segunda-feira, 14 de julho de 2008
Religião Científica?
É notório o esforço dos criacionistas em busca de respaldo científico para sua crença de que o Universo e a Vida tiveram origem num Ser supremo denominado o Deus Criador. O conceito do Design Inteligente é a nomenclatura atual para este tipo de esforço. Acho até natural esta tentativa de procurar embasamento para aquilo que se crê, pois afinal de contas ninguém quer ser tido como um crédulo ignorante que acredita em qualquer besteira que lhe contaram.
No entanto eu fico me questionando sobre as motivações por trás desta busca “desesperada” por provas para aquilo que as pessoas escolhem acreditar. Estão elas em busca de tais provas para crerem ainda mais? Estaria o aumento da fé dependente de comprovações científicas que a apóiem inquestionavelmente?
No meu entender existe aí um contra-senso. Fé é a ação de acreditar em algo para o qual não existe uma comprovação cabal. A Bíblia assim mesmo a define: “Fé é a certeza das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem” – Hebreus 11:1. Caso consigamos ver e provar de forma que não precisamos esperar por mais nada, a fé perde completamente sua função.
Por acaso alguém precisa de fé para crer que existe uma máquina super-poderosa capaz de armazenar bilhões de informações e processar tudo numa altíssima velocidade chamada computador? Não! Nem eu nem você precisamos de fé para isto, pois eu estou escrevendo e você está lendo agora em uma destas maravilhosas máquinas. Agora, se eu lhe falar que existe um computador eterno, que nunca teve origem nem terá um fim, pairando em uma outra dimensão espacial, e no qual todos os demais computadores existentes estão ligados de uma maneira mística, aí todos nós precisaremos de muita fé caso decidamos acreditar nisto.
Como eu disse, acho até normal procurar entender e defender sua fé de uma forma racional, porém querer levar todas as crenças religiosas para um laboratório na tentativa de silenciar todas as dúvidas seria o fim da fé. O dia em que ficar provado que o Deus Criador existe ninguém mais precisará ter fé nele. Simplesmente seremos obrigados a aceitar a realidade dos fatos.
Desenvolvi este raciocínio para dizer que, apesar de apreciar os conceitos do Design Inteligente, acho que tem muita gente os utilizando de forma inadequada, pretendendo fazer deles a prova inquestionável de que estão certos e todos os demais, que pensam diferente, errados e perdidos em sua ignorância. Aqueles que assim procedem em relação ao Design Inteligente, não percebem, mas em última estância estão caminhando rumo à extinção da fé ao colocar tudo no nível do comprovadamente palpável. Talvez este tipo de postura é que tenha suscitado tantas críticas da oposição.
Do jeito que alguns querem fazer da religião uma ciência empírica acho muito pertinente relembrarmos aquela pergunta de Jesus: “Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Lucas 18:8).
Postado por
Cleiton Heredia
Marcadores:
Ciência,
Design Inteligente,
Deus,
Religião
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Cleiton,
ResponderExcluirPara mim a Teoria do Design Inteligente é uma idéia sem pé nem cabeça, que combate ao mesmo tempo o criacionismo bíblico e o evolucionismo naturalista. É uma terceira via entre a crença num Criador e o ateísmo, ou seja, é um nada.
Que não digam que o design inteligente é uma "variante" de sustentação para o agnosticismo. Não é! É uma loucura dos que se dizem pessoas de fé. Eu diria que além de ser um tiro na água é também um tiro no pé.
ResponderExcluirParece-me que a defesa do design inteligente é oriundo de pessoas novas na fé e/ou inseguras na fé...
Ponto.
Brilhante.
ResponderExcluirAté mesmo o empirismo é questionado como argumento científico para os racionalistas. Mas a fé é mais do que parece, pois os processos sócio-econômicos, por exemplo, se conduzem por estatísticas - "acredita-se" que elas dêem certo.
ResponderExcluirÉ realmente esquisito ter que explicar que a fé é um método de reflexão, principalmente porque quem se levanta cedo e vai trabalhar contra a vontade do seu próprio corpo, o faz por fé, crendo que se assim não for, seu salário no final do mês não "aparecerá".
Agora, você acredita no que os cientistas dizem? Nem todos concordam, há muitas teorias e quando uma afirmação científica é superada por outra, ninguém vem explicar, justificar, se desculpar pelo engano...
No final das contas a discussão não leva a lugar nenhum.
Eu acredito na Bíblia. Quando a leio, eu me encontro.
Quando busco a ciência, vejo que os fatos mais consistentes são revelação de Deus que o cientista se apropria. Provar? A ciência não se prova definitivamente. "Bem-aventurado aquele que não se condena naquilo que aprova". "O que não vem de fé é pecado".
Estimada amiga Ana,
ResponderExcluirOs constantes questionamentos que a ciência implacavelmente faz de todos os seus conceitos, teorias e descobertas são justamente o que lhe permite avançar continuamente para cada vez mais próxima da verdade. O dogmatismo que encontramos no campo religioso não faz parte da filosofia científica. Quando a ciência derruba uma teoria, até então aceita como verdade, ela não precisa se desculpar com ninguém, pois este mecanismo de auto-correção é a essência da própria ciência.
Você me pergunta: “Você acredita no que os cientistas dizem?”
Sim, e você também! Caso contrário você não recorreria a um médico quando ficasse doente, não andaria de carro, trem ou avião quando precisasse se locomover, não ouviria rádio ou televisão quando quisesse se informar ou se entreter, nem ao menos estaria lendo esta postagem, pois o computador que está na sua frente é fruto da ciência.
Você afirma: “No final das contas a discussão não leva a lugar nenhum”.
Discordo! Como não? As maravilhas tecnológicas do século 21, entre as quais tenho certeza que você se utiliza de várias delas no seu dia a dia, são resultados destas constantes e permanentes discussões. O pragmatismo científico é irrefutável.
Agora, quando você me diz que lê a Bíblia e se encontra, isto não tem nada haver com a verdade e sim com a sua experiência e preferências pessoais (fé). O judeu lê a Torah e se encontra, o Mulçumano lê o Alcorão e se encontra, o hinduísta lê o Rig-Veda e também se encontra. O meu encontro pessoal com algum tipo de filosofia religiosa ou de vida não prova necessariamente que estou com a verdade, mas apenas que encontrei algo que faz algum sentido para a minha existência pessoal.
No fim de tudo, o importante é o respeito mútuo entre as pessoas quanto às suas legítimas escolhas daquilo que elegem para crer.
Perfeito Cleiton.
ResponderExcluirNem tão perfeito cleiton,o fato de uma descoberta ciêntífica implicar na sua vida religiosa ou moral é um preço muito alto que se paga.É como se entrega-semos, nossa vida em experimentos científicos, que podem ser refurtados dias, meses anos mas tarde.
ResponderExcluirParece-me que a defesa do design inteligente é oriundo de pessoas novas na fé e/ou inseguras na fé...
Nas sábias palavras do Cleiton heredias:
No fim de tudo, o importante é o respeito mútuo entre as pessoas quanto às suas legítimas escolhas daquilo que elegem para crer.
Eu diria que pessoas que defendem a DI estão relacionados com o direito a opnião não imposta, como fazem com teorias evolucionistas que são ensinadas nas escolas de todo o Pais como sendo ciência absoluta.