terça-feira, 28 de outubro de 2008
A Máfia Psíquica - Parte 3
Imagine a cena:
Você vai consultar um médium em uma cidade situada a milhares de quilômetros do local onde reside, e durante a sessão este médium, que nunca lhe viu antes e de posse apenas de seu nome e local de origem, lhe conta detalhes de sua vida familiar, sua saúde, o nome de seu suposto guia espiritual e até que você há uns dois anos atrás consultou um outro médium que lhe disse tais e tais coisas.
Seguramente você sairia de lá impressionado e crendo piamente que tudo só seria possível caso a comunicação com os espíritos fosse uma realidade, não é mesmo?
Bem, mas a realidade de fato é que você foi enganado por um grupo de vigaristas que ao invés de obter as informações do “além”, tudo que precisaram fazer foi acessar um banco de dados aqui desta terra mesmo.
Esta sórdida trama foi revelada no livro “A Máfia Psíquica”. Keene conta que os médiuns que trabalhavam para ele dispunham de uma eficiente rede de informações espalhada por todo o país, onde poderiam trocar informações e assim enganar sua clientela onde quer que estivessem.
Fichas e mais fichas contendo os nomes dos clientes, suas histórias de família, seus problemas de saúde, seus supostos guias no mundo espiritual, e tudo mais que fosse relevante, estavam devidamente catalogadas em enormes arquivos num porão secreto debaixo da Igreja do Acampamento Chesterfield. Assim, com um simples telefonema (a internet ainda não existia), o médium tinha em mãos tudo o que precisava (imagine este sistema funcionando com a tecnologia de hoje!).
Mas o ponto alto e verdadeiramente marcante das sessões feitas por Keene era a materialização dos espíritos. Estas aparições fantasmagóricas eram sempre realizadas em um ambiente convenientemente escurecido, mas com a desculpa que isto era necessário para que o ectoplasma da figura pálida e etérea do espírito pudesse ser visualizado pelos olhos humanos.
Vou deixar que o próprio “mestre” Lamar Keene lhe explique tudo:
“As luzes eram desligadas com exceção de um bulbo vermelho grande controlado por um interruptor que lançava brilho suficiente para iluminar o ectoplasma... Para as sessões de materialização eu usava calça e meias pretas que absolutamente nada apareciam escuridão. Então, enquanto os assistentes cantavam (um hino), eu vestia meu traje de espírito de gaze... Quando estava pronto - o que pode ser em tão pouco tempo quanto dez segundos caso fosse necessário - sairia do gabinete, arrastando nuvens de ectoplasma..."
"São surpreendentes os efeitos que podem ser criados na escuridão manipulando jardas e mais jardas de chifon e gaze que parecem emitir fracamente o brilho não terreno da luz de rubi. O que eu fazia era o que os mágicos chamam de ‘arte negra.’ As partes de meu corpo não cobertas por ectoplasma (na verdade, gaze ou chifon) eram vestidas totalmente de preto e eram bem invisíveis na escuridão... Estando na sala da sessão em meu traje invisível eu desenrolava habilidosamente uma bola de chifon para o meio do chão e manipulava-a até eventualmente envolver-me. O que os clientes viam era um fenômeno: Uma bola minúscula de ectoplasma enviando gavinhas resplandecentes que gradualmente cresciam ou se desenvolviam num espírito materializado plenamente formado..."
"A figura ectoplásmica pode desaparecer do mesmo meio que apareceu. Eu simplesmente desenrolava a gaze do meu corpo lentamente e dramaticamente então a enrolava de volta na minúscula bola original. O que os clientes viam era os espíritos plenamente formados gradualmente desagregando-se, evaporando num sopro de ectoplasma. As variações eram intermináveis. Podia ficar na frente do gabinete e puxar as cortinas pretas para fora e ao redor de mim e manipulando-as de maneira a criar a ilusão de formas de espírito ondulando; variando em largura de uma mera polegada a muitas polegadas; atingindo de dois pés a seis pés de altura... e então amarrotando de volta a quatro pés, três, dois, um... e atravessando o chão. Um som espantoso adicionou à forma, a ilusão de derreter nas tábuas do assoalho..."
"Nós às vezes permitimos fotografias infravermelhas para provar a realidade dos fenômenos de materialização. Estas eram batidas só quando os espíritos davam o sinal garantindo que só o que nós quiséssemos fosse capturado na película... Com outros médiuns de preto furtivamente entrando no lugar podíamos e às vezes produzíamos uma delegação de espíritos materializados... Os cabides cobertos em ectoplasma também faziam um espírito transitável, tipo semi-materializado. Para retratar uma criança eu me ajoelhei na escuridão. Às vezes os clientes eram convidados a aproximar-se do espírito para perscrutar diretamente em seu rosto. Eu tinha uma variedade de máscaras de rosto de homens, mulheres e crianças para todas tais ocasiões..."
"Meu sócio e eu, e outros confederados, caso necessitássemos, usávamos da cabeça aos pés trajes pretos que deixavam-nos totalmente invisíveis na escuridão. Podíamos assim manipular a trombeta sem gerar desconfiança, mesmo sob uma boa luz vermelha e com as faixas luminescentes (na trombeta) exalando um brilho considerável. As trombetas... foram feitas em partições e eram expansíveis a um comprimento total de aproximadamente quatro pés. Assim podiam ser balançadas ao redor com velocidade considerável. O cliente, pensando que essa trombeta era somente um pé longo e vendo sibilando ao redor próximo ao teto, assumia que tinha chegado aí desafiando a gravidade.” (A Máfia Psíquica, pág. 95-100).
Na próxima postagem irei disponibilizar um vídeo onde você assistirá o próprio Lamar Keene demonstrando tudo o que foi dito acima.
Continua...
Postado por
Cleiton Heredia
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