quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Ponto e Contra-Ponto - Parte 1


Na eterna rivalidade de conceitos entre os criacionistas e os evolucionistas existem argumentações que um lado considera praticamente irrefutável, mas apenas por total desconhecimento da contra-argumentação que existe do outro lado.

Já li e ouvi muito criacionistas militantes defenderem sua posição com ar de superioridade e desdém em relação aos seus opositores, com base no seguinte argumento:

A probabilidade de uma simples enzima com apenas uma combinação de 100 aminoácidos surgir ao acaso, levando-se em consideração a existência de apenas 20 aminoácidos diferentes, é uma em vinte elevado a potência cem. Fazendo as devidas transformações matemáticas, isto é o mesmo que dizer de uma chance em dez elevado a potência 130 (1 seguido de 130 zeros).


Acontece que este número é muito maior que o número total de partículas elementares existentes no universo inteiro, que está estimado na ordem dez elevado a potência oitenta.

Se hipoteticamente levarmos em consideração que cada estrela existente no universo possua um sistema planetário como o nosso, e que pelo menos um destes planetas em cada sistema solar possua pelo menos um oceano como o nosso (com alguma porcentagem de matéria orgânica), e que a cada microssegundo ocorresse nestes oceanos um experimento combinatório para se construir uma simples enzima combinando 100 aminoácidos, conclui-se que todo o tempo de existência do universo não seria suficiente para se produzir esta simples molécula de enzima com estrutura predeterminada.


Mesmo que acelerássemos as reações para que ocorressem uma a cada planck (menor unidade de tempo permitida pela física), ainda assim não conseguiríamos que fosse gerada uma única e simples molécula de hemoglobina. E notem que estamos considerando hipoteticamente a possibilidade de todas as estrelas do universo possuírem sistemas planetários onde existam pelo menos um planeta com oceanos iguais aos nossos, e onde, por sua vez, ocorram uma tentativa de combinação dos vinte aminoácidos para se juntarem numa sequência específica de cem aminoácidos a cada tempo de planck. E finalmente, que estas reações combinatórias ao acaso estivessem ocorrendo desde quando o universo surgiu.

Bem, mesmo com este número incalculável de reações acontecendo no universo simultaneamente desde o big-bang, nem mesmo assim teríamos tempo suficiente para explicar a vida que é muito mais complexa que uma determinada sequência específica de uma simples proteína com cem aminoácidos.


Conclusão de muitos: A vida tal como a vemos neste pequeno minúsculo planeta é uma prova irrefutável de que DEUS EXISTE.

Irrefutável?

Não é bem assim que entendem vários outros.

Continua...

2 comentários:

  1. Sempre que me deparo com essa argumentação criacionista penso qual seria a probabilidade de do nada absoluto ter surgido um Deus muitíssimas vezes mais complexo do que uma enzima (rs). Teríamos que elevar o nada a qual potência (rs)?

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