quinta-feira, 28 de maio de 2009

O Ministério dos Crentes adverte: Questionar pode ser prejudicial à sua fé (Parte 6)


Durante todo este processo de questionamentos e mudanças eu constantemente parava para revisar todos os pontos que haviam me trazido até o patamar onde me encontrava, pois sempre entendi que “a verdade não teme investigação”. Porém, confesso que nem sempre é um processo fácil e agradável avançar em busca da verdade quando, como conseqüência, passamos a presenciar nossos “castelos de segurança” desmoronando um após o outro.

Não estou bem certo, mas acho que foi Albert Einstein que disse que a verdade molda o cérebro de tal maneira que nunca mais ele poderá voltar a ser como era. Sei por experiência própria que isto corresponde à realidade, pois era exatamente assim que eu me sentia. À mediada que avançava em minha busca pela verdade, era como eu tivesse atravessado várias pontes sobre profundos abismos e caudalosos rios para logo em seguida observar estas pontes ruírem atrás de mim. Retroceder já não seria mais possível.


É por este motivo que antes de atravessar definitivamente uma ponte que me levaria a um novo e desconhecido terreno, sempre o fazia com muita cautela. Isto significa investigar, investigar e investigar. Foi por este motivo que certa vez, juntamente com meu amigo Enéias, procuramos dois renomados teólogos no meio adventista que também haviam sido nossos professores na Faculdade de Teologia para uma conversa bem delicada.

O primeiro foi uma surpresa. Após inquirirmos sobre a sustentabilidade da doutrina da trindade como uma das crenças fundamentais da IASD (mais precisamente sobre a personalidade do Espírito Santo), fomos surpreendidos com a resposta de que ele também não havia “engolido” aquela mudança que pretendia “empurrar goela abaixo” da igreja uma doutrina que não possui um claro apoio Bíblico e nunca foi aceita pelos pioneiros. Sempre tive este pastor e professor na mais auto-estima por sua franqueza e sinceridade, e após este episódio, ainda mais.

O segundo foi uma decepção. Fizemos a ele as mesmas indagações que havíamos feito ao primeiro, porém ao invés de vermos um teólogo embasando seus argumentos na Bíblia e na história, vimos um pastor e professor preocupado em fazer teologia de patrimônio, rezando a cartilha oficial como faria qualquer outro membro mediano da igreja. Este homem era um dos teólogos adventistas que eu admirava por seu conhecimento da teologia sistemática, mas naquele momento apenas o vi fazendo uso da especulação sistemática. Suas respostas foram evasivas, superficiais e constantemente tentou utilizar a técnica de desvio de foco (derrubar um argumento tentando destruir a reputação do grupo que o defende).


No entanto, a atitude do primeiro professor nos deu uma certa esperança de que ainda havia no meio adventista homens intelectualmente capazes e honestos ao ponto de admitir que sua igreja se equivocou afastando-se da verdade bíblica defendida pelos pioneiros.

Será que a IASD um dia iria reconhecer publicamente o seu erro e voltar às suas origens?

Bem, a atitude do segundo professor pesava do outro lado da balança nos mostrando que também haviam muitos homens em posições de liderança que estavam mais preocupados em defender seus empregos, posição e status do que admitir que haviam vários pontos doutrinários que, a bem da verdade, precisavam ser revistos com toda imparcialidade.

Eu estava profundamente decepcionado com a atual Igreja Adventista, pois a cada dia percebia mais e mais que o antigo zelo pela verdade alimentado pelos pioneiros deste movimento já não era partilhado pela maioria daqueles que atualmente estavam à frente e no comando desta Igreja.

Sábado após sábado me desiludia ao ouvir pregações vazias, mensagens superficiais, ensinamentos convenientemente mutantes e, o que é pior, imitações baratas de outros grupos religiosos modernos cujo foco está teologia da prosperidade e na teatralidade e mistificação da fé.

Enquanto para mim a religião (entenda-se: a fé) parecia não fazer mais sentido, a razão continuava apelando e exigindo mais mudanças.

Para continuar lendo clique ---> Parte 7

4 comentários:

  1. Cleiton:

    Com o segundo professor, aquele teólogo de patrimônio, eu tive outra conversa.

    Eu cheguei afirmando que sabia do erro e perguntei se ele, quando nos deu aulas no seminário, tinha consciência disso.

    Como a minha pergunta foi direta, sem permitir que ele viesse com a mesma conversa de antes eu ouvi o seguinte:

    "Mesmo para nós, doutores, muita coisa só chegou ao nosso conhecimento faz pouco tempo..."

    Algo como: quando ensinei isso eu também cria que era a verdade.

    Fiquei com um ponto de interrogação: será que ele está sendo sincero?

    Preferi acreditar que sim, pois estando aposentado não quereria carregar uma cruz assim...

    Não nos esqueçamos que, por ocasião da Lição da Escola sabatina que tratava do Espírito Santo, todos declinaram do convite e não conduzieram em classes a lição 1 (um)...

    Abraços.

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  2. Enéias,

    Pode até ser verdade que quando nos ministrou aulas no SALT ele estava sendo coerente com aquilo que entendia ser a verdade, porém, depois que tomou conhecimento, porque não argumentou conosco de forma convincente? Sendo ele um doutor em teologia sistemática, porque não mostrou onde estavamos errados com argumentos bíblicos irrefutáveis? Seus argumentos eram um apanhado das besteiras que já havíamos lido no livro "A Trindade" da CPB.

    E mais, se ele estava ao par das manobras e manipulações feitas pelos líderes da Conferência Geral com intuito de aprovar esta doutrina espúriado, como poderia concordar com todo aquele teatro montado em 1980?

    Tenho para mim que ele não foi sincero na resposta que lhe deu, pois quando nos deu aulas entre 1981 e 1985, ele já sabia de muitos detalhes que só viriam a tona anos depois pela internet.

    O ponto é que ele havia recebido ordens do QG adventista para ensinar assim e pronto. Não seria mais sincero de sua parte admitir isto?

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  3. Enéias,

    Desculpe-me, mas a última pergunta retórica acima precisa ser reescrita para evitar má compreensão:

    Não seria mais sincero DA PARTE DELE admitir isto?

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  4. Este pastor não tem culpa,ele é um produto do meio. Se ele tivesse nascido na India, certamente não ensinaria isto, que ensinou.

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