quinta-feira, 26 de maio de 2011

Como os Ateus respondem às questões básicas da vida?

por Cleiton Heredia


Aqueles que compartilham da crença em uma ou mais divindades frequentemente julgam os ateus como pessoas confusas e sem um rumo certo na vida, pelo motivo deles não poderem responder "satisfatoriamente" às perguntas básicas da vida.

É claro que as respostas que eles consideram satisfatórias são somente as respostas que vão ao encontro de suas mais acalentadas expectativas, onde estão presentes dois elementos básicos: segurança e esperança.

Apresento a seguir um quadro comparativo relacionando as cinco perguntas básicas da vida e como as mesmas são respondidas pelos teístas e ateístas. Existe ainda uma coluna intermediária entre as respostas teístas e ateístas que resumem a forma como os teístas entendem que estas perguntas são respondidas pelos ateus.

É óbvio que as respostas dos teístas podem variar em função do segmento religioso a que pertencem, mas em regra geral elas não fogem muito daquilo que está sendo apresentado como referência. Da mesma forma, as respostas dos ateístas podem não ser exatamente as mesmas, porém procurei apresentar aquilo que entendo expressar melhor o pensamento da maioria.


Respostas Teístas
Respostas Ateístas no entendimento dos Teístas
Respostas Ateístas
Quem sou eu?
Sou um ser criado à imagem e semelhança de Deus.
Sou um acidente do acaso.
Sou um ser humano.
De onde eu vim?
Vim de Deus, ou seja, sou consequência do planejamento de um Criador amoroso.
Vim de uma grande explosão cósmica.
Sou consequência de uma raríssima combinação de fatores.
Por que eu estou aqui?
Estou aqui para fazer a vontade do Deus que me criou, que deseja a minha felicidade presente e futura (salvação), bem como que me capacita a revelá-lo ao meu próximo de forma que este também encontre a sua felicidade presente e futura.
Sei lá! Acho que é para morrer.
Tendo em vista a raridade que é a vida, estou aqui para desfrutá-la com toda a responsabilidade e vontade de quem a considera como única e insubstituível.
Como eu sei o que é certo e o que é errado?
Deus é o único referencial verdadeiro para se saber diferenciar o certo do errado. Sua vontade está manifesta em sua palavra revelada.
Não sei! Mas acho que se é bom para mim, então é certo, se é mal para mim, então é errado. Eu sou a lei para mim mesmo.
Assim como considero minha vida única e insubstituível, desta mesma forma aprecio e valorizo a vida do meu semelhante, sendo que considero "certo", tudo aquilo que me permita ser feliz sem impedir que meu próximo também o seja, e o "errado" é exatamente o oposto disto, ou seja, procurar cada um a sua felicidade sem considerar a felicidade dos demais.
O que acontece quando eu morrer?
Vou voltar para Deus e viver eternamente ao seu lado.
Morreu, acabou! Vou ser como se nunca houvesse existido.
Para o que morreu, nada. Para aqueles que ficaram, permanecerá apenas a memória (lembrança) daquele que se foi.

Você percebeu como, no caso dos teístas, cada uma destas respostas procura preencher a ânsia do ser humano em busca de segurança e esperança?

Você também notou, pela forma como os teístas entendem que os ateus respondem a estas perguntas, como é inevitável eles os julguem como pessoas vazias, sem rumo, infelizes, inseguras e sem esperança?

Ao meu ver, pela forma que eu entendo que os ateus respondam a estas perguntas, não consigo interpretá-los como pessoas completamente desprovidas de segurança e esperança. Acredito que a segurança de um ateu se encontra no fato de procurar viver da melhor forma sem prejudicar a ninguém, e a sua esperança no desejo de que todos ajam da mesma maneira.

É claro que as respostas dos teístas são muito mais desejáveis e acalentadoras, e não tenho dúvidas que no fundo todo ateu até que gostaria que elas fossem uma verdade irrefutável.

Porém, para um ateu, não se trata de buscar as respostas mais agradáveis ou as alternativas mais desejáveis, mas sim de buscar a verdade seja ela qual for, procurando sempre adequar da melhor forma a sua vida a aquilo que a sua razão e consciência aprovam.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Fotos comprovam que o arrebatamento já ocorreu

por Cleiton Heredia


As fotos abaixo foram tiradas como prova de que a profecia do pastor americano Harold Camping, que previu o fim do mundo para o dia 21 de maio de 2011, estava correta:

O fiel amigo ainda insiste em continuar ao lado das roupas do seu dono arrebatado


Este cortador de grama foi encontrado ainda funcionando


Será que ele teve tempo de se limpar?


Estava na sala esperando a esposa preparar o jantar e "pluft"!


O pobre animal está até agora tentando entender o que aconteceu


Dizem que no Brasil o fim do mundo não ocorreu pelo fato do país não ter infraestrutura para um evento desta proporção.

Piadas à parte, eu fiquei surpreso com a postura do ativista ateu Richard Dawkins que reproduziu em seu site um artigo publicado no The Telegraph no qual o pesquisador de história Tim Stanley argumenta que os seguidores de Camping são pessoas simples e incultas e que, por isso, merecem um pouco de respeito. Dawkins também deu seu recado dizendo que de fato tem havido excesso na zombaria.

Como assim? Richard Dawkins, que foi tão impiedoso em sua obra "Deus, um delírio", está agora demonstrando compaixão com os crentes?

É o fim do mundo mesmo!

Fonte: Paulopes Weblog

domingo, 22 de maio de 2011

Alguém já viu cenas assim sendo promovidas por Ateus?

por Cleiton Heredia


Acabei de assistir a um vídeo no Blog do Miranda que muito me chocou. O vídeo integra uma postagem que ele escreveu intitulada "Imbecilidade à Flor da Pele" onde ele escreve sobre o quanto os seres humanos podem ser cruéis na defesa de seus pontos de vista.

O vídeo impressiona pelas cenas reais de selvageria contra os cristãos que vivem em países onde não são maioria.

[O vídeo que mostrava seres humanos sendo espancados e queimados vivos já foi retirado do Youtube.]

Não precisa ser um cristão ou mesmo um religioso para se indignar com estas cenas. Basta ser um ser humano normal.

A história está repleta de sandices parecidas, todas elas em nome de alguma divindade. Por exemplo:

- A Bíblia conta a história do povo hebreu massacrando cidades inteiras onde não escapava nem mesmo as mulheres grávidas ou as crianças de colo; tudo em nome de uma divindade chamada Yahweh.

- As cruzadas da idade média causaram severas baixas tanto do lado dos cristãos como do lado dos mulçumanos. Entre 1096 e 1272 d.C. foram 10 cruzadas onde se estima que cerca de um milhão de pessoas morreram de cada o lado do conflito; e tudo em nome da mesma divindade chamada por nomes diferentes, Deus e Alá.

- A história está manchada com o trágico massacre conhecido como a Noite de São Bartolomeu onde os católicos vitimaram milhares de protestantes franceses (estima-se que foram mortos de 30 a 100 mil pessoas naquela noite); tudo em nome de uma divindade que inclusive tinha o mesmo nome nos dois grupos, o Deus triúno.

- O Holocausto judeu na segunda guerra mundial que vitimou cerca de 6 milhões de judeus foi promovido por um líder que acreditava estar agindo em nome de Deus: "Acredito hoje que estou agindo de acordo com o Criador Todo-Poderoso. Ao repelir os judeus estou lutando pelo trabalho do Senhor." – Adolf Hitler, em discurso no Reichstag, 1936.

Os exemplos são muitos e crescem a cada dia. Há quem queira acreditar que os ateus são responsáveis por crimes semelhantes, e citam como exemplo os regimes comunistas que possuem uma característica anti-religiosa ou ateísta. Mas ateísmo não é regime político. Sam Harris, neurocientista estadunidense, esclarece:

"O problema com o fascismo e o comunismo, entretanto, não é que eles eram críticos demais da religião; o problema é que eles eram muito parecidos com religiões. Tais regimes eram dogmáticos ao extremo e geralmente originam cultos a personalidades que são indistinguíveis da adoração religiosa. Auschwitz, o gulag e os campos de extermínio não são exemplos do que acontece quando humanos rejeitam os dogmas religiosos; são exemplos de dogmas políticos, raciais e nacionalistas andando à solta. Não houve nenhuma sociedade na história humana que tenha sofrido porque seu povo ficou racional demais."
(fonte: http://ateus.net/artigos/ateismo/10-mitos-e-10-verdades-sobre-o-ateismo/).

Portanto, minha pergunta persiste: Alguém já viu as cenas do vídeo acima sendo promovidas por ateus e única e exclusivamente em nome do ateísmo?

sábado, 21 de maio de 2011

Jesus Volta Hoje!

por Cleiton Heredia


Segundo o pastor norte-americano Harold Camping, fundador do grupo Family Radio, Jesus estará voltando hoje, dia 21 de maio de 2011, para levar os salvos para o céu e dar início ao dia do juízo para os pecadores, que serão castigados por cinco meses, até o dia 21 de outubro, quando ocorrerá o Armagedom, que é a destruição final de todos os ímpios com a purificação deste planeta pelo fogo.

Enquanto os crentes deste movimento já abandonaram os seus empregos, já venderam os seus carros e casas e estão neste exato momento se despedindo dos seus parentes e amigos, um grupo de ateus das cidades de Oakland-Califórnia (onde fica a sede da Family Radio) e Houston-Texas está aproveitando esta oportunidade para promover encontros e debates sobre a laicidade do Estado, além, é claro, de estarem rindo muito e fazendo todo tipo de piadas e deboches.

Um mega terremoto de abrangência global está sendo esperado pelos seguidores deste pastor profeta, pois isto será o sinal da transladação dos justos para o céu e marcará o início do juízo final dos pecadores, que serão deixados neste planeta tendo que amargar por cinco meses as consequências de um mundo devastado pelas consequências deste terremoto.

O mais interessante desta história é que o "tiozinho do apocalipse" já tinha feito uma predição semelhante onde havia datado o fim do mundo para o dia 6 de setembro de 1994. Como Jesus não voltou nesta data, o homem simplesmente disse: "Opa! Errei nos cálculos. Espera aí turma que eu vou refazer minhas contas". E depois surgiu novamente dizendo: "Foi um errinho bobo. Só me equivoquei por uns 17 anos. Agora é sério gente, Jesus volta em 21 de maio de 2011".

A explicação de Camping foi a seguinte: "O número 5 significa reparação, 10 quer dizer integralidade e 17 representa o paraíso, ainda levando em conta a fundação do Estado de Israel em 1948, essa combinação somada às informações contidas na bíblia torna o dia 21 de maio de 2011 o Dia do Juízo Final".

Agora sim tudo faz sentido! Como foi que eu não pude perceber isto antes?

Mas não pense você que o cara é maluco, pois de bobo ele não tem nada. Em 2009, quando a profecia número 2 (versão revista e atualizada) foi anunciada, a CNN apurou que só neste ano foram arrecadados cerca de 18 milhões de dólares (aproximadamente 29 milhões de reais) em doações.

Se o mundo não acabar hoje, eu estou pensando seriamente em fazer umas continhas.

Caso queira rir mais, acesse o site da Family Radio em português:

http://worldwide.familyradio.org/pt/

E um bom fim de mundo para você.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

"Eu não posso imaginar o que seria da minha vida sem Deus!" (Parte 2)

por Cleiton Heredia


Como eu havia dito na postagem anterior, relativizar a mentira pode parecer algo tremendamente subversivo para a mente religiosa, pois ela imediatamente irá extrapolar este relativismo para questões extremadas como, por exemplo, roubar, adulterar ou matar.

Os religiosos gostam de argumentar contra o fato dos ateus se sentirem completamente livres para tomar suas decisões sem se preocuparem com as ordenanças de qualquer tipo de divindade, dizendo que sem Deus tudo se torna relativo e permitido. Os seguintes argumentos ridículos são geralmente usados:

- "Se o meu filho estiver passando fome, então será certo eu roubar para alimentá-lo."
- "Se meu cônjuge não consegue mais me fazer feliz, então será correto eu adulterar."
- "Se alguém matar um amigo meu, então eu estou no meu legítimo direito de matá-lo também."


Mas espere um pouco! Estamos falando de uma liberdade para pensar e agir dentro dos princípios da moralidade cuja essência se resume no respeito à propriedade alheia e principalmente no respeito à vida.

Se meu filho está passando fome, eu não vou roubar por que eu mesmo não gostaria de ser roubado caso a situação se invertesse. Apropriar-se indevidamente dos bens do meu próximo não é uma hipótese a ser considerada quando existem muitas outras bem melhores do que esta. Pedir ou trabalhar, por exemplo.

Se alguém não é feliz com seu cônjuge, não precisa traí-lo. Há outras alternativas bem melhores do que esta como, por exemplo, tentar melhorar o relacionamento ou pedir a separação.

Se alguém cometeu um crime contra alguém que eu amo, isto não me dá o direito de cometer outro crime como forma de retaliação. Vivemos em um país regido por leis que prevêem punições para os crimes cometidos, sendo que neste caso seria bem melhor deixar a sociedade, na pessoa do estado, aplicar estas punições. Se não for assim, imagine a bagunça que seria viver em sociedade.

Os religiosos contra-argumentam dizendo que este padrão moral só existe por que a sua divindade o estabeleceu. Porém, os ateus entendem que foi a própria necessidade de se viver bem em sociedade que estabeleceu a base para a criação de padrões morais universalmente aceitos. Em qualquer lugar do planeta todos concordam que procurar ser feliz sem impedir que os outros sejam igualmente felizes é um princípio correto a ser seguido, e também todos concordam que o limite de sua liberdade é a liberdade do próximo.

Por isso é que no "frigir dos ovos" não importa muito se os padrões morais universais foram ditados pela divindade "Zeus", "Jeová" ou "Hórus", ou se surgiram da necessidade do ser humano conviver em harmonia com os seus semelhantes. O que importa de fato é que eles existem e são uma realidade tanto na vida daqueles que acreditam em Deus, como na vida dos ateus. Também não importa se violá-los é considerado pecado para uns e simplesmente errado para outros, o que importa é que todos concordam que sua vida deve ser regida por estes padrões para o bem da coletividade.

Enquanto um religioso faz o que é certo por que seu Deus assim estabeleceu e ordenou, um ateu faz o que é certo simplesmente por que é o certo a ser feito. A grande diferença entre os dois reside no fato do religioso estar preso à forma como o seu Deus interpreta e exige a obediência (geralmente de forma impositiva sem admitir qualquer tipo de questionamento), enquanto, já no caso do ateu, por ele não estar preso aos ditames de qualquer divindade, pode fazer uso de sua liberdade para refletir no melhor a ser feito em cada circunstância. Mas, é claro, sempre tendo em mente que a sua liberdade e felicidade não pode jamais impedir que o seu semelhante seja igualmente livre e feliz.

A conclusão que eu chego me parece muito óbvia:

Existem pessoas do bem que são felizes acreditando e obedecendo a esta ou aquela divindade, mas também existem pessoas igualmente do bem que conseguem ser igualmente felizes sem acreditar nesta ou naquela divindade.

Portanto meu amigo, se a vida sem Deus para você não faz sentido, entenda e aceite a existência daqueles que não vêem o menor sentido viver acreditando em um ser para o qual não lhe foram apresentadas provas racionais para assim fazê-lo.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

"Eu não posso imaginar o que seria da minha vida sem Deus!" (Parte 1)

por Cleiton Heredia


O título desta postagem é algo que ouvimos com certa frequência de pessoas religiosas. Eles acreditam que a vida religiosa é a melhor maneira de se viver e não entendem como alguém em sã consciência pode conseguir viver sem Deus. Para eles a vida sem Deus não faz o menor sentido, pois é triste e deprimente.

Na ótica daquele que crê em Deus, um ateu não passa de um louco transviado que deve amargar a mais miserável de todas as formas de viver. Não é para menos que ateus como o Dr.Drauzio Varella precisem às vezes fazer certos desabafos como o que se segue:

"Não sou religioso. Respeito todas as crenças, mas os religiosos não têm nenhum respeito pelas pessoas sem fé. Quando digo que não tenho religião, acham que sou imoral. É como se eu tivesse parte com o diabo".

Muito embora os religiosos estejam convictos da impossibilidade de se viver de forma plena sem a crença em uma divindade qualquer (na verdade não é bem "uma divindade qualquer", pois cada um tem a sua como referencial de verdade), será que do ponto de vista dos ateus existiria algum tipo de vantagem em se viver sem crer em um Deus?

Os ateus entendem que sim! E como exemplo de uma destas vantagens eles mencionam o fato de poder tomar decisões baseados num contexto específico sem estar limitado à visão dogmática de uma divindade específica.

Vamos entender um pouco melhor isto fazendo uma simples pergunta: Em que circunstância seria correto mentir? A maioria dos religiosos, baseado nos preceitos do seu Deus, responderia: "Nunca!"

Para um religioso, especialmente os fundamentalistas, a mentira é algo condenável por Deus em qualquer circunstância. A Bíblia cristã, por exemplo, está repleta de exemplos e admoestações contra a mentira. Porém, para alguém que não está preso aos ditames de uma divindade, a mentira pode não ser algo condenável dependendo das circunstâncias envolvidas.

Vamos imaginar que você estivesse vivendo no tempo da 2ª guerra mundial em algum país da Europa ocupado por tropas nazistas, e estivesse escondendo em sua casa uma família de judeus. Se soldados de Hitler chegassem até a sua porta e te perguntassem se você estava abrigando judeus, seria correto mentir?

Nestas circunstâncias qual seria a decisão moral mais apropriada? Salvar vidas das mãos de um ditador tirano e cruel ou entregá-las a sua própria sorte só para não quebrar a lei do seu Deus?

Nestas circunstâncias um ateu que estivesse disposto a proteger a vida daquela família, mentiria prontamente sem o menor peso na consciência. Os ateus estão livres para fazer o que é certo para a humanidade ao invés de estarem presos à ótica forçada de fazer o que é correto para agradar a uma divindade.

Mas isto pode parecer tremendamente subversivo para a mentalidade religiosa que imediatamente irá extrapolar este relativismo para questões extremadas como, por exemplo, roubar, adulterar ou matar.

Na próxima postagem eu falarei mais sobre isto.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Procura-se um fenômeno sobrenatural genuíno (Parte 2)

por Cleiton Heredia


Para minha decepção, sua resposta foi:

"Olá amigo! Boa tarde! A respeito do meu comentário no seu blog, é verdade! Eu realmente os vejo, mas infelizmente nunca tive a idéia de gravá-los ou filmá-los. Talvez por nunca ter achado respostas para isso ou por não saber o que pode acontecer após isso. Já procurei muitos entendidos no assunto, mas todos nunca me deram uma resposta plausível. E sendo assim, eu prefiro deixar como está! Não gosto muito do que vejo, porém, infelizmente vejo! Agradeço por sua resposta ao meu comentário. Um grande abraço e boa tarde."

Fiquei frustrado! Encontrei alguém que vê espíritos o tempo todo, mas que nunca se interessou em documentar o que vê. Esta pessoa fala que consultou "entendidos", mas acredito que deveriam entender de tudo, menos de metodologia científica.

Acompanhando a resposta acima havia um último parágrafo todo escrito em caixa alta onde se lia a seguinte advertência:

"MAS NÃO SE ENGANE! EU SEI O QUE VEJO E CONFESSO QUE É DE ARREPIAR. COMECEI AOS 8 ANOS E DAÍ PARA CÁ NUNCA MAIS PAROU DE APARECER ESSAS ESTRANHAS VISÕES. NÃO É SEMPRE E NEM COM TANTA FREQUÊNCIA, MAIS OS VEJO."

Com todo respeito ao leitor que me escreveu isto, este tipo de testemunho não me interessa. Milhões são enganados o tempo todo por acreditar simploriamente naquilo que outros dizem, pois não tomam o devido cuidado de investigar o que está sendo dito.

Afirmações do tipo "Eu vejo espíritos", para mim não significam nada! Se eles aparecem só para você e não existe a menor possibilidade de você mesmo ou outra pessoa constatar de forma científica a sua visão, então teremos que considerar outras possibilidades como auto-sugestão, auto-engano, estado emocional abalado, síndrome da paralisia do sono* ou até mesmo problemas psicológicos como esquizofrenia.

Sendo assim, só me resta a opção de continuar descrendo no sobrenatural até que surjam evidências cientificamente verificáveis que me façam mudar de idéia.

E aí? Você conhece algo ou alguém que pode me ajudar nesta busca?

* Sobre a Paralisia do Sono existe uma série de artigos muito interessantes escritos pelo meu amigo Carlos H.Barth, do Blog "Leite com Manga faz Mal". Confira nos links abaixo:

Pesadelos Vivos - Parte 1
Pesadelos Vivos - Parte 2
Pesadelos Vivos - Final
Pesadelos Vivos - Uma peça bem pregada

Recomendo também o artigo "O Poder do Auto-Engano" do mesmo autor.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Procura-se um fenômeno sobrenatural genuíno (Parte 1)

por Cleiton Heredia


Conforme prometido na postagem anterior, vou lhe relatar um rápido diálogo virtual que tive com um dos meus leitores, cuja identidade será preservada.

Este leitor ao ler uma de minhas postagens refutando a crença no sobrenatural, mais especificamente no mundo dos espíritos, enviou-me a seguinte mensagem:

"O sobrenatural é mais natural do que se imagina! Eu acredito piamente e tenho boa causa para isso: Sou de uma família que vê espíritos o tempo todo, e às vezes até falo com eles! Não sei se me acham louco, mas já tentei ver o porquê de tudo isso e não encontro respostas. Portanto, acredite! Eles existem e precisam de oração. Não duvidem, mas quando tiverem uma visão de algo estranho, não tenham medo, orem por ele(a) seja lá quem for."

Caso eu me defrontasse com esta mensagem no tempo em que era um religioso, com certeza diria para esta pessoa que a resposta para estas aparições de espíritos está na segunda carta de Paulo aos Coríntios, capítulo 11 e verso 14: "E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz". Em outras palavras, que aquelas aparições não eram espíritos de pessoas que já morreram, mas sim o próprio Diabo e seus anjos se passando por eles.

Acredito, por aquilo que este leitor escreveu ("orem por eles"), que ele deva interpretar estas supostas aparições pela ótica espírita, e é bem provável que se ofendesse comigo ao dizer que se trata de espíritos de demônios.

Porém, o estágio atual de completo ceticismo em que me encontro levou-me a ver nesta resposta uma oportunidade de ouro para avançar em minhas pesquisas em busca de uma comprovação da existência do sobrenatural. Eu lhe respondi:

"Seu comentário é bastante interessante. Eu já empreendi uma busca por evidências concretas do sobrenatural, mas até agora não encontrei uma única manifestação que possa ser considerada incontestável. Você disse que pertence a uma família que vê espíritos o tempo todo. Então, imagino que isto seja algo meio corriqueiro para você, certo? Gostaria muito de saber se você tem alguma evidência concreta de que eles realmente se tornam visíveis e audíveis aí em sua casa. Por evidência concreta entenda uma foto, filmagem ou gravação. Estarei aguardando. Um abraço e obrigado pela participação".

Na próxima postagem eu conto qual foi a resposta dele.

sábado, 14 de maio de 2011

Ellen White e o Espiritismo Moderno (Parte 7)

por Cleiton Heredia


Para alguns adventistas do sétimo dia, discordar ou falar contra os escritos de Ellen White, considerada por eles como uma escritora inspirada por Deus, é algo tão ofensivo quanto falar mal do Papa para um católico praticante.

Antes que pensem que eu estou sendo desrespeitoso para com ela, eu quero deixar bem claro que não foi a minha intenção nesta série de postagens criticar toda a obra literária de Ellen White, onde eu sei que existe muita coisa válida de cunho histórico e moral, mas apenas destacar um aspecto isolado de seus testemunhos contra o moderno espiritismo.

Minha principal crítica neste sentido tem como base o seguinte pensamento: Se hoje temos abundantes evidências de que os supostos fenômenos sobrenaturais daquela época (século 19) não passavam de truques e fraudes engenhosamente construídas por mentes humanas com intuito de seduzir e aliciar adeptos para o movimento espírita, então por que Ellen White não foi instruída por Deus a revelar estas falcatruas?

Imaginem que forte testemunho a favor de sua alegada inspiração divina se ela revelasse segredos que só os melhores ilusionistas e cientistas daquela época conheciam? Imaginem se ela tivesse escrito:

"Deus me mostrou que todas as manifestações presenciadas nas sessões espíritas são truques e que nada existe de sobrenatural nelas. As mesas flutuam com dispositivos construídos para criar este tipo de efeito e os médiuns não passam de mágicos embusteiros. No futuro, quando a ciência tiver avançado o suficiente, isto ficará devidamente comprovado. Os fenômenos que muitos vêem na penumbra das salas pouco iluminadas não podem ser reproduzidos em um ambiente devidamente controlado. Coloquem os supostos médiuns em condições de laboratório e verão que nenhum fenômeno poderá ser produzido."

Mas ela não poderia ter dado um testemunho deste tipo, pois o cristianismo não pode sobreviver sem a crença no sobrenatural. A igreja cristã precisa da crença em um ser sobrenatural cuja essência é o mal (o Diabo), para então poder continuar acreditando em outro ser sobrenatural cuja essência é o bem (Deus). Eliminem a crença na existência real do Diabo e logo teremos que eliminar também a crença na existência real de Deus.

Foi por este motivo que quando eu quis partir em busca de provas para a existência de Deus, tentei provar que o Diabo e o sobrenatural existiam. Caso eu obtivesse sucesso em minha busca, com certeza não teria razões para duvidar da existência de Deus.

Infelizmente, até o momento, não encontrei qualquer evidência, por menor que seja, que me leve a acreditar na existência do sobrenatural. Porém, continuo minha busca sempre aberto para novas evidências.

Na próxima postagem irei contar uma história de algo relacionado a esta busca que me ocorreu recentemente e que está relacionado com este texto de Ellen White:

"Num futuro próximo muitos serão defrontados por espíritos de demônios personificando parentes amados ou amigos, e declarando as mais perigosas heresias." - História da Redenção, pág. 398.

Aguarde!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Ellen White e o Espiritismo Moderno (Parte 6)

por Cleiton Heredia


Lendo alguns textos que Ellen White escreveu sobre o espiritismo, fiquei chocado com este, tamanha a dose de preconceito contra uma classe de pessoas que advogam uma fé diferente à dela:

"Não devemos assistir às suas reuniões e muito menos nossos pastores devem entrar em controvérsia com eles. Pertencem àquela classe específica, a qual não devemos convidar para nossa casa nem saudá-los. Temos de comparar os seus ensinos com a vontade revelada de Deus. Não nos devemos empenhar em examinar o Espiritismo. Deus já descobriu isso por nós e nos diz definitivamente que é uma classe que se levantará nos últimos dias, negando a Cristo, que os comprou com o Seu sangue. O caráter dos espíritas é descrito tão plenamente que não precisamos ser enganados por eles. Se obedecemos à prescrição divina, não deveremos ter simpatia pelos espíritas apesar de suas palavras suaves e favoráveis." - No deserto da tentação, pág. 110.

Será que eu li corretamente?

"Pertencem àquela classe específica, a qual não devemos convidar para nossa casa nem saudá-los."

Se Ellen White foi realmente inspirada por Deus nas orientações e conselhos que escreveu, então Deus deve ter os espíritas na mesma categoria ("classe") que a dos demônios, pois ela orienta aos cristãos de seu segmento religioso dizendo que não devem nem cumprimentar um espírita. Que conselho mais estranho!

E o mais grave é que ela chega a julgar o "caráter" de uma pessoa pelo tipo de crença religiosa que ela abraçou: "O caráter dos espíritas é descrito tão plenamente que não precisamos ser enganados por eles."

Não sei como a liderança adventista acabou permitindo que um texto deste teor fosse publicado. Isto depõe contra eles como um grupo cristão que prega uma mensagem de amor, solidariedade e salvação. Uma coisa é não concordar com os ensinamentos espíritas, outra coisa bem diferente é marginalizar seus adeptos como indivíduos indignos de um simples cumprimento.

Existem alguns textos de Ellen White que seus depositários simplesmente deram um "jeitinho" para eliminar dos atuais livros em circulação. Textos que comprometiam a doutrina da trindade, que tinham teor racista ou que continham erros proféticos simplesmente sumiram ou sofreram sutis alterações nas edições mais recentes. Este texto de extremo preconceito contra os espíritas deveria ter sido um deles.

Continua...

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Ellen White e o Espiritismo Moderno (Parte 5)

por Cleiton Heredia


Ellen White arrumou para si e seus defensores um problema bem complicado quando afirmou com todas as letras que os fenômenos espíritas do século 19 eram manifestações genuinamente sobrenaturais:

"Muitos se esforçam para explicar as manifestações espíritas, atribuindo-as inteiramente a fraudes e prestidigitação por parte do médium. Mas, conquanto seja verdade que os resultados da trapaça tenham muitas vezes sido apresentados como manifestações genuínas, tem havido também assinaladas manifestações de poder sobrenatural. As pancadas misteriosas com que o espiritismo moderno se iniciou não foram resultado de trapaça e artifício humano, mas obra direta dos anjos maus que, assim, introduziam um engano dos mais eficazes para a destruição das almas. Muitos serão enredados pela crença de que o espiritismo seja meramente impostura humana; quando postos em face de manifestações que não podem senão considerar como sobrenaturais, serão enganados e levados a aceitá-las como o grande poder de Deus." - O Grande Conflito, pág. 553.

Não há qualquer tipo de comprovação de que isso seja verdade. Muito pelo contrário, todas as evidências pesquisadas até o presente momento nos levam a crer que as "pancadas misteriosas", bem como todas as demais manifestações que se seguiram, foram resultado de trapaça e impostura humana. Não existiu ou existe uma única manifestação, que após devidamente testada em um ambiente controlado por especialistas no assunto, ficou sem uma explicação lógica, científica ou natural.

Aqui está mais um texto com uma declaração insustentável:

"Muitos há contudo, que consideram o espiritismo como um simples engano. As manifestações pelas quais ele apóia suas pretensões a um caráter sobrenatural, são atribuídas à fraude por parte do médium. Mas, conquanto seja verdade que os resultados da velhacaria tenham sido muitas vezes apresentados como manifestações genuínas, tem havido também provas notáveis de poder sobrenatural. E muitos que rejeitam o espiritismo como resultado da esperteza ou astúcia humana, quando defrontados com manifestações que não possam explicar sob este ponto de vista, serão levados a reconhecer suas pretensões." - Patriarcas e Profetas, pág. 685.

"Provas notáveis"? Onde? Elas simplesmente inexistem por completo. No passado até poderia se cogitar um caso ou outro que, devido à sutileza dos métodos utilizados, ficasse momentaneamente sem uma explicação racional. Porém, com o avanço dos métodos de pesquisa, nenhum deles conseguiu resistir ao crivo da investigação científica.

Apresente-me um único caso de fenômeno espírita reconhecido pela ciência como legitimamente sobrenatural, que eu posso começar a considerar que Ellen White acertou nesta questão.

Continua...

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ellen White e o Espiritismo Moderno (Parte 4)

por Cleiton Heredia


A partir deste momento irei trazer alguns textos de Ellen White com a intenção de confrontá-los com a análise feita na série de postagens "Os Segredos das Sessões Espíritas do Século 19". Caso você já a tenha lido, eu acredito que a leitura que se segue poderá ser muito mais proveitosa.

Em 23 de junho de 1890, Ellen White escreveu em um artigo para o periódico Signs of the Times:

"O espiritismo está prestes a cativar o mundo. Muitos há que julgam ser o espiritismo mantido por truques e imposturas, mas isto está longe da verdade. Um poder sobre-humano está operando de várias maneiras, e poucos têm a idéia do que será a manifestação do espiritismo no futuro."

Com respeito aos supostos fenômenos sobrenaturais relacionados com o espiritismo no século 19, todos aqueles que foram devidamente investigados, acabaram sendo expostos como fraudes criadas pelos médiuns e seus comparsas. Não existe registro histórico de nem sequer um único fenômeno que tenha sido atestado como cientificamente verdadeiro.

Sendo assim, não existem motivos racionais para acreditar que um "poder sobre-humano" (sobrenatural) estivesse ali operando. O julgamento de que os fenômenos espíritas eram mantidos por meros "truques e imposturas" está fundamentado em uma longa e exaustiva investigação promovida por cientistas e ilusionistas (investigadores psíquicos) nas principais supostas manifestações em todo território norte-americano no século 19.

A coisa fica ainda mais complicada quando Ellen White, em tom profético, afirma categoricamente que "poucos têm a idéia do que será a manifestação do espiritismo no futuro".

Que manifestações?

À medida que a ciência avança, o espiritismo fica cada vez mais tímido em termos de "manifestações sobrenaturais". Nenhuma sessão espírita que se preze se arriscará a exibir fenômenos sobrenaturais da mesma forma que eram abundantemente exibidos no passado. Onde estão os objetos que se movem sozinhos, as levitações de mesas e cadeiras, as músicas e vozes do além ou os espíritos se materializando? Eles simplesmente sumiram, pois caso insistissem em continuar aparecendo, seguramente seriam prontamente desmascarados como fraudes e truques.

O desafio de um milhão de dólares de James Randi está aí a mais de 40 anos como prova de que ninguém conseguiu até o momento provar cientificamente que exista o sobrenatural.

A conclusão a que chegamos é um tanto quanto constrangedora, pois para se crer na veracidade dos testemunhos de Ellen White (com relação aos fenômenos do espiritismo moderno) será necessário fechar os olhos para as evidências de que os fenômenos sobrenaturais só existem e sobrevivem a custa de fraude HUMANA.

Continua na próxima postagem.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ellen White e o Espiritismo Moderno (Parte 3)

por Cleiton Heredia


Na postagem anterior vimos que existe uma divergência entre a confissão das irmãs Fox de que as "batidas misteriosas" eram fruto de uma fraude inventada por elas mesmas, e a declaração de Ellen White que afirmou ter sido orientada em visão de que estas batidas eram sobrenaturais (provocadas diretamente pelo Diabo).

Como não poderia ser diferente, o grande defensor da Igreja Adventista e de Ellen White, o teólogo Dr.Alberto R.Timm, tenta explicar este "aparente" erro em um artigo publicado na Revista Ancião de abril/junho de 2003. Destaquei logo abaixo um texto que considero interessante nesta defesa, mas caso você queira ler o artigo completo, clique aqui.

"Ainda que houvessem dúvidas a respeito dos testemunhos contraditórios das irmãs Fox, jamais poderíamos desconhecer a importância que os próprios espíritas atribuem às experiências sobrenaturais por elas vivenciadas. Em 1948 a Associação Nacional Espírita dos Estados Unidos publicou o Centennial Book of Modern Spiritualism in America , reconhecendo a experiência na casa da família Fox, em 1848, como assinalando o surgimento do espiritismo moderno. Em junho de 1992, visitei pessoalmente o local da casa da família Fox, em Hydesville, Nova York, onde existe uma pedra angular com a seguinte inscrição: 'Local do nascimento e santuário do espiritismo moderno. Erigido mediante as mais generosas contribuições de espíritas e seus amigos ao redor do mundo, em honra a cada médium espírita desde os dias das irmãs Fox, em 1848, até aos nossos médiuns espíritas do presente e do futuro. Esta pedra angular foi comprada e colocada pelo Ministério da Ciência Espiritual e Divina e pelos amigos, no dia 4 de julho de 1855'."

O Dr.Timm menciona os testemunhos das irmãs Fox como "contraditórios" por que elas primeiro declararam que tudo não passou de uma farsa (1855), mas depois resolveram voltar atrás e falaram que as 'batidas misteriosas' eram genuinamente de origem sobrenatural.

Porém, segundo o teólogo Prof. Donald K. Keller, trinta anos depois de tudo ter começado, as irmãs Fox tornaram-se alcoólatras e no final de suas vidas declararam novamente que tudo não passou de uma farsa fabricada.

O fato é que existe hoje uma grande desconfiança sobre a veracidade dos supostos fenômenos observados no lar das irmãs Fox. É mais do que óbvio que os espíritas tenham um grande interesse de que eles sejam reconhecidos como genuínos, pois caso contrário terão que admitir que o seu movimento (o espiritismo moderno) nasceu de uma peça pregada por duas irmãs "malandrinhas".

Só acho muito estranho o Dr.Timm querer defender como correta a declaração de Ellen White, só por que os espíritas querem acreditar que foi um fenômeno autêntico. Será que alguém tem alguma dúvida dos interesses dos espíritas em sustentar a legitimidade destas batidas? Todo movimento espírita moderno teve origem ali. Seria muito constrangedor para eles ter que admitir que o seu movimento originou-se com uma farsa inventada por duas jovens que não tinham muito que fazer.

Na próxima postagem vamos analisar mais alguns textos de Ellen White com relação ao espiritismo moderno.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Ellen White e o Espiritismo Moderno (Parte 2)

por Cleiton Heredia


Em agosto de 1850, Ellen White alegou ter tido uma visão onde declara que foi lhe revelado por Deus que o fenômeno das "batidas misteriosas" na casa das irmãs Fox, marco inicial do espiritismo moderno, eram parte da obra de Satanás para enganar a humanidade nos últimos dias.

O conteúdo dessa visão foi publicado em 1851 no primeiro livro de Ellen White, intitulado "A Sketch of the Christian Experience and Views of Ellen G. White" (págs. 47 e 48), e republicado posteriormente nos livros Primeiros Escritos (págs. 59 e 60) e Vida e Ensinos (págs. 168-170). Leia o que ela escreveu:

"Em 24 de agosto de 1850, vi que as 'pancadas misteriosas' eram o poder de Satanás; parte delas procedia diretamente dele, e outra, indiretamente, mediante seus agentes, mas tudo provinha de Satanás, que executava sua obra de diferentes maneiras ... Vi que logo seria considerado blasfêmia falar contra as 'pancadas', que isso se espalharia mais e mais, que o poder de Satanás aumentaria ... Foi-me mostrado que, por essas pancadas e pelo magnetismo*, estes mágicos modernos procurariam ainda explicar todos os milagres operados por nosso Senhor Jesus Cristo, e que muitos creriam que todas as poderosas obras do Filho de Deus, realizadas quando esteve na Terra, foram executadas pelo mesmo poder." (negrito acrescentado).

* [Magnetismo é o mesmo que Mesmerismo. Para ler mais sobre isto clique aqui]

Bem, o problema é que em 1855, apenas cinco anos depois desta visão de Ellen White, as irmãs Kate e Margaret Fox admitiram publicamente que elas mesmas haviam causado as batidas misteriosas, sem qualquer envolvimento sobrenatural na questão. Uma outra versão diz que a autora da farsa era a irmã vinte anos mais velha (Leah Fox) que as enganava a princípio, mas que depois as angariou como co-autoras.

Seria muito interessante no sentido de fortalecer o ministério profético de Ellen White, se ela tivesse acertado "na mosca" afirmando cinco anos antes da confissão de fraude das irmãs Fox, que as tais 'pancadas misteriosas' eram meramente um truque forjado por elas próprias. Ellen White até poderia dizer que as irmãs Fox estavam sendo usadas pelo inimigo (o Diabo) para inventar toda aquela enganação, mas jamais poderia afirmar que parte daquelas 'batidas' tinham verdadeiramente uma origem sobrenatural, pois as próprias irmãs descartaram esta possibilidade.

Na próxima postagem vamos ver como a Igreja Adventista defende a exatidão dos registros de sua profetisa.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ellen White e o Espiritismo Moderno (Parte 1)

por Cleiton Heredia


O surgimento do espiritismo moderno nos Estados Unidos em 1847 foi praticamente concomitante ao grande reavivamento religioso protestante ocorrido na década de 1840 em vários estados norte americanos. Este reavivamento teve suas origens com as pregações de William (Guilherme) Miller em 1831 que anunciavam a breve volta de Jesus com base nos estudos que ele fez na Bíblia, mais precisamente nos livros de Daniel (Antigo Testamento) e Apocalipse (Novo Testamento).

Miller nunca estabeleceu uma data certa para a volta de Jesus, mas disse que com base na sua interpretação de Daniel 8:14, este evento ocorreria entre a primavera de 1843 e a primavera de 1844. Expirando este prazo, novos estudos foram feitos por seus seguidores, chegando-se a conclusão de que a data certa para a volta de Jesus seria 22 de outubro de 1844.

A esta altura este reavivamento religioso já havia se transformado em um grande movimento interdenominacional, conhecido como Millerismo ou Adventismo, e tinha se alastrado por praticamente todo território norte americano tornado-se uma verdadeira febre nacional. Por todos os lugares só se falava da iminente volta de Jesus.

Porém, a data chegou e Jesus não veio!

Uma grande parte das pessoas que participaram deste reavivamento ficou terrivelmente desapontada com o fato de Jesus não ter voltado e abandonaram o movimento. No entanto, um pequeno grupo continuou estudando em busca de maiores explicações, e após alguns ajustes na interpretação da profecia de Daniel, deram origem a Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Fiz toda esta introdução para contextualizar o surgimento de um dos mais importantes pioneiros do movimento Adventista Sabatista, considerado pelos seus adeptos como um verdadeiro profeta contemporâneo. Na verdade, uma profetisa chamada Ellen G. White. Ela fez parte do movimento Millerira e passou pelo grande desapontamento em 22 de outubro de 1844, quando na ocasião era apenas uma jovem de 17 anos de idade.

Em dezembro de 1844, Ellen White recebeu sua primeira de quase duas mil visões e sonhos. Tornou-se uma escritora promissora com mais de 5.000 artigos e 49 livros publicados. Mas hoje, incluindo compilações de seus manuscritos, são mais de 100 livros que estão disponíveis em inglês, e cerca de 70 em português. Ela é considerada a escritora mais traduzida em toda a história da literatura, sendo que sua obra-prima intitulada "Caminho à Cristo" (Steps to Christ) já foi publicada em cerca de 150 idiomas.

Na próxima postagem começarei a explicar qual é a ligação de antagonismo que Ellen White manteve toda a sua vida em relação ao espiritismo moderno.