(Texto de Mônica Monastério)
Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com os filhos, os erros de nossos progenitores. E com o esforço de abolirmos os abusos do passado somos pais mais dedicados e compreensivos.
Mas, por outro lado, os mais bobos e inseguros que já houve na história. O grave é que estamos lidando com crianças mais "espertas" do que nós, ousadas, e mais "poderosas" que nunca!
Parece que, em nossa tentativa de sermos os pais que queríamos ser, passamos de um extremo ao outro.
Assim, somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos.
Os últimos que tivemos medo dos pais e os primeiros que tememos os filhos.
Os últimos que cresceram sob o mando dos pais e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos.
E, o que é pior, os últimos que respeitamos nossos pais (às vezes sem escolhas) e os primeiros que aceitamos que nossos filhos nos faltem com o respeito.
À medida que o permissível substituiu o autoritarismo, os termos das relações familiares mudaram de forma radical para o bem e para o mal.
Com efeito, antes se considerava um bom pai, aquele cujos filhos se comportavam bem, obedeciam a suas ordens, e os tratavam com o devido respeito. E bons filhos, as crianças que eram formais, e veneravam seus pais.
Mas, na medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossos filhos foram se desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, ainda que pouco os respeitem. E são os filhos, quem agora, esperam respeito de seus pais, pretendendo de tal maneira que respeitem suas idéias, seus gostos, suas preferências e sua forma de agir e viver. E que, além disso, que patrocinem no que necessitarem para tal fim.
Quer dizer; os papéis se inverteram.
Agora são os pais que têm que agradar a seus filhos para "ganhá-los" e não o inverso como no passado. Isto explica o esforço que fazem tantos pais e mães para serem os melhores amigos e "darem tudo" a seus filhos.
Dizem que os extremos se atraem. Se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo de seus pais, a debilidade do presente os preenche de medo e menosprezo aos nos verem tão débeis e perdidos como eles.
Os filhos precisam perceber que durante a infância, estamos à frente de suas vidas, como líderes capazes de sujeitá-los quando não os podemos conter, e de guiá-los quando não sabem para onde vão.
É assim que evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrole e tédio no qual está afundando uma sociedade que parece ir à deriva, sem parâmetros nem destino.
Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca. Apenas uma atitude firme, respeitosa, lhes permitirá confiar em nossa idoneidade para governar suas vidas enquanto forem menores, porque vamos à frente liderando-os, e não atrás carregando-os e rendidos às suas vontades.
Os limites abrigam o indivíduo com amor ilimitado e profundo respeito.
Alguns pais não enxergam assim e fazem pressão sobre os filhos. Não notam que estão montando uma bomba relógio dentro de casa. A juventude de hoje, quando reprimida, parece-se com um elástico. Quanto se quebra a pancada lá na frente será maior...
ResponderExcluirÉ mesmo...
ResponderExcluirE tudo em excesso faz mal. Liberdade têm de existir, pois é o mais valioso dos bens intangíveis do ser humano. Porém, regras são necessárias. Doutra forma, fica uma aura sutil de "convite à lassidão" até.
Responsabilidade é fundamental. E é justo isto que diferencia a liberdade da libertinagem. Além disso, se justiça sem amor é ditadura, amor sem justiça é anarquia.
Livre iniciativa com responsabilidade social: o consenso que pode dar certo.