por Cleiton Heredia
No filme "1408" (2007) o cético escritor Mike Enslin (John Cusack) resolve investigar fenômenos sobrenaturais visitando vários lugares com fama de serem mal assombrados.
Em suas pesquisas de campo nada encontra que pudesse ser considerado como evidências da vida após a morte, até que decide se hospedar no quarto 1408 do Hotel Dolphin em Nova Iorque, famoso pela crença de ser habitado por espíritos malígnos.
O filme, que conta com a participação de Samuel L. Jackson (gerente do hotel), é baseado em uma estória de Stephen King (um mestre em contos de horror). Apesar dos sustos característicos neste tipo de filme, o que realmente prende o espectador do começo ao fim é o terror psicológico vivido pelo protagonista envolto em um sinistro clima onde não se sabe ao certo o que é real e o que é imaginário.
Apesar de eu não ser um fã incondicional de filmes deste gênero, por serem geralmente muito apelativos e previsíveis, gostei muito deste. Uma das partes que mais me chamou a atenção e que me levou a escrever esta postagem foi quando o gerente do hotel pergunta para o escritor:
- Você sabe por que as pessoas acreditam em fantasmas?
Ele mesmo responde na sequência:
- Porque eles dão às pessoas a esperança de que existe algo após a morte.
O gerente continuou repreendendo o escritor por estar destruindo a esperança e conforto de muitas pessoas ao tentar provar que não existe o sobrenatural.
De certa forma aquele gerente tinha um pouco de razão. Nem todos estão preparados para ouvir a verdade. Muitos preferem continuar vivendo uma ilusão desde que esta lhes traga esperança e lhes forneça conforto.
Para estes iludidos, mas felizes crédulos, a busca pela verdade é vista com grande temor e receio, pois bem no íntimo eles sabem que a verdade pode acabar se revelando algo bem diferente daquilo que eles acreditam e desejam.
Quando iniciei meu processo de busca pela verdade questionando ponto a ponto minhas crenças, ouvi indiretas do tipo: estudar muito não faz bem, a dúvida é coisa do diabo, ou, se você continuar assim vai acabar perdendo a fé.
Hoje muitas pessoas dizem para mim que eu me afastei de Deus. Mas eu nunca quis me afastar de Deus, apenas quis ter certeza de que o conceito de Deus e a verdade estavam do mesmo lado. Agora, que culpa tenho eu se o Deus que me foi revelado na bíblia cristã não suportou o crivo da razão? Deveria eu continuar crendo mesmo que esta crença violasse a minha consciência?
Enquanto religioso sempre fui muito sincero na busca pela verdade e em crer somente naquilo que estivesse coerente com esta verdade. Deveria eu agora abandonar minha sinceridade apenas porque a verdade que eu descobri não condiz com aquilo que eu queria que fosse verdade?
Uma mentira não se transforma em verdade pelo simples fato dela fazer bem as pessoas. Da mesma forma uma verdade não pode ser transformada em mentira apenas pelo fato de tirar a esperança e o conforto das pessoas. A verdade independe de nossos subjetivos conceitos de bom ou ruim. Ela não está preocupada se irá nos proporcionar esperança ou destruirá nossos sonhos. Ela é o que é, a verdade ou a realidade!
Assisti a um filme no cinema(NANUQUE-MG) em 1964 que me marcou bastante mas não me lembro de diretores nem atores. A história se passa, também, em um hotel e aborda três dos grandes mistérios que nos aflige; vida após a morte, ressurreição e universo paralelo. A partir daí comecei a questionar os ensinamentos religiosos da minha avó materna.
ResponderExcluirGosto muito do assunto.
Abraços.
Cleiton,
ResponderExcluirÉ assim mesmo. Infelizmente nem tudo é como queremos. É simplesmente porque é. O importante é saber que ética independe de fé. Devemos, portanto, buscar fazer o que é correto, crendo ou não crendo.
SDS
" (...) estudar muito não faz bem (...)". Argh! São poucas as expressões que me irritam tanto quanto essa e suas semelhantes.
ResponderExcluirÉ praticamente um convite à ignorância!
Quanto ao filme, lembro -me de ter assistido. Mas faz um tempo já. Lembro que gostei; terei que rever.
Abraço