segunda-feira, 1 de junho de 2009

O Ministério dos Crentes adverte: Questionar pode ser prejudicial à sua fé (Parte 8)


Apenas fazendo uma rápida recapitulação: comecei questionando o dízimo e sua utilização dentro da Corporação Adventista; fui para o questionamento do entendimento da Justificação pela Fé dentro da Igreja Adventista, que evoluiu para o questionamento do correto entendimento da Natureza Humana de Cristo; tomei conhecimento do debate em torno da Trindade e passei a questionar este dogma com base na Bíblia e na história da igreja, que levou-me, consequentemente, a questionar os fundamentos do cristianismo e seu status como religião verdadeira.

Ao chegar nesse estágio já admitia a possibilidade da Bíblia ser um livro de ensinamentos salvíficos apenas para os cristãos que nele depositavam a sua fé, e não mais um compêndio de verdades únicas para toda a humanidade. Racionalmente falando, quais eram os argumentos que elevariam o texto bíblico ao patamar de verdade universal e absoluta, enquanto os demais livros sagrados de outros grupos religiosos deveriam ser considerados como mentiras? Aquelas explicações que sempre ouvi (e as utilizei) em defesa da Bíblia, pareciam não mais se sustentarem diante de uma investigação verdadeiramente despreconceituosa e rigorosamente imparcial.


Quando se chega neste nível de questionamento, nenhum tipo de resposta que inclua qualquer medida de fé pode ser aceito, pois, como a fé tem a capacidade de explicar o inexplicável, qualquer argumento, hipótese ou teoria poderá ser defendida com o acréscimo dela. Neste patamar a razão e somente a razão é a medida pela qual tudo deverá ser examinado. Portanto, se Deus existe tal como a Bíblia o descreve, a razão deverá admiti-lo independentemente da fé.

“Presunção!” - dirão aqueles que crêem em Deus – “Como pode uma mente finita querer entender o Deus infinito?”. Bem, em primeiro lugar não estou preocupado (pelo menos, inicialmente) em entendê-lo, mas apenas quero encontrar elementos exclusivamente racionais para nele crer. Em segundo lugar, se Deus realmente existe e criou o homem dotado de razão, não deveria se ofender por estar utilizando-a em relação a ele (muito menos seus seguidores).

Ainda não me sentia atraído pela leitura do livro “Deus, um delírio”, pois sabia, pelos comentários da crítica, que Richard Dawkins era tão incisivo em sua postura de que não há Deus, como são os crentes na sua de que há. Tal radicalismo ainda não me interessava, e por isto continuei investigando em livros que se harmonizavam mais com meu atual espírito inquiridor.

Li “A Linguagem de Deus” de Francis S.Collins, pois achei interessante conhecer as razões que levariam uma mente estritamente científica admitir a existência de Deus. Fiquei frustrado com as conclusões deste cientista, pois os argumentos estritamente racionais para se crer em Deus, que eu tanto almejava, não foram por ele apresentados, mas apenas uma conclusão baseada em uma interpretação completamente dependente do fator “fé”. Mas o pior de tudo não é isto, e sim que para o autor conciliar sua fé com a ciência ele abraça o Evolucionismo Teísta, que nos apresenta um Deus que (permite) se vale da morte dos mais fracos e menos adaptados para gerar vida cada vez mais evoluída (revoltante!).

Porém, foi na leitura de um livro que recebi de presente de um casal de amigos cristãos de mentalidade aberta, chamado “Variedades da Experiência Científica – Uma visão pessoal da busca por Deus” escrito pelo cientista astrônomo Carl Sagan, que finalmente acabei encontrando uma argumentação exclusivamente racional, só que a favor do ateísmo (sem extremismo).

Para ser bem sincero, entre a fé travestida de ciência de Francis Collins no repugnante evolucionismo teísta, e os coerentes, bem abalizados e racionais argumentos de Carl Sagan no ateísmo, fico com o último. Não que tenha tornado-me um ateu (ainda não), mas foi nesta fase que finalmente assumi abertamente meu agnosticismo. Para comemorar este novo marco em minha vida escrevi uma postagem que foi publicada no dia 19/02/2009 sob o título: “Reflexões de um Agnóstico Neófito”.

A postura cética que me levou para o agnosticismo deu-me coragem para adentrar o terreno no qual sempre tive muito receio e preconceito (para não falar, medo): o Sobrenatural.

Para continuar lendo clique ---> Parte 9

2 comentários:

  1. O agnosticismo, pelo menos, nos faz sentir honestos...

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  2. Agnosticismo? Ainda vou escrever alguma coisa a respeito. Você já sabe qual a minha opinião a respeito do agnosticismo não é mesmo? Portanto, segura a peruca (rs).

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