sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Corrida das Torres

Temporada 2008 de Corridas de Montanha
1ª Etapa do Circuito Brasileiro – 20/01/2008



Olá amigos corredores, não corredores, futuros corredores e simpatizantes!


É muito bom iniciarmos mais um ano cheio de esperanças, planos, propósitos e uma corrida de montanha já no primeiro mês – Corrida das Torres.

Gosto de nomes diferentes para as corridas de montanha. Nomes que marquem e que sejam uma expressão do desafio que aquela corrida representa, ou então nomes que expressem alguma característica marcante do percurso, como foi o caso desta prova disputada ao longo das torres de eletricidade instaladas dentro da mata atlântica no litoral sul de São Paulo (Bertioga).

Desde quando comecei a praticar esta modalidade de corrida, tive a curiosidade de saber o que seria correr uma prova de montanha debaixo de chuva. O mais perto que cheguei da realização deste sonho foi na 6ª Meia Maratona Trilheira de Ribeirão Pires em 2006, quando choveu muito na véspera da prova, porém no dia estava apenas garoando leve. As trilhas estavam encharcadas, e deu apenas para ter uma pequena noção da dificuldade que seria se a chuva estivesse caindo no momento da prova.

Quando levantei as cinco da matina no domingo para se preparar para descer a serra, e vi pela janela a chuva caindo forte, pensei: “É hoje!!!”

Desci a serra juntamente com mais três corredores, meu filho do meio Filipe (1º no ranking 2007 categoria 16-19 anos), o Rodolfo (que completou em 2007 os 90 km da Comrades na África do Sul), e o Paulo (que é o cara que sempre chega na frente de nós todos) – Três feras! (abaixo: Paulo, eu, Filipe e Rodolfo)



Chegamos ao local da chegada e já pegamos o ônibus da organização...



...que nos levou até a largada – uma área ampla a beira de um rio.



A chuva havia dado uma trégua, mas como o tempo estava bem fechado, fiquei torcendo para que ao iniciar a prova ela voltasse com força total (ela não veio com a intensidade que eu esperava, mas durante a prova ela caiu durante quase todo o tempo). Enquanto isto ficamos revendo os amigos e batendo aquele tradicional papo que muito ajuda para aliviar a tesão pré-largada.





O começo de prova foi bem tranqüilo por uma estrada de terra que nos levaria até a rodovia.





Chegando na rodovia utilizamos uma passagem por baixo de uma ponte. Devido à garoa fina que caía, a escadaria estava bem escorregadia e debaixo da ponte havia uma considerável camada de lodo.




Atravessada a rodovia chegamos numa pequena ponte que nos levaria para um pequeno trecho de mata.




Na seqüência, outra ponte, só que desta vez bem mais precária. A madeira estava bem lisa e uma corredora na minha frente quase caiu pela borda.



Mais uma estrada de terra e chegamos no quilômetro 2.




Em alguns trechos havia várias poças de água, mas que não ofereceram maiores dificuldades. O quilômetro 3 chegou e nem parecia corrida de montanha de tão tranqüilo que estava.




Após o 3º quilômetro chegamos ao posto de abastecimento de água, onde ganhamos um squeeze com o precioso líquido que deveria nos acompanhar durante a parte mais difícil da jornada, onde não teríamos como nos abastecer.




Bem, é aqui que a diversão começa. Finalmente entramos definitivamente dentro da mata e começamos a subir em direção a primeira torre.




Subindo sempre, entramos numa espécie de sítio...




... onde lá em cima avistamos uma casa e uma torre ao lado.




Enfim, a primeira torre! Deste ponto em diante é que literalmente começa a corrida das torres.




No começo a trilha é bem ampla permitindo ultrapassagens fáceis, o que possibilita desenvolver uma boa velocidade.




À medida que avançamos a trilha vai se estreitando e o mato fica cada vez mais alto, escondendo troncos e buracos traiçoeiros.



A maior parte do tempo tivemos que correr contornando um íngreme precipício (ora à esquerda, ora a direita), o que tornava as ultrapassagens cada vez mais perigosas (algumas vezes impossíveis).




A placa do quilômetro 5 é avistada nos mostrando que ainda falta um quilômetro para chegarmos na metade da prova.



No meio do mato um simples quilômetro pode representar um enorme desgaste físico e psicológico.




Mais uma torre no alto de um dos pontos do percurso. Alcança-las significava ter superado mais uma etapa de árduo aclive, e ser presenteado, geralmente, com um agradável declive na seqüência.



Mas era só terminar uma descida que já tinha outra subida nos esperando.




Em alguns pontos do percurso o congestionamento era inevitável. Como a ultrapassagem era praticamente inviável, perdia-se um tempo precioso até que todos conseguissem ultrapassar o corredor que estava amarrando a fila. A coisa ficava ainda mais complicada quando não era um único corredor fazendo o gargalo, e sim um pequeno grupo deles. Como neste grupo todos seguiam mais ou menos no mesmo ritmo, ninguém ultrapassa ninguém. Só que você que está lá no fim da fila, e que tem condições de superar aquele trecho de forma mais rápida, precisa amargar uma quebra de ritmo e pacientemente aguardar o momento certo de ultrapassar.




Enquanto espera na fila, o negócio era curtir a paisagem...




... mas sem desgrudar o olho da trilha, para não acabar no chão.



Em alguns momentos a trilha era bem visível...




... porém em outros ela desaparecia completamente aumentando a adrenalina.




Atravessamos por vários pequenos córregos que exigiam muito cuidado para não escorregar entre as pedras lisas feito sabão.




De vários pontos podíamos avistar ao longe a trilha serpenteando as montanhas nos mostrando por onde, mais cedo ou mais tarde, haveríamos de passar.




Porém de outros, conseguíamos apenas ver nosso objetivo a frente, mas sem fazer qualquer noção de que como chegaríamos lá.




Passando pelo quilômetro 7 a chuva resolve novamente dar o ar da graça.



Mas nada tão significativo que representasse algum tipo de desafio extra.




Mais algumas descidas...




... e subidas...




... e lá está o quilômetro 8.



Para a alegria dos amantes deste esporte, a trilha segue complicada.




À frente as torres continuam pela planície...



... deixando para trás a mata que nos proporcionou tantas dores e tantas alegrias.



De longe parecia que as dificuldades haviam terminado e era só seguir sossegado pela planície em direção ao horizonte.




Pura ilusão de ótica! Adiante nos aguardava um trecho de mato fechado e muito alto que dificultava a visão da trilha e que escondia muitas irregularidades e buracos.




Dos dois lados da trilha, que mal podíamos enxergar, existiam depressões no terreno onde era muito fácil enfiar o pé e tropeçar.




Isto sem falar nas pequenas e traiçoeiras pontes ocultas debaixo daquele matagal.



Acredite se quiser, mas aí debaixo deste matagal existe uma trilha.



Terminado o sufoco daquele trecho sinistro, um pouco de água para refrescar. Para alguns que não souberam dosar a água que receberam lá trás, este posto foi a salvação.



A estrada de barro a frente indicava que estávamos chegando.




O trecho até que era curto, mas a ansiedade por terminar unidos ao cansaço acumulado fizeram que ele parecesse bem maior do que realmente é.




O quilômetro 11 marcava o fim da estrada de terra e o início da rodovia.



Na rodovia percorremos no máximo uns 400 metros...



... e já saímos para uma outra estradinha de terra. Agora era a reta final!


Para quem guardou um pouco de reserva, este era o momento de dar aquele sprint básico só para sair bem na foto.


Enfim, a linha de chegada!


E acabou-se o que era doce.

A Corrida das Torres foi uma excelente prova, abrindo o Circuito Brasileiro de Corridas de Montanha 2008 com qualidade, e nos indicando que o circuito deste ano promete.

Agradecimentos Especiais:

>Aos amigos e corredores Nete & Val e Rodolfo pelas bonitas fotos.

>Ao meu irmão Marcelo pela mochila camelback que estreei nesta prova.

6 comentários:

  1. O blog vai bombar! Estou lendo este texto depois da meia-noite. Uma beleza!

    Preciso URGENTEMENTE entrar neste time e buscar a saúde.

    Saber e virtude virão com o tempo e humildade...

    Abraços.

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  2. Cleiton,

    Simplesmente fantástico! Deu pra "sentir de perto" o que é uma corrida de montanha sem precisar me molhar, pisar na lama e terminar cansado! Esse ano tentarei lhe acompanhar pessoalmente em uma dessas.

    Gostei. Ficou muito bem documentado. Textos e fotos na medida. Parabéns.

    Parabéns também pelo Felipe pelo 1o lugar na categoria sub 20. Esse é Fera mesmo!!!

    Um abraço.

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  3. Você escreve bem! Parece que eu estava na corrida também! Estou pensando acho que não tenho condicionamento pra isso não, que loucura!
    Mas continue...
    Abç
    Elaine

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  4. Ele se pronunciou,

    todos os dias apesar de desatualizado entrava no blog para ver se o cleiton havia postado o relato da corrida das torres. Não somente pela corrida em si, mas por ser o Cleiton quem escreveu.

    O cleiton tem isso, consegue colocar poesia nos relatos e nos fazer participar junto com ele do desafio. Novamente te parabeniso e obrigado por propocionar para nós esses momentos.

    Sinceramente

    Fábio Galvão (Corridas de Montanha)

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  5. Ave Cleitonius Montanhus!
    Blog já devidamente copiado.
    Fiz também um powerpoint da prova, só falta vc me avisar qual a próxima prova que eu te entrego.
    Desculpa a falta de contato, mas vcs sabem que essa turma não sai da cabeça e não vejo a hora de encontrar os kbçudos todos.
    Valeu "por tudo"
    Abçs p/ kleitinho dorminhoco.
    E vê se treina!!!!! Ano que vem estamos na mesma ktegoria.

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  6. ESPETACULAR!
    Cleiton, você foi exato na narrativa, parabéns, estaremos juntos nas próximas e vou armado com minha maquininha já que não te alcanço mesmo. Sempre digo e repito, CORRER É UM HINO DE AMOR À VIDA!!!
    rodolfo shosholoza!

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