segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Espiritismo Moderno ou Ilusionismo Antigo – Parte 7


Neste último final de semana fiz uma pequena demonstração dos meus “poderes paranormais” para dois casais de amigos.

Usando um jogo das famosas cartas de Zener, também conhecidas como Cartas de teste ESP (Extrasensory Perception – Percepção Extra-Sensorial), realizei duas pequenas rotinas que deram certo (ufa!). No final, utilizando cartas de um baralho tradicional, fiz uma predição que acabou se cumprindo (ufaaaaa!).

É claro que tudo não passou de uma simplória apresentação de truques de mágica, onde utilizei algumas técnicas de ilusionismo de fácil execução (ainda sou um novato na arte) com a finalidade de simular paranormalidade e nos divertir.


Porém, é sabido que desde 1930, quando Joseph Banks Rhine na Universidade de Duke (Carolina do Norte/EUA) fundou um laboratório de pesquisa da paranormalidade, estes fenômenos, ditos como paranormais, são estudados num contexto “científico”.

Separei um capítulo nesta série para abordar um pouco a questão da paranormalidade, pois alguns a usam como uma forma de refutar os fenômenos sobrenaturais considerados pelos espíritas, frutos da manifestação dos espíritos desencarnados dos mortos (o Padre Quevedo é um dos que seguem esta linha de pensamento).

No entanto, vejo nesta estratégia algo semelhante a querer refutar a existência dos lendários vampiros com base na tentativa de provar a existência de criaturas extraterrestres semelhantes ao famoso e pitoresco “chupa-cabra”.


O que é Paranormalidade? Ela existe como um fato cientificamente comprovado?

Paranormal é todo conhecimento que não pode ser explicado pelo nosso conhecimento científico atual sobre o cérebro humano. Vários (mas não todos) fenômenos paranormais são alvos de estudo da parapsicologia, que é o segmento científico (na verdade, pseudocientífico) que lida com os fenômenos psíquicos e os divide em duas categorias: Psi-Gamma (abrange os fenômenos subjetivos como telepatia e clarividência) e Psi-Kappa (abrange os fenômenos objetivos como telecinesia e levitação).

Pela própria definição de paranormal já percebemos que uma vez que a ciência explique satisfatória e conclusivamente um fenômeno até então tido como paranormal, ele deixará de ser considerado paranormal (exemplo: caso a telepatia seja comprovada e explicada cientificamente como uma propriedade natural a ser desenvolvida pelo cérebro, ela não poderá mais ser considerada como um fenômeno paranormal).

Portanto, o próprio fato de se dizer que tal fenômeno é paranormal, já implica em dizer que cientificamente ele não pode ser comprovado ou explicado. Por isto é uma grande besteira sair por aí falando em fenômenos paranormais cientificamente comprovados e explicados (caso fossem, não seriam mais paranormais).

Até hoje, de todas as pesquisas verdadeiramente científicas realizadas para se detectar os fenômenos paranormais, 99% foram identificados comprovadamente como fraudes e o 1% que sobra são as fraudes que, de tão bem elaboradas, ainda não foram desmascaradas.


Você se recorda daquele famoso paranormal dos anos 70 chamado Uri Geller?

Durante muitos anos ele realizou feitos marcantes como a leitura de mentes (telepatia), entortamento de colheres (telecinesia), suspensão de objetos no ar (levitação) e busca de minerais preciosos. Ele inspirou dezenas de escritores, parapsicólogos e cientistas a divulgarem livros e artigos sobre o seu poder mental. Ganhou milhões e milhões de dólares demonstrando publicamente seus supostos poderes mentais, inclusive em programas de TV assistidos por milhões de pessoas.

Tudo estava indo de “vento em popa” para Uri Geller até que alguns estudiosos céticos resolveram investigar os fenômenos bem de perto. Após uma série de testes veio o resultado: Uri Geller é um charlatão!


Um mundialmente famoso mágico ilusionista chamado James Randi também contribuiu para acabar com as pretensões paranormais de Uri Geller, bem como demonstrou com que facilidade se consegue lubridiar pesquisadores honestos, porém pouco desconfiados.

Ele conduziu um maquiavélico modelo experimental em que enviou dois de seus alunos (conhecedores de bons truques ilusionistas) a um laboratório que estava recrutando indivíduos paranormais para investigar a torção dos metais. Estes voluntários tinham a missão de exibir poderes paranormais (os quais na verdade, não passariam de truques): eles adivinhariam o conteúdo de envelopes lacrados, entortariam hastes metálicas, deformariam objetos trancados em caixas lacradas, etc.

Quatro anos após, aqueles dois voluntários seriam vistos como “estrelas psíquicas”. Foram feitos inúmeros convites para demonstrações de seus “poderes paranormais” em universidades e congressos, muitas delas ao lado do próprio Uri Geller. Finalmente, em uma entrevista coletiva, Randi e seus alunos revelaram a farsa e fizeram críticas violentas aos poderes de Uri Geller.

Mais uma vez um mágico, a semelhança de Houdini, presta um valioso serviço à comunidade desmascarando os enganadores e aproveitadores da boa fé do povo.


No mundo da mágica, os mágicos que se especializam em criar ilusões que simulam a paranormalidade são conhecidos como “mentalistas”. Joseph Dunninger (que desmascarou os segredos da vigarista tida como médium, Anna Eva Fay), James Randi, Banacheck, Kreskin, Derren Brown, Max Maven, são nomes de famosos mentalistas que realizam efeitos incríveis, mas que apesar de serem muito bons (bem melhores que Uri Geller), nunca se declaram possuidores de poderes paranormais.

Na verdade estes caras realizam feitos tão extraordinários que, mesmo se apresentando como mágicos ilusionistas, tem muita gente que acredita que eles são possuidores de autênticos poderes paranormais.

Continua...

Um comentário:

  1. Fico impressionado com aqueles "mágicos" de rua. As circunstâncias sempre estão se modificando (ao que parece) e ainda assim sempre conseguem seus objetivos...

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