terça-feira, 10 de junho de 2008

Experiências semelhantes - Vidas diferentes


A pessoa da foto ao lado é Anton Szandor LaVey que em 1969 escreveu um livro de 272 páginas que se tornou instantaneamente sucesso de vendas nas livrarias dos Estados Unidos, atingindo a marca de meio milhão de exemplares vendidos.

Na introdução deste livro LaVey conta que quando tinha 16 anos de idade tornou-se músico de uma boate e passou a observar nas noites de sábado os "homens olhando com luxúria as moças que dançavam na boate, e no dia seguinte, enquanto eu tocava órgão em uma igreja situada no mesmo quarteirão onde ficava a boate, via esses mesmos homens sentados nos bancos com suas esposas e filhos, pedindo a Deus que lhes perdoasse e os purificasse dos desejos carnais. Mas no sábado seguinte, lá estavam de volta à boate ou a outro lugar de vício. Concluí então que a igreja cristã prospera na hipocrisia e que a natureza do homem termina por dominá-lo"( Anton Szandor LaVey, A Bíblia satânica, Avon Books, Nova York, N. Y., 1969).

Sim, é isto mesmo! Estamos falando do autor da "Bíblia Satânica" que pela maneira que inicia seu livro parece-me querer colocar a responsabilidade (ou "culpa") de sua escolha pelo Diabo ao invés de Deus, nos supostos seguidores deste Deus.

Em uma das partes de seu livro ele diz: "Não existe nenhum céu brilhante glória, e nenhum inferno onde os pecadores assam... nenhum redentor vive!"( Anton Szandor LaVey, A Bíblia Satânica, Avon Books, Nova York, N. Y., 1969, p. 33).

Fico pensando se caso sua experiência aos 16 anos tivesse sido diferente, ou seja, se as pessoas com quem conviveu na boate e na igreja fossem radicalmente diferentes na essência do caráter, ele teria escrito o livro que escreveu.

Particularmente acredito que sim. Conheço muitas pessoas que conviveram com religiosos hipócritas, bem como sofreram gravíssimas desilusões por parte de pretensos adoradores do Deus da Bíblia judaico-cristã, mas nem por causa disto saíram por aí apregoando a licenciosidade hedonista, a vingança violenta, a libertinagem desenfreada, ou falando com um ódio mortal de Deus: "Olho firme no olho vidrado de seu medroso Jeová e puxo-o pela barba; ergo um largo machado e parto em duas sua caveira comida de vermes" (Anton Szandor LaVey, A Bíblia satânica, Avon Books, Nova York, N. Y., 1969, p. 30). Nem mesmo sua incredulidade os motivou a saírem blasfemando o nome de Cristo desta forma: "Enfio meu dedo indicador no sangue aguado do teu impotente e louco redentor, e escrevo sobre sua testa rasgada de espinhos: O VERDADEIRO príncipe do mal, o rei de todos os escravos" (Idem).

Entendo que LaVey já tinha um caráter, talvez em parte herdado, mas com toda certeza em parte cultivado, propenso a ser e viver tal como a sua bíblia satânica apregoa. Esta história inicial parece-me mais um pretexto para justificar sua escolha "radical", bem como uma acusação infantil do tipo: "viu o que vocês fizeram comigo, sou assim por causa de vocês".


Mahatma Ganghi também não encontrou coerência entre aquilo que os cristãos pregavam e viviam, mas nem por isso saiu dizendo o que LaVey disse em seu livro, porém limitou-se a fazer singelas e respeitosas declarações como as que se seguem:

"Não conheço ninguém que tenha feito mais para a humanidade do que Jesus. De fato, não há nada de errado no cristianismo. O problema são vocês, cristãos. Vocês nem começaram a viver segundo os seus próprios ensinos."

"Eu não rejeito seu Cristo. Eu amo seu Cristo. Apenas creio que muitos de vocês cristãos são bem diferentes do vosso Cristo."

Porque experiências semelhantes produziram vidas tão diferentes?

A resposta me parece muito simples: CARÁTER.

6 comentários:

  1. Cleiton:

    Sempre procuro separar religião de cultura religiosa. Entendo que as pessoas que chegaram a uma convicção decorrente de sinceridade, zelo e estudo são uma gama de primeira linha.

    Aqueles que herdaram uma forma de viver e acreditam ser religiosas são, em sua maioria, fomentadores de maus exemplos de coerência.

    Uma pessoa que no culto eleva preces mas durante a semana vive conforme vontade da carne tem tudo, menos uma religião.

    Faz parte da grande massa que acha, acha, mas nunca é...

    Quanto ao livro por você citado: não importa a fonte de inspiração. O livro está eivado de falácia. Erro e verdade. Suposições sólidas mistificadas com frágeis... Verdade e mentira. Típico e eficaz.

    SDS

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  2. Grande, Cleiton

    Revelou neste comentário ou artigo, aquela 'perspicácia' dos que vêem algo mais do que um simples comentário ou ponto de vista.
    Muitos críticos da religião são míopes em seu dicernimento. É claro que a religião organizada tem seus problemas.
    Mas procurar justificar as próprias escolhas em cima dos erros dos outros é justamente o que você falou: fraqueza de caráter.
    Parabéns!

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  3. Depois de pesquisar sobre o assunto, entendi que o satanismo verdadeiro não tem haver com a adoração a pessoa de Satanás, mas sim com o culto ao próprio eu e a Natureza. Mas é certo que existem muitas variantes do satanismo e algumas delas vêem na pessoa de Satanás uma divindade a ser adorada.

    O que Anton Szandor LaVey denuncia em seu livro “Bíblia Satânica” é a hipocrisia de uma sociedade pretensamente religiosa, cuja luta contra sua própria natureza é inglória.

    Para um satanista conforme Anton LaVey, tudo é material, e o destino de cada um depende de suas escolhas e das circunstâncias que o envolvem. Não há Deus, tampouco do Diabo, apenas a Natureza.

    Agora, quanto ao caráter de Anton LaVey, não posso dizer nada a respeito. Não o conheço. Mas acredito que, muito provavelmente, esse sujeito tenha uma índole igual ou tão ruim como a maioria de nós.

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  4. AS RELIGIÕES VIERAM COM O INTUITO DE NA FALA DE DEUS, TIRAR PROVEITO ECONOMICO DE SEUS ADEPTOS. PENA QUE O HOMEM QUEIRA SER LOBO DO PRÓPRIO HOMEM. SE VALE DAS P´RÓPRIAS FALAS DE JESUS COM INTUITO NUMERÁRIO.QUEM FALOU QUE JESUS SE APROVEITAVA DE SEUS DON?!!!

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  5. angela58s@hotmail.comdomingo, 02 maio, 2010

    A VIDA SERIA LINDA, NÃO FOSSE A IDEIA DE LOCUPLETEAR-SE DO SEMELHANTE!

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  6. SE OS HOMENS PARASSEM PARA, SOMENTE FALAR, E , PRATICAR O BEM, NÃO HAVERIA DISCUSSÕES ENTRE OS SERES! AS RAZÕES SERIAM AS MESMAS! MAS É UM DESVAIRADO DIZER E PRÁTICAS DISTOANTES, DESCOMPASSADAS!!

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