quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Disparada na Ditadura

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Seguindo a atual tendência dos meus amigos blogueiros que de vez em quando postam alguma música do "tempo do onça", lá vou eu...


Percebeu como a galera se inflama quando Jair Rodriguez canta estes versos?

Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata
Mas com gente é diferente...


Não é para menos, pois vivíamos no auge da ditadura militar e o presidente Marechal Castello Branco havia acabado de fechar Congresso Nacional (12/10/1966). Todo aquele aparato policial não estava ali por acaso.

A letra desta música é muito inteligente, pois, assim como A Banda de Chico Buarque, de forma sutil crítica veladamente o rançoroso regime militar. Não é a toa que estas duas músicas (Disparada e A Banda) dividiram o primeiro lugar no 2º Festival de Música Popular Brasileira em 1966.

Disparada
Geraldo Vandré e Teo de Barros

Prepare o seu coração
Prás coisas
Que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar...

Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo
A morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar
Eu vivo prá consertar...

Na boiada já fui boi
Mas um dia me montei
Não por um motivo meu
Ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse
Porém por necessidade
Do dono de uma boiada
Cujo vaqueiro morreu...

Boiadeiro muito tempo
Laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente
Pela vida segurei
Seguia como num sonho
E boiadeiro era um rei...

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos
Que fui sonhando
As visões se clareando
As visões se clareando
Até que um dia acordei...

Então não pude seguir
Valente em lugar tenente
E dono de gado e gente
Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata
Mas com gente é diferente...

Se você não concordar
Não posso me desculpar
Não canto prá enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar

Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe
Do que eu...

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei

3 comentários:

  1. Sou suspeito para tratar desse assunto. Recomendo a leitura dos quatro livros que versam sobre esse nosso passado tenebroso, do autor ELIO GASPARI.

    Abraços!

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  2. Cleiton,

    Adorei esse clip do "tempo do onça". Pena que o gado continue sendo marcado, mas de tão discreta a marca não é que a gente nem sente tanta dor (rs). Mas que a gente continua sendo marcado, isso continua.

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  3. Que saudade do tempo que o povo se inflamava contra a política...

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