segunda-feira, 3 de março de 2008

Tá todo mundo louco?


Hoje de manhã, vindo para o trabalho ouvi no rádio que um homem tinha jogado gasolina e ateado fogo em uma outra pessoa, simplesmente porque esta havia buzinado chamando a atenção do frentista de que era a sua vez de ser atendido, e não o outro.

Mais tarde, indo almoçar, ouvi também noticiário que um homem estava sendo procurado sob a acusação de ter matado seu irmão a golpes de enxada, só porque ele tirou um "sarro" pela derrota do Corinthians para o Palmeiras.

Caramba! - pensei comigo - O que está acontecendo com as pessoas?

Notícias de crimes bárbaros por motivos fúteis têm se tornado cada vez mais frequentes e comuns. E de tal forma que não passamos mais um dia sequer sem ter conhecimento de algo no gênero.

Minha mente tradicionalmente cristã logo começou a recordar um texto bíblico:

"Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos penosos; pois os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a seus pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder." II Tim. 3:1-5.

Já ouve um tempo em que, quando eu ouvia tais notícias grotescas e me perguntava "por quê?", me conformava com uma resposta bem simples: "É profético! São os últimos dias e não tem como ser diferente". Atualmente tenho uma certa dificuldade de aceitar tais respostas por serem essencialmente dogmáticas e não permitirem uma reflexão mais racional.

Em busca de mais respostas, comecei a pensar em vários outros motivos (não porque a explicação bíblica esteja errada, mas porque na verdade eu só quero pensar um pouco melhor neste assunto). Não sou sociólogo, nem muito menos psicólogo, mas quero arriscar aqui algumas respostas mais complexas:

1) Em uma sociedade cada vez mais individualista é natural que cada um se convença de que é centro do universo;

2) A atual geração Fast Food não quer saber de esperar mais por nada;

3) O materialismo exacerbado faz com que as pessoas vejam a todos os demais como meros objetos a serem usados e depois descartados quando não lhes servem mais, assim como fazem com os objetos que vivem comprando e trocando;

4) Num mundo que só recompensa os vitoriosos segundo os padrões que a mídia impõe, a auto-estima daqueles que não se adequam a estes padrões (a grande maioria), se torna cada vez mais baixa, levando as pessoas criarem mecanismos de auto-defesa para não serem vistos como derrotados;

5) Grandes mudanças acontecendo dia a dia fazem com que as pessoas procurem viver num ritmo alucinado na tentativa de acompanhar a tudo e a todos;

6) Dificuldade de lidar com muita informação acessível de forma cada vez mais fácil e rápida, sem ter tempo de refletir e avaliar a qualidade destas informações;

7) Um mundo globalizado que cria a sensação de que o espaço de cada um está se tornando cada vez menor desencadeando a síndrome de “defesa de território” (este é o meu espaço e ai de você se invadi-lo);

8) A banalização da violência e de outras caracteríscas negativas através de uma mídia que lucra cada vez mais com aquilo que é grotesco, anormal e completamente fora dos padrões da realidade;

9) O péssimo exemplo daqueles que estão no poder;

10) Escassez de bons referenciais.

Por outro lado, apesar dos motivos acima expostos nos mostrarem um mundo com características bem diferentes daquelas existentes em outros tempos mais antigos, o homem (ser humano) basicamente é o mesmo de todas as eras.

Analisando a história do mundo, não acho que o ser humano tenha piorado ou melhorado. Sempre existiram pessoas amantes de si mesmas, gananciosas, presunçosas, soberbas, blasfemas, desobedientes aos pais, ingratas, ímpias, sem afeição natural, implacáveis, caluniadoras, incontinentes, cruéis, inimigas do bem, traidoras, atrevidas, orgulhosas, violentas e hedonistas.

Crimes bárbaros por motivos fúteis sempre existiram. O problema é que nos dias atuais os vemos por uma ótica ampliada pelos meios de comunicação cada vez mais eficientes num mundo muito mais densamente povoado.

Mas também sou obrigado a concordar que as mudanças ocorridas no mundo atual têm funcionado como verdadeiros agentes catalisadores que ajudam a manifestar de forma cada vez mais rápida e intensa aquilo que o ser humano é em sua essência.

Solução?

Humanamente falando, não existe nenhuma cem por cento eficaz!

Paliativo?

Uma educação de qualidade voltada para a vida capaz de criar seres que pensam por si mesmos e uma família capaz de gerar pessoas que se sintam amadas e que sabem por vivência pessoal a respeitar o semelhante.

2 comentários:

  1. Às vezes eu me pergunto se a explosão demográfica não é a grande vilã. Muita gente, pouco trabalho, mais competição, menos senso humano...

    Cito um exemplo: saí de casa hoje e às 8:30 da manhã eu já estava na Marginal Pinheiros. Houve um acidente na Marginal Tietê e só cheguei ao trabalho depois das 12 horas.

    Imagine o tamanho das marginais e calcule a quantidade de carros só ali. A Capital chegou aos seis milhões de veículos! É gente demais, carros demais, impaciência demais. Tudo conspira contra a paz interior.

    Não há como fugir disso. Alguns conseguem, mas e a maioria?

    Eu acredito que muita gente e pouca terra será o pivô para a desgraça mundial...

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  2. Cleiton,

    Já assistiu ao filme "Um dia de Fúria"? Pois é, ele está se tornando real. Talvez tenha sido um "filme profético" (rs).

    Parece que estamos em uma panela de pressão prestes a explodir...

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