terça-feira, 20 de março de 2012

Um intrigante debate entre um cristão e um ateu

por Cleiton Heredia


Em 21 de fevereiro de 2000, o então Cardeal Joseph Ratzinger, atual Papa Bento XVI, e o filósofo ateu Paolo Flores d'Arcais se encontraram no Teatro Quirino em Roma para um debate público que reuniu mais de duas mil pessoas e durou cerca de duas horas e meia.

Este debate está transcrito na íntegra em um livro chamado "Deus Existe?", cujo título está mais para uma astuta estratégia de marketing do que realmente expressar o âmago dos temas ali tratados, e que trata na verdade de um confronto de opiniões sobre temas polêmicos tais como: fé e razão, moralidade e assuntos de ordem social.


Estou ainda lendo o livro, mas já terminei a parte onde o debate foi integralmente transcrito, e confesso que gostei muito do que li.

Por um lado, as argumentações de Joseph Ratzinger me ajudaram a ver este homem, que hoje é o representante máximo da Igreja Católica Apostólica Romana, com outros olhos. Sim, digo "com outros olhos" porque a igreja onde fui doutrinado desde a minha meninice (Igreja Adventista do Sétimo Dia) me condicionou a olhar para o Romanismo e para o Papado como um bicho de sete cabeças (os adventistas consideram a Igreja católica como uma igreja apostatada e projeta sobre o poder religioso papal a figura apocalíptica da grande prostituta e da besta). Porém, ao ler as palavras proferidas pelo atual Papa neste debate, pude ver apenas um homem de fé, como qualquer outro líder cristão protestante, defendendo suas crenças de forma ponderada, inteligente e respeitadora.

Por outro lado, também gostei muito da forma como o filósofo ateu Paolo Flores d'Arcais defendeu os seus pontos de vista, sendo igualmente ponderado, inteligente e respeitador.

Como era de se esperar em um debate como este, ninguém saiu vencedor ou perdedor, mas apenas deram um exemplo digno de como pessoas com pontos de vistas diferentes sobre a vida podem se encontrar e conversar de forma civilizada, defendendo o seu direito de acreditar segundo os ditames de sua consciência, sem que para isto precisem se agredir ou se matar mutuamente.

Que a humanidade aprenda e cresça com exemplos como este.