quinta-feira, 31 de julho de 2008

A solução para o trânsito de São Paulo

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Você não agüenta mais pegar congestionamentos todos os dias?
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Seus problemas acabaram!
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Reserve já seu Disco Voador M200G da Moller (não é da Tabajara).
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Vendas a partir de 2009.


Não, você não está lendo um anúncio tirado do desenho animado “OS JETSONS”, pois este aí é bem real e o produto pode ser seu pela bagatela de US$ 150 mil (cerca de R$ 240 mil). Uma verdadeira pechincha!


Este Disco Voador pode levar até duas pessoas desde que não ultrapassem sua capacidade máxima de 113 kg. Se você estiver fora de forma, corra já para uma academia e comece a malhar, pois o bichinho aí não foi feito para os gordinhos (Isso não é discriminação?).


Ele pode voar a uma altura máxima de 3 metros sobre qualquer superfície (inclusive água), e detalhe, não precisa de brevê. Fantástico, não? Já pensou você saindo do trabalho ao final da tarde tendo que atravessar toda a marginal entupida de carros, e então, em cima do seu M200 seguir tranquilamente por cima do Rio Tietê ou passando por cima dos carros? Caso ache que a altura de 3 metros é muito pouca, a versão M200E pode voar um pouco mais alto.


E não pensa você que ele anda devagarzinho. Sua velocidade máxima é de 160 km/h, mas você pode seguir com segurança numa velocidade de cruzeiro de 120 km/h. Quer dizer... Isto se não inventarem um limite de velocidade para ele e encherem a cidade de radares voadores.


Esta maravilha é impulsionada por oito motores rotativos (Wankel) movidos preferencialmente a etanol, com hélices protegidas, o que evita ferimentos, e um sistema de aletas que tanto cria sustentação e estabilidade no ar quanto diminui o barulho gerado pelos motores. Se algum deles falhar, o sistema de computadores do M200 permite um pouso tranquilo.


Só que tem um probleminha. Ele será vendido em forma de kit e você terá que montar a sua nave sozinho ou pagar para alguém fazer isto. Mas tudo bem, chame seus filhos e peça a ajuda deles. Deve ser como montar aqueles aeromodelos da Revell.

Mas caso tenha achado o preço meio salgado demais, espere um pouco, pois aí deixa de ser novidade, entram mais concorrentes no mercado e quem sabe você pode até comprar um no mercado de semi-novos e usados. Acho que não vai demorar muito e vamos poder comprar um destes pelo mesmo preço que hoje compramos uma “motinho”.

Legal, né? É o futuro já presente.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Teologia Revelada ou Teologia Natural?


Qual destes dois tipos de teologia está mais próxima da verdade? Se optarmos pela Teologia Revelada teremos que determinar qual das muitas revelações existentes neste mundo a respeito de Deus é a mais correta. As alternativas são muitas: Cristianismo, Judaísmo, Islamismo, Paganismo, Religiões Orientais, e por aí vai.

Porém, o problema não termina aí. Caso optemos pelo Cristianismo teremos um outro vasto conjunto de alternativas que exigirão mais escolhas: Cristianismo Católico, Cristianismo Protestante, Cristianismo Neo-petencostal, etc.

A busca pela verdade parece ser interminável, pois a simples opção por um destes sub-segmentos implicará na necessidade de mais escolhas. Se decidirmos pelo protestantismo, o leque se abre em mundo de alternativas. Caso continuemos fazendo escolhas e cheguemos numa visão bem específica da divindade, como por exemplo, a da Igreja Adventista do Sétimo Dia, mesmo assim precisaremos ainda ter que decidir se optaremos pelo Adventismo dos pioneiros, que não eram trinitarianos, ou pelo Adventismo pós pioneiros que crê num Deus triúno.

Por outro lado a Teologia Natural me parece numa primeira análise mais simples e objetiva, pois compreende tudo sobre o universo que não é fornecido por revelações. Sobre o universo? Mas não deveria ser sobre Deus? Sim, é exatamente aí que está mais uma diferença entre estas duas formas de fazer teologia: a Teologia Revelada interpreta tudo no universo a partir daquilo que é aceito como revelação divina, já a Teologia Natural procura entender a divindade (ou a ausência dela) a partir de suas interpretações do universo observável.

Para cientistas como Carl Sagan a ciência é, em parte, uma espécie de “adoração informada” abrindo caminho para níveis de consciência onde o que se procura não é apenas acreditar, mas saber. A Teologia Natural entende que nenhum passo na busca pelo esclarecimento (busca pela verdade) deveria ser considerado sagrado, mas somente a própria “procura”.

Enquanto na Teologia Revelada a verdade se resume essencialmente naquilo que foi revelado de forma sobrenatural (por Deus), na Teologia Natural, por não ser considerado qualquer elemento sobrenatural, a busca pela verdade não tem fim. Na primeira é essencial que seus adeptos sejam “crentes”, pois a premissa básica para aceitação da revelação divina é a fé, mas já na segunda, é vital que seus adeptos sejam treinados para serem sempre “bons céticos” (para compreender aquilo que entendo como um “bom cético” leia a postagem de Frank Carvalho sob o título “Metafísica, Ateísmo e Ceticismo” - http://frankvcarvalho.blogspot.com/2008/07/os-neo-ateus-e-metafsica-i.html).

Não estou aqui querendo dizer que uma forma de teologia seja melhor do que outra, mas apenas analisando algumas de suas características e diferenças. Porém, tomando com base aquilo que tenho vivenciado, entendo que em termos de compreensão da própria verdade em relação aos outros pontos de vista concorrentes, a Teologia Revelada possui uma característica mais arrogante e a Teologia Natural mais humilde. Bem, mas esta é a minha percepção pessoal e você pode e deve divergir caso pense diferente. O espaço para o seu comentário está sempre aberto.

domingo, 20 de julho de 2008

Arquivo X - Algumas frases onde a ficção encontra a realidade


Em 1993 estreou a série de TV "The X-Files" (no Brasil "Arquivo X" e em Portugal "Ficheiros Secretos" - Oras pois pois, que raios de nome ser este?), que conta as estranhas e intrigantes aventuras de dois agentes do FBI, Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson), encarregados de investigar os arquivos de casos inconclusos envolvendo fenômenos não explicados tais como teorias de conspiração envolvendo encobrimentos governamentais de alto nível, alienígenas, paranormalidade e até temas místicos como satanismo e aparições fantasmagóricas, enfim os arquivos X.

A série fez muito sucesso, especialmente entre os fans de ficção e histórias de mistério no estilo das séries "Quinta Dimensão", "Além da imaginação" e "Twin Peaks". Particularmente, como sempre senti uma estranha atração por teorias conspiratórias, acabei sendo cativado pela série.

Em 1998 a série ganhou sua primeira versão cinematográfica: "Arquivo X: O Filme", e no dia 25 de julho irá estrear a segunda versão: "Arquivo X: Eu Quero Acreditar".

Mas porque estou eu aqui falando do Arquivo X? Muita embora esta minha queda por teorias conspiratórias tenha me impulsionado a pesquisar uma versão real de um singular caso de conspiração envolvendo doutrinas de um determinado segmento religioso, não irei hoje tratar deste assunto (quem sabe um dia), mas quero apenas mencionar algumas frases desta série que muito me intrigam pelo fato de irem além da ficção:

"A VERDADE ESTÁ LÁ FORA" (The Truth is Out There) - Esta é a frase básica da série. Já perceberam que a pesquisa pela verdade sempre nos obriga a sair do conforto de nossa visão particular do mundo, indo para fora em busca de respostas?

"TODAS AS MENTIRAS LEVAM À VERDADE" (All Lies Lead to the Truth) - Esta frase fez parte do episódio denominado "Em busca da verdade". Por mais paradoxal que possa parecer, esta frase talvez esconda uma grande verdade. A mentira, devido à sua própria característica intrínseca, não pode se suster a não ser à custa de mais mentiras. Porém, quanto maior o número de mentiras, maior a probabilidade delas se contradizerem e acabarem gerando dúvidas e despertando suspeitas que levarão às pessoas de espírito inquiridor, saírem numa obsessiva busca pela verdade custe o que custar.

"ACREDITE PARA ENTENDER" (Believe to Understand) - Normalmente as pessoas querem primeiro entender para depois acreditar. A ciência tem esta premissa básica, porém até mesmo ela muitas vezes precisa se valer desta inversão. Quando nos confrontamos com o inexplicável, acredito que não nos resta outro caminho a não ser acreditar para entender.

Falando em coisas inexplicáveis e misteriosas, coloquei abaixo um vídeo com uma mágica inspirada no tema "Arquivo X":

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Design Inteligente: Idiotice ou Ciência?


Devido às reações geradas pela minha última postagem em relação à teoria do Design Inteligente, tais como: “idéia sem pé nem cabeça” e “oriundo de pessoas novas na fé e/ou inseguras na fé”, resolvi tratar esta questão com mais objetividade e clareza, pois talvez exista uma grande diferença conceitual entre aquilo que entendo e o que os meus amigos estão entendendo com respeito a esta teoria.

Design Inteligente (DI), Projeto Inteligente (PI), Desenho Inteligente ou ainda Desígnio Inteligente são nomes provenientes da nomenclatura original em inglês Intelligent Design (ID – vou utilizar aqui esta nomenclatura), que é a teoria que sustenta que certas propriedades do universo e dos seres vivos são melhor explicadas por meio de uma causa inteligente e não por leis físicas e processos naturais. Esta teoria não pretende determinar a identidade desta causa inteligente, nem afirma ser esta causa necessariamente um “ser divino”, ou uma “força superior”, por isto não é a mesma coisa que Criacionismo que afirma claramente ser Deus o agente criador. Ela limita-se a propor que a ciência possa identificar se certas propriedades do mundo natural são ou não produtos da inteligência. (extraído do site http://www.discovery.org/a/2348 - “Top Questions and Answers about Intelligent Design Theory”).

O ID surgiu em 1991 com o advogado cristão Phillip Johnson que no livro “Darwin on Trial” (Darwin em Julgamento) apresentou pela primeira vez sua teoria. Porém, algumas de suas raízes podem ser rastreadas até argumentos científicos remotos que apontavam a probabilidade estatística para a origem da vida. Mais tardes os argumentos do ID foram ampliados e popularizados com a publicação do livro “Darwin´s Black Box” (A Caixa Preta de Darwin) do professor universitário de biologia Michael Behe que elaborou o conceito da Complexidade Irredutível. Atualmente temos o matemático William Dembski na liderança do movimento ID.

O conteúdo que se segue abaixo foi resumido principalmente do livro “A Linguagem de Deus” de Francis S. Collins, que é um dos cientistas que dirigiu o Projeto Genoma e também um evolucionista teísta convicto.

A teoria do ID esta alicerçada basicamente em três propostas:

1) A evolução gera uma visão de mundo ateísta e, portanto, aqueles que crêem em Deus devem se opor a ela.

O fundador Phillip Johnson não era um cientista em busca da verdade sobre a origem da vida, mas um advogado com a missão de defender Deus contra a aceitação pública de um mundo puramente materialista. O triunfo do evolucionismo fez com que a comunidade de fé (religiosos) partisse em busca de uma explicação alternativa respeitável em termos científicos.

O fato da teoria do ID não ter surgido da tradição científica fez com que muitos cientistas a identificassem como pseudociência ou “criacionismo sub-reptício” ou “criacionismo 2.0”.

2) A evolução tem fundamentos falhos, pois não pode justificar a complexidade da natureza.

O ID apresenta numa linguagem bioquímica, genética e matemática aquilo William Paley apresentou no início do século XIX, a saber, o argumento de que todo projeto complexo exige um projetista ou planejador.

Os exemplos apresentados são muitos, tais como a complexidade das máquinas celulares com mecanismos que traduzem o RNA para a proteína, que ajudam à célula se locomover e que transmitem sinais da superfície da célula para o núcleo deslocando-se ao longo de uma trilha em cascata (efeito dominó) através de múltiplos componentes. Outros exemplos são encontrados em órgãos complexos (formados por bilhões ou trilhões de células) tais como o olho humano ou no simples flagelo da bactéria que é o seu filamento de locomoção.

Os defensores do ID alegam que esses tipos de máquina jamais poderiam ter surgido com base em seleção natural, pois suas estruturas complexas, que envolvem a interação de muitas proteínas, perderiam completamente sua função caso apenas uma única proteína ficasse inativa. A evolução ao acaso de forma lenta e gradativa valendo-se de vantagem seletiva para continuar evoluindo não pode aplicar-se a estas estruturas complexas que só podem existir no seu todo completo e irredutível. A probabilidade matemática de uma evolução em paralelo acidental de diversos componentes sem utilidade (quando isolados) é quase infinitamente pequena.

3) Se a evolução não pode explicar a complexidade irredutível, deve então ter existido um planejador inteligente, de algum modo, e ele entrou em cena para fornecer os componentes necessários durante o curso da evolução.

Relembro que o movimento ID toma cuidado para não especificar quem poderia ter sido esse planejador, muito embora os religiosos tenham se apropriado de seus conceitos definindo esse planejador como o Deus criador.

Quero concluir esta postagem, mas não o assunto, pois irei dar seqüência em uma postagem posterior, dizendo que minha admiração pelos conceitos apresentados pela teoria ID se concentra no item número dois. Fico maravilhado ao ver como o Universo e muitos elementos da vida dependem de uma sintonia fina tão precisamente definida e ajustada. Assim como não creio que uma explosão de uma gráfica possa originar uma enciclopédia prontinha, também tenho muitas dificuldades de aceitar que “tudo” tenha se originado do simples acaso despropositado.

Não entendo o ID como uma verdade sacramentada, mas considero que ele possa ser um dos muitos caminhos a levar até ela. Portanto, antes de julgá-la como uma idéia sem pé e cabeça ou algo proveniente de inseguros neófitos na fé, faríamos muito bem em abrir nossas mentes para uma avaliação despreconceituosa de todas as alternativas possíveis.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Religião Científica?


É notório o esforço dos criacionistas em busca de respaldo científico para sua crença de que o Universo e a Vida tiveram origem num Ser supremo denominado o Deus Criador. O conceito do Design Inteligente é a nomenclatura atual para este tipo de esforço. Acho até natural esta tentativa de procurar embasamento para aquilo que se crê, pois afinal de contas ninguém quer ser tido como um crédulo ignorante que acredita em qualquer besteira que lhe contaram.

No entanto eu fico me questionando sobre as motivações por trás desta busca “desesperada” por provas para aquilo que as pessoas escolhem acreditar. Estão elas em busca de tais provas para crerem ainda mais? Estaria o aumento da fé dependente de comprovações científicas que a apóiem inquestionavelmente?

No meu entender existe aí um contra-senso. Fé é a ação de acreditar em algo para o qual não existe uma comprovação cabal. A Bíblia assim mesmo a define: “Fé é a certeza das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem” – Hebreus 11:1. Caso consigamos ver e provar de forma que não precisamos esperar por mais nada, a fé perde completamente sua função.

Por acaso alguém precisa de fé para crer que existe uma máquina super-poderosa capaz de armazenar bilhões de informações e processar tudo numa altíssima velocidade chamada computador? Não! Nem eu nem você precisamos de fé para isto, pois eu estou escrevendo e você está lendo agora em uma destas maravilhosas máquinas. Agora, se eu lhe falar que existe um computador eterno, que nunca teve origem nem terá um fim, pairando em uma outra dimensão espacial, e no qual todos os demais computadores existentes estão ligados de uma maneira mística, aí todos nós precisaremos de muita fé caso decidamos acreditar nisto.

Como eu disse, acho até normal procurar entender e defender sua fé de uma forma racional, porém querer levar todas as crenças religiosas para um laboratório na tentativa de silenciar todas as dúvidas seria o fim da fé. O dia em que ficar provado que o Deus Criador existe ninguém mais precisará ter fé nele. Simplesmente seremos obrigados a aceitar a realidade dos fatos.

Desenvolvi este raciocínio para dizer que, apesar de apreciar os conceitos do Design Inteligente, acho que tem muita gente os utilizando de forma inadequada, pretendendo fazer deles a prova inquestionável de que estão certos e todos os demais, que pensam diferente, errados e perdidos em sua ignorância. Aqueles que assim procedem em relação ao Design Inteligente, não percebem, mas em última estância estão caminhando rumo à extinção da fé ao colocar tudo no nível do comprovadamente palpável. Talvez este tipo de postura é que tenha suscitado tantas críticas da oposição.

Do jeito que alguns querem fazer da religião uma ciência empírica acho muito pertinente relembrarmos aquela pergunta de Jesus: “Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Lucas 18:8).

terça-feira, 8 de julho de 2008

ALÉM DA MÁGICA - Um Show de Mágicas Diferente


Neste último final de semana estive no Teatro Tuca para assistir ao espetáculo "Além da Mágica" feito pelo mágico Célio Amino.

A apresentação é bem diferente de um show de mágicas tradicional. É feito uma interessante fusão da mágica com as artes cênicas de forma que a dramaturgia traz para os 17 números de mágica realizados (prestigitação, ilusionismo e mentalismo), uma dimensão poética que desarma a lógica do espectador permitindo-o entrar na parte oculta do texto.

Antes da apresentação, no saguão de entrada, um outro mágico apresenta para as pessoas que ali aguardam, alguns números de mágica "close-up" (feita a poucos centímetros da visão espectador) com auxílio de uma mesa multimídia, criada pelo próprio Célio Amino. Mais uma criativa integração da mágica com um outro segmento, neste caso, a computação gráfica 3D. O mágico circula pelo saguão apresentando seus números para pequenos grupos de 10 a 15 pessoas.

A encenação conta a história dos anos de aprendizado de um menino junto aos seus mestres no mundo da mágica. A mágica é comparada à vida com seus mistérios onde cada um de nós, inclusive o mágico, percebe apenas uma versão da realidade. Algumas partes da história são baseadas na vida de Shunryu Suzuki (1905-1971), monge Zen japonês e autor do best seller "Mente Zen". O clima de introspecção gerado pela narrativa se alterna com algumas partes cômicas dando ao espetáculo uma leveza ímpar.

A temporada vai até o dia 17 de agosto na Arena do Teatro Tuca com apresentações aos sábados às 20 horas e aos domingos às 18 horas. O ingresso custa apenas 30 reais e estudante só paga meia.

Recomendo!!!

Segue abaixo um vídeo com o mágico Célio Amino:

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Todos possuem um deus


Terminei a leitura do livro “Uma Breve História do Mundo” de Geoffrey Blainey e quero partilhar com os amigos a genial análise final feita pelo autor:

“A tendência da religião era florescer com mais vigor quando a vida cotidiana estava em perigo e quando havia muita dor. A religião florescia quando enchentes, secas e outras catástrofes da natureza eram mais destruidoras, quando a fome estava às portas, e a morte precoce era a expectativa da maioria das pessoas. A religião florescia quando as pessoas viviam da terra e sabiam como era fácil uma colheita, há tanto tempo esperada, ser arrasada por pestes, seca, exaustão do solo ou tempestades. Durante a maior parte da história, a vida humana esteve em perigo. A religião dava as respostas aos acontecimentos inexplicáveis da vida de um estado, de uma região ou de uma família. Satisfazendo uma ânsia profunda e, às vezes, inexplicável, ela era também uma fonte de força e inspiração.
A religião era a base de muitas sociedades que, de outra forma, possivelmente teriam desmoronado. Monarcas poderosos ganhavam muito ao sustentá-la...
No século 20, a religião enfrentou outras dificuldades. Com o aumento da prosperidade e da longevidade, parte do apelo da religião enfraqueceu...
Milhões de pessoas cultas no mundo ocidental se distanciaram dos deuses a quem, quando jovens, haviam sido ensinadas a orar. Parte de sua autoconfiança veio das conquistas da ciência e da tecnologia. A própria ciência era um novo deus racional e era aclamada como possuidora de todo o conhecimento, de toda a sabedoria e de ser capaz de produzir milagres materialistas. O marxismo, durante um tempo, foi uma religião alternativa poderosa. Karl Marx pregava ser o primeiro a descobrir as leis científicas da história da humanidade e que essas leis produziriam por fim um céu, muito embora esse céu ficasse na Terra. Se por um lado a ciência e o comunismo alegavam dispensar os deuses, elas praticamente entronizavam a raça humana e seu potencial, transformando-a em um deus.”
(págs. 336-339).

Interessante não? O conceito de deus como alguém ou algo capaz de responder as perguntas: de onde vim, quem sou e para onde vou, sempre esteve e estará presente na história da humanidade. O ateísmo não é a erradicação por completa do conceito de deus, mas simplesmente a substituição de um deus sobrenatural e transcendente por um outro natural e imanente.