar a conversa falando de futebol ou política, mas não tocará mais em religião.

Isto acontece porque é muito mais fácil para um ateu movido pela razão saber respeitar a fé do seu semelhante, do que um religioso movido pela fé aceitar sem preconceito o direito do outro em não ver o mundo da mesma forma que ele.

Continua...

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