por Cleiton Heredia
O título da postagem de hoje é o mesmo que utilizei em um artigo que escrevi logo após o trágico Tsunami do Oceano Índico, ocorrido em 26 de dezembro de 2004 e que ceifou a vida de mais de 285 mil pessoas.
Este artigo chegou a ser publicado em alguns sites religiosos, pois naquela ocasião este blog ainda não existia.
As reflexões nele contidas originaram-se de um artigo que li, na ocasião, de um renomado teólogo protestante chamado Samuele R. Bacchiocchi, que foi o primeiro não-católico a formar-se na Pontifical Gregorian University em Roma, tendo recebido uma medalha de ouro do Papa Paulo VI por conquistar a distinção acadêmica summa cum laude.
O artigo do Dr.Bacchiocchi trazia uma conclusão que muito me intrigava:
"Para os cristãos que crêem em Deus como Criador e Mantenedor deste mundo, há apenas a difícil conclusão de que a responsabilidade pelo desastre do Tsunami repousa diretamente em Deus." (negrito acrescentado)
Sua conclusão foi embasada em três pontos distintos:
a) uma forma enfática de Deus fazer um chamado ao arrependimento;
b) uma maneira impactante de Deus anunciar o juízo final;
c) uma convincente maneira de Deus reforçar a promessa da certeza do fim.
Em acréscimo ao impacto deste artigo, uma semana depois, eu ouvi um sermão no UNASP-SP aonde o pastor que o proferiu disse com todas as letras: "Os tsunamis são os grandes outdoors que Deus está utilizando para mostrar ao mundo que Jesus está voltando!"
Lembro-me que me senti muito desconfortável com tudo aquilo e então a minha mente religiosa, daquela época, trabalhou no sentido de tentar equacionar todas aquelas terríveis tragédias com o meu entendimento de um Deus perfeitamente justo e amoroso.
Minha argumentação foi a seguinte:
"Certa vez assisti um impressionante informe publicitário contra o consumo de álcool que foi veiculado em todas as redes de TV no Brasil. O comercial apresentava uma sucessão de carros destroçados em violentos acidentes com pessoas feridas e até mortas. Eram cenas muito fortes aquelas, e sem dúvida alcançaram seu objetivo que era alertar as pessoas para o uso indiscriminado de bebida alcoólica e suas inevitáveis conseqüências no trânsito. Mas é claro que não passou pela cabeça de ninguém que aqueles horrorosos acidentes com suas muitas vítimas foram provocados com o propósito específico de se produzir aquele comercial. Claro que não! Os produtores do comercial simplesmente se valeram de uma realidade que já existia, mas que de forma alguma foram eles os originadores. O comercial deixava bem claro: o culpado por tudo é o álcool!"
Com esta analogia eu tentei explicar que as tragédias humanas podem acabar se transformando nos Outdoors de advertência de Deus para a humanidade, porém Ele de forma alguma as ocasionava com este propósito. Assim como a culpa dos acidentes mostrados naquele informe publicitário era das pessoas imprudentes que insistiam em dirigir alcoolizadas, assim também a culpa das tragédias que assolavam a humanidade é do "pecado", ou melhor dizendo, dos efeitos degenerativos da maldição do pecado que repousa sobre este planeta há mais de seis mil anos.
Caso tenha a curiosidade de ler na íntegra o artigo que escrevi, clique aqui.
Agora, cá estamos nós vivendo o ano de 2011 e sendo obrigados mais uma vez a olhar com angústia e consternação mais uma terrível tragédia natural com suas milhares de vítimas fatais. Mais de seis anos se passaram do Tsunami do Oceano Índico e algumas coisas mudaram em minhas convicções, de forma que as reflexões que eu atualmente faço são outras.
Falarei delas na próxima postagem.
Lembro-me do texto, lembro-me do sermão. O curioso, em 2004, era a indicação da proximidade do fim. Seis anos se passaram e nada de fim do mundo...
ResponderExcluirEm tempo: será que o terremoto do Japão está ligado ao ano 2012?
SDS/Enéias
Enéias,
ResponderExcluirNão sou adepto à teoria do fim em 2012, mas confesso que tem horas que fico com a pulga atrás da orelha. (rs)
Estou estudando sobre uma nova teoria da conspiração e pretendo colocar em breve aqui neste blog o que tenho descoberto.
Um abraço.
Amigos,
ResponderExcluirÉ extremamente difícil ao homem admitir que, diante de tragédias como essa, que para ele tem tal magnitude, ele só pode olhar para a natureza e dizer "saúde".
Abraços,
Amigo Cleiton, posto o endereço abaixo o qual expõe uma polêmica travada entre dois representantes do mundo evangélico. Um, mostra lampejos de inteligência em certas considerações, porém não consegue se livrar da camisa de força teológica que lhe foi imposta sabe-se lá a que penas. O outro, contesta seus argumentos da forma mais ortodoxa e ingênua possível,sempre citando "verdades bíblicas" e destacando os perigos da argumentação de tendências racionais de seu antagonista.
ResponderExcluirDeixo a análise para o amigo que é versado no assunto, mas que superou com galhardia a fase da aceitação sem reflexão e raciocínio dessas teses ditadas pelo "divino".
Espero não aborrecê-lo com divagações inúteis como essas.
Nilo Bichara
http://www.monergismo.com/textos/sofrimento/tsunami_gondim_eros.htm