por Cleiton Heredia
A lei de tolerância zero ao consumo de álcool para quem dirige não impediu que na noite do dia 17/09/2011 um querido amigo, Rafael Baltresca, tivesse a vida de sua mãe, Míriam Baltresca (58 anos), e sua irmã, Bruna (29 anos), ceifadas de forma brutal por um motorista embriagado.
Elas foram passear e comprar um livro no Shopping Villas Lobos, em frente à Marginal Pinheiros, quando, ao saírem do local, foram atingidas por um carro em alta velocidade. O motorista, Marcos Alexandre Martins, de 33 anos, foi preso em flagrante por homicídio doloso, ou seja, com intenção de matar.
No dia do enterro (18/09/11), em entrevista para uma emissora de televisão, Rafael Baltresca disse:
“Espero que o Brasil comece a pensar não apenas no após o acidente, e sim antes, como fazer para prevenir isso, porque depois que aconteceu não adianta multa, não adianta nada, minha mãe e minha irmã já não estão aqui”.
E eu acrescentaria: Pensar em prevenção está intimamente relacionado com o fim da impunidade neste país. Crimes como este precisam ser punidos com rigor exemplar. Quem conduz um veículo em alta velocidade sob efeito do álcool está assumindo a possibilidade de matar alguém e deve ser processado e condenado por crime doloso.
É certo que nada neste mundo poderá reparar o dano causado pela imprudência deste motorista irresponsável (que agora é também um assassino), mas mesmo assim nós, a sociedade, exigimos e esperamos que ele pague na justiça da forma mais exemplar possível.
Hoje, em uma entrevista que deu para a apresentadora Ana Maria Braga no programa "Mais Você" da Rede Globo, Rafael se emocionou falando da campanha que pretende iniciar:
“Eu vou começar uma campanha agora, pois a minha irmã trabalhava com a justiça, e a minha mãe era uma pessoa devota, religiosa. Tudo começa na conscientização da pessoa, o mais importante para a gente é a prevenção. Quando eu bebo, eu bebo em casa. Se sair, vou para algum bar tomar suco, porque vou dirigir. A bebida é uma droga legalizada”
Nossa sociedade precisa entender o peso da responsabilidade que recai sobre os seus ombros ao permitir que uma droga tão prejudicial como o álcool seja usada legalmente. Em outras palavras, se vivemos em uma sociedade onde o álcool é socialmente aceito, então, no mínimo, devem-se criar as leis mais rigorosas possíveis para que possamos todos conviver com esta permissividade. Todo aquele que prejudica o seu próximo sob o efeito do álcool deve ser irremediavelmente punido na proporção exata dos danos que causou, não somente para que haja justiça, mas principalmente para servir de um contínuo alerta para todos que fazem uso desta droga. Não vejo outra forma de convivermos com isto.
Ainda falando sobre sua mais nova missão de vida, Rafael Baltresca disse:
“Deus me deu um propósito de transformar, eu sempre dei aulas e palestras. Eu penso que a nossa vida tem que ter um propósito. Hoje, eu descobri, o grande propósito da minha vida é mudar as pessoas, por isso, daqui para a frente eu vou conscientizar que álcool e direção não combinam”
A entrevista termina com um apelo dramático e emocionado deste jovem que acabara de perder as duas pessoas mais importantes de sua vida (seu pai já havia falecido em 2007):
“Se a gente bobear, daqui a um mês este caso vai acabar no esquecimento, como tantos e tantos. A minha irmã não era advogada à toa, a minha mãe não foi o que foi à toa, elas quiseram passar uma mensagem. Antigamente, isso era algo longe, que estava na TV. Hoje, isso aconteceu comigo, na minha família. A minha família foi destruída, foi desmoronada, então, me ajudem a fazer justiça. Este é um exemplo para o Brasil e para o mundo.”
Quantos queridos mais teremos que perder para as pessoas finalmente se conscientizarem que álcool e volante é uma combinação potencialmente mortal?
Mais um caso marcante. Mais um número na estatística. As pessoas irresponsáveis não sentem medo. Os inocentes pagam.
ResponderExcluirEnéias