quarta-feira, 27 de maio de 2009

O Ministério dos Crentes adverte: Questionar pode ser prejudicial à sua fé (Parte 5)


Após o encontro com meu amigo Enéias Teles Borges (o “Irmão Sete” de outrora e atual editor do Blog “Convictos ou Alienados”) passei a frequentar o mesmo grupo de estudo do qual ele já fazia parte a alguns anos no UNASP Campus São Paulo (antigo IAE – local onde cursei o Teológico). Desta forma passei a conhecer e ter contato com um grupo bem diversificado de pessoas cultas, sinceras e amistosas.

Foi neste grupo que tive a grata satisfação de conhecer uma pessoa que viria a se transformar em mais uma daquelas significativas amizades com a qual a vida nos surpreende, e que com o tempo também exerceria uma marcante influência na evolução de meus conceitos. O nome dele é Ricardo Cluk, atualmente editor do Blog “A Arte de Ter Razão”.

O Ricardo é uma figurinha carimbada, daquelas bem raras. Uma pessoa super autêntica que não terá a menor inibição ou constrangimento de arrasar com a raça de quem quer que seja, caso não vá com a cara desta pessoa ou discorde de suas idéias. Confesso que em um primeiro contato com ele, você pode até se assustar um pouco, como eu me assustei no dia em que o conheci pela primeira vez: Estávamos fazendo um estudo em grupo quando ele simplesmente detonou os argumentos de um pobre coitado desavisado que se atreveu a provocá-lo (foi o argumento mais vigoroso que já vi alguém fazer a favor do dízimo).


Certo dia, ao final de um culto, eu estava trocando idéias com o Enéias sobre uma das últimas participações do “Irmão Sete” no site do "Irmão X", quando o Ricardo aproximou-se e percebeu rapidamente que estávamos argumentando contra o dogma da trindade. Sua postura inicial foi de indignação, mas como uma pessoa esclarecida que é, aceitou avaliar o mais recente material que tínhamos sobre o assunto (um livro chamado “Eu e o Pai Somos Um” escrito por Ricardo Nicotrauma pessoa que também iniciou questionando a utilização do dízimo na IASD e acabou tornando-se um dos mais eminentes opositores à Trindade – o livro pode ser lido na íntegra no endereço www.adventistas.com/downloads/Eu_e_o_Pai_Somos_Um.doc).

Foi a mudança de pensamento mais rápida que eu já presenciei em relação a este assunto relativamente complexo. O Ricardo pegou o livro e no mesmo dia o leu e se convenceu completamente da falácia que é a crença trinitariana. Em nosso próximo encontro ele já se posicionava contra a trindade com tal convicção e ousadia, que me recordo que o Enéias e eu precisamos “segurá-lo” para ele não ir direto no pastor da igreja pedindo satisfações.

Aos poucos outros amigos mais chegados do grupo começaram a se interar de nossos pensamentos, porém por questões pessoais e profissionais (alguns são até hoje funcionários na organização Adventista), nunca nos disseram claramente como entendiam todo aquele debate em torno da trindade, nem o que pensavam de nós "ovelhas negras" (são todos nossos amigos até hoje).

Muito embora nós três já não concordássemos mais com muitos pontos da ideologia oficial do grupo religioso que fazíamos parte, ainda mantínhamos nossos pensamentos em discrição e nunca tentamos, em hipótese alguma, angariar adeptos para o “nosso lado”. Todos concordávamos que se decidimos continuar ali entre eles, era por opção pessoal, e portanto, respeitaríamos aquela comunidade não trazendo complicações ou dissensão.

Porém, mais questionamentos e mudanças ainda nos aguardavam pela frente.

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3 comentários:

  1. Caro Cleiton:

    O mais interessante nisto tudo é o crescimento do conhecimento. Às vezes pensamos que o conhecimento aumenta na medida em que valores são agregados. Descobrimos que o conhecimento pode (também) aumentar na medida em que tiramos do nosso meio as idéias equivocadas.

    À medida em que deixávamos de acreditar em certos conceitos sentíamos que estávamos mais distantes do erro...

    Abraços.

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  2. Enéias,

    Como os antigos diziam: Temos mais conhecimento dormente do que aquele do qual nos damos conta.

    Cleiton,

    Não imaginava que a ligação entre os essa "trindade pensante" (Você, Enéias e Cleiton) fosse tão profunda. Fantástica história. Com certeza daria um ótimo livro. Algum de vocês chegou a pensar nisso?

    Carlos H.

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  3. Cleiton,

    É verdade. Eu li o livro do Nicotra em apenas algumas horas. Li não, engoli.
    Durante meus primeiros 20 anos de vida eu fui ateu. Depois, coincidentemente, pratiquei outros 20 anos de adventismo do sétimo dia. E adventista convicto como eu fui conheço poucos. Pensando bem, não conheço nenhum (risos). Agora, graças ao bom Deus, eu voltei às origens.

    Pô Cleiton! Eu não sou tão agressivo assim. E só não me assustar que eu não mordo (risos).

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