sexta-feira, 30 de abril de 2010

Viagem ao Futuro

por Cleiton Heredia


Como vimos na postagem anterior, o fato do tempo poder ser desacelerado nos abre as portas para começarmos a pensar em viagens através do tempo, ou melhor dizendo, em viagens para o futuro.

Como seriam estas viagens para o futuro?


Imagine que você resolva fazer uma rápida visita a algum planeta ao redor da estrela mais próxima do nosso Sol, Alfa Centauri. Como esta estrela está distante de nós uns 4,2 anos-luz e você têm a sua disposição uma moderníssima espaçonave com uma velocidade de cruzeiro de 90% da velocidade da luz (270 mil km/seg), sua viagem de ida e volta irá durar algo entorno de 9,5 anos.

Chegamos ao dia de sua partida! Será hoje, dia 30/04/2010. Você se despede de sua família e amigos e parte para sua inusitada aventura. Ao regressar, nove anos e meio mais tarde, seu diário de bordo registra o dia de sua chegada como sendo o dia 11/09/2019. Porém, você toma um susto ao ser avisado pela torre de comando que o dia na Terra é 11/09/2119. Você acabou de viajar cem anos para o futuro em uma viagem que para você só demorou cerca de nove anos e meio.


Caso esteja ainda pensando que isto não passa de ficção científica, eu quero lhe informar que esse efeito foi checado e confirmado muitas vezes em diferentes experimentos com níveis muito altos de precisão. Por exemplo, em 1971 os cientistas J.C. Hafele e Richard E. Keating deram a volta na Terra (sentido leste) em um avião a jato levando consigo alguns relógios atômicos de alta precisão. Ao completar a viagem os relógios a bordo foram comparados com relógios atômicos de referência do Observatório Naval dos Estados Unidos e constatou-se que os relógios do avião estavam uma pequena fração de segundo atrasados em relação aos relógios do observatório.

Portanto, está comprovado cientificamente que é possível desacelerar o tempo e desta forma empreender viagens ao futuro, nem que seja, por enquanto, conseguir ir apenas algumas pequenas frações de segundos adiante.

Na próxima postagem vamos falar das viagens ao passado. É aí que o bicho pega!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

O que é o Tempo?

por Cleiton Heredia


A maioria de nós possui uma visão newtoniana do tempo, ou seja, que o tempo é absoluto e inflexível. Isaac Newton descrevia o tempo como existente totalmente fora do espaço e independentemente de todos os processos que ocorrem no espaço. De forma quase que instintiva nós pensamos no tempo como fluindo numa taxa constante, como se houvesse um relógio cósmico imaginário que não pode em hipótese alguma ser adiantado ou atrasado.

Albert Einstein revolucionou estes conceitos quando descobriu, por meio de seus estudos sobre a natureza da luz, que o tempo e o espaço não são independentes, mas estão intimamente ligados. Seus estudos deram origem a Teoria da Relatividade Restrita e desencadearam um conjunto de conceitos totalmente novos e desconhecidos na física.


Mas o que é a Teoria da Relatividade Restrita? Bem, de forma hiper-mega-super resumida é a teoria que unifica as três dimensões espaciais com o tempo (dimensão temporal) em algo que os físicos chamam de “espaço-tempo” (é daí que vem a idéia do tempo como a quarta dimensão).

Einstein ampliou o seu modelo e completou sua Teoria da Gravidade, mais conhecida como a Teoria da Relatividade Geral, aonde ele descreve como os efeitos gravitacionais da matéria afetam o espaço-tempo.

Desde Einstein o tempo nunca mais foi o mesmo. Sua Teoria da Relatividade Restrita mostrava que quanto mais perto uma pessoa viaja da velocidade da luz (300 mil km/seg) mais devagar o tempo irá passar. Anos mais tarde, com as experiências realizadas nos aceleradores de partículas atômicas, suas conclusões foram provadas como corretas (os vídeos apresentados na postagem anterior já trataram deste assunto).


As pessoas imaginam que a desaceleração do tempo só ocorre em velocidades extremamente altas (próximas a velocidade da luz), mas na verdade o efeito acontece até mesmo em velocidades bem menores como, por exemplo, a de um atleta correndo os 100 metros rasos. No cronômetro dos juízes que estão fiscalizando a prova o tempo foi cravado em 10 segundos, porém no cronômetro que o corredor carrega consigo o tempo registrado foi de 9.999999999995 segundos. Esta insignificante diferença de apenas cinco psicosegundos entre o cronômetro dos juízes e o cronômetro do corredor aconteceu devido à relação espaço-tempo descoberta por Einstein.

Mas porque o tempo registrado pelo corredor é menor do que o tempo registrado pelos juízes?

Aqui está outro conceito instigante da Teoria da Relatividade Restrita: as distâncias tendem a encurtar conforme você se movimenta mais rápido. Então, por mais maluco que isto possa parecer, para o corredor a distância a ser percorrida é ligeiramente menor do que 100 metros.

Voltando a questão do tempo, muito embora atualmente se conheça as interações entre o espaço e o tempo, ninguém ainda de fato sabe o que é o tempo. As definições que existem são muito vagas e, portanto, o mistério permanece.

Mas o que isto tem haver com as viagens para o futuro ou para o passado?

Na próxima postagem eu tentarei explicar.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Entenda o Conceito Científico da Viagem no Tempo

por Cleiton Heredia


O vídeo logo a seguir é bem didático e pode ajudar aqueles que ainda não entenderam um dos conceitos "teórico-científicos" básicos no qual os físicos fundamentam suas conjecturas sobre as viagens no tempo.


Na sequência disponibilizo mais um vídeo aonde o próprio mestre Carl Sagan irá nos dar uma rápida aula falando-nos de como o tempo se comporta de forma peculiar em velocidades próximas à velocidade da luz.


Isto não tem nada haver com conceitos sobrenaturais! Isto é ciência!

terça-feira, 27 de abril de 2010

O que Carl Sagan disse sobre as Viagens no Tempo

por Cleiton Heredia


O famoso astrônomo Carl Sagan deu uma entrevista durante o making of de "Time Travel" onde respondeu a esta interessante pergunta:

Como um físico, o que você acha da conjectura de proteção cronológica de Stephen Hawking (a qual postula que as leis físicas não permitem máquinas do tempo)?

Veja qual foi a sua resposta (grifos acrescentados):

Houve algumas experiências imaginárias nas quais, justo no momento em que a máquina do tempo é posta para funcionar, o universo conspira para destruí-la, o que levou Hawking e outros a concluir que a natureza conspirará de forma que a viagem no tempo nunca ocorra de fato. Mas ninguém na verdade sabe se este é o caso, e isso não pode ser sabido até que nós tenhamos uma teoria completa da gravidade quântica, que nós não parecemos estar prestes a inventar.


Um dos argumentos de Hawking na conjectura é que nós não somos varridos por milhares de viajantes no tempo do futuro, e, portanto a viagem no tempo é impossível. Eu acho este argumento muito duvidoso, e me faz lembrar muito do argumento de que não pode haver inteligências em outro lugar no espaço, porque caso contrário a Terra seria varrida por aliens. Eu posso pensar em meia dúzia de modos pelos quais nós podemos não ser varridos por viajantes do tempo, e ainda assim a viagem no tempo ser possível.

Em primeiro lugar, pode ser que você possa construir uma máquina do tempo para ir ao futuro, mas não ao passado, e nós não sabemos disto porque nós ainda não inventamos tal máquina do tempo.


Em segundo lugar, poderia ser que a viagem no tempo ao passado é possível, mas eles ainda não chegaram ao nosso tempo, eles estariam muito distantes no futuro e quanto mais você regride no tempo, mais dispendioso seria.

Em terceiro lugar, talvez a viagem no tempo ao passado seja possível, mas só até o momento em que viagem no tempo é inventada. Nós ainda não a inventamos, assim eles não podem vir a nós. Eles podem ir tão ao passado quanto fosse, digamos ao ano 2300, mas não além disso.


Então há a possibilidade de que eles já estão aqui, mas nós não os vemos. Eles têm sistemas de invisibilidade perfeita ou algo assim. Se eles têm tal tecnologia altamente desenvolvida, então por que não? Então há a possibilidade de que eles estão aqui e nós os vemos, mas nós os chamamos de qualquer outra coisa — OVNIs ou fantasmas ou duendes ou fadas ou algo assim.

Finalmente, há a possibilidade de que a viagem no tempo é perfeitamente possível, mas requer um grande avanço em nossa tecnologia, e a civilização humana se destruirá antes que viajantes do tempo a inventem.


Eu estou seguro de que há outras possibilidades também, mas se você apenas pensar nessa gama de possibilidades, eu não acho que o fato de que nós não estamos sendo obviamente visitados por viajantes do tempo mostre que a viagem no tempo é impossível.


Para ler a entrevista completa, clique aqui (em inglês).

Minhas considerações:

Quando uma pessoa afirma com total dogmatismo que a viagem no tempo é impossível de ser realizada, é claro que ela o faz com base no atual conhecimento que temos do universo e das leis da física. Porém, tudo pode mudar com as novas descobertas que a ciência ainda está por realizar. A história está repleta de coisas que anteriormente eram consideradas loucuras completamente impossíveis de serem realizadas, mas hoje já fazem parte do nosso dia a dia.

Como diz meu amigo Ricardo Cluk: "Tudo o que o ser humano imaginar, desde que não transcenda o natural, um dia poderá se tornar realidade".

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Seis Possibilidades Problemáticas da Viagem no Tempo

por Cleiton Heredia

Recentemente li um texto de autoria de Augusto C. B. Areal onde ele analisa as possibilidades (hipotéticas, é claro) da viagem no tempo e por achar interessante tentarei reproduzir aqui suas idéias principais.


1ª Possibilidade - O Passado Imutável

O autor compara esta possibilidade com aquilo que acontecia naquele seriado dos anos 60 e 70, chamado "Túnel do Tempo", onde os viajantes do tempo ao interagir com os fatos do passado passam a fazer parte daquilo que realmente aconteceu (nada é alterado).

Por exemplo: Se um viajante do tempo viesse do ano 3010 para a nossa época isto significa esta viagem ajudou de alguma forma a moldar o futuro de onde ele veio.


2ª Possibilidade - Várias Linhas Temporais Diferentes

Nesta possibilidade o passado pode ser alterado, porém ao ser modificado é criada uma nova linha temporal com eventos totalmente diferentes ocorrendo numa espécie de mundo paralelo.

De acordo com esta possibilidade poderia existir um mundo onde uma pessoa, devido a um evento específico, se tornasse um mendigo e um mundo alternativo onde este evento não ocorreu possibilitando que esta mesma pessoa se tornasse um executivo muito bem sucedido.

Se combinarmos esta possibilidade com os eventos religiosos poderíamos ter um mundo alternativo onde Adão e Eva nunca comeram o fruto proibido por Deus ou até uma linha temporal onde Lúcifer nunca houvesse se transformado no Diabo. Neste caso a onisciência e onipresença de Deus abrangeriam todas as possibilidades de forma que pudesse ser o mesmo Deus em todas as linhas temporais ou seria um Deus diferente para cada universo alternativo? Já imaginou uma linha temporal onde Jesus cedesse às tentações de Lúcifer no deserto?


3ª Possibilidade - Um Novo Passado Transitório

Esta idéia foi originalmente considerada no conto de Geoffrey Landis, "Ondulações no Mar de Dirac", publicado na Isaac Asimov Magazine nº 5 de fevereiro de 1991.

A história é mais ou menos assim: Um homem inventa uma máquina do tempo, mas quando está preste a apresentá-la ao mundo, um incêndio irrompe no hotel onde estava hospedado. Prestes a morrer queimado, ele aciona a máquina e volta vinte anos no passado onde consegue mudá-lo e viver normalmente até que novamente chega o dia do incêndio. Neste exato momento o passado se desfaz e ele volta ao hotel em chamas. Mais uma vez ele entra na máquina do tempo e volta ao passado, novamente vive anos atrás, mudando tudo e até prendendo o cara que incendiou o hotel. Porém de nada adianta, pois quando chega o dia do incêndio, tudo volta ao original. Desta forma ele acaba sempre regressando ao passado para não morrer no incêndio, mas sempre gastando alguns segundos a mais para fazê-lo. Desta forma ele passa a se aproximar cada vez mais perto de ser morto pelo incêndio (caso queira fazer um download da revista e ler o conto, clique aqui).


4ª Possibilidade - A Natureza Nunca Permitirá um Paradoxo

Antes de considerar esta possibilidade permita-me explicar rapidamente o que é um paradoxo temporal: Imagine que você retorne ao passado e por um acidente acabe atropelando e matando o seu avô paterno. Se seu avô morreu isto significa que seu pai nunca irá nascer e consequentemente você nunca existirá. Mas se você nunca existiu como então poderia ter voltado no tempo e atropelado o seu avô?

De acordo com esta possibilidade as leis do universo (ou da natureza) impediriam tal encontro fatal que pudesse de alguma forma alterar o futuro e impedir o seu nascimento. Seria como se você estivesse dirigindo no passado e no instante que está para atropelar o seu avô um campo de força o desvia da estrada.

Esta alternativa entende que o universo ou a natureza (Deus?) sempre agirá de alguma forma para isolar os fluxos temporais e impedir que ocorra qualquer tipo de paradoxo.


5ª Possibilidade - O que é mudado reconverge a um futuro comum

Esta possibilidade aceita que o passado possa ser alterado, porém os novos fatos que dali se originará, depois de um tempo irão acabar convergindo na linha temporal original como que as alterações nunca houvessem ocorrido.

Acho que um exemplo pode facilitar a compreensão: Vamos imaginar que uma pessoa volte ao passado e mate Adolf Hitler antes dele criar a Alemanha nazista. É claro que esta alteração fará com que os eventos mundiais dali para frente sejam completamente diferentes. Porém esta possibilidade entende que depois de algum tempo (nem que sejam milhares ou milhões de anos) os eventos mundiais acabariam convergindo para a mesma linha temporal na qual Hitler viveu normalmente.


6ª Possibilidade - Cada vez que o passado muda o presente também muda

O filme "Efeito Borboleta" considera exatamente esta possibilidade. Cada vez que o protagonista voltava ao passado e o alterava, o "presente" deixava automaticamente de existir, sendo substituído por um novo presente criado a partir da mudança. Seria como se a mudança criasse uma nova linha temporal que apagasse e substituísse por completo a linha que antes existia, como se ela nunca houvesse existido.

Muito maluco tudo isto, não acha?

domingo, 25 de abril de 2010

Uma Prova da Viagem no Tempo?

por Cleiton Heredia

Um dos assuntos que sempre me fascinou é a possibilidade teórica, muito explorada pelos filmes de ficção científica, de se realizar viagens no tempo.

Recentemente descobriram uma foto na coleção do Museu Braloner Pionner em British Columbia no Canadá, onde alguns acreditam terem encontrado nela uma prova fotográfica de um viajante do tempo. Confira a foto logo abaixo:


A foto foi feita na reabertura da ponte de South Fork no Canadá em novembro de 1940 após uma enchente. Como você já deve ter percebido o homem alto do lado direito com óculos estiloso, roupas modernas e uma câmera fotográfica portátil contrasta dos demais como alguém que parece ter vindo de uma época bem mais a frente. Confira os detalhes na ampliação abaixo:


Já sei o que você deve estar pensando! Tudo não passa de mais uma daquelas engenhosas e criativas manipulações digitais como as dos exemplos que se seguem logo abaixo:




Há quem diga, como prova da inserção digital, que a mão direita do homem que segura a máquina fotográfica não pertence a ele, mas é do homem logo atrás dele. Será? Se for, deve-se tirar o chapéu para quem a modificou, pois os detalhes de iluminação, sombras e harmonização estão perfeitamente adequados aos demais objetos da foto. Observe, por exemplo, como o ângulo das faces está apontando para a mesma direção:


No entanto, uma outra foto do mesmo evento tirada de um ângulo diferente descarta por completo a possibilidade de a foto ter sido manipulada digitalmente. A foto abaixo foi tirada da posição oposta a da foto em questão:


Perceba nesta ampliação que a cabeça do nosso suposto viajante do tempo se encontra ali para provar que quando a foto foi tirada ele realmente estava presente em carne e osso:


E agora? Como explicar a presença deste homem estranho e fora dos padrões daquela época? Seria realmente uma prova que as viagens não somente podem ser possíveis, mas que já foram realizadas?

É claro que qualquer bom cético que se preze não concluirá nada ainda sem uma investigação mais profunda. Então vamos lá!

Primeiro vamos analisar o óculos que ele utiliza. Seria possível existir tal modelo no ano de 1940? A foto abaixo da atriz Barbara Stanwyck no filme “Double Indemnity” de 1944 nos mostra que sim:


Agora vamos nos concentrar nas suas roupas. Enquanto a maioria dos presentes no evento se veste socialmente, o nosso viajante do tempo está vestindo roupas descoladas que parecem não serem daquele tempo. Mas as aparências enganam! A foto abaixo tirada de um site de vestimenta dos anos 40 nos mostra que blusas com estampas daquele tipo já eram utilizadas naquela época:


E quanto àquela máquina fotográfica portátil? Será que em 1940 já existiam câmeras como aquela? A Pentax tradicional dos anos de 1940 na foto abaixo nos mostra que ela se enquadra perfeitamente no padrão das câmeras portáteis daquela época:


Bem, pelo jeito as viagens no tempo ainda devem continuar sendo possíveis apenas nas fórmulas matemáticas da física e nos filmes de ficção científica.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Corrida de Montanha na Praia

por Cleiton Heredia


CORRIDA DE MONTANHA SÃO SEBASTIÃO 2010



Aconteceu neste sábado, dia 17/04/10 às 16 horas, na Praia de Boiçucanga em São Sebastião (litoral de São Paulo) a 2ª etapa da Copa Paulista de Corridas de Montanha.

Minhas expectativas eram enormes pelo fato de não ter ido bem na 1ª etapa e principalmente por se tratar de um circuito completamente novo nas corridas de montanha.

Fui junto com um amigo corredor, Ebenézer, que estaria estreando nas corridas de montanha, muito embora já seja um veterano nas corridas de rua tendo inclusive algumas maratonas em seu currículo.


O dia estava bem quente (cerca de 30 graus) e o sol bem presente. A arena da prova estava muito bem montada e organizada com várias pessoas auxiliando na entrega dos kits, administrando o guarda-volumes e orientando os corredores de forma geral.

Um pouco antes da largada, os corredores se reuniram para o briefing, que de tão bem detalhado que foi, fez-me vivenciar mentalmente os desafios e agruras que nos aguardavam.

A largada foi dada na praia com os corredores tendo que enfrentar logo de cara a dificuldade que é correr cerca de 2 km em areia muito fofa. O negócio era ir com calma, pois o esforço para progredir era grande e ninguém queria comprometer o resto da corrida por um início muito afoito.


Sair daquela areia foi um grande alívio para todos. Começamos a percorrer as ruas da cidade rumo a serra e esta parte da corrida foi a mais tranquila de todas. Esta parte do trajeto não estava completamente fechada ao trânsito local, mas como os staffs eram abundantes e a polícia controlava a passagem nos pontos mais críticos, tudo fluiu de forma muito segura.

A travessia de um riacho (Rio Ribeirão de Itu) com cerca de uns 35 metros de margem a margem marcou o fim do trecho urbano e início do sertão. Sentir aquela água gelada nas pernas foi um verdadeiro refrigério. Conforme avançávamos sertão adentro já dava para começar a respirar um ar um pouco mais frio devido à vegetação alta que fornecia uma agradável sombra durante todo o trajeto da estrada de terra.


Mais ou menos no km 6 desembocamos na Rodovia Rio-Santos e, com o auxílio dos guardas rodoviários, atravessamos tranquilamente para o outro lado subindo em direção à Trilha da Praia Brava. Seria nesta trilha que a corrida se transformaria em uma grande aventura de perder o fôlego (literalmente).

Já havíamos sido avisados que o trecho mais técnico da prova seria justamente a subida desta trilha e uma descida mais à frente. Em meio à mata fechada começamos percorrer uma subida íngreme tendo sob nossos pés um terreno escorregadio com muitas pedras soltas.


A difícil subida foi recompensada com um visual incrivelmente maravilhoso da Praia de Boiçucanga avistada de um dos pontos mais altos daquela serra. Contrastando com toda aquela beleza estava a visão intimidatória de uma das descidas mais assustadoras que eu já havia me confrontado. Era uma descida acentuadíssima e bem extensa por entre as linhas de dutos da Petrobrás.

Foi o downhill mais emocionante e divertido que já fiz até o momento. Curti tanto aquele momento de pura adrenalina que nem o "tombaço" que levei conseguiu estragar (só fui sentir a dor no ombro depois que a corrida acabou).

Para se ter uma noção de como foi aquela descida "sem noção", assista ao vídeo abaixo:


Pior que aquela descida só a Corrida do Queijo mesmo



Ao final da daquele super downhill voltamos para a cidade e concluímos com um sprint de cerca de 600 metros em meio a areia absurdamente fofa daquela praia. Devido a todo cansaço acumulado atravessar aquele trecho final de areia foi um desafio e tanto.

Logo após cruzar a linha de chegada encontrei o Fábio Galvão e pude então lhe dar pessoalmente os parabéns por esta incrível corrida. A impecável organização somada a um percurso muito bonito e desafiador fizeram desta corrida uma das melhores provas de montanha que já tive a oportunidade de participar.

Ah! Já estava me esquecendo. Meu amigo estreante Ebenézer terminou em 1º lugar na sua categoria e já mostrou que tem futuro nas Corridas de Montanha. Veja logo abaixo ele cruzando a linha de chegada (é o de boné branco).


Parabéns Ebenézer!


sexta-feira, 16 de abril de 2010

Parque do Ibirapuera - No coração de São Paulo e no meu também

por Cleiton Heredia


Sou frequentador do Parque do Ibirapuera desde minha infância quando lá eu ia com meu pai e minha mãe passear aos domingos ou durante as várias feiras e exposições que ali eram realizadas (gostava muito da ExpoEx - Exposição do Exército).

Depois na adolescência, como eu morava há somente 2,5 km de distância dele, passei a frequentá-lo quase que diariamente para jogar futebol, voley, fazer exercícios e praticar corrida com os amigos.


Mas o Parque do Ibirapuera não me serviu apenas para momentos de lazer e práticas esportivas, pois foi lá que eu tive a satisfação de fazer um curso completo de astronomia dentro do complexo do planetário. As aulas eram ministradas à noite e muito embora as aulas teóricas fossem bem interessantes, o que me encantava mesmo eram as aulas práticas na abóbada celeste artificial.

Foto: Cleiton Heredia

Quando vieram os filhos era para lá que eu me dirigia aos finais de semana para leva-los para passear, correr e pricipalmente jogar bola (eles adoravam). Porém, quando ficaram um pouco mais maiorzinhos entraram na fase do skate e aí tivemos que trocar o parque por outros lugares com pistas e rampas apropriadas para a prática deste esporte. Recentemente voltei ao parque com minha filha para ensiná-la a andar de bicicleta (ela aprendeu direitinho em menos de 15 minutos).

Foto: Cleiton Heredia

Depois de ficar alguns anos sem ir ao parque, lá estou de volta duas vezes por semana para os treinos de corrida com a equipe. Confesso que fiquei surpreso com seu estado de conservação e toda a beleza que se somou, como a lagoa repleta de patos, gansos e marrecos, jardins bem cuidados, limpeza, iluminação e muita segurança com a guarda metropolitana.

Foto: Cleiton Heredia

Ontem, após o treino, eu estava saindo do parque quando de repente me vi absorto num cenário que me motivou a fazer a foto abaixo na tentativa de captar aquele momento mágico. Realmente o Parque do Ibirapuera é muito lindo!

Foto: Cleiton Heredia

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Os Fundamentalistas Vegans


Inspirado na recente postagem do meu amigo ateu Ricardo Cluk, editor do blog "A Arte de Ter Razão", resolvi partilhar com os amigos o vídeo logo abaixo.

Recomendo que antes de assistir ao vídeo você leia a postagem dele (é um texto bem pequeno e interessante):

Cavalos nunca esquecem as verdadeiras amizades, mas bois fornecem melhores bifes

Bom proveito!


Aconselho que assista ao demais videos do Vides Junior no Youtube quando tiver um tempinho. Apesar do "jeitão" meio estranho, o cara me parece muito sensato e coerente.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Uma Meia Maratona muito maluca

por Cleiton Heredia


Este domingo participei da Meia Maratona Internacional da Corpore e foi a primeira vez neste ano que corri uma distância superior a 20 kms.

Acordei bem cedo (5:00 AM), pois a largada seria dada às 7:30h . Fiz um desjejum duas horas antes da prova, tal como orientado pelos meus treinadores. Arrumei toda minha parafernália para encarar os 21 kms e saí de casa com os termômetros registrando 16 graus.

Consegui estacionar meu carro com relativa facilidade dentro da USP (coisa meio rara dado ao grande número de participantes destas provas da Corpore) e me dirigi até a barraca da equipe.

Esta também foi a minha primeira prova onde usei o suporte oferecido pela Equipe Tavares. Muito bom, por sinal. Uma mesa com várias guloseimas energéticas, água, gatorade, guarda-volumes, vestiário e um clima de amizade muito incentivador.

Eu não havia feito minha inscrição e iria usar a prova apenas como um treino, porém como houve uma desistência de última hora na equipe, o prof. Tavares me passou o número e o chip do desistente. Eu não poderia imaginar um dia mais perfeito. Estava tudo dando certo!

Fizemos um alongamento coletivo e faltando uns 20 minutos para o início da prova nos dirigimos para a largada. Foi aí que começou a dar tudo errado!

Cheguei na largada e me lembrei que havia esquecido passar protetor solar (o sol já começava a mostrar sua cara e meu dermatologista me proibiu de tomar sol sem protetor). Como havia tempo, eu voltei para a barraca da equipe para passar o protetor, porém na volta para a largada precisei urgente procurar um banheiro.


Quando saí do banheiro, a largada já havia sido dada e foi aí que cometi um erro terrível. Acho que na pressa de começar logo a prova acabei me esquecendo que eram duas corridas em um único evento (uma de 5 km e a outra de 21 km) e acabei entrando na corrida errada (que cagada!!!).

Fui perceber que estava na corrida errada quando de repente vi que a prova acabou. Como assim? Trinta minutos? Se eu não entrei num buraco de minhoca (um atalho hipotético através do espaço e do tempo) devo ter batido o recorde mundial!

Já consciente da minha mega-burrada lá fui eu pelo trajeto correto, porém 5 km atrás do último colocado. Rapidamente refiz os meus planos e saí do trajeto pegando atalhos e me dirigindo por entre as ruas da região da Praça Panamericana até mais ou menos o quilômetro dez. Como eu estava correndo com um dispositivo que mede a distância percorrida, eu sabia que era aproximadamente neste ponto que eu poderia retornar à prova para então completá-la normalmente.

Foi o que eu fiz! Retornei à prova no quilômetro dez e meio com meu relógio marcando 11 km percorridos. Foi desta forma completei a meia maratona mais maluca que já corri. Acho que nem vou contar para o Prof.Tavares sobre este episódio, tamanha é a vergonha que sinto! Corro 24 km no meio do mato à noite e não me perco, para então vir a me perder em uma prova de rua da Corpore em plena luz do dia. Só eu mesmo!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Os Ateus são os piores seres humanos do planeta

por Cleiton Heredia


Fui educado dentro de uma cultura religiosa cristã onde aprendi desde pequenino que não existe a menor possibilidade de ser uma boa pessoa sem Deus no coração. Tudo me foi transmitido como uma verdade inquestionável: com Deus serei bom e sem Deus serei mau.

Não é de se estranhar que eu sempre tenha considerado os ateus convictos e militantes como seres humanos maus. Na verdade ateísmo escancarado era para mim sinônimo de perversão, desonestidade, maldade, orgulho, egoísmo, hedonismo e tudo mais de ruim que se queira acrescentar. Afinal como alguém pode pretender ser bom negando continuamente a única fonte genuína de bondade?

Perceba que eu me referi aos ateus convictos e militantes e ao ateísmo escancarado (aquele que desafia a crença em Deus), pois na minha cabeça religiosa se uma pessoa não acreditasse em Deus por falta de oportunidade de conhecer a “verdade”, então ela estaria ainda sobre a influência de sua graça (que atuaria como uma restrição ao mal) e poderia até ser uma pessoa de bem, pois Deus não levaria em consideração o seu período de ignorância.


Agora, os ateus esclarecidos que simplesmente negaram o conhecimento da existência de Deus de forma aberta e sistemática, ou ainda pior, pessoas que um dia já acreditaram em Deus e depois o negaram, estes para mim eram os piores dos seres humanos do planeta.

Neste aspecto em particular quero dizer com conhecimento de causa e por experiência própria que a religião que ensina isto está completamente equivocada. Conheço ateus convictos e militantes que possuem um caráter digno e são seres humanos às vezes até melhores que muito crente que passa o dia dando glória e aleluia.


Não quero aqui entrar no mérito se Deus é uma realidade ou uma ilusão, mas só quero chamar a atenção para a mente preconceituosa e discriminadora que todo religioso possui em função de sua crença em um Ser superior. Não é para menos que muitos que chegam à conclusão que o ateísmo é algo mais lógico tenham medo de se declararem ateus devido a este preconceito e intolerância promovida pelos religiosos.

O que os religiosos precisam entender é que a mesma sinceridade de propósito que os move a crer em Deus com base na fé que abraçam, leva também o ateu a descrer no sobrenatural com base nas evidências que possui. Tudo é uma questão de consciência. O crente é coerente à sua consciência crendo em Deus e o ateu é coerente à sua consciência não crendo.