domingo, 30 de janeiro de 2011

O Pecado para o qual não existe Perdão - Parte 3 (Conclusão)

por Cleiton Heredia

Antes de mais nada, um recadinho de Jesus para a D.Maroca e a D.Candinha:


Agora vamos à conclusão desta série.

Para muitos cristãos, o problema não está em ser um ateu, desde que este nunca tenha tido contato com a "verdade" da existência de Deus relatada na Bíblia cristã. Eles, os cristãos, entendem que estes ateus não serão responsabilizados por Deus pela sua descrença, pois Deus não levará em conta o período em que viveram na ignorância.

Segundo estes cristãos, para estes ateus, que nunca tiveram a oportunidade de ouvir o evangelho, Deus tomará em conta, no dia do juízo final, apenas a luz que tiveram a oportunidade de receber. Se toda a luz que receberam foi que deveriam ser pessoas de bem respeitando o seu próximo, e estes viveram em harmonia com esta luz, então Deus poderá até salvá-los para a vida eterna. Ou seja, no céu destes cristãos poderá ser encontrado alguns ateus ignorantes, mas de boa índole.

Agora, para aqueles ateus que já conheceram a "verdade" da existência de Deus e já fizeram parte do grupo dos que crêem, mas que escolheram deliberadamente abandonar suas crenças rejeitando a Deus, nenhuma esperança existe. Todos estão irremediavelmente perdidos por toda a eternidade. Se fizeram teologia, pior ainda. Vão queimar e sofrer por mais tempo no juízo final. Aliás, muitos cristãos tem uma vontade oculta de adiantar a obra de Deus e atear fogo nesta cambada de incrédulos agora mesmo. Muitos só não o fazem porque o estado laico atualmente os proíbe de saírem por aí fazendo "churrasquinho" de ateu convicto.

O Deus destes cristãos não está nem aí se estes ateus mudaram suas convicções com base na razão com a qual Ele próprio um dia lhes dotou. Não importa para este Deus se estes ateus apenas estão procurando ser coerentes com aquilo que aprova a sua própria consciência norteada pela razão. Muito menos importa se estes ateus continuam sendo homens e mulheres de bem que respeitam e valorizam a vida e só querem viver em paz com os seus semelhantes.

Não, nada importa! O Deus destes cristãos é implacável quando se trata de pessoas que são "vira-casaca" em relação à crença nele. É assim que muitos entendem o pecado para qual não existe o perdão ou o pecado contra o Espírito Santo.

Se o Deus destes cristãos existir de fato exatamente da forma com eles o idealizam, eu só posso lamentar dizendo:

Que Deus mais incoerente e mesquinho este o de vocês!

Mais lamentável que a possibilidade da existência de um Deus assim, é a realidade da existência de pessoas que se dizem cristãs, mas agem como a "D.Maroca", fomentando a difamação do caráter e denegrindo a reputação daqueles que não acreditam da mesma forma que elas. E o pior de tudo é que as tais Donas Marocas e Donas Candinhas acreditam piamente que tal atitude não as impedirá de herdar a vida eterna ao lado de um Deus santo.

Sinceramente, se o céu existir e nele não entrarão ateus convictos de boa índole, mas será admitida a entrada de difamadores que acreditam em Deus, eu não quero ir morar para sempre ao lado de um Deus assim tão injusto, nem muito menos quero compartilhar a eternidade ao lado desta corja de fofoqueiros maledicentes.

Recadinho final:

"Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; nem conspirarás contra o sangue do teu próximo. Eu sou o Senhor." Levíticos 19:16

P.S.: Os meus amigos cristãos que sabem conviver harmonicamente com os seus semelhantes que pensam de forma diferente não precisam vestir a carapuça.

Fim desta série.

10 comentários:

  1. Boa Cleiton,

    Sinto, na pele, o que você sente. Fizemos Teologia juntos e nos formamos juntos e estamos com posturas ideológicas muito parecidas. Lembra-se da série que fiz "momentos de cão sarnento"? É bem por aí mesmo. De fato se o céu e Deus forem dos jeito que muitos ASD proclamam, prefiro não ir mesmo...

    Abraços.

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  2. Não é o que aquele ditado diz? "Antes só, do que mal acompanhado".

    Boa série de postagens! =)

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  3. Enéias,

    Com uma pequena grande diferença: Você se declara um teísta e eu um ateu. Tudo bem, sei que existe a palavra agnóstico logo em seguida, mas na cabeça do crente ela não faz muita diferença. Eles só entendem que um teísta é alguém que acredita em Deus (não importa de que forma) e um ateu, alguém que não acredita.

    Se você diz que já sente na pele o preconceito e antagonismo dos seus amigos cristãos sendo um teísta com um teísmo diferente do teísmo deles, espere para ver o que irá acontecer com você o dia que se declarar um ateu.

    Amigos irão te rejeitar, familiares irão se afastar, seus clientes talvez não confiem mais em você e a sociedade como um todo vai te considerar como uma espécie de escória que precisa ser descartada.

    E o pior de tudo é que isto não é feito de forma clara e escancarada, mas de forma velada e covarde (pelas costas).

    Um alto preço que precisa ser pago para continuar sendo honesto e coerente com aquilo que a consciência norteada pela razão aprova.

    Abraços.

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  4. Cleiton,

    Quando se diz que existem cerca de 2% de ateus no mundo eu discordo. O número é bem maior. Muitos não se dizem ateus simplesmente para evitar situações como a sua (não por medo, mas por enfado). Saiba que no meu meio (Direito) não há muito preconceito, assim como não há na Filosofia. O problema é seu contexto anterior.

    Em tempo: um agnóstico teísta, como no meu caso, recusa "miseravelmente" a doutrina convencional de qualquer igreja.

    Só que tem um detalhe: pela experiência amarga que tive (muito amarga), viro as costas para as pessoas preconceituosas. Hoje vou à igreja da mesma forma que vou ao cinema, estádio de futebol. Vou em busca de algum tipo de espetáculo e torço para que seja bom.

    Outro ponto importante: estou de portas abertas para a verdade, ainda que seja para o ateísmo.

    A realidade é que as minhas convicções atuais não me empurram para o ateísmo, mas me lançam longe daquilo que vivi na igreja e no SALT (às vezes me envergonho de não ter enxergado tamanhas obviedades...).

    Como a verdadeira amizade independe de credo, sei que existem amigos verdadeiros e que jamais se afastariam. Caso tenham se afastado, menos pior. Melhor inimigo declarado do que amigo falso...

    Abraços.

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  5. Mais:

    Durante cerca de DEZ anos eu me mantive afastado. Pessoas se afastavam de mim. Desviavam-se quando me viam. Acabei adquirindo couro de jacaré por todo o corpo, nem preciso nadar de costas em lagoa com piranhas. Renovei e renovo cada dia meus votos familiares. Sou 100% por minha família. Renovo sempre minha disposição para a amizade verdadeira. Sou 100% a favor de amigos leais (creia, eles existem). De um tempo para cá eu notei que existem tantos amigos bons em outros contextos. Pena que a caixa de porcelana na qual cresci não me permitia ver isso. Tenho vários amigos: aqueles que gostam de relógios, que gostam de futebol, que gostam de religião, que gostam de debate...

    O importante, mesmo, é que sejamos amigos das pessoas sem nada querer em troca.

    Jamais deveremos, contudo, virar as costas para o desconhecido. Tudo que sabemos é muito pequeno em razão da infinitude que nos cerca.

    Saudações!

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  6. Cleiton,

    É óbvio que ateus sinceros herdarão o Reino dos Céus, mesmo sem nele acreditarem. Eu, por exemplo, vou ter uma longa conversa com Jesus aos pés da árvore da vida. Vou passear pelos planetas na companhia dos santos anjos e, por toda a eternidade, vou louvar ao Pai.

    E, por falar em coisas extraordinárias, parabens pelo Dia do Mágico, comemorado hoje, dia 31 de janeiro.

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  7. Obrigado, Ricardo.

    As pessoas criticam o pastor que virou mágico, mas não percebem que a missão de ambos tem algumas semelhanças, como por exemplo, fazer as pessoas acreditarem que o impossível é possível.

    Um abraço.

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  8. Obrigado, Jéssica.

    Você é a Jéssica Jezler, amiga dos meus filhos, certo?

    Um abraço.

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