sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A Liberdade e a Verdade


E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” – Palavras de Jesus relatadas no Evangelho segundo João capítulo 8 verso 32.


O conhecimento da verdade liberta?

De acordo com o conceito judaico-cristão da verdade, a resposta seria um enfático SIM!

Para Jesus a verdade que traria liberdade ao ser humano era o conhecimento de que Deus, o Pai, havia provisionado a libertação da escravidão do pecado mediante Seu Filho unigênito, Jesus, o Cristo. Portanto, do ponto de vista religioso (cristão) a liberdade vem em decorrência do conhecimento da verdade.

Agora, saindo um pouco do campo religioso e indo para o campo filosófico e/ou científico, será que o conhecimento da verdade continua tendo o poder de sempre libertar?

Podemos dizer que sim no que diz respeito à ignorância, à tradição cega, à “bitolice” e à “tapadice” (estas últimas duas vieram por inspiração da postagem do Enéias).

Porém, se ampliarmos o conceito de liberdade para algo relacionado com a plenitude de vida, a tranqüilidade de espírito e a felicidade, a resposta à pergunta acima pode ser um temeroso DEPENDE.

Se a verdade for boa, agradável e favorável às nossas expectativas, sem dúvida alguma ela nos libertará de uma visão negativa da vida ocasionada pelo desconhecimento dela. Exemplo: Quando eu era pequeno tinha medo do bicho papão e do homem do saco, porém, quando descobri a verdade de que estes personagens não existem, passei a viver muito mais aliviado e feliz.

Por outro lado, se a verdade for ruim, desagradável e antagônica às nossas expectativas, ela poderá abrir nossos olhos para uma realidade negativa com potencial de gerar insegurança e infelicidade. Neste caso a verdade não nos libertou para uma vida mais plena, mas nos escravizou na inevitabilidade ou imprevisibilidade de um destino não desejado. Exemplo: Quando eu era criança me ensinaram a crer o bem sempre vence o mal, porém, quando descobri que esta não é uma regra infalível neste mundo em que vivemos, e que, na verdade, justamente o contrário é muito mais provável que ocorra, perdi minha inocente tranqüilidade e felicidade.

É fato que a verdade não depende de ser agradável ou condizente com nossas expectativas para ser a verdade. Seja ela qual for, agrade a quem agradar ou doa a quem doer, a verdade é a verdade e ponto!

Mas e agora? Com base nisto poderemos afirmar que toda a verdade é desejável e proporciona plena liberdade? Já ouvirão falar na felicidade da ignorância?

Vou propor aqui uma situação hipotética para sua reflexão:


Imagine você que você é um cientista que acaba de descobrir de forma infalível de que o Sol irá explodir dentro de exatamente um ano aniquilando toda a vida neste mísero planeta. Esta é uma triste e dolorosa verdade que ninguém poderá mudar. O que você faria?

(a) Preferiria nunca ter descoberto tal fato e assim poder continuar vivendo na ignorância da verdade, porém tranqüilo e feliz na ilusão da vida continuar em seu rumo normal.

(b) Aceitaria a verdade, porém não a compartilharia com ninguém, pois acredita que neste caso a ignorância é preferível à verdade (o que os olhos não vêem o coração não sente).

(c) Aceitaria a verdade e a compartilharia com todo o mundo, pois acredita que a verdade, não importa qual seja, se positiva ou negativa, se agradável ou dolorosa, sempre será preferível à ignorância ou mesmo à mentira.

(d) Negaria a verdade e creria na mentira, bem como a pregaria para todo o mundo se esforçando para acreditar (em outras palavras: torcendo fanaticamente) que a sua mentira poderá vir a se transformar na verdade.

(e) NDA.

6 comentários:

  1. Parabéns pelo texto e em especial pela propositura da hipótese.

    Recomendarei ao pessoal de minha lista.

    Abraços.

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  2. Difícil escolha!

    Definitivamente, não gostaria de ser o porta-voz dessa tragédia e nem acho que valeria à pena divulgá-la. Aliás, penso que a divulgação antecipada instauraria o caos.

    Cheguei a pensar que optaria pela letra "b", mas pensando bem, acho que nesse caso prefiro manter-me em completa ignorância.

    É como diz o Robin: "Santa ignorância, Batman"!

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  3. Olá Cleiton,

    Sem sombra de duvida eu escolho a alternativa C: “Aceitaria a verdade e a compartilharia com todo o mundo, pois acredito que a verdade, não importa qual seja, positiva ou negativa, agradável ou dolorosa, sempre será preferível à ignorância ou mesmo à mentira.”

    Compartilhando a verdade sobre o iminente fim eu daria às pessoas a oportunidade de provarem seus valores.

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  4. Prezado Cleiton,

    É com satisfação que comento em seu blog. Este, que tenho como um dos favoritos e que leio diariamente e conseqüentemente aprendo bastante.
    Por isso, antes de tudo, dou meus parabéns!

    Eu escolheria a alternativa C, pois embora ela fosse dolorosa para aqueles que queriam permanecer na ignorância, a Verdade mostraria a capacidade de uso do livre arbítrio e demonstraria a personalidade boa e má em cada ser humano ao adquirir esse conhecimento.

    É fato que o ignorante que leva uma vida farta materialmente iria se sentir mal por tamanha falta que faria seus valores materiais. Entretanto alguns que levam a vida na miséria, até poderiam se sentir aliviados com a verdade.

    Estou conhecendo a verdade Bíblica na qual acredito cada vez mais e sei que a verdade segundo minha crença, será a de que Jesus voltará e porá um fim a iniqüidade e salvará os escolhidos.

    Conhecendo cada vez mais a verdade (segundo minha crença), sei que uma pessoa muito apegada às coisas desse mundo, não ficaria em paz em um lugar em que não permitisse a prática de seus costumes terrenos.

    Portanto concluo que a revelação da Verdade, seria o certo e acatá-la discerniria a sabedoria da ignorância, a certeza da incerteza e a vida eterna da vida passageira.


    Grande abraço!

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  5. Estimado Cleiton

    Li muita coisa em seu blog sobre design inteligente. Vi que você gosta do tema e se aprofundou bastante, inclusive debatendo com outros blogueiros (ou será bloguistas?). Oportunamente gostaria de trocar 'figurinhas' contigo sobre o assunto. Gostei muito de suas abordagens e sei que você tem razão quando fala do propósito. Contudo, algumas questões me intrigam, não porque não tenham resposta, mas porque não é fácil chegar a elas: por que a Providência escolheu este caminho da 'revelação indireta'? por que nos encontramos sempre na encruzilhada 'fé' ou 'incompreensível'? e ainda, qual é 'propósito' de 'tudo'? é a 'revelação' um retarato do que a Providência de fato 'revelou'? Bom, não quero complicar mais do que tudo já é. Vamos lá. Torcendo pelo São Paulo... Bye

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  6. Grande amigo Frank,

    Considero uma honra poder trocar "figurinhas" contigo, pois sou um leitor assíduo de seu blog e admiro muito tanto sua trajetória de vida, bem como suas consistentes abordagens e profundas reflexões.

    Infelizmente e felizmente seus questionamentos são também os meus. Infelizmente por que não tenho no momento qualquer tipo de resposta, e felizmente por que não me sinto tão só em meios aos muitos mistérios e interrogações que borbulham pela cabeça.

    Vou refletir um pouco sobre isto e quem sabe postar alguma coisa sobre o assunto. Desta forma você poderá tecer alguns comentários e ajudar-me a enxergar outras facetas para mim ocultas. Caso faça o mesmo, também irei proceder da mesma forma. Caso queira trocar informações apenas por e-mail, por mim também tudo bem.

    Quanto ao nosso Tricolor... ai, ai, ontem a "mulecada" até que se esforçou, mas a decisão por pênaltis pesou demais para alguns novatos. Fazer o que? Domingo que vem tem o Santos e "G4 aí vamos nós".

    Um forte abraço,

    Cleiton

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