segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ateu e Agnóstico é tudo farinha do mesmo saco

por Cleiton Heredia


Se tanto um ateu quanto um agnóstico não dão crédito a qualquer tipo de revelação divina, não acreditam plenamente que Deus exista e valorizam a razão como o mais importante fator na busca pela verdade, por que será então que os crentes em deus ou deuses (teístas, deístas, panteístas, pandeístas) são complacentes com os agnósticos e extremamente preconceituosos contra os ateus?

Se perguntarmos para um ateu: “Você acredita que deus ou deuses existam?” Ele responderá: “Não!” Se continuarmos e perguntarmos: “Por quê?” Ele provavelmente dirá: “Não encontrei até o momento evidências satisfatórias para assim fazê-lo.”

Agora, se fizermos as mesmas perguntas para um agnóstico, ele dirá primeiramente: “Não posso afirmar que sim, mas também não posso afirmar que não.” Na sequência, em resposta ao “Por quê?”, ele provavelmente dirá: “Não encontrei até o momento evidências satisfatórias para assim fazê-lo.”

Pelo que entendo do ateísmo e do agnosticismo, o motivo de ambos os grupos não crerem que deus ou deuses existam é exatamente o mesmo: Falta de evidências.

Então por que os religiosos tratam os agnósticos de forma menos preconceituosa que os ateus? Será que eles pensam que todo aquele que se declara ateu já fechou a questão sobre este assunto e o agnóstico se mantém aberto para mais evidências? Se for isto, eles estão errados. Qualquer ateu esclarecido sempre se mantém disposto a seguir o rumo que as evidências o conduzirem. Ninguém se transforma em ateu sendo bitolado ou dogmático, muito pelo contrário.

Será então que o preconceito vem dos religiosos considerarem os ateus como criaturas sem deus no coração? Mas se for assim, quem disse para eles que os agnósticos têm mais deus no coração que os ateus? Os agnósticos são tão céticos quanto à crença em deus ou deuses quanto os próprios ateus. Se os religiosos consideram os ateus como seres maus e imorais por não terem deus em suas vidas, porque um agnóstico, que duvida da existência de deus, seria uma pessoa melhor? Em termos práticos, deus está fora da vida do ateu o tanto quanto está na vida do agnóstico?

O grande problema nesta questão se chama IGNORÂNCIA. Para muitos religiosos, o ateu virou sinônimo de filho do capeta, enquanto que o agnóstico, a maioria nem mesmo sabe o que significa (alguns acham a palavra “chique” com um certo ar de intelectualidade).

Em termos práticos de vida religiosa e fé, ateu e agnóstico é tudo a mesma coisa, pois ambos não adoram ao mesmo deus que os crentes adoram, não acreditam no livro sagrado que eles acreditam, não confiam nos profetas que eles tanto valorizam e nem ficam de joelhos rezando com fé esperando um dia herdarem a vida eterna.

9 comentários:

  1. Cleiton,

    O agnóstico não vê evidências da existência de divindades, nem por isso afirma que elas não existem. Eis aí a virtude (quem sabe?): se não vi, logo não existe? Não se esqueça que o agnóstico terá que ser, necessariamente, teísta ou ateísta.

    Outro detalhe do agnóstico: quem disse que ele quer se alinhar com o teísta que ou ateísta? Por que ele tem que aceitar "apenas pela fé" ou dizer não pelo simples fato de não se poder provar? O que não se pode afirmar e, aí seria constrangedor, que o agnóstico é um "murista".

    Na minha maneira de entender tanto os teístas e ateístas que radicalizam estão "n" níveis abaixo dos agnósticos que são honestos em afirmar: não é possível negar, não é possível afirmar e depois disso escolher se é agnóstico teísta ou ateísta.

    Meu humilde ponto de vista, claro...

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  2. Em tempo: mesmo os teístas são ateus. Como? Os cristãos são ateus em relação ao deus de outras religiões. Ouso dizer que dentro do cristianismo existem ateus. Aqueles que acreditam num deus único são ateus em relação aos que acreditam, por exemplo, no deus triuno...

    Por esse raciocício ateus, agnósticos e criacionistas são todos farinha do mesmo saco...

    Discutir com uso de palavras faz parte de tudo isso. Assim como é possível interpretar livros antigos de diversas formas é possível ser ateu e agnóstico de acordo com vertentes diferentes...

    Vida que segue.

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  3. cleiton, concordo com sua tese principal quanto ao preconceito dos crentes em relação aos ateus e agnósticos.

    mas tem diferença sim. o ateu diz: "não existe"; o agnóstico diz: "não posso saber se existe ou não existe" - pelo menos é assim que eu entendo o agnosticismo. mas na prática, você está certo, eles estão à mesma distância da crença.

    não gosto de discutir sexo de anjo, ou seja, se deus existe. quando falamos "deus" estamos falando exatamente de quem? do deus judaico cristão? dos deuses hindus? do deus do islã?

    então, o conceito de deus é vasto. mas ficando no deus judaico-cristão, crido como o único deus verdadeiro, criador e sustentador do universo, um deus santo, moral, pessoal, nesse deus não creio pois ele é apenas mais uma representação possível do "conceito-deus".

    o que tanto ateus e teístas têm que concordar, é que nós somos seres voltados para fora de nós mesmos, ou seja, somos possuidores de transcendência, que se manifesta principalmente, no sentimento religioso que cria os deuses.

    então, o fenômeno mais interessante para mim não são as representações da divindade, mas exatamente, essa característica tão humana que nos leva a criá-los...

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  4. por outro lado, quero dar uns pitacos na declaração ateísta de que sem evidências, sem deus. ora, os teístas poderiam parodiar essa tese da seguinte forma: os ateus não podem fornecer evidências convincentes da não-existência de deus, portanto, deus realmente existe e os ateus estão errados ao não acreditarem nele...

    o argumento é uma falácia, pois a falta de provas da existência de deus não prova que ele não exista. a falta de evidências só pode realmente permitir a falta da crença em deus, não a afirmação de que deus não existe.

    e além do mais, pesa na balança teísta, o fato do ser humano ser dotado desse sentimento religioso desde que ele se tornou consciente de si e do mundo.

    o único culpado pela existência dos deuses (e de um deus "verdadeiro e real" se existir) é a própria psiqué humana.

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  5. Creio que essa discussão vai longe e é antiga. Hoje estou preocupado mais em estar bem comigo mesmo e com os demais independente se ateus, agnósticos ou teístas. Não estou em cima do muro, só estou buscando respostas mais convincentes e não respostas arrumadas e repetitivas.
    Busco a verdade mais racionalmente e questiono. Posso me sentir hoje um deísta, pois não acredito em revelação divina e nem que haja interferência do mesmo no meio humano, numa busca mais racional sem me ligar a nenhuma religião ou denominação. Verdadeiramente existência ou não de evidências não são parâmetros para se classificar a existência ou não de Deus. Mas esse Deus que falo não considero como antes, o dos judeus, não sei quem é e nem o que faz. As questões do universo ainda me levam a crer na evidência de uma existência e já não vejo a bíblia como palavra de Deus.
    Creio que muita água ainda rolar.

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  6. Cleiton,

    Na verdade todos nós seres humanos somos farinha do mesmo saco. Somos todos hipócritas, egoístas e dissimulados; a diferença é que os religiosos e agnósticos são mais hipócritas, egoístas e dissimulados do que nós, inocentes ateus. (rs)

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  7. Agnósticos ficam em cima do muro. Os teístas sempre buscam novos membros para sua religião. Então quem está mais fácil de ser puxado pro lado dos teístas? Ateus estão do outro lado do muro, logo os teístas tentam convencer os agnósticos por causa da dúvida que eles carregam e estarem "meio caminho andado" para serem convercidos.

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  8. Não tenho fé para ser ateu, logo sou agnóstico.

    Ateu e agnóstico não são farinha do mesmo saco, "CONVICTOS OU ALIENADOS?" explicou isso.

    O ateu simplesmente tem uma cega crença de que Deus não existe, mas nós agnósticos fazemos o uso da razão e não afirmamos o que não conhecemos, além de duvidarmos de ações não comprovadas, ou seja, fazemos uso do ceticismo. Isto é muito diferente de vocês ateus, que simplesmente decidem que Deus não existe e pronto.

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  9. Prezado Alexandre:

    Se uma pessoa entende que o termo "agnóstico" é uma resposta válida quando questionada se acredita em deus, então esta pessoa está utilizando este termo como uma fuga covarde e política.

    Existem apenas duas alternativas de respostas a serem dadas por uma pessoa que tenha considerado esta questão de forma séria e responsável: "sim" ou "não"!

    Responder: "não sei" é o mesmo que dizer, "ainda não parei para refletir sobre este assunto" ou o que é pior, "não estou interessado nesta resposta". Dar estas respostas não significa ser um agnóstico, mas sim um completo desinteressado no assunto. Um verdadeiro alienado e acomodado.

    Um verdadeiro agnóstico quando questionado sobre deus precisa ter a coragem de dizer:

    "Sim, as minhas convicções pessoais me levam a crer que exista algo que se equivale ao conceito de um ser divino sobrenatural, muito embora eu não tenha como provar que minhas convicções são a mais pura expressão da verdade";

    Ou dizer:

    "Não, as minhas convicções pessoais me levam a crer que não exista algo que se equivale ao conceito de um ser divino sobrenatural, muito embora eu não tenha como provar que minhas convicções são a mais pura expressão da verdade".

    Infelizmente o que se mais vê hoje em dia são pessoas que se declaram agnósticas com medo de dizerem que não acreditam em qualquer tipo de divindade sobrenatural. Eles tem medo de se declararem ateus, pois não querem perder o respeito de seus familiares e amigos. Para estes o agnosticismo não passa de uma conveniência que os exime de tomar uma posição corajosa em conformidade com os ditames de sua consciência.

    Não é o caso do meu amigo Enéias do blog "Convictos ou Alienados", pois sei que ele já se declarou abertamente que acredita em uma divindade sobrenatural. Ele é declaradamente um Teísta Agnóstico. Muito embora eu não saiba para que isso serve em termos práticos, tenho que admitir que pelo menos ele não fica em cima do muro.

    Recentemente ele declarou:

    "Eu diria que a recompensa para o meu agnosticismo teísta se equivale, na prática, a do ateísmo. Existe um ser superior, mas o que significa para mim? Nada!"

    É preciso coragem e honestidade para admitir que, em termos práticos, o agnosticismo teísta não é muito diferente do ateísmo.

    E você meu amigo, que tipo de agnóstico é: teísta ou ateísta?

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