quarta-feira, 3 de junho de 2009

O Ministério dos Crentes adverte: Questionar pode ser prejudicial à sua fé (Parte 10)


Minha história com o ilusionismo (a mágica) começa muito antes de eu sequer imaginar fazer qualquer tipo de questionamento, afinal eu tinha apenas uns 10 anos de idade. Lembro-me como se fosse hoje o dia em que fui brincar na casa de um amigo da escola, e ele me fez um show de mágicas com o kit que acabara de ganhar dos seus pais. Fiquei fascinado e, como não poderia ser diferente, lá fui eu pedir para meus pais me comprarem aquela fantástica “Caixa de Mágicas”.

Quase explodi de alegria quando no natal acabei ganhando dos meus pais aquele kit. Foi desta forma executei meus primeiros números de mágica, tendo meus pais e irmão como espectadores cativos. Após este primeiro contato com o mundo da mágica, certo dia me deparei com uma loja de artigos mágicos em um Shopping Center e fiquei maravilhado com todos aqueles equipamentos diferentes e efeitos intrigantes. Comecei adquirindo algumas mágicas simples de fácil execução e não demorou muito, lá estava eu me equipando com vários dispositivos profissionais.

Eu tinha de tudo: bengalas que se transformavam em lenços coloridos, tubo de Aladim para produção de vários objetos pequenos, baralho espírita, caixinhas lacradas onde fazia aparecer a aliança de um espectador, jornal do pinguço, e mais uma série de outros equipamentos incríveis. Tudo estava indo bem até que um dia o tio de meu pai, que era um crente fervoroso, chegou para mim e disse que tudo aquilo era coisa do diabo, e mais, disse também que a Bíblia falava que os mágicos e feiticeiros não entrariam no reino dos céus, mas queimariam no lago de fogo e enxofre.

Fiquei horrorizado! Eu estava mancomunado com o príncipe das trevas e nem sabia disto. Eu gostava muito de fazer mágica, mas não estava disposto arriscar a salvação de minha alma por causa dela. Então, num arrebato de santidade heróica, peguei todos aqueles equipamentos do demônio e joguei-os no lixo. Meu pai, que não era crente, ficou louco da vida e quase matou o tio dele. Ele até que tentou me convencer do contrário, mas como eu poderia dar ouvidos a alguém que não acreditava na existência de Deus?

O tempo passou e nunca mais me envolvi novamente com mágica até que recentemente meu filho do meio pedisse para eu comprar alguns truques para ele em um quiosque de mágicas em um Shopping. A sorte dele foi que eu já estava bem adiantado em meus questionamentos e muita coisa já havia mudado em minhas convicções, pois caso contrário, ele teria ouvido um belo “sermão” sobre o terreno encantado do astuto inimigo de Deus e sobre o fogo que queimará todos os mágicos no dia do juízo.

Eu estava ali comprando algumas mágicas para meu filho quando de repente toda minha infância reprimida, em relação a este assunto, veio à tona. O fato de ter sido tão inocente (tolo) no passado, fez com que eu quisesse comprar para ele tudo o que tinha na loja. Lembro-me que voltamos várias vezes ali e sempre saíamos de lá com um monte de coisas. Na verdade eu estava me projetando em meu filho e, de certa forma, tentando recuperar através dele todo o meu tempo perdido. Passamos a frequentar as reuniões da Associação de Mágicos de São Paulo (AMSP) e ter contato com mágicos profissionais. Meu filho precisou parar por causa da faculdade, mas eu continuei e lá estou até hoje.

Bem, acho que me afastei um pouco do propósito desta série, mas eu precisava contar isto para que entendam que ao pesquisar o sobrenatural e o mundo espiritual, não o fiz como um leigo no assunto, mas sim como alguém que já estava bem interado com os mais variados efeitos e técnicas de ilusionismo. Aliás, foi comparando estas manifestações sobrenaturais e espirituais com aquilo que eu já conhecia do mundo da mágica e da ilusão que pude perceber a íntima ligação que possuíam.

Para continuar lendo clique ---> Parte 11

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