quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Império dos Idiotas


Os tolos, bobos, tontos, retardados, imbecis, mas que aqui irei simplesmente chamar de idiotas, sempre atraíram a atenção das pessoas e deram ibope. Na idade média os reis e nobres tinham o seu bobo da corte para diverti-los. Depois estes se popularizaram e tornaram-se também acessíveis ao povo de forma geral com o nome de palhaços.

É interessante observar como o ser humano se sente bem assistindo alguém que aparenta ser um verdadeiro bobão. A maioria absoluta das pessoas acha engraçado ver como eles complicam as coisas simples e sempre acabam se dando mal devido a sua falta de discernimento, malícia ou inteligência.


É claro que a graça reside em saber que não são assim na vida real, mas estão só representando. Basta lembrar-se dos “Três Patetas”, do magro da dupla “O Gordo e o Magro”, do “Agente 86”, do Inspetor Clouseau da “Pantera Cor-de-Rosa, do Kiko do “Chaves”, e mais recentemente do Bob Esponja e de seu amigo Patrick ou do Homer Simpson, para você entender o que estou falando. Não existe nada mais cômico do que a idiotice.

Na verdade, acredito que, além da comicidade, estes idiotas acabam fazendo tanto sucesso e caindo na simpatia de tanta gente, por eles fazerem com que as pessoas se sintam mais inteligentes e espertas. É aquela velha história: “Se você é gordo, ande com pessoas bem mais gordas que você, pois assim sempre parecerá mais magro do que realmente é”.


Porém, o problema surge quando a mídia acaba super expondo este tipo de personagem e saturando a geração atual de idiotices cada vez mais insanas, malucas, inconseqüentes e totalmente absurdas. Quem já assistiu alguns atuais programas feitos para TV como o americano “Jackass” ou o brasileiro “Pânico” deve entender o que estou falando.


Não é a toa que estamos vendo crescer uma geração de crianças e jovens que não conseguem mais separar a idiotice do mundo da ficção, que é cômica, da idiotice do mundo real que é patética. O respeito e a seriedade nos momentos que assim exigem são totalmente desprezados, pois a norma é: “Perco o que for preciso, mas não perco a piada”.

É tão grande a carência de bons referenciais que sejam equilibrados e sensatos, que a juventude atual não está nem aí em se comportarem como verdadeiros idiotas na vida real, desde que isto lhes garanta ser o centro das atenções ou quem sabe lhes proporcione uns 5 minutos de fama.


Ainda dou boas risadas quando assisto a um desenho dos Simpsons vendo como aquele Homer é um idiota ou revendo as trapalhadas dos Três Patetas. Porém, não vejo a menor graça em programas que querem nos convencer que ser um idiota a todo o momento e em todo o lugar é a coisa mais divertida do mundo, ou mesmo, que vale a pena provocar algumas risadas a custo da dignidade pessoal e da dignidade humana.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Convite: Ilusionismo Psíquico


Caso você se interesse por "fenômenos paranormais" e tem a curiosidade de presenciar ao vivo alguns "testes" de Percepção Extra-Sensorial, chegou sua oportunidade.

Nesta segunda-feira, dia 26 de janeiro de 2009 após às 20:30 horas, a Associação do Mágicos de São Paulo (A.M.S.P.) estará realizando mais uma tradicional noite festiva, onde as portas são franqueadas ao público para que tenham a oportunidade de ver de perto um belo show de mágicas.

Entre os vários mágicos que se apresentarão, alguns realizando mágicas de palco e outros rotinas de close-up (mágica de perto), eu terei a oportunidade de estar presente apresentando alguma coisa de ilusionismo psíquico, mais conhecido no mundo mágico como mentalismo.


Para esta noite preparei uma rotina especial relacionada com os antigos testes de Percepção Extra-Sensorial realizados no século passado, na Universidade de Duke (EUA), pelos doutores Joseph Banks Rhine e Karl Zener.

Estes dois professores desenvolveram, de forma pioneira, vários experimentos laboratoriais na tentativa de detectar estatisticamente a existência, ou não, de fenômenos parapsicológicos tais como, telepatia, psicocinese, clarividência, precognição e controle mental.

Qual foram os resultados destes testes?

Bem, compareça amanhã e veja por si mesmo.

O endereço é:
Rua Tabatinguera, 278
Centro (Próximo a Praça da Sé)
Prédio do Clube dos Oficiais da Reserva da Polícia Militar

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Ponto e Contra-Ponto - Parte 3 (Conclusão)


Confesso que eu mesmo no passado (não tão distante) já me vali dos argumentos feitos pelos astrônomos Fred Hoyle e N.C. Wickramasinghe, que fala da improbabilidade da vida ter-se originado espontaneamente por interações aleatórias no oceano primitivo, da mesma forma como é completamente improvável que um Boeing 747 surgisse espontaneamente após um tornado passar por um ferro-velho.

Devo admitir o quanto sutil é este argumento, pois todos nós sabemos que um Boeing 747, com todos os seus sistemas e mecanismos meticulosamente planejados e integrados, jamais surgiria do acaso, nem mesmo se considerássemos um tempo próximo da eternidade. A pergunta que eu sempre fazia após usar este argumento era: Quão mais complexo é um ser humano do que um Boeing 747?


Porém, hoje já não me atrevo mais a ser tão dogmático, pois em minha busca imparcial pela verdade, pude compreender que da mesma forma que um Boeing 747 não surgiu na história da aviação como um produto pontual acabado, mas é a conseqüência de uma longa série evolutiva de aeroplanos que passam pelo DC-3 e chegam no biplano dos irmãos Wright; assim também a vida tal a conhecemos hoje precisa ser avaliada pela possibilidade de uma evolução do mais simples para o mais complexo mediante a peneira da seleção natural (lembre-se que eu disse "possibilidade"; e por favor, não me venha com o argumento de que os aviões tiveram alguém que os planejasse, pois não é este o ponto aqui em questão).


Não estou afirmando com isto que me tornei em um evolucionista convicto. De forma alguma! Apenas quero chamar a atenção para que ambos os lados nesta questão da origem da vida sejam ponderados, criteriosos e despreconceituosos, entendendo que cada lado possui a sua base de racionalidade e possibilidade de estar certo.

Os criacionistas sérios não são todos um bando de bitolados religiosos que desprezam a razão e supervalorizam a fé, nem os evolucionistas criteriosos uma corja de ateus pervertidos que querem destruir a fé dos religiosos com base num racionalismo irreconciliável.

A charge a seguir pode desagradar alguns criacionistas, porém devemos ser sinceros em admitir que muitos deles adotam este tipo de metodologia:



Porém, é certo também que muitos evolucionistas fazem o mesmo ao assumirem posturas radicalmente antagônicas para com qualquer idéia que admita a possibilidade de um Projetista Divino.

Sempre existirão os Pontos e os Contra-Pontos. Se cada grupo souber ouvir o outro de forma desapaixonada, talvez tenhamos cada vez menos donos da verdade e mais respeito às diferenças de pensamentos.

Ponto e Contra-Ponto - Parte 2


Na primeira parte desta série consideramos uma argumentação que os criacionistas consideram praticamente como irrefutável na defesa de seus conceitos. Nesta segunda parte iremos considerar a contra-argumentação dos evolucionistas que ajuda-nos a compreender que o irrefutável só permanece quando se desconhece ou despreza o que o outro lado tem a nos dizer.

Veja por exemplo o caso da molécula de hemoglobina. Os especialistas e química orgânica dizem que não faz muita diferença tirar o ácido aspártico e substituí-lo por um glutâmico. Eles afirmam que isto não fará, na maioria dos casos, a molécula funcionar pior.


O que precisamos entender é que na maioria dos casos a enzima possui um sítio ativo com geralmente mais ou menos cinco aminoácidos, e é este sítio o responsável para fazer as coisas acontecerem. Mas e os outros aminoácidos? O restante está comprometido com dobrar a molécula, bem como ligá-la e desligá-la. Portanto, não será preciso explicar todas as 100 posições de aminoácidos na proteína, pois bastará apenas cinco deles para fazerem as coisas funcionarem.

Vinte elevado a potência cinco (cerca de três milhões) é um número bem mais razoável e compreensível para que as coisas aconteçam de forma aleatória desde que se considere o tempo necessário para esta ocorrência. No caso das reações que mencionamos no começo, mantendo aquela velocidade, tudo estaria concluído em apenas um oceano em menos de uma semana.


É isto que os evolucionistas acreditam. Eles não são uns loucos irrazoáveis e malucos desvairados que defendem a idéia de que no oceano primitivo todas as moléculas do ser humano se juntaram aleatoriamente ao mesmo tempo, possibilitando que alguém saísse nadando da água.

A argumentação deles é razoável à medida que pedem que consideremos a possibilidade de algum evento estatisticamente provável dar início à vida, permitindo assim que o inquestionável mecanismo de seleção natural faça sua parte escolhendo os experimentos naturais que funcionam e incentivando-os, deixando de lado aqueles que não são funcionais.


É claro que ainda muitos pontos cruciais ficam para serem elucidados tais como os que meu amigo Frank Carvalho relacionou em seu Blog “Filosofando” através do artigo “Mentes são como pára-quedas: só funcionam corretamente quando estão bem abertas” (10/01/09), e que aconselho a leitura.

Antes que você me acuse de abandonar as fileiras do criacionismo e converter-me ao evolucionismo, peço que aguarde a conclusão no próximo e último capítulo desta série.

Continua...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Ponto e Contra-Ponto - Parte 1


Na eterna rivalidade de conceitos entre os criacionistas e os evolucionistas existem argumentações que um lado considera praticamente irrefutável, mas apenas por total desconhecimento da contra-argumentação que existe do outro lado.

Já li e ouvi muito criacionistas militantes defenderem sua posição com ar de superioridade e desdém em relação aos seus opositores, com base no seguinte argumento:

A probabilidade de uma simples enzima com apenas uma combinação de 100 aminoácidos surgir ao acaso, levando-se em consideração a existência de apenas 20 aminoácidos diferentes, é uma em vinte elevado a potência cem. Fazendo as devidas transformações matemáticas, isto é o mesmo que dizer de uma chance em dez elevado a potência 130 (1 seguido de 130 zeros).


Acontece que este número é muito maior que o número total de partículas elementares existentes no universo inteiro, que está estimado na ordem dez elevado a potência oitenta.

Se hipoteticamente levarmos em consideração que cada estrela existente no universo possua um sistema planetário como o nosso, e que pelo menos um destes planetas em cada sistema solar possua pelo menos um oceano como o nosso (com alguma porcentagem de matéria orgânica), e que a cada microssegundo ocorresse nestes oceanos um experimento combinatório para se construir uma simples enzima combinando 100 aminoácidos, conclui-se que todo o tempo de existência do universo não seria suficiente para se produzir esta simples molécula de enzima com estrutura predeterminada.


Mesmo que acelerássemos as reações para que ocorressem uma a cada planck (menor unidade de tempo permitida pela física), ainda assim não conseguiríamos que fosse gerada uma única e simples molécula de hemoglobina. E notem que estamos considerando hipoteticamente a possibilidade de todas as estrelas do universo possuírem sistemas planetários onde existam pelo menos um planeta com oceanos iguais aos nossos, e onde, por sua vez, ocorram uma tentativa de combinação dos vinte aminoácidos para se juntarem numa sequência específica de cem aminoácidos a cada tempo de planck. E finalmente, que estas reações combinatórias ao acaso estivessem ocorrendo desde quando o universo surgiu.

Bem, mesmo com este número incalculável de reações acontecendo no universo simultaneamente desde o big-bang, nem mesmo assim teríamos tempo suficiente para explicar a vida que é muito mais complexa que uma determinada sequência específica de uma simples proteína com cem aminoácidos.


Conclusão de muitos: A vida tal como a vemos neste pequeno minúsculo planeta é uma prova irrefutável de que DEUS EXISTE.

Irrefutável?

Não é bem assim que entendem vários outros.

Continua...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Como fica o Decreto Dominical?

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O vídeo abaixo mostra uma parte do discurso proferido pelo então candidato a presidência dos Estados Unidos, Barak Obama, no dia 28 de junho de 2006 na Renewal Conference.



Palavras sensatas, porém totalmente previsíveis em se tratando de um candidato democrata à presidência da nação que possui na primeira emenda de sua "Sagrada" Constituição a explícita separação entre o Estado e as Crenças Religiosas sejam elas quais forem.

Seria bom destacar que apesar do que possa parecer, Obama se declara cristão praticante, e o discurso na íntegra contém também passagens não tão sensatas quanto esta e de cunho pró-fé. Considere o trecho acima como uma espécie de melhores momentos, do ponto de vista secular.

É interessante como um mesmo discurso pode ser interpretado de maneira diversa por pessoas que possuem diferentes visões de mundo.

Enquanto uns dizem "amém" para estas palavras, outros querem entender que tudo não passa uma grande mentira ou encenação política, pois a "verdade" (para eles) é que existe um sutil e astuto plano conspiracionista em ação para sacramentar no planeta a "Nova Ordem Mundial" dos Illuminati.

Os Adventistas do Sétimo Dia, que também possuem em suas crenças o entendimento de uma conspiração em andamento para decretar de forma oficial e mundial o dia de domingo (1º dia da semana) como o dia de descanso religioso em lugar do sábado (7º dia da semana), olham com grande desconfiança para estas palavras de Barak Obama.

Realmente fica muito difícil, depois de tais palavras, acreditar que um dia esta nação irá mudar ou abolir a primeira emenda de sua constituição e agir como o papado na idade média que monopolizou a religião utilizando o poder do estado.

Mas como para a fé não existe impossíveis, a expectativa de muitos continua mesmo que seja na contra mão da razão.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Mágica para Maiores


Ontem estivemos, eu e meu filho Thiago, no Mr.Blues para assistir ao show de quatro mágicos: Alejandro Muniz, Cláudio Henrique, Felippe Fabbi e Rafael Tubino.

A apresentação começou por volta das 22 horas e o espetáculo dividiu-se em duas partes onde os mágicos se alteram nas apresentações. Tudo é muito teatral e interativo (com exceção do último número, o público é solicitado para participar a todo momento).

O mágico Cláudio Henrique fez a primeira mágica usando trilhas sonoras de filmes e seriados famosos, revelando ao final que já sabia desde o início qual seria a trilha sonora que um espectador escolheu livremente.

Na sequência veio o Rafael Tubino estreando um número de escapismo inédito naquele show. Após uma breve menção ao grande Henry Houdini, o mágico Tubino foi amarrado com 15 metros de corda por dois espectadores e escapou a vista de todos em menos de 45 segundos. Acho que os dois que o amarraram acabaram tirando um pouco o brilho do número, pois facilitaram um pouco as coisas, mas foi interessante vê-lo esperneando no chão no melhor estilo do lendário escapista.

O próximo mágico a se apresentar era o mais aguardado por mim, o mentalista Felippe Fabbi, que realizou uma demonstração de “leitura corporal” com cinco espectadores descobrindo com exatidão as cinco cartas apenas vistas por eles num baralho a distância. Como conheço a técnica utilizada, me ative mais a dinâmica da execução e a sua postura em palco com a finalidade de aprender com este profissional.


A primeira rodada terminou com o animado e extrovertido mágico Alejandro Muniz (o cara é um verdadeiro “show man”). Ele fez algumas brincadeiras com uma espectadora fazendo uma bolinha desaparecer bem diante de seus olhos, enquanto o restante do público se divertia vendo tudo da perspectiva do mágico. Garantia de boas risadas.

Após um breve intervalo de 15 minutos, o show continuou com algumas evoluções muito boas de cartomagia executadas com brilhantismo por Rafael Tubino (a idéia de filmar e passar em um telão em tempo real foi essencial para que todos os presentes pudessem acompanhar esta parte do show).

Na sequência, volta ao palco o mentalista Fabbi. Sua segunda participação foi um pouco mais extensa e muito mais intrigante que a primeira. Um espectador foi escolhido aleatoriamente pelo próprio público presente resultando numa estranha coincidência revelada pelo mágico (não irei contar para não estragar a surpresa). Seus próximos dois efeitos foram baseados em predições envolvendo as horas e os minutos, terminando sua participação com uma predição do resultado de cálculos matemáticos aleatórios.

Os dois últimos mágicos a se apresentarem pela segunda vez executaram números clássicos de palco, mas vestidos de uma roupagem inteiramente nova. Cláudio Henrique executou o número em que uma carta escolhida de um baralho é revelada com um tiro de revólver dado por um espectador, mas não antes de provocar vários incidentes e acidentes (muito divertido).


Por último e fechando com chave de ouro, Alejandro Muniz executa sua inovadora e premiada rotina com cordas onde executa algumas evoluções clássicas cantando músicas que ele mesmo adaptou para sua rotina.

Saímos de lá por volta da meia noite e resumindo: gostei e recomendo.

Caso tenha se interessado, o grupo se apresenta todas as terças feiras às 21:30h no Mr.Blues localizado na Av.São Gabriel nº 558 no Itaim. A entrada custa R$ 30,00, mas se você levar o flyer disponibilizado no link da casa logo abaixo, paga somente R$ 20,00. Eles não aceitam cartões, pagamentos só em cheque ou dinheiro.

Maiores informações:

Site: Mágica Para Maiores
Blog: Mágica Para Maiores
Site da Casa: Mr.Blues

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Caráter e Destino

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Qual das frases abaixo você entende ser a mais correta?

a) O destino de um homem determina o seu caráter.
b) O caráter de um homem pode mudar o seu destino.
c) O caráter de um homem determina o seu destino.
d) O destino de um homem nada tem haver com o seu caráter.

Aqueles que, como eu, não acreditam em predestinação, ou seja, que o destino de um homem já está pré-determinado desde o seu nascimento independentemente das escolhas que faça, irão descartar logo de cara a primeira alternativa que pressupõe a existência de um destino fixo, rígido e imutável.

A segunda alternativa é mais sutil, pois ao passo que subentende a existência de um destino, admite que o mesmo possa ser alterado pela pessoa dependendo das escolhas que fará ao longo de sua vida. Como sou totalmente anti-predeterminista, não aceito também como correta esta alternativa, pois rejeito qualquer tipo de pensamento que inclua a idéia de um destino pré-determinado quer seja ele imutável ou mutável.


É bem provável que você concorde comigo que a terceira alternativa pareça ser a que faz mais sentido. Como a vida (ou o nosso destino se assim preferir) é formada pelos momentos e estes momentos, por sua vez, são determinados por nossas escolhas, então seria algo relativamente lógico concluir que uma pessoa de caráter que rege sua vida pelos princípios de integridade faria as escolhas corretas que lhe garantiriam um futuro (ou destino) de sucesso. Por outro lado, um mau caráter faria escolhas que mais cedo ou mais tarde lhe arruinariam a vida proporcionando-lhe um destino amargoso.

Porém, por mais que eu queira acreditar nesta relação entre caráter e destino, infelizmente sou obrigado a admitir que no mundo atual nem sempre as coisas funcionam de acordo com a lógica da reciprocidade moral, a saber, de que as pessoas de bom caráter sempre prosperam e as pessoas de mau caráter sempre acabam se dando mal.

O antigo ditado que diz que “o crime não compensa” parece que agoniza progressivamente a medida que homens de princípios como Abraham Lincoln, Mahatma Gandhi ou Martin Luther King baixam à sepultura. O que vemos hoje é o império da imoralidade e da mau “caratice” (ou seria caratisse? se é que este nome existe mesmo) se ampliando e conquistando terreno em todos os lugares, classes sociais e segmentos da sociedade. São políticos, empresários e homens de influência que construíram sua fama e fortuna sendo desonestos, injustos, mentirosos, hipócritas, imorais, gananciosos e egoístas.

Seria muito ingênuo de nossa parte acreditar que tais pessoas sem escrúpulos ou mesmo com uma moral relativista tenham um destino pior do que aqueles regidos por princípios de inabalável moralidade, integridade e verdade, ou vice-versa. Tudo parece estar caminhando para nos fazer entender que a quarta alternativa acima, que afirma que o destino nada tem haver com o caráter, é a alternativa mais condizente como a realidade prática do mundo atual.


Aqueles que possuem algum tipo de fé religiosa concentram suas esperanças na eternidade ou no além onde todas as injustiças deste mundo serão finalmente corrigidas ou sofrerão definitivamente suas devidas conseqüências. Aliás, para muitos, este tipo de fé é que os incentiva a continuar optando pelo bem mesmo que momentaneamente sofram algum tipo de prejuízo.

No entanto, independente da fé ou ausência dela, quero entender que a terceira alternativa ainda se sobrepõe às outras como a mais correta. Não porque encontre no exemplo das pessoas sempre a confirmação dela, mas simplesmente porque entendo que a melhor justificativa para se fazer o que é certo é: “porque é o certo”.

Para mim o caráter de um homem é o seu destino, pois independente de toda a prosperidade material e das vantagens temporais que venha a conquistar, nada pode superar a uma vida (ou destino) que nos garanta uma consciência em paz com aquilo que no íntimo acreditamos ser o correto ou a verdade.

Talvez para alguns a argumentação do parágrafo anterior seja fraca demais para ser aceita, mas sem querer ser sensacionalista, sentimental, ou dramático, peço que, se possível, avalie-o diante da perspectiva iminente da morte. Dizem que somente diante desta perspectiva é que as coisas assumem seu real valor.