sexta-feira, 24 de abril de 2009

Post Hoc (Continuação e Última Parte)


Vamos ao exemplo:

Pegue uma moeda e concentre-se formando uma imagem mental dela caindo de cara para cima. Agora jogue a moeda! Caiu cara? Viu! Caiu cara devido à força do pensamento que influiu no resultado final. Ah! Caiu coroa? Isto aconteceu porque você não se concentrou direito. Pense de forma mais forte e jogue novamente. E agora? Deu cara? Caso tenha dado foi por causa da força do pensamento. Em caso negativo continue se concentrando até o seu pensamento ser forte o suficiente para "forçar" o resultado. Isto nunca falha!

Não precisa ser muito esperto para entender que coincidências acontecem e mais cedo ou mais tarde um resultado cuja probabilidade já esteja prevista, sempre acabará ocorrendo. Para estabelecer a conexão de causalidade entre dois acontecimentos, devem-se eliminar outros fatores como o acaso ou outra relação causal não conhecida.

Sequências não estabelecem uma probabilidade de causalidade, não mais que as correlações.


Agora, indo para o campo religioso, vários fenômenos tidos como prova da intervenção divina como resultado do exercício da fé, precisam ser avaliados de forma mais criteriosa para ver se não são existe a possibilidade de ser apenas mais um caso de Post Hoc. Vamos a um exemplo:

A Bíblia ensina que a oração feita com fé curará o doente (Tiago 5:15). Alguém que estava doente foi curado após você orar por ela? Então esta cura foi consequência de sua oração de fé, mesmo que ela tenha ido ao médico e tomado os remédios que ele receitou, certo? Mas e se, mesmo após sua oração, o doente não foi curado, pelo contrário, faleceu? Ah, então isto é porque você não orou com fé suficiente, pois a Bíblia não pode estar errada. Tudo se passa como no exemplo da moeda acima descrito.

É claro que os crentes não são tão simplórios assim (alguns são), pois existem outras explicações mais elaboradas para orações não respondidas, como por exemplo, a vontade de Deus que sempre sabe qual é o melhor (em outras palavras, Deus não lhe concede sempre o que você pede, mas sempre lhe dá o que você precisa), ou mesmo aquela famosa argumentação retórica de que Deus sempre responde a oração de uma das três formas: Sim, Não ou Espere um pouco (esta não falha nunca!).


Antes que os crentes acendam a fogueira para me queimarem vivo, quero apenas ressaltar que não estou descartando a ação divina como resultado da fé daqueles que crêem em Deus, mas apenas raciocinando de uma forma um pouco diferente e considerando outras possibilidades.

Porém, sabemos muito bem que no final das contas as pessoas só acreditarão naquilo que querem acreditar e contra a fé não há argumentos.

4 comentários:

  1. Cleiton,

    O ato de pensar fora de nossas bolhas de segurança ja é por sí só desafiador, uma pena que tal ato seja também desencorajado pelas doutrinas religiosas majoritárias a partir da idéia de um Policial onisciente...

    Parabéns pela postagem.

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  2. Cleiton:

    Postagem nota dez. O exemplo da moeda é salutar. Quantos sermões ouvimos com este arrazoado: sim, não e espere um pouco?

    Abraços.

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